quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Paratletas e internautas trocam ideias sobre desafios em debate mundial da BBC


Paratletas e internautas trocam ideias sobre desafios em debate mundial da BBC

Atualizado em  29 de agosto, 2012 - 15:18 (Brasília) 18:18 GMT
Fernando Fernandes
Paracanoísta Fernando Fernandes participou do debate mundial da BBC
Internautas e paratletas de diversas partes do mundo trocaram ideias nesta quarta-feira sobre os desafios de promover o esporte entre pessoas com deficiências físicas em um debate mundial promovido pelo ServiçoMundial da BBC.
A discussão global aconteceu via rádio, televisão e internet - em programas e sites da BBC em diversas línguas, como árabe, farsi, hausa, hindi, urdu, russo, espanhol, inglês e português.
O debate contou com atletas de diversas partes do mundo, como o espanhol Enhamed Enhamed, nadador que ganhou quatro medalhas de ouro nas Paraolimpíadas de Pequim 2008.
A BBC Brasil promoveu um chat no Facebook e no Twitter, que teve participação do campeão mundial de paracanoagem, Fernando Fernandes, que está se preparando para os Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro 2016, quando sua modalidade passará a fazer parte do programa.
Em vários momentos, comentários de ouvintes e espectadores feitos em diferentes programas da BBC foram traduzidos e repassados a atletas e leitores de outras partes do mundo. A discussão mundial aconteceu nesta quarta-feira, dia em que serão inaugurados os Jogos Paraolímpicos de Londres 2012.

Extremos

"Através da canoagem pude ver que eu seria capaz de fazer o que eu quisesse na minha vida desde que eu buscasse as adaptações necessárias", disse Fernandes no chat da BBC Brasil.
Ele ficou famoso no Brasil em 2002 ao participar do reality show Big Brother. Em 2009, sofreu um acidente de carro e ficou paraplégico. Agora como paratleta, ele destaca a capacidade de superação que vê nas competições como os Jogos Paraolímpicos.
"Talvez por passarmos por dificuldades quase a todo instante na vida, quando lidamos com o extremo, com a necessidade de superar aquele momento numa competição, lidamos com mais facilidade (com isso do que as demais pessoas)."
Ele destacou a importância dos centros de reabilitação, que ajudam pessoas com lesões graves a se recuperarem física e psicologicamente, mas defendeu que no Brasil é preciso melhorar a integração destes centros com os comitês esportivos profissionais, para que mais talentos paraolímpicos possam surgir.
A internauta Carla Ferreira, de Portugal, contou que Fernando Fernandes foi uma grande inspiração em sua vida. A jovem sofre de paralisia cerebral e usou a paracanoagem como forma de melhorar seurelacionamento com o mundo.
"Era muito fechada tinha vergonha de sair e de repente me vi no meio de um Mundial de paracanoagem e me fiquei interrogando: 'Meu Deus o que faço aqui no meio dos maiores atletas do mundo'", escreveu.
"Senti-me uma pulga no meio de uma mandada de elefantes. Agora virei outra pessoa. Já me relaciono bem com todo mundo e espero continuar remando e motivando muita gente com essa minha força."

Falta de infraestrutura

Aline Rocha, internauta de Joaçaba, também é portadora de deficiência e pratica esportes, além de estudar Educação Física na universidade. Ela relatou algumas das dificuldades que os paratletas brasileiros ainda enfrentam.
"Pena que o esporte para pessoas com deficiência ainda é muito caro, os materiais são muito caros, mas é de extrema importância proporcionar as crianças o desenvolvimento motor básico que na maioria das vezes é ignorado ou insuficiente na escola regular", disse a catarinense, que começou a praticar esportes em 2010, quatro anos depois de ter ficado paraplégica.
Seu envolvimento com o basquete em cadeira de rodas aconteceu por acaso, mas hoje ela diz que não imagina sua vida longe do esporte.
Em um programa do canal de televisão da BBC em farsi, o telespectador Daryoosh, do Irã, comentou que em seu país, muitos paratletas ainda sofrem por falta de apoio.
"No nosso país, eles não têm apoio suficiente do governo e muitos deles têm dificuldades até mesmo de manter suas vidas normais", disse.
Ao ler o comentário do iraniano, Aline disse que a limitação não acontece apenas no Irã.
"O que Daryoosh fala em seu comentário é realidade aqui no Brasil também. É muito triste saber que o Brasil está cheio de pessoas com muito potencial esportivo, mas que não têm condições de iniciar em um esporte, seja por falta de conhecimento, dinheiro, companheiros."

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