Psicologia Esportiva / Basquete
EQUILÍBRIO EMOCIONAL NA QUADRA: CESTA DE TRÊS PONTOS
por Adriana Espineli Simon da Fonseca (*)
Atletas não são máquinas, embora a energia e a habilidade de seus corpos nos deixem boquiabertos e exaustos só de olhar. Não existe um botão que possam apertar a fim de escolher o que querem sentir. Como todos nós, serão afetados por emoções positivas e negativas, mas podem ser treinados para lidar bem com ambas as experiências. O controle emocional, sem dúvida, proporcionar-lhe-ás um rendimento mais satisfatório dentro e fora das quadras.
No mundo esportivo, é inevitável a presença da ansiedade e do estresse pré-competição, no entanto, ao contrário do que se pensa, nem sempre eles prejudicam o desempenho do jogador.
Certo nível de estresse é normal e altamente benéfico. Hormônios estimulantes fabricados e jogados na corrente sanguínea são capazes de impedir o indivíduo de sentir dor e levá-lo a fazer o que é necessário para enfrentar a situação que se impõe, atingindo a melhor performance. Eu diria que nenhum bom combate é travado sem alegria e adrenalina correndo nas veias.
O problema é que a ansiedade excessiva faz com que o corpo reaja de modo desagradável. O raciocínio e a capacidade de decisão diminuem, os músculos tendem a não obedecer aos comandos do cérebro, o tremor e a falta de equilíbrio aparecem, além da possibilidade da violência irromper. Quantos jogadores não acabam brigando ou tentando decidir o jogo sozinhos, prejudicando a equipe toda? Saber reconhecer e modificar o pensamento negativo, encarando de maneira diferente o evento difícil evita problemas desnecessários.
Para diminuir a tensão é possível fazer uso de técnicas de relaxamento, de exercícios de mentalização e meditação, como também treinar o controle da respiração. Impossível não se lembrar da ex- jogadora Hortência. A estrela do basquete, antes de cada lance livre, movimentava os ombros e respirava fundo para manter a serenidade e a concentração.
Ainda há que se levar em consideração que o basquete é um esporte essencialmente coletivo. Mesmo que um jogador possa decidir uma partida, a defesa só se faz com a ajuda de todos. Por isso, é interessante trabalhar a parte psicológica do jogador para que ele sinta que faz parte de uma equipe e não apenas de um grupo de atletas. Aprender a ouvir e a entender o técnico e seus colegas, bem como aperfeiçoar a concentração, a atenção difusa e a visão periférica fazem muita diferença. Vou mais longe. Não basta que o jogador seja bom de passe e arremesso, ele deve perceber o clima do jogo, usar o ponto fraco da equipe adversária a seu favor, ficar atento aos critérios da arbitragem, criar alternativas para otimizar as ações dos colegas e ainda utilizar sua inteligência e atenção para rebotes cada vez mais rápidos.
Por sua vez, o treinador, além da parte tática, precisa saber motivar e apoiar os jogadores, lidar com personalidades diferentes, extraindo o melhor de cada uma e também construir um ambiente saudável para o treinamento.
Sabemos que não é fácil lidar com derrotas, lesões, pressões da torcida e cobranças de dirigentes por vitórias e bons resultados. A cada ano, o esporte torna-se mais competitivo e o peso do dinheiro e da influência política não facilitam o panorama. Assim sendo, cresce a importância do trabalho multidisciplinar. Não restam dúvidas de que os jogadores precisam de uma alimentação balanceada, de treinamentos físicos e táticos, de cuidados médicos e fisioterápicos e de apoio psicológico. Como dizem por aí “a união faz a força”. Que sejamos todos vitoriosos.
(*) Adriana Espineli Simon da Fonseca é Psicanalista
Contato: dricaspin@terra.com.br
Foto: Divulgação
ASE
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Rádio: ID – 55*82*29013
23 de julho de 2010
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