sábado, 10 de outubro de 2009

Simpósio mostra game para portadores de Síndrome de Down


Esteban Clua (orientador da UFF), Pedro Thiago Mourão e André Luiz Brandão: uns dos idealizadores do game (Foto: Carolina Lauriano / G1 Rio)
Jogos digitais remetem, em geral, a entretenimento. Mas estudiosos e profissionais da área querem mostrar que o game é uma linguagem, e não só diversão.



Exemplo disso é o projeto Jecripe (Jogo de estímulo a crianças com Síndrome de Down em idade pré-escolar), um dos que foram apresentados na abertura do VIII Simpósio Brasileiro de Jogos e Entretenimento Digital, nesta quinta (8), no ginásio da PUC-Rio, na Gávea, Zona Sul.

O personagem do jogo tem as características físicas de um portador da Síndrome de Down, e o objetivo é auxiliar na reabilitação do deficiente, através de estímulos motores como a imitação, por exemplo.



“Através do reconhecimento de movimentos é que se identifica se a ação foi feita de maneira razoavelmente correta. Se não for foi feita, o jogo mesmo vai estimular a criança a fazer novamente, e quando ela fizer corretamente, passa para uma nova atividade”, explicou André Luiz Brandão, um dos autores do projeto e doutorando em computação na Universidade Federal Fluminense (UFF).


Segundo André, o game poderá ser utilizado em clínicas ou mesmo em casa. Ele assinala que o ideal é ter um profissional que possa acompanhar a evolução da criança, destacando que o jogo também serve como exemplo de inclusão social:



“Nenhum outro jogo utiliza características da Síndrome de Down, são sempre personagens com características tradicionais. O deficiente precisa se enxergar ali, ter uma identificação com o jogo e ter prazer com isso”.



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Usar os movimentos no lugar do teclado não é novidade, mas Pedro Thiago Mourão, artista formado em Estudos de Mídias na UFF e também autor do projeto, conta como isso foi importante no desenvolvimento do game:



“A criança com Síndrome de Down tem muita dificuldade para utilizar teclado e o mouse, por conta dos dedos curtos, então a gente quer implementar no jogo atividades para que o jogador tenha o mínimo de esforço possível com teclado e mouse. A ideia é que o movimento do usuário seja capturado pela webcam dele e ele consiga reproduzir isso dentro do jogo”, revela.

Pioneirismo

A ideia partiu da constatação da mãe de André, fonoaudióloga que trabalha com crianças com diversos tipos de deficiência, de que não havia no mercado games específicos para seus pacientes. “Ela utiliza jogos para estimular crianças de 2 a 5 anos, mas viu que não existe nenhum jogo que tenha as necessidades específicas para os deficientes”, explicou.

A partir de um edital da Secretaria de estado de Cultura, uma equipe de oito profissionais, de diferentes universidades, conseguiu aprovar e desenvolver o projeto, que tem previsão de término para novembro.

O SBGames 2009 também tem como objetivo mostrar como a tecnologia, que vem revolucionando o comportamento da sociedade, pode ser útil à educação, como na sala de aula, por exemplo. O evento vai até sábado (10).



Mais informações no site: http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/sbgames

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