Estudo revela melhora da atenção em crianças com TDAH após atividade esportiva
Para o autor do estudo, o importante é incentivar a atividade física para todas as crianças, não apenas para aquelas com sintomas do transtorno, pois o sedentarismo é um grande inimigo da saúde.
Ainda de acordo com ele, o esporte de competição não é recomendado na infância.
Fique muito interessada em um estudo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) sobre a possibilidade de atividades físicas intensas contribuírem para melhorar o nível de concentração de crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
De acordo com o médico José Artur Medina, pediatra especialista em Medicina do Esporte, autor da tese de mestrado que relatou a pesquisa, atividades como a prática de futebol, artes marciais e esportes coletivos poderiam trazer benefícios para crianças e adolescentes hiperativos.
Os médicos e pesquisadores da Unifesp acompanharam 25 garotos com idades entre sete e 15 anos diagnosticados com TDAH, divididos entre usuários e não-usuários de Metilfenidato (nome comercial Ritalina), principal medicamento utilizado para conter a hiperatividade e o déficit de atenção.
Os participantes foram submetidos a uma bateria de testes físicos no Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte (CEMAFE), vinculado à Unifesp, com o objetivo de se individualizar cargas de esforço com a medição de frequência cardíaca e respiratória.
Posteriormente aplicou-se nos participantes um protocolo de 30 minutos de atividade física intensa (sendo dez cargas de três minutos, dois minutos de corrida intensa intercalados com um minuto de repouso). Após o teste físico individualizado, testes de atenção foram aplicados e comparados com a atenção mostrada após uma sessão de alongamento realizada depois de 30 dias.
Os resultados verificados, que não indicaram mudanças significativas relacionadas ao uso ou não do Metilfenidato, trazem a perspectiva de que os sintomas podem ser minimizados com a prática monitorada de atividades físicas.
O estudo teve orientação do professor Doutor Turíbio Leite de Barros Netto, do CEMAFE, e do professor Doutor Mauro Muszkat, do Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil Interdisciplinar (NANI), ambos vinculados à Unifesp. E foi publicado no Journal of Attention Deficit and Hyperactivity Disorders no início de março.
Com base nas informações da Assessoria de Comunicação da Unifesp, solicitei a entrevista ao Dr. José Artur Medina, pediatra especialista em Medicina do Esporte. Ele trata de questões importantes para a saúde de todas as crianças em desenvolvimento, com ou sem diagnósticos de TDAH.
Educar e Cuidar - A quais atividades intensas foram submetidos os pacientes?
José Artur Medina - As atividades escolhidas se basearam nas intensidades usualmente verificadas nos esportes mais comuns: futebol, judô, basquete, isto é, exercícios com uma base aeróbia, mas também com momentos de anaerobiose-momentos intensos intercalados por momentos de relativa acalmia.
As crianças corriam 10 cargas de dois minutos intercalados por um minuto de descanso ativo\passivo, conforme o desejo da criança. A velocidade da corrida fora individualizada em função da freqüência cardíaca mostrada, em seu limiar ventilatório (LV1), determinado por um teste ergoespirométrico, realizado no mês anterior.
O LV1 é um marcador fisiológico de intensidade de esforços aeróbios; determina-se o LV1 a partir do disparo da ventilação minuto, freqüência respiratória, em relação à elevação concomitante do consumo de oxigênio. Quando começamos a correr o consumo de oxigênio aumenta proporcionalmente ao número de respiradas por minuto. A partir de certa intensidade de esforço, que chamamos de LV1, o consumo de oxigênio continua apresentando a mesma razão de subida em relação ao esforço realizado, enquanto a freqüência respiratória eleva-se exponencialmente. A partir deste incremento da freqüência respiratória em relação ao consumo de oxigênio, determina-se o LV1. O LV1 é decorrente do tamponamento do excesso de H+, produzido pelo ácido lático, que se transforma em CO2. Este CO2 estimula a ventilação de maneira adicional ao CO2 produzido pelo metabolismo aeróbio. Normalmente, cada indivíduo apresenta, em função de seu condicionamento aeróbio, um determinado LV1, atletas de fundo apresentam limiar ventilatório apenas a grandes velocidades, enquanto sedentários o apresentam em velocidades menores.
