É possível que alguém apresente algumas características desse distúrbio e não seja hiperativo, ou vice-versa? (Maria Lucia Spadini/São Paulo, SP; Debora Torquato de Almeida/Brasília, DF; Adriana Schelbauer/Rio Negro, PR; Monica dos Passos Nascimento/São Sebastião, SP)
O diagnóstico do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) nem sempre é fácil, principalmente em crianças mais novas. Ele é baseado nos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM-IV) ou no Código Internacional de Doenças (CID10). O mais utilizado é o DSM-IV, que é fundamentado em critérios clínico-comportamentais. Os exames complementares, como a neuroimagem ou o eletroencefalograma, não fazem parte do diagnóstico. Para que a criança seja portadora do TDAH, as alterações clínico-comportamentais devem satisfazer os critérios do DSM-IV. Caso contrário, o diagnóstico não pode ser considerado.
É importante que a criança seja avaliada por um profissional experiente nesse assunto, pois, assim, a chance de erro no diagnóstico será menor, uma vez que não há um marcador biológico para isso. Além da avaliação médica, o diagnóstico pode ser complementado por uma avaliação psicológica e uma avaliação escolar, em que se inclui pelo menos um histórico acadêmico e exemplos de comportamento da criança, obtidos por meio de questionários e observações diretas. É possível que a criança apresente algumas características do TDAH e não seja portadora da síndrome. Por isso, é necessário frisar que os sintomas devem estar presentes por mais de seis meses e em diferentes contextos sociais e ter surgido antes dos 7 anos de idade, embora alguns autores não estejam totalmente de acordo com esta última condição.
A partir de que idade do paciente é possível fazer um diagnóstico confiável do TDAH? (Ana Luiza Pereira Lemos/Niterói, RJ; Nair Araújo de Sousa/São Luís, MA)
O diagnóstico mais confiável do TDAH é realizado nos períodos pré-escolar e escolar, nos quais a análise do comportamento permite classificá-lo com maior facilidade. Em crianças de menor idade (2 a 4 anos), pode-se ter algumas suspeitas em função de certos sinais e sintomas, mas, para que o diagnóstico seja confiável, ele deve ser realizado quando a criança tem entre 6 e 8 anos.
Crianças hiperativas costumam ser agressivas? (Queila Nunes Lima/São Luís, MA)
A criança com TDAH pode ser agressiva. De acordo com critérios de diagnóstico, existem três tipos de caso: o predominante impulsivo, o predominante desatento e o predominante hiperativo. A criança com TDAH do tipo impulsivo costuma ser mais agressiva. Existem ainda as co-morbidades, em que há associação entre o TDAH e o comportamento desafiante–oposicional ou distúrbio de conduta, o transtorno de humor e afetividade e o transtorno bipolar.
Qual é a diferença entre uma criança disléxica e outra com TDAH? (Maria Estela Della Torre Bassi/Mogiguaçu, SP)
A diferença entre a criança disléxica e a que apresenta TDAH é que, no primeiro caso, o diagnóstico é feito no período da alfabetização, pois preponderam os transtornos ou a dificuldade de leitura e/ou de escrita. É possível que uma criança disléxica também seja portadora do TDAH. Quando existem problemas de aprendizagem, a criança deve ser avaliada por um psicopedagogo ou fonoaudiólogo com experiência no diagnóstico da dislexia, pois, como a criança disléxica tem dificuldade para compreender o sistema de linguagem, pode transmitir a impressão de que é desatenta. Em caso de persistência da dúvida e após a realização de uma avaliação psicopedagógica, pode ser utilizada medicação como teste terapêutico.
Tenho um aluno com dislexia comprovada, só que ele tem todos os sintomas de hiperatividade. É possível que ele tenha ambas as síndromes? (Luciléia Flores Braga/Itajaí, SC)
Sim, é possível que seu aluno apresente os dois distúrbios, e deve-se levar em conta ainda que, estatisticamente, a possibilidade de conjugação entre TDAH e transtorno da aprendizagem é de 12 a 60%.
Como os professores devem lidar com o aluno hiperativo? Existem alternativas de atividades que podem ser realizadas em sala de aula para esses alunos?(Maria de Fátima Lima e Silva/Monte Dourado, PA; Albion Helenica Silva Sena/São Luís, MA ; Rejane Sueli Ribeiro/Uberlândia, MG; Josie Romano/São Paulo, SP; Raimunda Maria Barbosa de Sá/Imperatriz, MA; Marbea Campos Gomes/Brasília, DF; Cristiane Maria de Freitas/Araguarti, MG)
Existem várias estratégias que podem ser utilizadas com essas crianças na escola e em sala de aula. É importante que a escola se preocupe com o desempenho global do aluno e esteja próxima dos valores da família e aberta à discussão e ao entendimento com esta. A abordagem é geralmente individualizada. Seguem algumas recomendações gerais aos professores:
Encontre um profissional, como um professor especializado nessa área ou um psicólogo com treinamento específico, e procure trocar idéias com ele.
Observe de que maneira a criança aprende melhor.
Descubra formas de fazer a criança desfrutar da aprendizagem e obter ganhos em vez de frustrações, medos e aborrecimentos.
Procure desenvolver um contato visual mais freqüente como o aluno com TDAH e mantenha-o o maior tempo possível sob sua observação.
Busque qualidade nas tarefas em vez de quantidade.
Estabeleça um sistema de pontos que levem o aluno à obtenção de um prêmio (algo atrativo para a criança).
Confira ao aluno responsabilidades apropriadas à idade dele.
Use um caderno que sirva para a comunicação diária com os pais.
Ensine a criança a interagir com os demais e a olhar nos olhos.
Estimule o aluno a procurar um companheiro para os estudos.
