segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Sinestesia: seria possível desenvolver esta habilidade através do treino?

Publicado em 23.11.2014
sinestesia
Um novo estudo mostrou pela primeira vez como as pessoas podem ser treinadas para
 “ver” as letras do alfabeto como cores – uma simulação de como aqueles com sinestesia
 experienciam o seu mundo. A pesquisa foi publicada na revista “Scientific Reports”
e também descobriu que o treinamento pode potencialmente aumentar o QI.
A sinestesia é uma fascinante condição neurológica que, embora pouco
compreendida, permite que algumas pessoas (estimadas em cerca de 1 em 23)
 experimentam uma sobreposição em seus sentidos. Elas “vêem” letras como
 cores específicas, podem sentir o “gosto” das palavras ou associam sons a cores diferentes.
Há um debate que questiona se esta condição é incorporada em nossos genes
 ou se surge por causa de determinadas influências ambientais, como letras de
 brinquedo coloridas usadas na infância. Enquanto as duas possibilidades não
são mutuamente excludentes, psicólogos do Centro para a Ciência da
Consciência da Universidade de Sackler, em Tel Aviv, Israel, conceberam um
 programa de treinamento de nove semanas para ver se adultos sem sinestesia
 podem desenvolver as principais características desta habilidade.
Eles descobriram, em um estudo de amostra de 14, que não apenas os participantes
 eram capazes de desenvolver fortes associações de letras-cores para passar todos
os testes-padrão para a sinestesia, como muitos também experienciaram sensações
 como letras que pareciam “coloridas” ou tinham personas individuais – por exemplo,
 “x é chato”, “w é calmo”.
Um dos resultados mais surpreendentes do estudo foi que os que realizaram o
 treinamento também tiveram seu QI aumentado em uma média de 12 pontos, em
comparação com um grupo de controle que não foi submetido a treinamento.
“A principal implicação do nosso estudo é que formas radicalmente novas de
experimentar o mundo podem ser provocadas simplesmente através de extenso
 treinamento perceptual”, explica Daniel Bor, que coliderou o estudo com Nicolas Rothen.
 “O impulso cognitivo, embora provisório, pode eventualmente levar a ferramentas de
 treinamento clínico cognitivo para apoiar a função mental em grupos vulneráveis, tais
como crianças com déficit de atenção e hiperatividade ou adultos que sofrem de demência”.
“Deve-se ressaltar que não estamos afirmando ter treinado não sinestésicos para se
 tornarem sinestésicos genuínos. Quando testamos novamente os nossos participantes,
três meses após o treinamento, eles haviam perdido em grande parte a habilidade de ‘ver’
 cores ao pensar sobre as letras. Mas isso mostra que é provável que a sinestesia tenha
 um componente de desenvolvimento importante, começando na infância por muitas
 pessoas”. [Medical Xpress]

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