domingo, 18 de julho de 2010

Moda Inclusiva – Berlim dá Exemplo de Inclusão Fashion

JULHO 18, 2010...2:51 PM
Moda Inclusiva – Berlim dá Exemplo de Inclusão Fashion
VEJAM FOTOS EM : http://duasmodaearte.wordpress.com/2010/07/18/moda-inclusiva-berlin-da-exemplo-de-inclusao-fashion/



[Descrição da Imagem: Modelo Mario Gallo com perna mecânica, desfilando na passarela trajando casaco preto, bermuda jeans e sapato tipo mocassim marrom. Há um close da perna mecânica mostrando os detalhes].

Recebi esta imagem em mais um delicioso e-mail da Socióloga Marta Gil, que como eu já disse, tem nos “incluído” no universo da Moda Inclusiva e da Inclusão como um todo.

Este foi um dos desfiles da Semana da Moda em Berlim, da marca Starstyling, na Alemanha. Mario Gallo é modelo e desfilou peças da coleção da grife (que por sinal, tem coisas muito interessantes em seu site). Vamos refletir? Olhando a imagem, que reações ou pensamentos ela provoca em você? Vou responder por mim.

Minha reação inicial: Vibrei com a superação das duas partes – modelo e grife.
Meu primeiro pensamento reflexivo: Achei maravilhosa a atitude da marca ao colocá-lo para desfilar de bermuda, não “camuflando” sua realidade – Isso de fato é a verdadeira inclusão! Mario é um modelo muito bonito… A marca poderia ter colocado uma calça comprida para que ele desfilasse… Mas, não!
Meu segundo pensamento reflexivo: Houve inclusão fashion de verdade, com demonstração na prática de que a diversidade é linda e que não impede Mario e nenhuma outra pessoa de executar seus objetivos.
Meu terceiro pensamento reflexivo: O que realmente pode nos impedir de praticar a inclusão? Em primeiro lugar não pensar, não refletir e não conhecer nada sobre o assunto. Em segundo lugar, achar que isso é assunto só para PcD (Pessoas com deficiência). Em terceiro lugar, não sentir-se parte de um processo que é para TODA a sociedade, em todas as esferas – lazer, cultura, moda, educação, saúde,trabalho, TV, Internet…
Quero discorrer neste segundo post de “Moda Inclusiva” sobre este terceiro pensamento reflexivo: “O que nos impede de viver a Inclusão?” Em primeiro lugar quero deixar claro mais uma vez que não sou uma especialista graduada em acessibilidade e inclusão… Mas, por um encontro maravilhoso neste rico mundo virtual com duas pessoas muito especiais – Paulo Romeu do Blog da Audiodescrição e a Socióloga Marta Gil, a inclusão social – principalmente na área de moda, passou a fazer parte de mim… Acho importante e gratificante demais poder disponibilizar espaço em nossas mídias compartilhando este conhecimento, essa necessidade e esse direito que todo ser humano tem: acessibilidade e inclusão.

Acessibilidade é um direito de todos e não um privilégio. Segundo o dicionário, é um substantivo que denota a qualidade de ser acessível. Mas, quando falamos em acessibilidade em contato e ouvindo PcD, percebemos a amplitude do assunto. De acordo com a Campanha Acesso de Humor (veja selo “Incluvírus” em nossos blogs, clicando nele você chega ao material esclarecedor do Planeta Educação), “A acessibilidade é muito mais que uma rampa ou uma guia de calçada rebaixada. Ela deveria estar presente nas comunicações, TV, educação, trabalho, lazer e cultura. É ela que permite desfrutar, com autonomia, facilidade e dignidade, dos produtos e serviços que a sociedade oferece, em todas as áreas.”

Acessibilidade para quem? É bom andar em uma cidade com buracos? É confortável e seguro subir em ônibus com degraus altíssimos, com bolsas de compra ou carrinhos de bebê? Idosos que se deparam com a insegurança de escadas ou degraus irregulares, sem rampas para chegar ao seu destino? Elevadores com portas apertadas onde é impossível circular com um carrinho de bebê? Pisos que ofereçam riscos para crianças e gestantes? Você já ouviu falar de senhoras que prendem seus saltos altos e finos em escadas rolantes ou pisos irregulares e brigam por reparos junto aos empreendimentos que “causaram” o transtorno? Pois é… Estamos falando de pessoas que não usam cadeiras de rodas, que não são cegas… Pessoas que precisam de uma cidade que ofereça qualidade de vida. Chegamos a conclusão que acessibilidade é bom para TODOS. Para a PcD é um DIREITO (nunca um favor), a única maneira de ter autonomia, dignidade e INCLUSÃO. Promover acessibilidade é gerar oportunidades para que todos tenham condições de explorar os ambientes, serviços, cultura… Vejam exemplos práticos de não acessibilidade que presenciamos em nosso dia a dia:

Acessibilidade em Moda: Vimos lojas onde é totalmente impossível um cadeirante circular para comprar roupas… São tantas as araras que fica claro que o cadeirante não foi lembrado naquele cenário… Estivemos observando os provadores de todas as lojas que entramos nestes últimos dias e percebemos que cadeirantes não conseguem experimentar roupas nos mesmos – são apertados… Alguns, até para mim foram desconfortáveis! – Estes já são pensamentos de inclusão e acessibilidade, que aos 30 e poucos anos passei a ter… Nunca é tarde, viu??