Dê menor importância às infrações da criança que não sejam graves e aja com firmeza nas que forem graves.
Nos seguintes livros, há mais informações sobre esse assunto:
ROHDE, Luis Augusto; MATTOS, Paulo & col. Princípios e práticas em TDAH. Artmed.
PASCUAL-CASTROVIEJO, Ignacio. Guia práctica diagnóstica y terapêutica: sindrome de déficit de atención com hiperactividad. César Viguera.
De que maneira os pais devem lidar com crianças e adolescentes que apresentam TDAH? (Ana Cecilia de S. Mendes Vallinoto/Belém, PA; Silvana M. Pereira Santos/Itajaí, SC)
É natural que os pais de crianças com TDAH se sintam frustrados e sós, pois esse disturbio põe à prova os mais altos limites da paciência, criando uma situação de estresse familiar e matrimonial. Para os pais, sugere-se que:
Conheçam as características do TDAH que seu filho manifesta.
Percebam as áreas com as quais seu filho se identifica, assim como as qualidades dele.
Ajudem seu filho a fortalecer a auto-estima e a autoconfiança dele.
Ajudem a criança a organizar-se com os materiais de trabalho ou o es
tudo.
Utilizem bilh
etes auto-adesivos para fazê-lo lembrar-se de eventos e situações especiais.
Propiciem um ambiente adequado, em que ele possa aprender melhor.
Ajudem seu filho a planejar o tempo e as tarefas, estabelecendo uma agenda de atividades. Procurem entrar em contato com o professor dele para saber sobre as atividades escolares.
Se vocês acharem que as atividades são excessivas, falem com o professor e busquem, juntos, um meio-termo.
Estabeleçam a prática de um esporte.
É importante que a criança saiba que ela não está sendo reprimida, mas, sim, o comportamento dela.
Permitam que seu filho ouça música para dormir.
Procurem não esquecer também dos outros filhos, pois, às vezes, os pais concentram todas as energias nos filhos que apresentam o TDAH.
Como a atividade física pode ajudar crianças com TDHA? (Marcia de Oliveira Pasetto Lebkuchen/São Paulo, SP)
Toda atividade física estimula o metabolismo cerebral e, conseqüentemente, a oxigenação cerebral. Os exercícios psicomotores tendem a ativar os circuitos cerebrais, melhorando a performance do indivíduo como um todo. A atividade física é indicada para qualquer pessoa, não importando sua idade, mas deve sempre respeitar as limitações de cada indivíduo.
O que o senhor pensa sobre o fato de um número cada vez maior de crianças estarem sendo tratadas com anfetaminas (ritalina) quando sabemos que, pelo menos em boa parte dos casos, as crianças que são chamadas de "hiperativas"
são simplesmente aquelas que não agüentam escolas chatas e autoritárias? A ritalina não pode provocar angústia e ansiedade? (Luca Rischbieter/Curitiba, PR; Leonara Margotto Tartaglia/Vila Velha, ES)
A ritalina é indicada quando realmente trata-se de uma criança portadora de TDAH. Na maioria das vezes, obtêm-se bons resultados com essa medicação, embora possam ocorrer efeitos colaterais. Deve prevalecer sempre o bom senso, de modo a fazer com que os benefícios da medicação superem os efeitos colaterais.
Meu filho perde a concentração com muita facilidade e detesta ler e escrever. Tarefas que demandam maior tempo e concentração, como uma atividade de cópia, por exemplo, transformam-se em um verdadeiro martírio. Já se diagnosticou que ele tem TDAH e dislexia em pequeno grau.
Recentemente, li um artigo de um médico sobre o que ele chama de "dislexia adquirida": a criança tem toda a capacidade de ler e escrever, mas o excesso de tecnologia (TV, Internet, videogame) diminui a plenitude dessa capacidade. É possível que ocorra algo assim? (Maria Lúcia Squillace/Cuiabá, MT)
É verdade que atualmente vivemos em um mundo em que há intenso bombardeio de informações — divulgadas pela mídia, TV, videogame e Internet. O ambiente certamente tem influência sobre o desempenho funcional da criança e pode determinar o agravamento dos sintomas do TDAH. Mas a causa do TDAH é multifatorial, ou seja, de natureza neuroquímica, genética ou hormonal — posto que há um franco predomínio dessa doença em pessoas do sexo masculino.
A etiologia genética para o TDAH está entre 55 e 92%. É importante identificar o problema e procurar filtrar essas influências e permitir que a criança participe dos recursos oferecidos pelo mundo atual. Por outro lado, deve haver um controle e/ou uma restrição, como, por exemplo, evitar que a criança permaneça muitas horas em frente à TV ou ao computador. Deve-se buscar contrabalançar esse tempo, estimulando o desenvolvimento de atividades físicas, como esportes e recreações, e exercícios para melhorar o raciocínio e a atenção, paralelamente às atividades acadêmicas.
Uma criança pode ter DDA (déficit de atenção) e não ser hiperativa? (Patricia Gonçalves de Carvalho/Brasília, DF)
Sim, é possível que a criança seja portadora de DDA e não seja hiperativa, o que é mais comum em meninas. Nesses casos, a característica que prevalece é a desatenção.
Blog do Prof de Ed. Física MSc SERGIO CASTRO,da Pós Graduação em Educação Especial e Tecnologia Assistiva da Universidade Cândido Mendes(AVM) ;Ex-professor da Universidade Estácio de Sá e Ex-Coordenador de Esportes para Pessoas com Deficiências (PcD) do Projeto RIO 2016 da SEEL RJ ,destinado a fornecer informações sobre pessoas com deficiência(PcD) e com Necessidades Educativas Especiais(PNEE), bem como a pessoas interessadas nesta área ( estudantes, pais, parentes, amigos e pesquisadores)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário