domingo, 4 de julho de 2010

Aspectos do Desporto Convencional e do Desporto Adaptado

História do Esporte


Aspectos do Desporto Convencional e do Desporto Adaptado

O Esporte contemporâneo ou moderno, como instituição, surgiu no século XIX na Inglaterra por iniciativa de Thomas Arnold. No entanto, o esporte tem suas raízes históricas na Antigüidade, passando pela idade média e o Renascimento. As civilizações egípcias, maias, incas, aztecas, hindus, entre outras não possuem registros precisos, mas deixaram vestígios de jogos com caráter esportivo praticado durante esses períodos. (Tubino, 1987).De acordo com o mesmo autor, a Grécia teve um papel muito importante no desenvolvimento do esporte. Foi durante a Grécia Antiga que o esporte teve seus momentos culminantes nas celebrações dos Jogos Olímpicos que eram realizados em Olímpia. Este foi paralisado durante algum tempo e em 1896 Pierre Coubertain restaurou os Jogos e seus ideais com finalidade de promover a paz entre os povos.Os Jogos Olímpicos são considerados hoje a celebração máxima do esporte mundial.Coubertain criou também o Comitê Olímpico Internacional (COI) com a função de realizar os Jogos de 4 em 4 anos e de desenvolver um movimento filosófico do esporte, consolidando-o como fenômeno esportivo na sua manifestação de nível técnico elevado.O ideário Olímpico começa a se modificar após a II Grande Guerra Mundial no momento em que o esporte passa a ser utilizado como forma de domínio político-ideológico (capitalismo x socialismo), prevalecendo a vitória a qualquer custo. (Penafort, 2001).De acordo com Tubino (1987), na década de 60 o esporte é direcionado a diferentes perspectivas além daquela de alta competição que permaneceu predominante até 1964. Iniciam-se trabalhos esportivos na expectativa de melhoria da qualidade de vida, como forma de aproveitamento do tempo livre e surge também a preocupação de se desenvolver o esporte escolar. Essas novas perspectivas foram fortalecidas com os documentos dos órgãos internacionais, tais como:Manifesto mundial do esporte - CIEPS (1964);


Carta Européia de Esporte para Todos - Conselhos da Europa (1966);


Manifesto da Educação Física - FIEP (1970); e.


