domingo, 15 de novembro de 2009

Autoconfiança no Esporte


Autoconfiança no Esporte vejam mais em : http://fernandolopesae.blogspot.com/2009/10/autoconfianca-no-esporte.html?showComment=1258311258845#c2671588692716504948


Conhecendo um pouco mais sobre este tema e ajudando a desenvolver a autoconfiança em atletas e esportistas

Autoconfiança é a crença de que se pode realizar com sucesso um comportamento desejado. Alto níveis de autoconfiança podem intensificar as emoções positivas, aumentar a concentração, estabelecer metas mais desafiadoras, aumentar o esforço e desenvolver estratégias competitivas efetivas.

Atletas confiantes acreditam em si próprios e nas capacidades e competências necessárias, tanto psicológicas como mentais para atingir seu potencial e suas metas. Atletas menos confiantes duvidam se são bons o suficiente ou se tem o que é necessário para serem bem-sucedidos.

Benefícios da Auto-confiança:

- Desperta emoções positivas – o atleta consegue por exemplo permanecer mais calmo sob pressão, pois sabe que “dará conta”, mantendo-se equilibrado e menos ansioso;

- Facilita a concentração – consegue se focar naquele momento decisivo.

Excesso e Falta de Autoconfiança

Falta de Autoconfiança

Muitas pessoas apresentam tudo aquilo que é necessário física e tecnicamente para serem bem sucedidas em suas modalidades esportivas, contudo falta-lhes confiança em sua capacidade de realizar habilidades sob pressão, em um jogo ou em uma partida nivelada. Um jogador extremamente habilidoso e com uma técnica bem desenvolvida pode, em um momento decisivo de uma partida, ao errar um movimento começar a duvidar de si mesmo e tornar-se inseguro. Passa então a não arriscar movimentos mais ousados com medo de errar novamente, perdendo assim sua efetividade. A insegurança vai criar a ansiedade, quebrar a concentração e provocar indecisão. Pessoas com falta de confiança focalizam-se mais em suas dificuldades do que em suas qualidades e pontos fortes, passam assim a deixar de se concentrar na tarefa realizada. Contudo, um pouco de insegurança gera motivação e previne o excesso de autoconfiança.

Excesso de Autoconfiança

Pessoas super confiantes são na verdade falsamente confiantes, ou seja a confiança delas é maior do que suas capacidades. Seu desempenho diminui pois acreditam que não necessitam se preparar nem fazer esforço para realizar suas tarefas.

Isso ocorre por exemplo quando um atleta ou um time/equipe altamente considerado dá como certa a vitória sobre um outro atleta ou equipe.

O pensamento comum é que tudo o que precisa fazer é estar presente para vencer. Contudo, não se pode ser excessivamente confiante se a confiança se baseiua em habilidades e capacidades reais, ou seja o adversário precisa necessariamente sempre ser valorizado.

Em geral o excesso de confiança é muito menos problemático do que a falta de confiança, contudo quando ocorre os resultados podem ser igualmente desastrosos.

Uma situação comum é quando dois jogadores de diferentes capacidades se enfrentam. O melhor jogador chega para a competição superconfiante, e por conta disso negligencia a preparação e joga casualmente, o que pode muito bem fazê-lo ficar para trás já no início da competição.

O adversário nesse meio de tempo começa a ganhar confiança, tornando ainda mais difícil, para o jogador excessivamente confiante, virar o jogo e vencer a competição.
Esse cenário acontece até para os melhores atletas, mas em geral eles não deixam isso acontecer com grande frequência.

O falso excesso de confiança é visto às vezes quando os atletas tentam encobrir suas inseguranças. A maioria dos técnicos encoraja os atletas a serem confiantes, assim os jogadores em geral não se sentem confortáveis demonstrando insegurança. Portanto eles passam a fingir que se sentem confiantes para ocultar sentimentos reais de insegurança. Seria mais construtivo expressar tais sentimentos para o técnico e desenvolver um programa para ajudar os atletas a removerem suas dúvidas e ter de volta sua autoconfiança. Certamente isso significa que o técnico ou professor deve criar uma atmosfera que encoraje a comunicação aberta de seus alunos/atletas.

Expectativas e desempenho dos atletas

As expectativas podem ter um efeito crítico sobre o desempenho. Esperar vencer ou esperar perder pode ter um impacto muito grande no desempenho em uma competição. As expectativas do treinador podem também influenciar muito o desempenho e o comportamento de alunos/atletas.

Uma sequência de eventos que ocorrem em ambientes esportivos pode explicar tentar explicar a relação expectativa-desempenho do treinador para com o atleta.