Sabe-se que durante este LV1 há um disparo de um gatilho de catecolaminas, as mesmas substâncias que crianças com TDAH apresentam deficiência durante testes físicos, cognitivos ou bioquímicos.
Educar e Cuidar - Com base neste estudo, é possível afirmar que crianças com TDAH devem praticar esportes?
José Artur Medina - Salvo raríssimas exceções, nenhum trabalho científico nos dá certeza absoluta. Normalmente, trabalhos científicos nos dão argumentos para defender uma ou outra tese; a ciência quantifica eventos sob determinadas circunstâncias específicas. Vários trabalhos encontrando dados semelhantes sugerem, sob as várias circunstâncias destes vários trabalhos, que estes resultados se repetem. O que dá força à tese defendida pelos respectivos autores.
Nosso trabalho é mais uma gota em um oceano de pesquisas mostrando que cognição, saúde mental e performance acadêmica andam de mãos dadas com a prática de atividades físicas. Nossa pesquisa tem o mérito de ser a primeira a encontrar melhora de sintomas atencionais em crianças com diagnóstico formal de TDAH. Se ele nos permite supor que crianças hiperativas devam praticar esporte? Não, o que nos permite afirmar isto são os inúmeros trabalhos que, associados ao nosso, sugerem que a prática desportiva deveria ser estimulada. Tanto crianças com TDAH quanto crianças assintomáticas deveriam praticar atividades físicas, o sedentarismo é um grande inimigo da saúde.
Educar e Cuidar - Qual o efeito de exercício físico no cérebro da criança?
José Artur Medina - Não temos ainda respostas absolutas para esta questão. Quando nos baseamos em modelos animais, a prática de atividade física aeróbia é capaz de induzir elevação central de catecolaminas nas mesmas estruturas cerebrais deficientes destes neurotransmissores em crianças hiperativas. Alguns autores acreditam que, no cérebro humano, a elevação destas catecolaminas (dopamina e noradrenalina), no córtex cerebral, sejam responsáveis pela melhora da atenção normalmente vista entre pessoas assintomáticas imediatamente à prática de esforços. Baseiam-se no alto grau de correlação existente entre os níveis de adrenalina periférica e de velocidade de reação, em testes de atenção, observadas em assintomáticos após atividades físicas.
Nossa pesquisa tentou esclarecer este assunto, crianças com TDAH apresentam deficiência de catecolaminas durante testes físicos e cognitivos, tanto perifericamente, conforme mostram valores de lactato, seja centralmente, conforme mostram exames de imagem durante testes atencionais.
Caso o exercício induza aumentos de velocidade de reação, conseqüente à elevação central de catecolaminas, provavelmente não encontraríamos estas melhoras em crianças com TDAH, que são deficientes destes neurotransmissores.
Não encontramos nenhuma diferença entre o padrão mostrado pelas crianças com TDAH, disfuncionais em dopamina e noradrenalina, ao padrão mostrado por crianças sem queixas.
Estudos de RNM funcional, durante esforços aeróbios, não encontrou, em humanos, elevação central de dopamina nos gânglios da base; por outro lado, um trabalho que fez dosagens séricas da veia jugular durante a realização de esforços, não encontrou elevação de catecolaminas. Desta forma, não está claro o mecanismo responsável pela melhora cognitiva, agudamente induzida pelo esforço.
Quanto aos efeitos crônicos dos exercícios, estes parecem mais bem estabelecidos. A prática regular de atividades físicas se correlaciona com melhora em quase todas as comorbidades do TDAH, e vários aspectos da cognição. Dúvidas ainda existem se o exercício é causa ou efeito de todas as benesses descritas. Um estudo muito bem conduzido pelo Dr Colcombe (2006), em idosos, sugere ser de fato o exercício o verdadeiro deflagrador dos benefícios.
Após seis meses de um programa de exercícios aeróbios, ele conseguiu observar indução de neuroplasticidade, aumento de volume cerebral, na região do cíngulo anterior, uma região responsável por boa parte dos sintomas do TDAH. As medidas forma feitas antes e depois do treinamento.
Educar e Cuidar - Qual a diferença entre atividade física e esporte?
