segunda-feira, 10 de março de 2014

Três anos de Guia Inclusivo e uma Vida inteira pela Inclusão

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Três anos de Guia Inclusivo e uma Vida inteira pela Inclusão

21 de fevereiro de 2014 | Postado por: Categoria: ACESSIBILIDADECOLUNASOPINIÃO
 
Luciane Molina *
Desde muito cedo e, até mesmo sem me dar conta do papel das mídias para a difusão de  informações a respeito da inclusão da pessoa com deficiência, sempre utilizei os meios de comunicação como aliados ao meu trabalho.
 
Como sabem, sou pedagoga e atuo com educação especial e inclusiva há pouco mais de 13 anos, o que me rendeu grandes experiências e algumas poucas frustrações. Fazemos um trabalho que percorre os dois extremos. De um lado encontramos a pessoa com deficiência, seus familiares e professores, com angústias, ansiedades e incertezas, mas também com muita vontade de que suas limitações físicas ou sensoriais sejam minimizadas e sofram um impacto menor nesse processo de pertencimento aos grupos sociais.
Do outro lado, essas mesmas pessoas, em situações diversas, podem manifestar uma certa resistência e um sentimento de conformismo num misto de revolta, porque a sociedade evidencia essas limitações ao excluir esse grupo minoritário, abrindo uma lacuna ainda maior devido ao estabelecimento de padrões de normalidade, separando os grupos conforme seus pares. E aí o processo de inclusão não deixa de ser apenas uma evolução terminológica do que antes se praticou, por muitos anos, quando pregavam a diminuição da desigualdade através do processo de integração. Só que nesse processo, o pertencimento ao grupo era condicionado à condição do sujeito  e seu  padrão  de normalidade ou de adaptação a um determinado  grupo.
O que eu sempre busquei compreender enquanto pessoa com deficiência e, em seguida, como profissional que atua na área da educação inclusiva, é que as nossas limitações físicas ou sensoriais jamais podem ser usadas para justificar a fragmentação da sociedade em dois mundos. No caso da deficiência visual, não justifica, porém, que as pessoas cegas frequentem espaços ou consumam serviços específicos, feitos apenas para cegos; que se agrupem com seus pares, porque entendem que só quem não enxerga poderá compartilhar das mesmas experiências ou estarem em um espaço fechado e  diferenciado, sem o desafio do mundo lá fora.
Esse equívoco praticado principalmente pelas pessoas com deficiência mais fragilizadas pela exclusão social a qual já foram submetidas, é reproduzido, com muita frequência, por essa mesma sociedade que, por falta de informação, não consegue desempenhar o seu papel “inclusivo” e, por isso, incluem pela prática da integração, ou seja, somente aqueles que teriam  maior condição de se adaptar à diversidade poderiam  pertencer ao grupo.
Essa prática equivocada é, muitas vezes, reproduzida inconscientemente, porém perpetuada por décadas e décadas e, talvez por isso, o processo de inclusão caminhe a passos de formiguinhas. Desse modo, os veículos de comunicação impressos ou virtuais exercem uma grande influência na perpetuação de práticas menos excludentes, a partir do momento em que começam a divulgar realidades distintas, porém que estão relacionadas entre si para a busca desse pertencimento social. É justamente essa visibilidade que precisa vir a tona para que os discursos sobre inclusão e as práticas estejam entrelaçadas,  mais próximas do segmento da pessoa com deficiência e sua realidade.
E durante esse mês em que comemoramos três anos de Guia Inclusivo, olhamos pra trás e percebemos o papel social que esse blog tem na vida da pessoa com deficiência e quantas realidades foi capaz de transformar. Foram inúmeros relatos de experiências, entrevistas, textos técnicos e ensinamentos escritos por muitas mãos. E por ser um tema tão amplo e complexo ao mesmo tempo, nos sentimos tão expectadores quanto redatores de conteúdo, justamente porque pertencemos a esse grupo social tão diverso e tão heterogêneo.
Apesar de ter “visto” o Guia Inclusivo nascer, no seu primeiro ano de existência eu participava apenas como fonte de conteúdo ou captadora de outras fontes para entrevistas. Tive a honra de ser convidada para integrar esse time logo em 2012 e não hesitei em aceitar o convite, afinal, incluir é guiar as pessoas, mostrando-lhes os caminhos para construir a tão temida inclusão, o tão desejado pertencimento social.
Parabéns Guia Inclusivo e uma vida inteira de ensinamentos pra todos nós, leitores e redatores!
Luciane Molina é pessoa com deficiência visual e atua com educação inclusiva e formação de professores.

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