Passo 1:
Técnicos criam expectativas. Os treinadores usam informação de desempenho – desempenhos anteriores, teste de habilidades, comportamentos nos treinos e outras avaliações. Quando as fontes de informação levam a uma avaliação correta da capacidades e do potencial do atleta, não há problemas, contudo expectativas ou muito altas ou muita baixas especialmente inflexiveis, normalmente levam a comportamentos inadequados da parte do treinador. Isso nos leva ao segundo passo:

Passo 2: As expectativas do treinador influenciam o comportamento dos atletas. Os comportamentos dos treinadores quando apresentam expectativas altas ou baixas com relação aos seus atletas podem ser as seguintes:

1) Frequência e qualidade da interação técnico-atleta: passa mais tempo com o atleta que espera mais e apresenta mais simpatia e afeto positivo;

2) Quantidade e qualidade da instrução: concede menos tempo e é menos persiste ao ensinar habilidades difíceis aos atletas que considera com de baixa expectativa;

3) Tipo e frequência de feedback: dá mais reforço, elogios e mais feedback instrutivo e informativo a atletas de alta expectativa e dá menos feedback benéfico ao atleta de baixa expectativa após um desempenho médio;

Passo 3: Comportamento dos técnicos afetam o desempenho dos atletas. Atletas de baixa expectativa:

1) Apresentam piores desempenhos devido a reforços e tempo de jogo menos efetivos;

2) Apresentam níveis mais baixo de autoconfiança e de percepção de desempenho ao longo de uma temporada;

3) Atribuem seus fracassos à falta de capacidade, acreditando na falsa crença de que não são bons e de que tem pouca chance de sucesso no futuro.

Desde o inicio os técnicos devem determinar como se formam suas expectativas e se suas fontes de informação são indicadores confiáveis da capacidade de um atleta. As avaliações iniciais muitas vezes podem ser equivocadas. “Técnicos devem monitorizar a quantidade e qualidade de reforço e de feedback instrutivo que fornecem buscando assegurar que todos os atletas/alunos recebam sua porção justa. Essas atitudes ajudam a assegurar que cada atleta tenha uma chance justa de alcançar seu potencial e de apreciar a experiência atlética”. (Weinberg e Gould, 2001, pág. 317).

Fontes de Autoconfiança no Esporte – o que é necessárioum atleta possuir ou desenvolver para conquistar a autoconfiança

- Domínio: desenvolver e melhorar habilidades;
- Demonstrar capacidade vencendo e superando em desempenho os adversários;
- Preparação física e mental que ajudará a permanecer focalizado nos objetivos e sentir-se preparado para dar o máximo;
- Apoio social – ter o encorajamento de colegas de equipe, treinador, família;
- Liderança dos Treinadores: confiança nas decisões dos treinadores;
- Acreditar em suas próprias capacidades e possibilidades de desenvolvimento
- Experiência indireta: ver outros atletas atuando com sucesso e acreditar que pode ser
Como ele ou melhor que ele;

- Conforto ambiental – sentir-se confortável no ambiente onde atuará;

- Situação favorável – sentir que tem tudo a seu favor e que nada poderá dar errado.

Como desenvolver a autoconfiança em um atleta - técnicas

- Experiências Indiretas ou Demonstração ou Modelagem: é um processo de 4 estágios: atenção, retenção, reprodução motora e motivação.
Para se aprender pela observação deve-se prestar muita atenção ao modelo. A capacidade de atenção irá depender do respeito que se tem do modelo a ser observado, bem como do interesse na atividade e do quão bem pode-se ver e ouvir. Os bons técnicos não sobrecarregam seus atletas com informações, mas esperam que o atleta focalize sua atenção em todos os elementos específicos da habilidade, e nem demonstram a habilidade apenas uma única e rápida vez. Focalizam inicialmente em um ponto-chave, mostram várias vezes e permitem que o atleta o faça livremente e de forma espontânea.

Para que a modelagem ocorra de forma efetiva o ato observado deverá ser memorizado e decorado. E essa retenção precisa ser realizada através de técnicas de prática mental, analogias (por exemplo pedir ao atleta para comparar o movimento do saque com o movimento de atirar uma raquete) ou ainda pedir para os atletas repetirem em voz alta os pontos-chaves. Aqui o importante é ajudar o observador (atleta) a lembrar o ato modelado.

Depois disso é necessário saber fazer a reprodução motora, ou seja saber coordenar as ações musculares com seus pensamentos, e sentir que o atleta está realmente seguro e treinado para realizar a habilidade de forma eficaz.
Por fim, o estágio final ma modelagem é a motivação, sem motivação o atleta não prestará atenção no modelo, não tentará lembrar o que foi visto e não praticará a habilidade. A chave aqui é motivar o atleta por meio de elogios, pela promessa de recompesas, dando importância à aprendizagem da atividade modelada ou utilizando aqueles modelos que irão realmente motivá-lo.