José Artur Medina - Atividade física se refere a atividades voluntárias, indutoras de alterações metabólicas e de variáveis fisiológicas, em que, a induzida quebra da homeostase, seja restaurável positivamente pelo organismo. Visa à manutenção da saúde e do bem estar. Esporte seria a atividade física voltada para a performance; tendo a performance em primeiro plano, a saúde, muitas vezes, erroneamente é deixada de lado.
Educar e Cuidar - O esporte de competição é indicado para crianças?
José Artur Medina - Não, não é. As crianças devem praticar atividades físicas condizentes com suas possibilidades. As brincadeiras em play grounds, pega-pega, amarelinha etc. são boas formas de se evitar o sedentarismo. Quanto à prática de futebol, por exemplo, o ideal é o bom senso. Jogar bola com os colegas em uma praia ou gramado, de forma lúdica, é uma coisa. Agora treinamento semelhante ao oferecidos a adultos, principalmente sob a platéia dos pais, pode ser extremamente deletério. A especialização precoce expõe a criança às lesões típicas, agudas e crônicas, do esporte em questão. A presença dos pais coloca pressão por resultados, o que estressa a criança. A prática de um esporte, em qualquer idade, deve ser monitorada de perto por profissionais.
Educar e Cuidar - A partir de que idade a atividade física é indicada?
José Artur Medina - Determinar uma idade específica é bastante difícil. Engatinhar é um senhor esforço, a criança que engatinha é diferente em vários aspectos da criança que é colocada no andador. A criança pode praticar atividades físicas, como chutar uma bola, andar de bicicleta, correr, na idade em que ela o conseguir. Quanto menor a idade, mais próximos os pais devem estar e menor a intensidade e a freqüência com que estas brincadeiras se desenvolvam.
Educar e Cuidar - Que tipo de avaliação médica é indicada para crianças, antes de iniciarem a prática desportiva?
José Artur Medina - Avaliação clínica do pediatra: cárdio-respiratória, músculos esquelética, postural e nutricional. No entanto, proibir uma criança assintomática de jogar futebol no quintal, ou pedalar uma bicicleta por falta destas avaliações, também não faz sentido.
Educar e Cuidar – Quais as atividade físicas recomendadas de acordo com a faixa etária?
José Artur Medina - De dois a cinco anos pode correr, subir, brincar, jogos coletivos são muito complexos nesta idade. De seis anos para cima, pode participar livremente de qualquer atividade desportiva, exceto os de contato, os quais devem ser praticados acima de oito anos. Treinamentos intensos duas vezes por semana.
O importante são os cuidados com lesões, avaliações fisioterápicas, nutricionais e médicas. Tanto crianças com TDAH, assim como assintomáticas, podem praticar atividades físicas na mesma idade. Cuidado especial deve-se ter durante a prática de esportes coletivos, crianças hiperativas apresentam maior reatividade emocional, são expulsas com mais freqüência, mostram atrasos na coordenação motora, além de mal desempenho esportivo.
A criança pode ser segregada pelos colegas, portanto é importante uma abordagem um pouco diferente por parte dos educadores físicos, porque apesar de tudo, não é raro encontrar atletas de elite que são portadores de TDAH. Muitas vezes, a aceitação social de uma criança é dependente de sua performance esportiva.
Educar e Cuidar - A prática inadequada pode piorar os sintomas do TDAH?
José Artur Medina - A prática inadequada, levando ao overtrainig, certamente pode piorar vários sistemas no organismo, assim como talvez, sintomas de TDAH. No entanto, não conheço nenhum trabalho científico que mostre sintomas negativos em portadores de TDAH, com a prática desportiva.
Educar e Cuidar - A UNIFESP tem um serviço que os interessados possam procurar?
José Artur Medina - Sim, o CEMAFE é um setor da UNIFESP relacionado à cardiologia, lá foram realizadas nossas avaliações e análises.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Conhecido como TDAH, é o distúrbio de saúde mental mais comum nas crianças e atinge principalmente o sexo masculino. Seus principais sintomas são a dificuldade em prender a atenção, a hiperatividade e a impulsividade. Calcula-se que o problema atinge em torno de 3% até 5 % das crianças em idade escolar. Esses sinais estão geralmente presentes antes dos sete anos de vida e podem persistir até a adolescência ou mesmo na idade adulta.
