Aprender a superar
Conhecer o que afeta o seu aluno é o primeiro passo para criar estratégias que garantam a aprendizagem
Carla soares Martin (novaescola@atleitor.com.br)
"Procurei saber sobre a paralisia
cerebral com os médicos que cuidam
do Matheus. Logo percebi que isso
é algo essencial para mim
em classe."
Eleuza de Fátima Neiva, professora da
EE Pedro Fernandes da Silva Júnior,
em Ribeirão das Neves, MG, que
leciona para Matheus Alves, 8 anos.
Foto: Léo Drumond
cerebral com os médicos que cuidam
do Matheus. Logo percebi que isso
é algo essencial para mim
em classe."
Eleuza de Fátima Neiva, professora da
EE Pedro Fernandes da Silva Júnior,
em Ribeirão das Neves, MG, que
leciona para Matheus Alves, 8 anos.
Foto: Léo Drumond
Leia também
REPORTAGENS
- Matheus aprende as emoções
- Como Matheus controulou o tamanho da letra
- Os fundamentos das deficiências e síndromes
- Saberes e atitudes de alunos com deficiência
- Inclusão pede flexibilização
- Uma escola sem barreiras
- Com ou sem inclusão, cada um no seu ritmo
- O uso de materiais flexibilizados em sala de aula
- Tema igual, aula diferente, com flexibilização de conteúdo
- Entrevista com Maria Teresa Égler Mantoan
- Legislação sobre diversidade
ARTIGO
VÍDEO
PLANOS DE AULA
Para receber os alunos com necessidades educacionais especiais pela porta da frente, é preciso conhecer as características de cada síndrome ou deficiência.
O primeiro passo é entender as diferenças entre os dois termos.
Deficiência é um desenvolvimento insuficiente, em termos globais ou específicos, ou um déficit intelectual, físico, visual, auditivo ou múltiplo (quando atinge duas ou mais dessas áreas).
Síndrome é o nome que se dá a uma série de sinais e sintomas que, juntos, evidenciam uma condição particular.
A síndrome de Down, por exemplo, engloba deficiência intelectual, baixo tônus muscular (hipotonia) e dificuldades na comunicação, além de outras características, que variam entre os atingidos por ela.
Se você leciona para alguém com diagnóstico que se encaixa nesse quadro, precisa saber que é possível ensiná-lo.
“O professor deve se comprometer e acompanhar seu desenvolvimento”, afirma Mônica Leone Garcia, assessora técnica da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
Conheça a seguir as definições e características das síndromes e deficiências mais frequentes na escola.
Deficiência física
• Definição: uma variedade de condições que afeta a mobilidade e a coordenação motora geral de membros ou da fala.
Pode ser causada por lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas, más-formações congênitas ou por condições adquiridas.
Exemplos: amiotrofia espinhal (doença que causa fraqueza muscular), hidrocefalia (excesso do líquido que serve de proteção ao sistema nervoso central) e paralisia cerebral (desordem no sistema nervoso central), que exige dos professores cuidados específicos em sala de aula (leia mais a seguir).
• Características: são comuns as dificuldades no grafismo em função do comprometimento motor.
Às vezes, o aprendizado é mais lento, mas, exceto nos casos de alteração na motricidade oral, a linguagem é adquirida sem problemas.
Muitos precisam de cadeira de rodas ou muletas para se locomover. Outros apenas de apoios especiais e material escolar adaptado, como apontadores, suportes para lápis etc.
• Recomendações: a escola precisa ter elevadores ou rampas. Fique atento a cuidados do dia a dia, como a hora de ir ao banheiro. “Algum funcionário que tenha força deve acompanhar a criança”, explica Marília Costa Dias, professora do Instituto Superior de
Educação Vera Cruz, na capital paulista. Nos casos de hidrocefalia, é preciso observar sintomas como vômitos e dores de cabeça, que podem indicar problemas com a válvula implantada na cabeça.
PARALISIA CEREBRAL
• Definição: lesão no sistema nervoso central causada, na maioria das vezes, por uma falta de oxigênio no cérebro do bebê durante a gestação, ao nascer ou até dois anos após o parto.
“Em 75% dos casos, a paralisia vem acompanhada de um dano intelectual”, acrescenta Alice Rosa Ramos, superintendente técnica da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), em São Paulo.
• Características: a principal é a espasticidade, um desequilíbrio na contenção muscular que causa tensão. Inclui dificuldades para caminhar, na coordenação motora, na força e no equilíbrio. Pode afetar a fala.
•
Recomendações: para contornar as restrições de coordenação motora, use canetas e lápis mais grossos – uma espuma em volta deles presa com um elástico costuma resolver.
Utilize folhas avulsas, mais fáceis de manusear que os cadernos.
Escreva com letras grandes e peça que o aluno se sente na frente.
É importante que a carteira seja inclinada. Se ele não consegue falar e não utiliza uma prancha própria de comunicação alternativa, providencie uma para ele com desenhos ou fotos por meio dos quais se estabelece a comunicação.
Ela pode ser feita com papel cartão ou cartolina, em que são colados figuras pequenas, do mesmo material, e fotos que representem pessoas e coisas significativas, como os pais, os colegas da classe, o time de futebol, o abecedário e palavras-chave, como “sim”, “não”, “fome”, “sede”, “entrar”, “sair” etc.
Para informar o que quer ou sente, o aluno aponta para as figuras e se comunica. Ele precisa de um cuidador para ir ao banheiro e, em alguns casos, para tomar lanche.
Continue lendo
- Deficiência física
- Deficiências visual, auditiva e múltipla
- Deficiência intelectual e TGD
Nenhum comentário:
Postar um comentário