- Persuasão Verbal:
Treinadores podem fazer uso de técnicas persuasivas para influenciarem comportamentos específicos que esperam de seus atletas. Alguns exemplos para dizer aos atletas: “Seja perseverante e não desanime, mesmo que vc tenha que perder alguns dias!” ou “Sei que vc saca bem, mas seja perseverante e treine seus movimentos, vai chegar sua hora!”

A persuasão verbal para aumentar a confiança pode também tomar forma de autopersuasão, exemplo do que um atleta campeão olimpico de natação dizia para ele mesmo antes da competição: “Vc tem que acreditar que vai acontecer. Não pode duvidar de suas capacidades dizendo palavras negativas como: vou levantar amanhã e vou sentir totalmente mal porque me senti mal hoje. Vc não pode entrar nessa “vibe”ruim. Tem que dizer: Amanhã correrá tudo bem, eu dou conta, eu consigo, e vou me sentir super bem. Hoje não me senti bem, mas amanhã estarei ótimo.”

- Experiências imaginárias:
Atletas podem gerar crenças sobre sua eficácia ou ineficácia pessoal imaginando a si mesmo se comportando efetiva ou inefetivamente em situações futuras. A chave para o uso da visualização como fonte de autoconfiança é o atleta sempre se imaginar demonstrando domínio e confiança na situação futura do jogo ou campeonato.

- Estados fisiológicos:
Alguns atletas podem interpretar de forma equivocada aumentos na ativação ou ansiedade fisiológica (com o taquicardia ou respiração superficial aumentada) como medo e sensação de impedimento de poder realizar a habilidade com sucesso (ou seja auto-eficácia diminuída), enquanto que outros atletas podem interpretar tais reações como um sinal de que estão prontos e preparados para a competição (ou seja auto-eficácia aumentada).

- Estados Emocionais:

Um atleta lesionado sentindo-se deprimido e ansioso em relação à sua reabilitação provavelmente terá sentimentos de auto-eficácia diminuídos, enquanto que um atleta sentindo-se energizado e positivo certamente apresentará uma auto-eficácia aumentada.


Sugestões para demonstrações efetivas

A modelagem efetiva é uma das fontes principais para a auto-eficácia. Abaixo algumas sugestões que um treinador pode dar aos seus alunos/atletas para conseguirem alcançar demonstrações efetivas:

- Informe ao aluno/atleta sobre a importância da habilidade treinada para o jogo ou atividade;

- Saliente um modelo de alta consideração (por exemplo um atleta profissional que conhecem) e que usa efetivamente a habilidade a ser modelada e treinada;

- Certifique-se que todos os alunos não terão distrações e que todos podem ver e ouvir;

- Demonstre habilidades complexas sob vários ângulos (p. ex., saque de tênis para atletas canhotos e destros);

- Focalize a atenção do aluno em apenas 3 ou 4 pontos-chave da habilidade; *
- Repita demonstrações de habilidades complexas;

- Assegure-se de que as instruções sempre precedam ligeiramente a habilidade ou o segmento da habilidade sendo demonstrada;

- Faça os alunos ensaiarem mentalmente o que foi demonstrado imediatamente após observarem na demonstração;

- Peça aos alunos que pratique a habilidade imediatamente após ela ter sido demonstrada e mentalmente ensaiada;

- Peça aos alunos para nomearem as partes da habilidade p. ex., (aqui é o começo do movimento - a parte inicial, aqui é o meio, aqui e quase o movimento completo, e aqui é o completo, o movimento completo e finalizado);

- Faça uma demonstração em câmera lenta e depois uma demosntração em velocidade normal e peça para fazerem o mesmo;

- Reforce (“Muito bom!!!” ou “É isso mesmo!!!”) sempre o desempenho correto ou o ato/movimento modelado (treinado) obtiver sucesso;

* Com crianças e adolescentes concentre-se em um número menor de pontos-chave e enfatize a prática mental.

Referências Bibliográficas
Becker Jr, B. & Samulski, D. Manual do Treinamento Psicológico para o Esporte. Feevale, 1998.

Becker Jr, B. Manual de Psicologia do Esporte e do Exercício, Feevale, 1999.

Cozac, J. R. L. Psicologia do Esporte: Clínica, alta performance e atividade física. São Paulo: Annablume, 2004.

Postado por Fernando Lopes às 00:06

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