Carta Internacional de Educação Física e Esporte - UNESCO (1978)Como é possível perceber, o esporte é um fenômeno social universal, podendo estar presente como instrumento de manifestação cultural, ideológica, política, econômica, científica e social. (Prieto apud Tubino, 1987).Segundo Fanali (apud Araújo, 1997), hoje se compreende o esporte contemporâneo (moderno/convencional) da seguinte forma:"Atividades específicas de emulação na qual se valorizam intensamente as formas de praticar os exercícios físicos para que o indivíduo ou um grupo chegue ao aperfeiçoamento das possibilidades morfofisiológicas e psíquicas, concretizando em recorde ou uma superação de si mesmo ou do concorrente. Podemos entender como sendo a prática sistematizada de uma atividade esportiva".Essa prática sistematizada de uma atividade esportiva não contempla as pessoas deficientes que sofreram lesões medulares ou perderam um ou mais membros do corpo durante as guerras, pois a estrutura de jogo é limitante devido às regras existentes. Portanto, após as duas Grandes Guerras Mundiais houve a necessidade de criar mecanismos de integração dos soldados lesionados, provocando uma reavaliação dos conceitos e das visões sobre a deficiência e reabilitação pela sociedade de modo geral. Visualizou-se no esporte um auxiliar importante nos processos de reabilitação e integração das pessoas lesionadas nessas guerras. Foi a partir deste momento que o esporte adaptado para pessoas com deficiência começou a ganhar força sendo compreendido como:"Experiências esportivas modificadas ou especialmente designadas para suprir as necessidades especiais de indivíduos. O âmbito do esporte adaptado inclui a integração de pessoas portadoras de deficiências com pessoas 'normais', e lugares nos quais que se incluem apenas pessoas com condições de deficiência" (Winnick apud Araújo, 1997).Portanto, esporte adaptado é uma adaptação necessária de um esporte "este conhecido pela população de modo geral quanto as suas regras..." (Araújo, 1997) para que pessoas que normalmente estariam fora dos padrões (por exemplo - deficientes físicos) possam ter a oportunidade de praticá-lo. O esporte "mantém a essência do jogo" (idem anterior), mas passa por uma adaptação das regras. Atualmente existem modalidades específicas para deficientes e estas foram desenvolvidas para atender uma determinada população, como por exemplo, o goalball que é uma das modalidades esportivas específicas para cegos e deficientes visuais (Araújo, 1997).Origem do Desporto AdaptadoHá indícios que a prática desportiva por pessoa portadora de deficiência existe desde a Antigüidade, porém, somente após a 2ª Guerra Mundial é que teve maior ênfase tanto na área da reabilitação, prevenção e organizações, devido ao aumento da população portadora de deficiência.Os primeiros registros de esporte para pessoas portadoras de deficiência foram encontrados em 1918 na Alemanha, nos quais consta que um grupo de soldados alemão tornado deficiente físicos após a guerra, se reunia para praticar tiro e também arco e flecha. Em 1932, na Inglaterra, formou-se uma associação de jogadores de Golfe com um só braço.Em 1945 o neurologista alemão Sir Ludwig Guttmann iniciou o primeiro programa de esporte em cadeira de rodas no Hospital de Reabilitação de Stoke Mandeville, em Aylesbury, Inglaterra. Em 1948, Dr. Guttmann realizou os I Jogos Desportivos de Stoke Mandeville, paralelo aos XIV Jogos Olímpicos, com a participação de 14 homens e 2 mulheres das Forças Armadas Britânicas em uma única modalidade - Arco e Flecha. Em 1952, Dr. Guttmann realizou o II Jogos Desportivos de Stoke Mandeville com a participação de 130 atletas entre ingleses e holandeses.Em 1960, acontecem a primeira Paraolimpíada na cidade de Roma, Itália, com a participação de 23 países e 400 atletas. A palavra PARA (olimpíadas), segundo Araújo (1998), possui duplo significado, podendo referir-se a conotação de Paraplégico, ou de Paralelo as Olimpíadas. Em 1964, foram realizados os II Jogos Paraolímpicos, em Tóquio, Japão. Em 1968, o III Jogos Paraolímpicos na cidade de Tel Aviv, Israel. O IV Jogos Paraolímpicos de 1972 foram em Heidelberg, Alemanha. Pela primeira vez o Brasil participa da competição na modalidade de BOCHA mas, devido a pouca experiência não consegue conquistar nenhuma medalha. A partir destas Paraolímpiadas, o Brasil manteve sua participação em todos os outros jogos.Esporte Adaptado no BrasilNo Brasil, por volta de 1958, brasileiros paraplégicos e tetraplégicos (respectivamente Robson Sampaio de Almeida e Sérgio Serafim Del Grande) retornavam dos tratamentos realizados em hospitais americanos, e aproveitando suas experiências, criaram clubes em São Paulo e Rio de Janeiro com o objetivo de dar continuidade aos trabalhos desportivos lá desenvolvidos, atendendo dessa maneira a necessidade da prática desportiva das pessoas portadoras de deficiência.Porém, a estrutura do esporte em âmbito nacional para pessoa portadora de deficiência, iniciou-se em 1975, com a criação da ANDE - Associação Nacional Desporto para Excepcional, que agregava as pessoas com qualquer tipo de deficiência. Com a participação crescente de pessoas deficientes na prática esportiva, houve a necessidade de criar novas entidades para atender as diferentes necessidades. Atualmente, compreendem cinco associações esportivas distintas:Associação Brasileira de Desportos para Cegos (ABDC); Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS); Associação Brasileira de Desporto para Amputados (ABDA); Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas (ABRADECAR); e Associação Nacional de Desportos para Deficientes (ANDE). Estas entidades compõem o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB). A Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Mentais (ABDEM) é uma associação independente.Dssas entidades têm como principal objetivo fomentar o desenvolvimento do paradesporto organizando ou apoiando competições em níveis regionais, nacionais e internacionais, e junto ao Comitê Paraolímpico Brasileiro a participação das equipes nacionais nas Paraolímpiadas. Além dessas entidades, existem ainda a Federação Nacional das APAEs (FENAPES) e a Associação Olimpíadas Especiais do Brasil, ambas atendem pessoas com deficiência mental.A primeira participação do Brasil nos Jogos internacionais ocorreu em 1971, nos Jogos Pan-Americanos na Jamaica, e em 1972 a sua primeira participação nos Jogos Paraolímpicos na Alemanha.Em 1976, nos V Jogos Paraolímpicos em Toronto, Canadá, o Brasil conquista as suas duas primeiras medalhas Paraolímpicas, na modalidade de BOCHA, ambas de prata. Em 1980, nos VI Jogos Paraolímpicos em Arnhem, Holanda, o Brasil participa pela primeira vez na modalidade de basquetebol em cadeira de rodas e natação, mas não conquista medalhas.O Brasil teve a sua melhor participação nos VII Jogos Paraolímpicos em Aylesbury, Inglaterra e Nova Iorque, EUA, em 1984. Estes jogos foram realizados em países diferentes por conta das dificuldades encontradas pelos organizadores em viabilizar a realização dos mesmos em Nova Yorque devido a participação de deficientes físicos em cadeira de rodas. Com um número de apenas 21 atletas, foram conquistadas 6 medalhas de ouro, 12 de prata e 3 de bronze, batendo 2 recordes Paraolímpicos e 3 mundiais. Nos EUA foi a primeira participação de atletas brasileiros portadores de deficiência visual e um destes conquistou a medalha de prata na modalidade de atletismo. Em 1988, nos VIII Jogos Paraolímpicos em Seul, Coréia do Sul, o Brasil conquista bons resultados, adquirindo 27 medalhas, sendo 4 de ouro, 10 de prata e 13 de bronze.Em Barcelona, Espanha, nos IX Jogos Paraolímpicos, 1992, o Brasil conquista 7 medalhas, sendo 3 de ouro e 4 de bronze. 1996, nos X Jogos Paraolímpicos de Atlanta, EUA, o Brasil conquista 21 medalhas, sendo 2 de ouro, 6 de prata e 13 de bronze. O Brasil conquistou 22 medalhas, dentre elas 6 de ouro, 10 de prata e 6 de bronze nos XI Jogos Paraolimpícos realizado na cidade de Sidney, Austrália em 2000, última Paraolimpíadas realizada até o presente momento.Benefícios com a prática esportivaSegundo Steinberg (1994) a prática de atividades físicas proporciona o bem-estar físico e psicológico em todas as pessoas, portadores ou não de deficiência. Este pesquisador também comprovou que a prática de exercícios físicos para portadores de lesão medular, poliomielite e doença neuromuscular progressiva são benéficas para o físico destas pessoas. No caso do lesionado medular há menor incidência de complicações urinárias, úlceras de pressão e doenças cardíacas. Para um portador de poliomielite o ganho de força é relevante, mas necessita de cuidados porque os exercícios muito fortes podem lesar o músculo que está parcialmente 'desenervado'. No caso de um portador de distrofia neuromuscular, apesar de algumas contradições, está se comprovando que há melhoras na força muscular, capacidade de trabalho e consumo de oxigênio.Costa (2000) afirma que:"...a atividade física, realizada em grupo, é de fundamental importância, pois permite aos seus integrantes adquirirem uma identidade social, sentir e ter compromisso com algo e com o grupo, de viver o sentimento de confiança, sentir reforços sociais provenientes do grupo, desenvolver um grande grau de amizade com outros participantes e viver a relação de companheirismo... e são responsáveis por comportamentos afetivos".
Além dos benefícios fisiológicos que a atividade física proporciona, pode-se afirmar que o principal beneficio está relacionado com o restabelecimento da auto-estima e, conseqüentemente com a diminuição da depressão provocada pelo impacto da nova realidade que o espera, nos casos da lesão adquirida, facilitando assim, a reintegração à sociedade.Atualmente tem se percebido uma grande demanda de PcD em busca da prática desportiva no Brasil, devido aos espaços cedidos pela mídia durante os Jogos Paraolímpicos (os quais ainda julgamos serem reduzidos) e aos benefícios funcionais, psicológicos e sociais que a prática desportiva proporciona. (Costa, 2001)Mattos (1994) defende o desenvolvimento sócio-afetivo adequado para as PPDF, para que estes tenham acesso à moradia, a saúde, a educação, aos locais de trabalho, ao esporte, lazer e recreação, e acredita que a PPD tem o direito de ter acesso, e possibilidade de conhecer e de decidir quando, como e onde quer praticar o esporte.De acordo com Almeida & Filho (2001), existem duas maneiras de se organizar as manifestações esportivas. A organização vertical, no qual o esporte de alto rendimento prevalece e a horizontal, onde se tem como objetivo agregar as pessoas e não segregá-las da possibilidade da prática esportiva.No meio acadêmico, atualmente, é possível detectar a iniciativa importante que vem contribuindo para a formação de massa crítica e registro da organização do Desporto Adaptado dentro de uma visão científica e suas inúmeras possibilidades a partir da prática do desporto pelas pessoas portadoras de deficiência. Iniciativas que estimularam a qualificação dos docentes para atuar junto a esta população como também na formação e produção acadêmica têm sido uma constância. O surgimento de associações científicas como a Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada (SOBAMA) e a busca de política que assegura a regularidade desta prática por parte das Associações diretivas do Desporto Adaptado são iniciativas que têm contribuído para a efetivação desta prática no Brasil.
Fonte: http://www.efdeportes.com/efd72/handebol.htm

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