Não existe uma causa única para o problema, supondo-se que haja influência da hereditariedade e da imaturidade neuroquímica de centros cerebrais relacionados ao controle da atenção.
Frequentemente, podem estar associados a outros transtornos como o de conduta, comportamento negativista e desafiante, depressão e ansiedade. Portadores do TDAH podem ter maiores índices de problemas comportamentais na adolescência, alcoolismo e até mesmo estarem propensos ao consumo de drogas. (Fonte: Assessoria de Comunicação da Unifesp)
Se você quer mais uma opinião sobre a importância da Educação Física para as crianças, leia um bate-bola do Educar e Cuidar com o Criando Crianças:
Esporte na infância: o importante é competir? Por Thelma Torrecilha
esumo O transtorno do déficit de atenção (TDAH) deriva de um funcionamento alterado no sistema neurobiológico cerebral, onde os neurotransmissores responsáveis pelas funções da atenção, impulsividade e atividade física e mental no comportamento humano, apresentam-se alterados quantitativamente e/ou qualitativamente no interior dos sistemas cerebrais.
Existem várias características que podem ser observadas em crianças com TDAH, o desempenho motor e a aptidão física são duas áreas importantes a serem analisadas pelos profissionais de Educação Física. Unitermos: Transtorno de Déficit de Atenção, Hiperatividade, Educação Física. http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 99 - Agosto de 2006 1 / 1 1. Conceitos preliminares TDAH / DDA / TDAHI / ADDH: todas estas siglas fazem referência ao problema de déficit de atenção.
DDA significa Distúrbio de Déficit de Atenção. Assim, este transtorno também pode ser chamado de TDAHI - Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade / Impulsividade. Em inglês ADDH é chamado de Attention Deficit Disorder with Hyperactivity. Déficit de Atenção é a dificuldade em manter a atenção concentrada; a característica que define o TDAH é um comportamento que se mostra desatento, hiperativo e impulsivo a ponto de não ser condizente com a idade e constituir-se em um obstáculo significativo para o sucesso social e escolar. Este problema tem sua origem em uma condição orgânica, relacionada a uma estrutura cerebral chamada lobo pré-frontal.
Quando esta estrutura cortical tem seu funcionamento comprometido, a pessoa passa a ter vários problemas, entre eles dificuldade de focar a atenção. O TDAH deriva de um funcionamento alterado no sistema neurobiológico cerebral, isto significa que substâncias químicas produzidas pelo cérebro, chamadas de neurotransmissores, apresentam-se alteradas quantitativamente e/ou qualitativamente no interior dos sistemas cerebrais que são responsáveis pelas funções da atenção, impulsividade e atividade física e mental no comportamento humano. Os neurotransmissores mais participativos, nesse processo de desregulagem no funcionamento do lobo frontal, seriam as catecolaminas, que incluem a noradrenalina e a dopamina.
Segundo Silva (2003 p. 179) estudos recentes apontam para a participação de outros neurotransmissores no funcionamento do cérebro, como é o caso da serotonina que exerce papel como coadjuvante no processo de organização cerebral. A ação reguladora do comportamento humano é feita pelo lobo frontal, que exerce uma série de funções de caráter inibitório, sendo responsável em frear os pensamentos, impulsos e velocidades das atividades físicas e mentais; isto acontece por essa região do cérebro receber menor aporte sangüíneo em conseqüência, menor glicose, diminuição de energia e metabolismo, com isso o cérebro passa a receber uma enorme quantidade de pensamentos e impulsos numa velocidade bem acima da média, ocasionando uma grande desorganização interna. A forma como o lobo frontal regula o comportamento, ocorre pelo exercício das seguintes funções: fazer manutenção dos impulsos sob controle, planejar ações futuras, filtrar impulsos irrelevantes, acionar as reações de luta e fuga, controlar emoções, caráter inibitório, regular o grau de disposição física e mental, dentre outros impulsos. Origem As causas do TDAH são em grande parte, desconhecidas, as supostas causas envolvem fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais. Pode afetar crianças, adolescentes e até mesmo alguns adultos. Pode apresentar-se com diferentes intensidades, com sintomas variando de leve a grave. O TDAH pode ser classificado em três tipos: predominantemente desatento, predominantemente hiperativo-impulsivo e TDAH combinado. Principais comportamentos dos predominantemente desatentos desvia facilmente a atenção do que está fazendo e comete erros por prestar pouca atenção a detalhes; distrai-se com seus próprios devaneios; relutância em iniciar tarefas que exijam longo esforço mental; perde ou esquece objetos, nomes, prazos, datas; desorganização cotidiana; dificuldade em seguir instruções, ou completar p/ mudar de tarefa. dificuldade em organizar-se com objetos (mesa, gavetas, arquivos, papéis...); dificuldade de atenção à fala dos outros; com tendência a interrupção; apresenta "brancos" durante a fala; interrompe tarefas no meio; dificuldade de orientação espacial; presença de hiperfoco.
