Psicóloga Maria Cristina Capobianco
A psicóloga Maria Cristina Capobianco explica como os pais e as escolas devem lidar com uma criança que tem déficit de atenção e chama à atenção dos pais para avaliar se realmente a criança possui a patologia ou se a distração e a hiperatividade na escola se deve a outros fatores psicossociais e ambientais.
O transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neuropsiquiátrica que acomete 3-5% das crianças e que, frequentemente, persiste até a idade adulta, podendo ser considerado um dos mais comuns transtornos neuropsiquiátricos. Os principais sintomas são a dificuldade em manter a atenção, o comportamento hiperativo e de impulsividade.
A psicóloga Maria Cristina Capobianco explica que a problemática levantada pelo Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade tem sido fonte de discussão ampla nas últimas décadas. O interesse pela aprendizagem e a aquisição de conhecimentos têm sido pesquisadas por muitas áreas do saber e encontram nos estudos sobre a infância sua principal abordagem.
De modo geral, pode-se afirmar que os modos subjetivos de apropriação do saber e desenvolvimento de habilidades para a utilização deste saber resistem a toda tentativa de categorização, ressaltando que o singular ainda encontra um lugar privilegiado nesta discussão. A amplitude das causas envolvidas na aprendizagem, seus impasses e dificuldades têm sido relegada pela crescente patologização do fracasso escolar e à consequente medicalização do seu manejo.
A conceitualização deste transtorno constitui uma tentativa de explicar o fracasso escolar em crianças e adolescentes que apresentam os comportamentos que se enquadram no mesmo.
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA/H) é caracterizado por padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade, que é mais frequente e grave do que é tipicamente observado em indivíduos no nível comparável de desenvolvimento.
Em geral, observa-se em crianças que tiveram um início precoce da sua educação formal, que elas apresentam falta de perseverança nas atividades que exigem um envolvimento cognitivo e uma tendência a passar de uma atividade a outra sem acabar nenhuma, associadas a uma atividade global desorganizada, incoordenada e excessiva.
Os transtornos podem ser acompanhados de outras anomalias. O DSM F90 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) alerta que as crianças hipercinéticas são frequentemente imprudentes e impulsivas, sujeitas a acidentes e incorrem em problemas disciplinares mais por infrações não premeditadas de regras que pelo desafio deliberado. Suas relações com os adultos são marcadas por uma ausência de inibição social, com falta de cautela e reserva normais.
Os pais devem ficar atentos nas atitudes dos filhos.
A terapeuta afirma que muitas vezes essas crianças acabam sendo impopulares com as outras crianças e podem se tornar isoladas socialmente, isso é um dos diagnósticos da patologia. Esta desordem é frequentemente acompanhada de um Déficit Cognitivo e de um retardo específico do desenvolvimento da motricidade e da linguagem.
Alguns destes sintomas podem estar presentes antes dos sete anos, embora a maioria seja diagnosticada após a manifestação destes por alguns anos, podendo observá-los em diversas situações como na casa, na escola ou no trabalho.
Nos Estados Unidos, hoje em dia, cresce o número de crianças diagnosticadas com TDA/H; neste sentido é visto como uma doença orgânica a ser tratada com medicamentos. As crianças com TDA/H são tratadas com psicoestimulantes, o principal é conhecido como Ritalina e é prescrito para milhares de crianças com menos de 18 anos nos Estados Unidos.
A psicóloga alerta “Embora tenha sido demonstrada que Ritalina pode ajudar nos casos graves, pode não ser benéfica em casos leves já que seus efeitos colaterais podem ser piores do que os sintomas de TDA/H”. A Ritalina pode interferir no crescimento das crianças e desconhece-se os efeitos neurológicos a longo prazo deste fármaco.
Outro possível problema em tratar as crianças com Ritalina é o potencial para abuso e dependência. Ritalina é um estimulante e é classificado como uma anfetamina. As anfetaminas apresentam um provável risco de dependência. Um estudo constatou que crianças que tomaram Ritalina por mais de 3 anos, apresentaram maior risco de cometer crimes e abusos de substâncias. Outros efeitos colaterais do medicamento incluem dores de cabeça e estômago, redução do apetite, depressão, irritabilidade, ansiedade, aumento da pressão arterial, dificuldades para dormir e nervosismo.
Nesta perspectiva, na qual os transtornos de atenção e hipercinéticos são compreendidos meramente como uma deficiência orgânica, desaparecem muitas outras questões que podem determinar os fracassos escolares, tais como: os avatares envolvidos na relação professor-aluno, as dimensões socioculturais de cada lugar, as políticas educacionais, os métodos de ensino e a formação dos professores, entre outros.
Tem ocorrido um exagero neste tipo de diagnóstico e os critérios de inclusão diagnosticados são pouco específicos. Consequentemente, acabam catalogando os comportamentos em entidades nosológicas estéreis, pois não levam em consideração os fatores psicossociais e ambientais, esclarece Cristina. O fracasso escolar precisa ser analisado de uma ampla gama de perspectivas, porém, as que mais predominam são aquelas que atribuem uma patologia às crianças que não aprendem ou não respondem às expectativas da escola.
A equipe de profissionais do grupo Educational Forensics (educationalforensics@terra.com.br) sugere que para as crianças que fracassam na sua aprendizagem, seja feita uma avaliação e acompanhamento multidisciplinar, de neurologista, psicopedagoga, psicológica, mantendo um vínculo estreito de troca de informações com a escola também. Na sua experiência, os resultados obtidos através do uso da Ritalina em crianças diagnosticadas com TDA/H não diferem dos resultados obtidos com acompanhamento multidisciplinar.
Blog do Prof de Ed. Física MSc SERGIO CASTRO,da Pós Graduação em Educação Especial e Tecnologia Assistiva da Universidade Cândido Mendes(AVM) ;Ex-professor da Universidade Estácio de Sá e Ex-Coordenador de Esportes para Pessoas com Deficiências (PcD) do Projeto RIO 2016 da SEEL RJ ,destinado a fornecer informações sobre pessoas com deficiência(PcD) e com Necessidades Educativas Especiais(PNEE), bem como a pessoas interessadas nesta área ( estudantes, pais, parentes, amigos e pesquisadores)
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