Superdotados: pequenos notáveis
Seu filho é genial? Aprenda a reconhecer os sinais de uma mente brilhante demais
- Para todo pai coruja, seu filho é sempre genial. Se o bebê resmunga, supõe que ele já está apto a falar qualquer palavra e desenvolver teorias dignas de um cientista como Albert Einstein. Ao dedilhar as teclas do piano desordenadamente, parece estar gabaritado a tocar qualquer sonata de Beethoven. Caso faça um rabisco de um objeto não-identificado na parede, pode ser considerado o sucessor de Leonardo da Vinci.
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Confira a turma dos sabe-tudo
Papais, é preciso ser realista: soltar um ‘mamá’, quase quebrar o instrumento musical ou desenhar árvores não é sinal de genialidade. Há uma turminha, porém, capaz de surpreender qualquer marmanjo. Chamados de superdotados, eles têm o dom de aprender - quase tudo - precocemente. Música, matemática, física, língua portuguesa, artes plásticas. Não importa a matéria, eles sempre tiram a nota mais alta sempre.
Quando o assunto é brincadeira, a garotada mais esperta da sala também é nota 10. "Aos poucos, os rótulos estão sendo quebrados. O estereotipo de que são crianças bitoladas não existe mais. As pessoas que possuem altas habilidades vivem normalmente e são felizes", conta Christina Cupertino, doutora em psicologia e coordenadora do Programa Objetivo de Incentivo ao Talento, do Colégio Objetivo.
De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 3% e 5% da população mundial é constituída por superdotados. Segundo a coordenadora pedagógica do Colégio Itatiaia, Cláudia Razuk, não é difícil descobrir se a criança tem mais facilidade para aprender do que os seus colegas de classe. "A primeira análise é simples. Basta avaliar se ela demonstra desenvolvimento superior aos colegas da mesma idade. Todo superdotado é precoce em alguma área da vida."
Apaixonado por xadrez
Apesar de não ser um exímio jogador de futebol, Rodrigo Sogayar, 8 anos, adora jogar uma ‘pelada’ com os seus amiguinhos do colégio. Contar piadas também é com ele. Com aquele típico sorriso maroto de garoto arteiro, costuma reunir toda a turma e soltar uma anedota atrás da outra. Antes de dormir, o pequeno não dispensa um bom livro.
A diferença entre Rodrigo e os seus parceiros de futebol é simples, mas significativa. Até o momento, sua mãe, a advogada Cintia Sogayar, de 38 anos, não procurou um especialista para avaliar o nível de inteligência do garoto, mas tem certeza de que ele possui altas habilidades. "Toda última sexta-feira do mês é dia de levar um brinquedo para a escola. No começo, ele levava uma calculadora. Hoje, leva o tabuleiro de xadrez", lembra.
A declaração de Cintia parece papo de mãe orgulhosa, porém uma conversa com Rodrigo mostra que ela tem razão. "Já passei por todos os níveis do xadrez. Agora só falta o super difícil." Questionado sobre as matérias que mais gosta, não titubeia ao dizer que matemática é uma das favoritas. "Tenho uma irmã quatro anos mais velha que não gosta de contas. Como tenho facilidade, sempre resolvo os problemas para ela", confessa ele, sem nunca ter aprendido a lição.
A genialidade do expert em matemática não foi confirmada. Já no caso de Guilhermo Cotrim Costa, de 5 anos, o título é definitivo. "Você quer saber sobre DNA?", pergunta ao repórter. Após explicar didaticamente sobre o assunto, o cientista mirim revela uma outra paixão. "Adoro ler matérias sobre os planetas. Recentemente, li em uma revista um texto bem legal, mas tinha várias informações erradas. Quando olhei na capa, reparei que era uma revista antiga", explica.
Segundo a mãe do menino, a publicitária Cláudia Cotrim Costa, de 39 anos, a primeira coisa que chamou sua atenção foi a facilidade que ele demonstrava para decorar logotipos, números e letras. "Com três anos e meio percebi que ele lia tudo o que via pela frente, sem nunca ninguém ter ensinado", conta. "Depois, ele foi se interessando por biologia, matemática, língua portuguesa. Nas artes plásticas ele é mais crítico do que observador."
Há poucos meses, Cláudia decidiu buscar ajuda na Associação Paulista para Altas Habilidades e Superdotação (Apahsd), uma entidade responsável em atender os pequenos notáveis. Por lá, já passaram mais de 200 crianças. "Quanto mais cedo o superdotado é atendido, melhor é para o desenvolvimento intelectual dele. Chegando na Apahsd, depois de os pais serem entrevistados, o pequeno passa por uma série de testes e, feito isso, avaliamos o resultado e constatamos se ele tem alta habilidade cognitiva, que lida com o raciocínio, ou motora, com o corpo", explica Gabriela Vanina Toscanini, professora de ioga e responsável pelo setor de coordenação motora da associação.
Trocando as bolas
Entre os leigos, é comum ouvir dizer que as crianças geniais são hiperativas ou sofrem do transtorno de déficit de atenção. Gabriela diz que essa informação é distorcida. "Imagine você na sala de aula com uma professora explicando uma matéria que você já sabe. É claro que não prestará atenção no que ela está dizendo", explica.
A profissional revela que, por causa do mito da hiperatividade em superdotados, dezenas de crianças chegam na associação dopadas de medicamentos. "Elas aparecem aqui abobadas, mas com o cérebro funcionando normalmente." De acordo com ela é preciso refletir sobre a forma de estimular as crianças. Não é porque gostam de estudar, que o adulto deve incentivá-las a todo momento. "Os pais não devem estimular os filhos superdotados a todo instante. Eles não podem esquecer que a criança precisa brincar, dar risada, se divertir. Elas já têm um interesse natural e isso basta", alerta a psicóloga Christina Cupertino.
Na casa dos irmãos Natália e Samuel dos Santos Barbosa, de 8 anos, a genialidade veio em dose dupla: eles são gêmeos. As áreas de interesse, porém, são distintas. "Adoro fazer esportes. Quero ser jogador profissional de basquete. Enquanto isso não acontece, preciso estudar e, como sempre termino antes, acabo ajudando os meus amigos", conta Samuel. A garota quer ser veterinária. "Quero cuidar dos animais, pois eles são amigos da natureza", conta.
Características dos gênios
-É curioso;
-É persistente no empenho de satisfazer os seus interesses e questões;
-É crítico de si mesmo e dos outros;
-Tem senso de humor altamente desenvolvido;
-Não é propenso a aceitar afirmações, respostas ou avaliações superficiais;
-Entende com facilidade princípios gerais;
-É sensível a injustiças;
-É líder em várias áreas;
-Reage positivamente a elementos novos;
-Persiste em examinar e explorar estímulos com o objetivo de conhecer melhor a respeito deles;
-Gosta de investigar, faz muitas perguntas;
-É independente, individualista e auto-suficiente;
-Tem grande imaginação e fantasia;
-Vê relações entre objetos;
-Tem sempre muitas idéias. Irrita-se com a rotina.
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