Principais comportamentos dos hiperativos (físico ou mental) dificuldade em permanecer quieto; mãos e pés inquietos ou agitados; faz várias coisas ao mesmo tempo; se envolve em situações de risco; sensação de ansiedade e inquietude; sensação de algo a fazer ou pensar, ou que está faltando alguma coisa; baixo nível de tolerância: não sabe lidar com frustrações, com erros (nem os seus, nem dos outros), instabilidade de humor, os fatores podem ser externos ou internos, uma vez que costuma estar em eterno conflito; dificuldade em expressar-se: muitas vezes as palavras e a fala não acompanham a velocidade da sua mente; dificuldade no domínio motor; noção temporal prejudicada; tendência a estar sempre ocupado; dificuldade de descontração ou sono. Principais comportamentos dos impulsivos dificuldade em expressar-se: muitas vezes as palavras e a fala não acompanham a velocidade da sua mente; fala sem parar sem dar oportunidades; podem mudar inesperadamente de planos, metas; sua impaciência faz com que responda perguntas antes mesmo de serem concluídas; a comunicação costuma ser compulsiva, sem filtro para inibir respostas inadequadas, o que pode provocar situações constrangedoras e/ou ofensivas: fala ou faz e depois pensa; impaciência marcante no ato de esperar ou aguardar por algo; compulsividade (compras, jogos, alimento); tendência a não seguir regras ou normas; ações contraditórias; depressões por exaustão cerebral; dependência química; baixa auto-estima/ reclamações; tem um temperamento explosivo: não suporta críticas, provocações e/ou rejeição.
Principais comportamentos do TDAH combinado Apresentam as características combinadas de distratibilidade, hiperatividade e impulsividade. Diagnòstico O diagnóstico do TDAH é realizado a partir de exames clínicos, nos quais são analisadas características comportamentais, relacionadas à presença ou não de hiperatividade, impulsividade e distratibilidade, pelo período mínimo observado de seis meses, certificando-se que estas alterações se apresentam em intensidade significativamente maior quando comparada a outras pessoas de seu convívio, que se encontram na mesma faixa etária e em condições socioculturais semelhantes. Importante que as causas sejam identificadas de forma correta; a falta de um bom diagnóstico diferencial pode levar à tratamentos inadequados. Um diagnóstico completo só pode ser realizado por um especialista em saúde mental (médicos ou psicólogos), que deverão trabalhar de forma integrada com informações da família e escola para poder enriquecer e esclarecer melhor o diagnóstico. Segundo a ABDA - Associação Brasileira de Déficit de Atenção, o TDAH atinge de 3 a 6 % das crianças em idade escolar; é responsável pelo maior número de repetências nas escolas. Até pouco tempo imaginava-se que, com o tempo, a hiperatividade melhorava ou desaparecia à medida que a criança crescia e tornava-se adulta. Hoje, sabe-se que 50 % dos adultos que foram diagnosticados como crianças hiperativas , continuam a apresentar a doença. Nas crianças, a hiperatividade tem características muito marcantes como a desatenção, a inquietação e a impulsividade. Já nos adultos, é comum perceber que a pessoa toma decisões por impulsos, está sempre distraída e esquece-se facilmente das coisas; pode se traduzir em dificuldades de relacionamentos, insatisfação pessoal e profissional ocasionando demissões contínuas, podendo apresentar também muita instabilidade emocional. Segundo Winnick (2004 p. 149) mais da metade das crianças com TDAH passa a apresentar distúrbio de conduta, atividades delinqüentes ou violação dos direitos alheios, e um terço pode passar a experimentar drogas e abusar das mesmas precocemente.
