quinta-feira, 20 de junho de 2013

AUTISMO - CONVERSAS



Sobre a "última cartada, último lance antes do xeque-mate": nessa época em que o Max tomava Viagra para hipertensão pulmonar estávamos eu e a Cyntia com ele no CTI, e tinha um bebê muito, muito mal lá. Ele estava com um quadro gravíssimo, e uma das coisas que preocupavam era justamente hipertensão pulmonar. Eu tinha acabado de chegar ao hospital com um novo frasco do Viagra manipulado para passar via sonda, e a médica me chamou no canto e me perguntou se podia usar naquele bebê, como um último recurso, o último lance. 

Obviamente eu disse que sim, mas não adiantou muito, e o bebê foi a óbito pouco tempo depois, no colo da mãe (não havia mais nada a fazer então a deixaram acompanhá-lo). Foi uma situação extremamente marcante, todo mundo (inclusive a equipe) que sabia o que estava acontecendo ficou triste e emocionado, deixar o Max no hospital e voltar pra casa naquele dia foi quase insuportável. :'-( 

Sobre uso de  Superbonder por médicos: esse tipo de cola (cianoacrilato) já era usado por médicos veterinários desde os anos 1970, e durante a guerra do Vietnã era usada para conter o sangramento em soldados feridos. 

Existe uma variedade para uso médico aprovada pelo FDA em 1998 chamada Dermabond, e muita pesquisa a respeito. Não sei se o médico brasileiro em questão sabia disso, ou se foi na sorte mesmo, mas usar Superbonder em sutura mesmo naquela época já era mais comum e aceitável do que as reportagens que foram exibidas aqui davam a entender. Tem esses e outros detalhes na Wikipedia (http://en.wikipedia.org/wiki/Cyanoacrilate ). 


O Speed of Dark é por aí também, a única "ficção científica" do livro é justamente o tratamento do autismo (mas como em toda boa hard sci-fi a autora conseguem ser convincente ao descrever como ele poderia funcionar). 

Outro filme de ficção científica "sutil" de que gosto muito é Gattaca, que parece muito mais um filme noir que se passa nos anos 1950 do que um "futuro próximo", exceto pela premissa fundamental (a discussão sobre determinismo genético). 



2013/6/19 Argemiro Garcia <argemirogarcia@gmail.com>


Ninguém vai concordar comigo que Molly é um  filme de ficção científica, pois não tem foguete, viagem no tempo ou robô. Mas tem o médico quepropõe tentar um método experimental e Molly, depois da "injeção especial", "solta a língua", começa a falar e expressa tudo o que sentia. ESSE é o aspecto de ficção científica - o tratamento experimental que é usado na moça como cobaia.

É como Rain Man - ninguém o descreve como um road movie, mas... road movies são assim: os protagonistas entram na estrada, a cruzam e, ao final, saem modificados. Uma metáfora para a vida.
Argemiro
Em 19 de junho de 2013 12:25, Murilo Saraiva de Queiroz <muriloq@gmail.com> escreveu:



É isso aí, Argemiro: se é pra encarar tratamento experimental porque não há outra alternativa é preciso fazer isso de olhos bem abertos, e assumir os riscos de de forma consciente.

Alguns comentários sobre o que você mencionou:

Sobre a "última cartada, último lance antes do xeque-mate": nessa época em que o Max tomava Viagra para hipertensão pulmonar estávamos eu e a Cyntia com ele no CTI, e tinha um bebê muito, muito mal lá. Ele estava com um quadro gravíssimo, e uma das coisas que preocupavam era justamente hipertensão pulmonar. Eu tinha acabado de chegar ao hospital com um novo frasco do Viagra manipulado para passar via sonda, e a médica me chamou no canto e me perguntou se podia usar naquele bebê, como um último recurso, o último lance.

Obviamente eu disse que sim, mas não adiantou muito, e o bebê foi a óbito pouco tempo depois, no colo da mãe (não havia mais nada a fazer então a deixaram acompanhá-lo). Foi uma situação extremamente marcante, todo mundo (inclusive a equipe) que sabia o que estava acontecendo ficou triste e emocionado, deixar o Max no hospital e voltar pra casa naquele dia foi quase insuportável. :'-(

Sobre uso de  Superbonder por médicos: esse tipo de cola (cianoacrilato) já era usado por médicos veterinários desde os anos 1970, e durante a guerra do Vietnã era usada para conter o sangramento em soldados feridos.


Existe uma variedade para uso médico aprovada pelo FDA em 1998 chamada Dermabond, e muita pesquisa a respeito. Não sei se o médico brasileiro em questão sabia disso, ou se foi na sorte mesmo, mas usar Superbonder em sutura mesmo naquela época já era mais comum e aceitável do que as reportagens que foram exibidas aqui davam a entender. Tem esses e outros detalhes na Wikipedia (http://en.wikipedia.org/wiki/Cyanoacrilate ). 

Sobre ficção científica que aborda o tratamento de autismo: não assisti a Molly, mas li o livro "The Speed of Dark", da Elizabeth Moon, que é uma autora de ficção científica famosa e que tem um filho autista. O livro ganhou o prêmio Nebula de 2003 e é bem interessante (apesar de eu não ter curtido muito o final). 

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