Inclusão de crianças autistas em escolas regulares é possível, mas é preciso preparação de todos para o convívio
São Paulo – Especialistas no atendimento a crianças autistas defendem que a inclusão dos pequenos em uma escola regular é possível, mas alertam para a necessidade de que os professores, os parentes e os colegas de classe estejam preparados para o convívio.
“[Sem isso] O professor sofre, os outros alunos sofrem porque não entendem e, quando fazem alguma brincadeira, são repreendidos sem terem sido orientados. Os familiares e principalmente os autistas sofrem”, ressalta a psicomotricista Eliana Rodrigues Boralli Mota.
Segundo Eliana, que fundou a Associação dos Amigos da Criança Autista (Auma) há 25 anos, a família sofre tanto ou mais do que a própria criança. Por isso, acredita ser importante criar um ambiente de integração. “Tudo aí fora é preconceito. Até mesmo o atendimento médico é difícil, porque até convênios se recusam a receber autistas como dependentes. A falta de conhecimento também provoca isso”, disse Eliana, que organizou hoje (17) a festa em comemoração ao Dia da Criança, que é celebrado tradicionalmente no dia 12 de outubro.
“Por mais que se diga que não, em uma escola comum, o autista e a família passam por preconceitos, porque são diferentes. Aqui [na Auma], eu me encontrei e o Renan teve um grande progresso. Por isso eu continuo até hoje”, conta a dona de casa Carla Cruz Costa de Souza, mãe de Renan, de 17 anos. Quando ela conheceu a associação, o filho tinha menos de 5 anos de idade, quando foi diagnosticado com autismo. Antes, o garoto havia estudado em escolas regulares.
Cerca de 40 crianças e adolescentes participaram da confraternização, na sede da entidade, em Santana, bairro da zona norte paulistana. As atividades foram preparadas com o objetivo de socializar os alunos em um ambiente seguro, mas com as mesmas características de uma festa comum.
Alzenira Pompeo da Rosa, mãe de uma menina de 15 anos, ressaltou que a integração entre os pais é interessante para a troca de experiências, apesar de cada criança com autismo ser diferente da outra. “O comportamento muda de um para o outro. E é importante convivermos com outros pais para termos experiência”.
Ela disse que só descobriu o autismo quando a garota tinha 11 anos, e que há um ano frequenta a Auma. Segundo Alzenira, o progresso da filha foi grande no período. Para ela, é importante que ocorram festas na associação porque os alunos se identificam com as pessoas e acabam se soltando mais. “É o mundo deles, com crianças iguais. Em outras festas, eles não ficam à vontade”, observou Alzenira.
Edição: Lana Cristina e Carolina Pimentel
Edição: Lana Cristina e Carolina Pimentel
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