Silva (2003 p 145) relata que pessoas com TDAH são mais propensas ao uso de drogas do que outras que não apresentam o distúrbio. Estima-se que nos Estados Unidos existam entre 10 e 15 milhões de pessoas com TDAH e que, aproximadamente, 40 a 50% delas façam uso de drogas. Diante dessa angustiante realidade, a sociedade, como um todo, e em especial, os profissionais da área de saúde e educação passam a ter um compromisso ético de, ao deparar-se com um indivíduo com TDAH, observar ou mesmo procurar sintomas que revelem o uso; abuso ou dependência de drogas. O apoio técnico é um conjunto de pequenas medidas e atitudes que acabam por criar uma rotina capaz de facilitar em muito o cotidiano da pessoa com TDAH, esta rotina deve conter aspectos essenciais tais como: estabelecer horários para as atividades, organizar cronogramas, criar uma rotina pessoal, criar o hábito de anotar ou agendar lembretes ou compromissos, dessa forma pode-se tentar diminuir através de uma organização externa ,a desorganização internas das pessoas com TDAH.
No início talvez seja necessário um auxílio externo ou um apóio técnico especializado ou até psicoterapia. Existem basicamente três categorias de medicamentos que podem ser usadas no tratamento do TDAH: os estimulantes, os antidepressivos e os acessórios que são os medicamentos utilizados para amenizar efeitos colaterais da medicação principal. Intervenção Alguns focos específicos para intervenção pelo terapeuta podem ser previamente delineados e adaptados pelo terapeuta e o paciente como: esclarecimento familiar sobre o TDAH; intervenção psicoterápica; intervenção psicopedagógica (reforço); medicação; orientação de manejo com a família; orientação de manejo para professores; exercícios físicos.
O uso de medicamentos no TDAH como forma de terapia sempre causa polêmica, principalmente se a medicação tem a função de alterar de alguma maneira às funções cerebrais. Para SILVA, 2003 p. 197, a terapia medicamentosa costuma produzir resultados eficazes na grande maioria dos casos, contribuindo para uma mudança positiva dessas pessoas. 2. Condições necessárias para a aprendizagem Existem pelo menos sete fatores fundamentais para que a aprendizagem se efetive, seja qual for à teoria de aprendizagem considerada: saúde física e mental; motivação; prévio domínio; maturação; inteligência; concentração ou atenção; memória.
Aprendizagem: as novas aprendizagens do indivíduo dependem de suas experiências anteriores, assim, as primeiras aprendizagens servem de pré-requisitos para as subseqüentes. A aprendizagem é um processo cumulativo, cada nova aprendizagem vai se juntar ao repertório de conhecimentos e de experiências que o indivíduo já possui. (DROUET, 1997, p. 08). É possível para alguém com TDAH superar suas dificuldades e limitações e se destacar em áreas que cujo temas de interesse leve a uma hiperconcentração, levando a se tornar um destaque em determinado ramo como: ciências, artes , músicas, danças, pinturas, literatura entre outros, podendo até fazer grandes contribuições para a humanidade. Independente de estarem destinados à fama ou não, os alunos com TDAH, normalmente precisam enfrentar as críticas dos outros e as suas próprias frustrações por não serem capazes de dominar muitas coisas que para a maioria, são mais fáceis de fazerem. Esses alunos apresentam maior probabilidade de correr o risco de abandonar a escola, perder empregos e vivenciar relacionamentos difíceis pela vida inteira.
Além disso, têm mais tendência a apresentar baixa auto-estima, ter lembranças dolorosas em relação a infância e a escola e sofre de depressão mais grave que a dos alunos que não apresentam este déficit. Todas as crianças apresentam, em certo grau e em algumas ocasiões, dificuldade em algumas situações de aprendizagem, entretanto, esses comportamentos só requerem atenção quando ocorrem em mais de um ambiente, persistem durante um longo período e interferem na aprendizagem.
3. TDAH - Educação Física É importante ressaltar que os distúrbios de aprendizagem apresentam grande variedade e muitas combinações de dificuldades e pontos fortes para cada pessoa.
