quarta-feira, 12 de maio de 2010

Orientação de exercícios físicos para Pessoas com ESCLEROSE MULTIPLA


A esclerose múltipla é uma doença auto-imune, crônica, na qual o sistema imunológico afeta o sistema nervoso central. É uma doença bastante rara, que acomete com maior freqüência pessoas entre 20 e 40 anos, e predomina em mulheres e em pessoas de pelo branca.

A doença provoca dificuldades motoras e sensitivas, comprometendo a qualidade de vida de seus portadores.

Na esclerose múltipla ocorre um processo inflamatório que causa uma lesão na bainha de mielina (a camada que envolve o neurônio), o que produz uma esclerose (como se fossem cicatrizes) em vários locais do sistema nervoso central.

A bainha de mielina funciona como se fosse um “fio isolante”, permitindo que os impulsos nervosos sejam transmitidos de um neurônio para outro.

Pense em um neurônio lá no córtex do seu cérebro que tenha que mandar uma mensagem para o neurônio da medula espinhal que controla a contração de seu braço. Se neste trajeto houver uma lesão da bainha de mielina, a ordem não é passada e a pessoa não consegue mexer a perna.

A pessoa pensa em mexer a perna, mas como o comando não atinge seu alvo, a função não é executada.

O que causa a esclerose múltipla?
Não se sabe ainda quais são as causas reais da doença. Sabe-se, entretanto, que há certos indivíduos com uma predisposição genética para adquirir a doença. Assim, algumas populações são mais vulneráveis que outras, por exemplo: a doença raramente surge em indivíduos negros. Embora hajam hipóteses de que algum vírus seja o fator desencadeante da esclerose múltipla, até o momento não há provas científicas consistentes de que algum vírus específico cause a doença.

Resumo

Por muito tempo pessoas com esclerose múltipla mantiveram um estilo de vida sedentário, pois consideravam ser essa a postura ideal para controle da fadiga e redução do risco de exacerbação dos sintomas da doença. Entretanto, nos últimos anos, estudos têm demonstrado a segurança e eficácia da prática regular de exercícios físicos por essa população na melhora de aspectos físicos, psicológicos e sociais.

Nesse estudo apresentaremos, a partir das pesquisas mais recentes e de nossa experiência com pessoas com esclerose múltipla, informações sobre as características da doença, a capacidade motora e o nível de atividade física dessas pessoas.

Concluímos com indicações de exercícios físicos e orientações para a prática por pessoas com esclerose múltipla.

VEJAM ARTIGO COMPLETO EM : http://www.efdeportes.com/efd99/esclero.htm


Quais são os sintomas da esclerose múltipla?

A característica mais importante da doença é a imprevisibilidade de seus surtos. Quando os sintomas acontecem pela primeira vez, chamamos de “quadro inicial”.

Em geral esses sintomas melhoram após poucos dias ou no máximo poucas semanas, e depois disso ocorre uma recuperação completa ou parcial.

Este período é chamado de “remissão”. Quando os sintomas retornam, caracterizam o que chamamos de “surto”. Os principais sintomas da doença são:

Distúrbios visuais (devido à neurite óptica): o paciente apresenta visão embaçada ou perda da percepção das cores, geralmente em um olho apenas.
Sintomas sensitivos: perda de sensibilidade dos membros inferiores, por exemplo, ou perda de sensibilidade de um só lado do corpo.

Fadiga: um cansaço contínuo

Disfunções motoras: rigidez, debilidade, paresias (diminuição da força muscular), espasticidade das extremidades.

Problemas de equilíbrio: dificuldade para caminhar ou tremores.

Ataxias: perda da coordenação dos movimentos musculares voluntários.

A pessoa pode ter dificuldades para pegar objetos ou realizar movimentos.
Alterações esfincterianas: problemas com o controle da urina na bexiga e constipação intestinal.

Problemas sexuais: impotência ou perda da sensibilidade.

Dor: que pode ser aguda (por exemplo, atrás dos olhos) ou dor crônica (por exemplo, nos membros).

Justamente pela doença ter essa característica de períodos assintomáticos (remissões), muitos pacientes não procuram o médico por anos.

A pessoa, frequentemente, leva algum tempo para dar importância aos sintomas porque eles desaparecem em poucos dias, e muitas vezes atribui a eles outras causas (ex.: a visão está alterada porque deixei cair um creme de cabelo durante o banho no olho).

Muitos pacientes só procuram o médico quando surge um sintoma de maior magnitude, como a fraqueza importante de um dos membros.

A esclerose múltipla apresenta três formas clínicas principais:

1- Recorrente-remitente: essa forma evolui em surtos, ou seja, os sintomas vão e voltam independente de tratamento. É a forma mais comum de apresentação da esclerose múltipla.

2- Secundariamente progressiva: Apresenta progressão dos sintomas, após a fase de surtos.

3- Primariamente progressiva: os sintomas são progressivos desde o início, sem surtos.

A maioria dos sintomas pode ser reduzido com uma série de terapias e medicamentos. A gravidade da doença depende de quão inflamado está o sistema nervoso central.

Os surtos de esclerose múltipla deixam seqüelas?

Os surtos da esclerose múltipla podem ou não deixar seqüelas. No início da doença, a grande maioria dos pacientes tem remissão quase completa, ou seja, os surtos praticamente não deixam seqüelas, ou marcas.

À medida que o tempo passa, pela repetição dos sintomas em um mesmo local do nosso sistema nervoso, o paciente fica com seqüelas. Uma seqüela bastante comum é o paciente não ser mais capaz de andar sem se apoiar em uma bengala.

