Urece estréia chamadora internacional
O título da segunda etapa do Campeonato Estadual de Futebol para Cegos, conquistado pela Urece no último final de semana na cidade de Volta Redonda, teve um toque distintamente feminino. A professora alemã Julia Hallanzy, que vem trabalhando com a equipe há um mês, foi a chamadora do time em todos os jogos da competição. Ela substituiu Gabriel Mayr, que não pôde viajar em função de ter sido vítima de um forte resfriado. "Claro que fiquei preocupado porque ela e os jogadores não falam a mesma língua, mas na situação em que estávamos, sem o Gabriel, não havia outra alternativa. Por isso, quando chegamos no ginásio, fizemos um treino somente para que os atacantes pudessem se acostumar com o jeito dela de chamar", conta o técnico da equipe, Fausto Penello.
Xodó dos jogadores, Julia recebeu um imenso apoio de todos os atletas. "A gente sabia das dificuldades de ter uma chamadora que não sabe a nossa língua, mas desde o início nós vimos o quanto ela tinha vontade de ajudar e participar. Por isso, em momento algum, achamos que era um problema", conta o atleta Filippe Silvestre.
Engana-se quem pensa que Julia Hallanzy caiu de pára-quedas na função de guia dos atacantes da equipe da Urece. Uma das fundadoras do futebol para cegos na Alemanha, ela é atualmente chamadora da seleção de futebol para cegos daquele país. A alemã está no Brasil para estudar de perto como funciona o esporte no país que é o atual bicampeão paraolímpico da modalidade.
Há cinco semanas no Brasil, seu vocabulário em português, combinado com a linguagem universal dos gestos, lhe permite fazer compras em shoppings, pedir comida em restaurantes ou adquirir tickets no metrô. "Mas, para orientar os jogadores com a eficiência que a função de chamadora exige, o meu português ainda está longe do ideal", ela explica. "Se ser chamadora já é difícil, fazer isso em uma língua que eu não domino é ainda mais complicado, já que os meninos, naturalmente, não podem ver os gestos que eu faço. Assim, todas as informações têm que ser transmitidas mesmo por palavras", diz Julia.
Armada com sete palavras (direita, esquerda, vem, toca, chuta, meia-lua, pára), com sua experiência como chamadora na Alemanha e uma enorme motivação, Jule (como é mais conhecida) entrou em quadra para o seu primeiro jogo como chamadora no Brasil. Ela aponta a comunicação com os atletas como tendo sido a maior dificuldade enfrentada: "Quando o Marcos (Lima, atacante) estava em quadra, eu transmitia as informações para ele e ele traduzia para seus companheiros, mas quando ele não estava jogando, eu tinha que me virar para me fazer entender o mais rapidamente possível. Era muito difícil, por exemplo, descrever para meus jogadores onde os defensores estavam em situações padrão como escanteios ou faltas" ela conclui.
Ainda que à primeira vista pareça quase impossível orientar atletas cegos em uma língua desconhecida, Julia foi muito elogiada pelos atletas da Urece. "Acho que ela deu conta do recado completamente, eu não senti falta de nada", diz o atacante Liwisgton Costa. Mas ela confessa que "no começo, eu não estava certa de que conseguiria, mas durante o primeiro jogo, eu fui me sentindo cada vez mais confortável e confiante."
Para ela, o fato de não saber a língua dos jogadores não trouxe apenas problemas. "A vantagem de dar os comandos em inglês era que os adversários também não podiam entender. Além disso, como eu sabia muito poucas palavras em português, eu tinha que me concentrar para passar apenas a informação essencial aos atletas. Eu acho que muitos chamadores, eu inclusive, falam muita coisa e muito alto durante os jogos, de modo que essa situação foi um excelente exercício para mim."
Julia Hallanzy tem vinte e cinco anos e é professora de educação física e literatura alemã, tendo experiência de dois anos e inúmeros campeonatos de futebol para cegos na Alemanha. Ela vem escrevendo suas experiências num blog trilingue (alemão, português e inglês).
Xodó dos jogadores, Julia recebeu um imenso apoio de todos os atletas. "A gente sabia das dificuldades de ter uma chamadora que não sabe a nossa língua, mas desde o início nós vimos o quanto ela tinha vontade de ajudar e participar. Por isso, em momento algum, achamos que era um problema", conta o atleta Filippe Silvestre.
Engana-se quem pensa que Julia Hallanzy caiu de pára-quedas na função de guia dos atacantes da equipe da Urece. Uma das fundadoras do futebol para cegos na Alemanha, ela é atualmente chamadora da seleção de futebol para cegos daquele país. A alemã está no Brasil para estudar de perto como funciona o esporte no país que é o atual bicampeão paraolímpico da modalidade.
Há cinco semanas no Brasil, seu vocabulário em português, combinado com a linguagem universal dos gestos, lhe permite fazer compras em shoppings, pedir comida em restaurantes ou adquirir tickets no metrô. "Mas, para orientar os jogadores com a eficiência que a função de chamadora exige, o meu português ainda está longe do ideal", ela explica. "Se ser chamadora já é difícil, fazer isso em uma língua que eu não domino é ainda mais complicado, já que os meninos, naturalmente, não podem ver os gestos que eu faço. Assim, todas as informações têm que ser transmitidas mesmo por palavras", diz Julia.
Armada com sete palavras (direita, esquerda, vem, toca, chuta, meia-lua, pára), com sua experiência como chamadora na Alemanha e uma enorme motivação, Jule (como é mais conhecida) entrou em quadra para o seu primeiro jogo como chamadora no Brasil. Ela aponta a comunicação com os atletas como tendo sido a maior dificuldade enfrentada: "Quando o Marcos (Lima, atacante) estava em quadra, eu transmitia as informações para ele e ele traduzia para seus companheiros, mas quando ele não estava jogando, eu tinha que me virar para me fazer entender o mais rapidamente possível. Era muito difícil, por exemplo, descrever para meus jogadores onde os defensores estavam em situações padrão como escanteios ou faltas" ela conclui.
Ainda que à primeira vista pareça quase impossível orientar atletas cegos em uma língua desconhecida, Julia foi muito elogiada pelos atletas da Urece. "Acho que ela deu conta do recado completamente, eu não senti falta de nada", diz o atacante Liwisgton Costa. Mas ela confessa que "no começo, eu não estava certa de que conseguiria, mas durante o primeiro jogo, eu fui me sentindo cada vez mais confortável e confiante."
Para ela, o fato de não saber a língua dos jogadores não trouxe apenas problemas. "A vantagem de dar os comandos em inglês era que os adversários também não podiam entender. Além disso, como eu sabia muito poucas palavras em português, eu tinha que me concentrar para passar apenas a informação essencial aos atletas. Eu acho que muitos chamadores, eu inclusive, falam muita coisa e muito alto durante os jogos, de modo que essa situação foi um excelente exercício para mim."
Julia Hallanzy tem vinte e cinco anos e é professora de educação física e literatura alemã, tendo experiência de dois anos e inúmeros campeonatos de futebol para cegos na Alemanha. Ela vem escrevendo suas experiências num blog trilingue (alemão, português e inglês).
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