Descrição: uma televisão beijando a mão de uma figura da elite governante (sem IDEOLOGIA)
Descrição: uma televisão beijando a mão de uma figura da elite governante (sem IDEOLOGIA)
Por Amauri Nolasco Sanches Junior.
Duas coisas me fizeram escrever esse artigo sobre o segmento das pessoas com deficiência, um é que o Ministério Publico deu mais 15 anos para o governo adaptar as escolas para as pessoas com deficiência, que lógico, tem um “dedinho” das entidades “filantrópicas”. E outra, uma reportagem da revista Incluir que uma moça surda – não vou falar o nome para não constrangê-la – disse que há muita atenção aos cadeirantes e aos cegos. Não vou comentar porque esse tipo de pessoa que faz um comentário desses, ou é mal informado porque há inúmeros casos de desrespeito e há sim um trabalho muito divulgador sobre as pessoas surdas, ou são pessoas que não pensam que ser uma pessoa com deficiência não se deve olhar as características dessa deficiência. Por outro lado, ela é empregada por justamente ter uma surdes e não ter uma locomoção restrita como o cadeirante tem ou que ainda a cegueira carrega de preconceito. Que mesmo uma publicação em uma revista voltada ao segmento – pelo que percebi e percebo em outras publicações – há uma especie de trava ou fronteira que não se deve passar e há muita, muita mesmo, restrição sobre isso.
Qual o papel da mídia sobre vários aspectos de uma inclusão efetiva e real, sem teorias, no meio das pessoas com deficiência? Não vejo o porque ser uma luta separada, afinal, somos uma parcela da sociedade e mesmo que essa sociedade nos rejeite por causa da nossa aparência, somos seres humanos. Ou não somos e não estou sabendo? De certo que algumas pessoas ainda pensem que somos “exemplos de superação” porque há em nossa sociedade o pensamento ainda que as pessoas com deficiência são passivas e dependentes e acabamos “alimentando” essa ideia mesmo sem querer. A passividade á a parte que toda a pessoa com deficiência deve ser agradecida ou deve ser “boazinha” sem ao menos ter uma opinião própria, a passividade se mostra aquelas pessoas que não fazem nada, postam suas fotos em seu Facebook sem muito acrescentar, sem lutar por nada, sem fazer nada por suas próprias ideias e ainda reclama que os movimentos não lutam pela sua luta pessoal. Qual empresa vai contratar uma pessoa dessas? Sera que uma pessoa passiva e dependente é digna de ser um bom profissional? Não creio que um empresario queira uma pessoa dessas e nem que não lute por aquilo que queira e fique só em suas casas, na internet, ou enfiado dentro de uma igreja e não fazendo nada por você. Também prejudicam aqueles que querem e precisam lhe dar com o publico, porque assim alimentando essas coisas, as pessoas vão cada vez mais ter essa visão.
É perigoso demais tratar questões tão importantes com generalizações que podem por ventura, acabar com muito mais preconceito. Como o que a mocinha surda disse, não procede e esse tipo de informação não vai acabar com o preconceito, porque já é uma afirmação preconceituosa achar que todo cadeirante tem atenção necessária e o cego tem toda essa atenção também. E a imprensa deveria zelar – e não colocar como destaque – para se ter uma informação muito mais centrada em dar conhecimento e não fazer essa distinção perigosa. Essa distinção mais separa do que une, porque nem as deficiências e pessoas são iguais, isso depende muito da visão de cada um. Em nenhum momento estou vendo matérias serias que deveriam defender nossos direitos como esse retrocesso que tivermos dentro do Ministério Publico que deu mais 15 anos para adaptar as escolas publicas, em nenhum momento matérias que tratassem a mal adaptações em transporte publico. Por que só temos que superar dentro de uma determinada maneira? Por que não podemos também ser artistas como escritores, pintores, escultores ou algo do gênero?
Eu sou uma prova viva disso, eu sou publicitário formado e pessoa com deficiência por nascença, nenhuma agencia de publicidade me deu uma chance. Dai eles fazem duas coisas: uma é ir até lá na subsecretaria do Ministério do Trabalho dizer que não existe pessoas qualificadas, se o governo quiser que a lei seja comprida, terá que qualificar essas pessoas (no caso, nós). Há nisso uma visão que as pessoas com deficiência são dependentes e não podem ir a escolas por depender de outrem (alguns casos pode ser, mas nada que uma adaptação não faça), assim, essa visão se reflete no modo de tratar quando há uma contratação. Segundo, faz junto com emissoras campanhas para arrecadar dinheiro para entidades que não fazem nada pela inclusão, no entanto ou por uma consciência pesada ou por abater no imposto da empresa, dão dinheiro para promover a mesma inclusão que não ajudam a fazer. A mídia – e as agencias de publicidade são um tipo de mídia – se mostram muito pouco quando é ela que tem que cumprir essa lei, porque existe o mesmo discurso, existe o mesmo pensamento e existe a mesma linha cultural, só muda a maneira de mostrar isso. Então, qual é o papel dessa mídia dentro da inclusão? Sera que a mídia é o reflexo social que nos enxerga assim?
A mídia tem que agradar muitas pessoas e essas pessoas dão a essas mídia o que precisa para sobreviver e não é culpar as pessoas que isso vai mudar, é saber o que é certo e o que é errado para si mesmo. Mesmo sabendo que tudo isso não nos aceita, ainda sim, se submetemos a essa cultura e as mesmas falas e as mesmas atitudes. Então, como mudar isso? Como queremos que o mundo nos enxergue diferente se enxergamos igual o mundo? São pontos que devemos muito repensar.