Blog do Prof de Ed. Física MSc SERGIO CASTRO,da Pós Graduação em Educação Especial e Tecnologia Assistiva da Universidade Cândido Mendes(AVM) ;Ex-professor da Universidade Estácio de Sá e Ex-Coordenador de Esportes para Pessoas com Deficiências (PcD) do Projeto RIO 2016 da SEEL RJ ,destinado a fornecer informações sobre pessoas com deficiência(PcD) e com Necessidades Educativas Especiais(PNEE), bem como a pessoas interessadas nesta área ( estudantes, pais, parentes, amigos e pesquisadores)
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Aceitar a perda auditiva é o primeiro passo para ouvir bem
Procurar ajuda especializada e usar o aparelho contribui para adaptação mais rápida
Se a audição é o sentido que se desenvolve mais rapidamente no ser humano, a sua perda é gradativa e tem tratamento se identificada precocemente. Mas a falta de informação e o preconceito fazem com que a maioria demore para procurar ajuda especializada.
“Quanto mais cedo a pessoa procurar ajuda e aceitar, principalmente, o uso do aparelho auditivo, mais estimulada a audição e o paciente vai encontrar menos problemas na adaptação à nova condição”, destaca a fonoaudióloga do Instituto Londrinense de Educação de Surdos (ILES), Renata Mary de Souza Carrilho. “Quanto mais for usado o aparelho, mais são estimuladas as células do ouvido.”
Ainda de acordo com a fonoaudióloga, o uso do aparelho contribui para que não ocorra atrofia do nervo auditivo. A audição está intimamente ligada à fala. Assim a surdez pode levar à tonalização da fala, que se torna monótona e acentualizada em algumas palavras.
“Ouvir é diferente de entender. Com o aparelho a pessoa precisa começar a compreender um novo mundo sonoro que se revela. Como cada indivíduo responde ao aparelho de forma diferente, para que haja um equilíbrio é preciso que a capitação de sons graves ou agudos seja percebida”, explica Carrilho. Se um paciente com deficiência auditiva não usar o aparelho, de acordo com a fonoaudióloga, com certeza o entendimento sonoro dele também vai desaparecer.
O aparelho auditivo é um direito reservado por lei no Brasil e é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas, segundo a fonoaudióloga, muitas pessoas não conhecem esse direito. “Muita gente diz que não sabia que não precisava pagar pelo aparelho quando chega até nós”, afirma Renata Carrilho.
Além disso, ela aponta que muitos dos pacientes que começam a utilizar o aparelho, não voltam para dizer como tem sido o dia-a-dia com o novo “companheiro”. “Nem todos podem utilizar o aparelho menor, que é colocado no interior do ouvido, porque é o indicado para casos mais fracos de deficiência”, diz Carrilho.
Mas hoje, de acordo com ela, embora o SUS não cubra a customização, a tecnologia nesse campo é grande e são muitas as opções de cores e formatos, por exemplo.
Em relação à adaptação, as crianças se saem melhor com o uso do aparelho do que jovens e adultos, de acordo com a psicóloga do ILES, Vera Lucia Diogo Lima. “Quanto mais velha, mais vergonha a pessoa tem de usar o aparelho. Mas o melhor tratamento para esses casos é o conhecimento e o fortalecimento da autoestima”, afirma.
Mãe de um filho com surdez moderada, Vera Lúcia compartilha com os pacientes muito do que ela viu o filho fazer para driblar a falta de informação e o preconceito. “É preciso aceitar a brincadeira. Quando alguém olhar o aparelho e perguntar o que é, ou apenas apontar, informe! Porque assim a pessoa vai se familiarizar e até se identificar”, ensina.
Serviço: Instituto Londrinense de Educação de Surdos - Centro Audiológico Profª Rosalina Lopes Franciscão. Rua Madre Tonina Ugolini, 35 Bairro Boa Vista. Fone: (43) 3325-7054.
Sons agudos desaparecem primeiro
Mais de 15 milhões de brasileiros têm problemas de audição, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Neste balanço estão incluídos os 12 millhões com mais de 65 anos que sofrem algum grau de perda auditiva. Nestes casos, o déficit de audição pode ocorrer por causa de mudanças degenerativas naturais do envelhecimento, como a morte das células ciliadas da orelha interna.
Os primeiros sintomas geralmente se apresentam no “sumiço” dos sons agudos. “A pessoa não deixa de escutar tudo de uma vez. Geralmente os sons agudos são os primeiros a sumir e o paciente deixa de entender partes da fala de outras pessoas”, explica a fonoaudióloga Renata Mary de Souza Carrilho. “Quanto mais tempo a pessoa deixa de procurar ajuda, pior e mais acelerada a perda pode ficar.”
Mas não é apenas o aumento da idade que causa a morte das células ciliadas do ouvido. O uso de fones com som muito alto, por exemplo, mesmo em jovens, também pode levar à deficiência auditiva. “O ouvido possui mecanismos de proteção que são acionados quando expostos a sons muito altos. A repetição destes sons de forma contínua agride as células e pode favorecer a perda auditiva”, destaca.
Se aceitar é indispensável ao surdo
Viver com surdez é um desafio diário, mas de acordo com a psicóloga Vera Lucia Diogo Lima, a condição deve ser encarada como uma verdade desafio. “A pessoa tem que ser, sobretudo, muito forte. Se impor e aproveitar as oportunidades que surgem para informar um número cada vez maior de pessoas de que a surdez não é um limitador intelectual”, afirma a psicóloga. “Não se ofender com olhares e perguntas é fundamental.”
Vera Lúcia ressalta ainda que, embora num primeiro momento os pais se sintam enlutados, o apoio e a resignação de que o surdo tem um lugar no mundo e uma comunidade da qual ele faz parte, é uma atitude indispensável no fortalecimento da autoestima do indivíduo com a surdez. “O surdo precisa se assumir como tal, afinal, é na diferença que está a graça do mundo”, afirma a psicóloga.
ILES atende com escola e clínica O Instituto Londrinense de Educação de Surdos é referência no tratamento de casos de alta complexidade de doenças auditivas, não apenas no Paraná, como em todo o Brasil, devido à tecnologia disponibilizada para o diagnóstico, tratamento e reabilitação de perda auditiva em crianças, adultos e pacientes com patologias associadas, como síndromes genéticas, cegueira, visão subnormal e perdas auditivas unilaterais.
Criado há 50 anos pelos professores Rosalina Lopes e Odésio Franciscão, o instituto possui uma clínica que presta atendimento pelo SUS e uma escola estadual, que atende alunos surdos e com deficiência auditiva. Ambos funcionam com o apoio do poder público e da comunidade londrinense.
Nascido da inexistência de escolas especializadas no ensino de surdos, o ILES oferta ainda cursos de LIBRAS e a clínica médica realiza o Teste da Orelhinha em recém-nascidos na Maternidade Municipal, efetua diagnóstico e terapia especializada às pessoas com risco ou suspeita de perda auditiva, e pessoas portadoras de deficiência auditiva.
Fonte: http://portal.rpc.com.br
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