sábado, 22 de junho de 2013

Autismo como tratar


Nós da Inspirados pelo Autismo temos visto que as famílias que são capazes de facilitar os mais altos níveis de crescimento em suas crianças tendem a optar por uma abordagem abrangente ao autismo. Isto é, elas vêem o autismo como parte de sua criança ao invés de um inimigo a ser combatido, e procuram auxiliar a criança adaptando o seu ambiente físico, promovendo uma educação social diferenciada, tratamentos de integração sensorial e tratamentos biológicos. Estas famílias estão conscientes de que o cérebro/sistema neurológico e metabolismo de sua criança tem se desenvolvido de forma diferente e procuram maneiras de se relacionar com a criança levando em conta estas diferenças, ao mesmo tempo em que acreditam profundamente na capacidade de sua criança para aprender e se adaptar.
Criança com autismo

Autismo não é o inimigo. Os pais que adotam o ponto de vista do autismo como inimigo e tentam eliminar o autismo como se fosse um invasor de sua criança tendem a vivenciar uma grande quantidade de estresse e desconforto, o que , por sua vez, afeta suas interações com a criança. Isto não facilita a formação entre pais e filhos de interações mutualmente prazerosas, interações estas que temos visto serem tão essenciais na promoção do desenvolvimento global de qualquer criança – inclusive aquelas com autismo.

Assim, acreditamos que o primeiro passo dentro do tratamento do autismo é a ACEITAÇÃO. Por ACEITAÇÃO não queremos dizer “desistir” ou “fazer nada”, e sim, não julgar a criança ou o autismo, reconhecer suas necessidades e suas habilidades, e estar feliz com a sua criança do jeito que ela é hoje. Muitas pessoas com autismo recebem a mensagem diária de que quase tudo o que fazem é errado, podendo levá-las à perspectiva de que elas "são" erradas. Em uma perspectiva de aceitação, a pessoa com autismo não é errada, é diferente. E a partir desta perspectiva de aceitação, os pais e profissionais podem buscar auxiliar ativamente suas criancas: ACEITAÇÃO ATIVA!

Depois que a ACEITAÇÃO é genuinamente alcançada, encontramos quatro áreas de ações que consideramos cruciais dentro de uma abordagem de tratamento ao autismo.
  1. A criação de um constante ambiente de aprendizagem otimizado. Devido a conexões diferentes nos cérebros de crianças com autismo, elas percebem seu meio-ambiente de forma diferenciada em relação a uma criança neurotípica. Ao adaptarmos o ambiente físico e social de uma criança nós podemos criar condições que possibilitem a ela um maior nível de conforto, interatividade social e concentração.
  2. A criação de interações sociais estimulantes e dinâmicas, elaboradas a partir das metas de desenvolvimento da criança, com o objetivo de promover o desenvolvimento emocional, social e de comunicação. Estas sessões beneficiam-se do ambiente de aprendizagem otimizado para estabelecer um programa de educação social individualizado para sua criança.
  3. A facilitação da reorganização cerebral e integração sensorial através de jogos/brincadeiras e tecnologias apropriadas. Beneficiando-se dos avanços da moderna neurociência, estes métodos podem auxiliar na superação de desafios sensório-perceptuais vivenciados por muitas crianças e adultos com autismo.
  4. A adoção de um tratamento biológico para abordar desequilíbrios bioquímicos internos. As necessidades biológicas dentro do espectro do autismo variam dramaticamente desde dietas relativamente simples até complexos protocolos médicos.

Consideração fundamental para o eficaz tratamento do autismo é a da plasticidade do cérebro. Ou seja, que o cérebro é capaz de se modificar em termos de estrutura e funcionalidade em resposta às mudanças do ambiente e aos estímulos sensoriais. Até a década de 70, a plasticidade cerebral não era reconhecida pela maioria dos médicos e neurocientistas. A crença generalizada daquele período era a de que o cérebro de uma criança tinha plasticidade apenas nos primeiros anos de vida, e que após 3 ou 4 anos de idade o crescimento neurológico era interrompido e o cérebro tornava-se uma estrutura rígida. Durante os últimos 15 anos, uma grande quantidade de pesquisas têm descartado a idéia da rigidez cerebral e apontado para a presença da plasticidade cerebral durante toda a vida do indivíduo. Por exemplo, utilizando moderna tecnologia de imagens cerebrais, pesquisadores do Semel Institute of Neuroscience and Human Behavior da universidade americana UCLA, em conjunto com pesquisadores da Mount Sinai School of Medicine, publicaram um estudo no General Arquives of Psychiatry. Eles ensinaram crianças dentro do Espectro do Autismo a prestar maior atenção a alguns estímulos sociais (como a expressão facial e de voz) e constataram que as regiões cerebrais que haviam previamente apresentado baixa atividade em resposta àqueles estímulos, passaram a apresentar níveis normais de atividade após o treinamento. Isto significa que os cérebros destas crianças transformaram-se em resposta à mudança dos estímulos do ambiente.

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