Acessibilidade em operadora de telefonia: Quando somos “contaminados pelo bichinho da inclusão”, como Paulo Romeu se referiu a este novo olhar, passamos a ficar atentos a tudo… Estava numa operadora trocando meu celular e entrou um rapaz surdo e mudo, comunicando-se pela linguagem de libras. Havia alguém preparado na e-nor-me operadora para atender ao jovem? Não! O rapaz, constrangido, puxou um papel onde certamente estava escrito o que o levara a loja… Mesmo assim as adaptações em seu aparelho não foram feitas por algum motivo. Falando sobre esta experiência com Paulo, do Blog da Audiodescrição, sabiamente ele me devolveu outra forte reflexão: “Lu, imagina esta pessoa chegando ao hospital sem conseguir fazer entender o que sente para obter socorro?” Você já refletiu sobre essas coisas? Já refletiu de que maneira você, sua mídia, seu trabalho podem ser úteis para falar e praticar acessibilidade e inclusão??

Acessibilidade e Inclusão em Livrarias: Todo final de semana tem café e livraria com minhas filhotas. Amamos ler e todo esse universo que envolve os livros… Estávamos numa grande livraria aqui no RJ quando minha filha achou um livro escrito e braille. Ela já sabia do que se tratava porque sempre falamos sobre diversidade e inclusão com elas (dentro da linguagem acessível para suas idades). Achamos muito, mas muito importante estar abertos para a diversidade – é inteligente porque estimula a troca e crescimento! Minha filha, movida pela curiosidade, procurou outros livros escritos em braille. Não achou! Procurou a atendente e perguntou onde poderia achar os outros. Para sua supresa, aos sete anos de idade, descobriu que em uma livraria enorme, só havia um livro escrito em braille. Questionou a vendedora, que respondeu: “mas você não precisa deste tipo de livros” [Ui! Doloroso]. Minha filha respondeu: ” Mas tem crianças que precisam… Elas nem dever estar aqui porque já sabem que não tem livros pra elas…” E, seguiu para casa nos questionando “Como vão fazer as crianças que precisam ler com os dedinhos mãe, com um livro só??”

Para que haja a Inclusão, é necessário que a diversidade seja respeita, proporcionando a TODOS o direito de conviver no mesmo espaço, com dignidade e autonomia. Mario Gallo conseguiu vencer os “bloqueios fashions” [inclusive a ditadura da estética] e exercer seu ofício em condições de igualdade com os demais modelos que desfilaram para a marca Starstyling na semana da moda em Berlim. Para isso houve de um lado a força de Mário em não se fechar nas suas dificuldades, de outro, a atitude da grife em praticar a INCLUSÃO e, assim, esta palavra saiu dos textos e foi praticada em sua essência, gerando essa imagem linda que temos no início do post.

Para finalizar este segundo post, deixo claro que ainda tenho muito a aprender e, além dos contatos já mencionados neste post, estaremos também em contato com o CVI – Rio objetivando usar nossos blogs de uma maneira bem efetiva abordando com clareza a Moda Inclusiva de maneira real, leve e prática. O Centro de Vida Independete tem por objetivo contribuir para a formação de uma sociedade inclusiva.

Visite alguns sites que podem proporcionar esclarecimentos, experiências e um novo olhar sobre Acessibilidade e Inclusão:

Centro de Vida Independente:

http://www.cvi-rio.org.br/novo/

Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas:

http://www.amankay.org.br/home/index.php

Site Bengala Legal (textos maravilhosos!!)

http://www.bengalalegal.com/

Blog da Audiodescrição (Registros, informações depoimentos sobre a luta pelo acesso pleno a cultura em cinemas, TV e teatro):

http://www.blogdaaudiodescricao.blogspot.com/

Que a imagem no início do post possa fazer você refletir sobre o tema Moda Inclusiva e Inclusão como um todo! Você é parte desse processo… Eu sou parte desse processo!

Foto: Site Uol e Fonte de Pesquisa: Acessibilidade e Inclusão – Planeta Educação

Post by Lu Jordão

9 comentáriosArquivado em Acessibilidade e Inclusão, ModaEtiquetas: Dignidade Social, Mario Gallo, Moda, Moda e Dignidade Social, Moda Inclusiva, Semana da Moda em Berlim

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