Isso significa que os professores de educação física devem trabalhar com cada criança para identificar as áreas de distúrbio de aprendizagem e ajudá-la a desenvolver estratégias de adaptação e superação; podem ajudá-la a notar seus pontos fortes e em alguns casos, seus grandes talentos, e dar valor ao fato de serem especiais em todo o contexto. O importante é identificar pontos fortes, necessidades e comportamentos problemáticos, em cada criança, para que em seguida se possa trabalhar com ela a fim de se desenvolver boas estratégias de aprendizagem. Existem várias características que podem ser observadas em crianças com TDAH.
O desempenho motor e a aptidão física são duas áreas importantes a serem analisadas. Desempenho motor As grandes variações dos critérios para classificar as crianças com TDAH dificultam bastante as pesquisas nessa área, principalmente porque existe uma enorme variedade de desempenho motor em cada criança com este distúrbio; pois alguns alunos que apresentam TDAH podem se tornar atletas medianos e até mesmo talentosos, ou apresentarem níveis abaixo da média para desempenho motor.
A variabilidade do desempenho é certamente o aspecto mais frustrante, pois o comportamento motor de muitas dessas crianças pode, se alterar facilmente tanto de forma evolutiva de um tempo para outro como de forma decrescente. Aptidão física Harvey e Reid (1997) apud Winnick (2004 p.153) estudaram 19 crianças com TDAH que tomavam estimulantes, constataram que o desempenho dessas crianças em termos de aptidão física e habilidades motoras grossas estavam abaixo da média se comparando com as normas relativas a crianças com idade e sexo correspondentes.
A incompetência atlética e o fracasso escolar podem contribuir para um auto-conceito baixo dessas crianças, ocasionando um sentimento de desvalorização e frustração, enfrentando ainda grande dificuldade de relacionamento social. A educação física pode proporcionar um grande laboratório de aprendizagem para desenvolver habilidades sociais aos alunos com TDAH. Existem várias causas e formas de TDAH, portanto deve haver várias formas diferentes de ensinar crianças com esse distúrbio. Atualmente, não há uma aceita universalmente, mais existem várias bem sucedidas com alguns alunos e mal sucedidas com outros. As abordagens mais utilizadas são: controle de comportamento, abordagens multissensoriais e multifacetadas. O controle de comportamento está relacionado à estratégias que empregam o reforço ou a punição para aumentar a freqüência de comportamentos desejáveis e diminuir a dos indesejáveis. Essa abordagem ajuda o professor a analisar a criança em seu ambiente e entender como certos comportamentos específicos funcionam com a criança naquele ambiente. Podendo o professor então analisar a situação e modificá-la. Abordagem multissensorial A abordagem multissensorial enfatiza o ensino por meio das áreas de ensino em que o aluno é forte, enfocando o uso de canais sensoriais no processo ensino aprendizagem; os sentidos visual, auditivo, cinestésico e tátil são utilizados para ajudar crianças com dificuldade de atenção, combinado com o método de ensino com o estilo de aprendizagem preferido da criança. Abordagem multifacetada Na abordagem multifacetada são utilizados vários tipos de abordagens diferentes; utilizando de diversas intervenções, aconselhamentos e estratégias comportamentais, visando auxiliar e facilitar o aprendizado de crianças com TDAH. Winnick (2004 p.156) sugere estratégias específicas de ensino para professores de educação física para ajudarem as crianças com TDAH a manterem a atenção e concentração, tanto em ambientes inclusivos como segregados: usar uma abordagem de ensino que seja altamente estruturada e consistente, através de rotina e instruções prévias e transições suaves de aprendizagem; estabelecer regras, onde as regras devem ser entendidas e aplicadas a todos; usar programa de controle de comportamento para ensinar as crianças a seqüência, prestar atenção, pensar e agir , afim de diminuir a hiperatividade e aumentar a concentração; expressar claramente todas as expectativas esperadas e as regras de comportamento na atividade aplicada; escolher atividades que enfatizem movimentos lentos e controlados, para diminuir a hiperatividade e a impulsividade; dar aulas em ambientes tranqüilos e menos estimulantes para diminuir a distratibilidade; usar a mediação verbal para ensinar as crianças particularmente desorganizadas e distraídas; estabelecer objetivos para ajudar os aprendizes desorganizados a se concentrar; destacar os comandos relevantes; ensinar estimulando mais de um sentido; incentivar o planejamento motor; mudar a tarefa para inovar; revisar previamente as habilidades básicas antes de iniciar as mais avançadas; minimizar a utilização de jogos coletivos competitivos, estimular a cooperação através de jogos cooperativos; obter sistema de apoio dentro. A atividade física facilita o desenvolvimento da criança, é um recurso metodológico capaz de propiciar uma aprendizagem espontânea e natural. É um estímulo a crítica, a criatividade, a curiosidade e a sociabilização, sendo, portanto, reconhecida como uma das atividades mais significativas, pelos seus conteúdos pedagógicos , físicos e sociais.