Como é feito o diagnóstico da esclerose múltipla?

O diagnóstico da esclerose múltipla se baseia principalmente no aparecimento de sintomas indicativos da doença e em alterações em exames de imagem no cérebro. Assim, o neurologista estabelecerá o diagnóstico final descartando outras possibilidades:

Interrogando o paciente sobre sua história clínica, poderá determinar se houve algum distúrbio neurológico anterior que pode ter sido tão leve que o paciente não o considerou um problema.

Através de um exame clínico neurológico completo, o médico poderá observa sinais e sintomas de alterações neurológicas. Neste exame clínico, o médico avaliará a marcha, a coordenação, os reflexos, a fala, a função visual, a sensibilidade, o controle da bexiga, se há espasticidade (pernas duras) e a mobilidade.

O médico solicitará uma ressonância magnética (exame que mostra alterações estruturais no sistema nervoso). Primeiro um contraste é injetado em uma veia do antebraço ou do braço, para que as lesões fiquem mais visíveis no exame.
Se achar necessário e estiver disponível, solicitará ainda estudos dos potenciais evocados (exames que avaliam a atividade elétrica do cérebro) e um exame do líquido cefalorraquidiano (líquor).


Para que servem os estudos dos potenciais evocados em pacientes em que o médico suspeita de esclerose múltipla?

Na esclerose múltipla, a condução nervosa pode ficar mais lenta porque a bainha de mielina, que recobre os neurônios, pode estar danificada em alguns pontos. Nestas áreas a transmissão dos impulsos pode estar atrasada.

A medida dos potenciais evocados, mede o tempo que um estímlo leva para chegar ao cérebro. Assim, podemos detectar os atrasos comparando os resultados do exame com o tempo normalmente necessário para a condução dos impulsos em pessoas sem esclerose múltipla.

Para que serve o exame do líquido cefalorraquiano no diagnóstico na esclerose múltipla?
O exame do líquido cefalorraquidiano pode proporcionar evidencias adicionais, apoiando ou excluindo o diagnóstico de esclerose múltipla. O líquido cefalorraquidiano é coletado da medula espinhal através de uma agulha, com o paciente deitado de lado. O líquido cefalorraquidiano é então analisado, e nele são pesquisadas as bandas oligoclonais, presentes em até 97% dos pacientes com esclerose múltipla.

Qual a importância do diagnóstico precoce da esclerose múltipla?
Quanto mais cedo a esclerose múltipla for diagnosticada, é maior a probabilidade de que um tratamento apropriado será capaz de retardar a progressão da doença e evitar seqüelas.

Como é feito o tratamento da esclerose múltipla?


Se o paciente procurou o médico precocemente, e foi confirmado o diagnóstico de esclerose múltipla com sintoma transitório que logo desapareceu, o médico inicialmente não entra com medicamentos, e acompanha a evolução do quadro através de exames de ressonância magnética a cada 3 ou 6 meses. Se houver um novo surto, o médico trata o surto e estabelece também um programa de medicação preventiva. O tratamento dos surtos é feito com o uso dos corticosteróides, por via endovenosa ou oral (a via oral é usada apenas em surtos mais brandos). Os efeitos colaterais dos corticosteróides incluem, dentre outros, aumento de infecções oportunistas, retenção de água corporal, hipertensão arterial, alterações emocionais, queda do potássio sanguíneo, osteoporese e úlcera péptica. Na prevenção dos surtos são usadas drogas imunomoduladoras, como interferons e o acetato de glatirâmer. Cerca de 75% dos pacientes que utilizam interferons apresentam efeitos colaterais, como febre, dores do corpo, dores de cabeça, calafrios, fadiga, reações cutâneas locais e dor local após a aplicação. Se as inflamações não se repetem, o paciente é observado pelo médico e periodicamente é solicitado um exame de ressonância magnética. Quando a esclerose múltipla não dá sinais de retorno, não há benefícios na introdução do tratamento atual, que não é curativo e têm efeitos colaterais bastante importantes. Assim, o médico sempre procura analisar cada paciente individualmente, e escolher a melhor conduta terapêutica para ele.

Além disso, o médico institui também um tratamento sintomático propriamente dito, em que trata com medidas gerais e medicamentos cada sintoma específico que o paciente estiver apresentando, como fadiga, vertigem, espasticidade, incontinência urinária, dor, tremor e incoordenação motora, por exemplo.

E qual o papel dos exercícios físicos no tratamento da esclerose múltipla?
Os exercícios físicos são importantes na esclerose múltipla. Medidas bem simples, como caminhar, nadar ou andar de bicicleta trazem benefícios na evolução da doença. Os exercícios, contudo, não devem provocar fadiga. Além disso, a fisioterapia e a terapia ocupacional são essenciais para manter ou melhorar as funções motoras nestes pacientes. Além disso, a fisioterapia é muito importante para a melhora do controle dos esfíncteres.

Referências

GREENBERG, David A; AMINOFF, Michael J. (Michael Jeffrey); SIMON, Roger P. Neurologia clinica. 2. ed. Porto Alegre: Artes Medicas, 1996. 378p.
MERRITT, H. Houston; ROWLAND, Lewis P. Merritt tratado de neurologia. 11.ed. Rio de Janeiro Guanabara Koogan, 2007. 1151p
Folheto informativo da Bayer Schering Pharma: “Esclerose múltipla: Saiba mais”
Folheto informativo da Bayer Schering Pharma: “ O diagnóstico da esclerose múltipla”
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