As atividades físicas são especialmente voltadas para o desenvolvimento do corpo, mas também atuam como estímulo ao desenvolvimento psico-social da criança.
As finalidades das atividades físicas devem ser bem definidas, considerando a continuidade das atividades anteriores com as posteriores, possuindo ao mesmo tempo a sua própria integridade (início, meio, fim). As brincadeiras e os jogos servem como meios vitais, pelos quais as estruturas cognitivas superiores são gradualmente desenvolvidas, englobam muitos ambientes e variáveis para promover o crescimento cognitivo das crianças.
Esse instrumento que é a atividade pode apresentar diferentes aspectos como meio importantíssimo no processo de auxílio técnico ao tratamento do TDAH, podendo ser consideradas de três formas: atividades primárias - atividades na qual a motricidade e psicomotricidade são fundamentais; a ação passa-se em tempo real, e em espaço real; essas atividades oferecem uma verdadeira vivência corporal para as crianças; atividades secundárias -
atividades na qual o sucesso motor e psicomotor são secundários e subordinados à atenção, à observação e ao imaginário, elas se alternam com as atividades primárias; atividades terciárias - são atividades específicas e adaptadas a uma situação particular, ao tratamento da criança. A característica básica da Educação Física é o movimento o qual a diferencia das demais disciplinas. Fazer atividade física é relacionar o movimento com os aspectos psicológicos, físicos e sociais. Considerações finais Os professores de educação física podem ser importantíssimos elos da criança com TDAH e a sua relação com a frustração, ansiedade, fracasso e conquista, superação e vitória; estes profissionais comprometidos com o ensino podem através de estratégias pedagógicas aplicadas em suas aulas, promover a auto estima dessas crianças, permitindo que desenvolvam confiança e satisfação quanto as suas conquistas e contribuições.
Referências
DROUT, R.C.R. Distúrbios da Aprendizagem. São Paulo. Editora Ática, 2003. GOLDSTEIN S.; GOLDSTEIN M. Hiperatividade. Campinas. Papirus, 2003. GREEN, C. Domando sua ferinha. Curitiba: Editora Fundamento Educacional, 2003. MORGAN, A.M. Distúrbio de Déficit de Atenção/ Hiperatividade. Rio de Janeiro: Harcourt, 1999. PENNINGTON, B.F. Diagnóstico de Distúrbios de Aprendizagem. São Paulo: Editora Pioneira, 1997. ROHDE, L. A.; BENCZIK, E. B. P. Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade. Porto Alegre: Artmed, 1999. SILVA, A.B. Mentes inquietas. São Paulo: Editora Gente, 2003. WINNICK J.P. Educação Física e Esportes Adaptados. Barueri: Manole, 2004. Outro artigos em Portugués http://www.efdeportes.com/ · FreeFind revista digital · Año 11 · N° 99 Buenos Aires, Agosto 2006 ©
Esporte não é coisa pra criança! Diga sim à Educação Física! Por Denise Carceroni
Blog do Prof de Ed. Física MSc SERGIO CASTRO,da Pós Graduação em Educação Especial e Tecnologia Assistiva da Universidade Cândido Mendes(AVM) ;Ex-professor da Universidade Estácio de Sá e Ex-Coordenador de Esportes para Pessoas com Deficiências (PcD) do Projeto RIO 2016 da SEEL RJ ,destinado a fornecer informações sobre pessoas com deficiência(PcD) e com Necessidades Educativas Especiais(PNEE), bem como a pessoas interessadas nesta área ( estudantes, pais, parentes, amigos e pesquisadores)
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