A inclusão do educador frente ao processo de inclusão escolar
O tema se faz relevante uma vez que a proposta de inclusão social dos portadores de necessidades especiais está se fazendo mais presente em nosso meio social principalmente na educação.
Diante desta proposta o presente artigo tem como objetivo compreender os sentimentos que permeiam o profissional da educação, permitindo desta forma uma “releitura” do processo de inclusão social.
Este artigo busca compreender as dificuldades que permeiam o profissional da educação, permitindo uma “releitura” do processo de inclusão social; forma pela qual a sociedade se adapta para incluir as pessoas até então excluídas e estas procuram capacitar-se para participar na vida da sociedade.
Se faz relevante uma vez que a proposta de uma educação inclusiva se apresenta em fase adaptativa. Através de entrevistas informais com educadores da rede estadual e privada da cidade de Governador Valadares, nota-se que a angústia destes é resultado da falta de uma equipe multiprofissional, ausência dos responsáveis no âmbito escolar bem como a falta de capacitação destes em lidar com tal realidade.
A escola é uma agência socializadora de uma sociedade que se afirma democrática. (Miranda,1986) Na escola, a criança vive um processo de socialização qualitativamente distinto da família, passando a internalizar novos conteúdos, padrões de comportamento e valores sociais, bem como a articulação entre conhecimentos, atitudes e a construção de uma formação ética, ressaltando também a capacidade intelectual e o pensamento crítico.
No Brasil, com a regulamentação da Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 20/12/96 – trouxe algumas mudanças na educação, principalmente na modalidade da educação especial, que deveria ser oferecida na rede regular de ensino, preferencialmente, para educandos portadores de necessidades especiais.
A partir desse momento começou-se a falar em educação inclusiva: “Em um sentido mais amplo, educação inclusiva é a prática da inclusão de todos – independentes de seu talento, deficiência, origem econômica ou origem cultural – em escolas e salas de aula provedoras, onde todas as necessidades dos alunos são satisfeitas.” (Stainback & Stainback, Karagiannis, 1999, pag 21)
Estas realidade já se faz presente em nosso sistema educacional apresentando no entanto, algumas dificuldades.
Questionando sobre a realidade dos educadores buscamos entrevistar profissionais que trabalham com crianças que cursam o ensino fundamental e através de seus relatos podemos visualizar uma realidade que não corresponde ao objetivo proposta pela Lei, onde podemos citar:
• A falta de uma equipe multiprofissional - Uma vez que ao receber as crianças portadores de necessidades especiais, os profissionais da educação se deparam com a dificuldade de compreender as características desses alunos, ou seja, eles sabem que existe algo de especial nos mesmos mas não sabem como trabalhar afim de promover uma melhor adaptação ou apreensão de conteúdos.
• Falta de capacitação – Como incluir esse aluno especial se falta o domínio de técnicas que possam dar sustento e segurança à figura do professor? Deve-se ressaltar que a experiência de educar está vinculada a comunicação, porém a mesma deve-se apresentar de forma diferenciada em alguns casos, sendo portanto um fator dificultador em uma sala de aula diversificada.
• Salas de aula com grande número de alunos – Outra dificuldade enfrentada pelos educadores é a atenção diferenciada. Este se torna angustiante uma vez os eles percebem que a metodologia proposta não está favorecendo o aprendizado da turma como um todo. Diante disso, propõe-se uma nova metodologia de ensino, porém, vê-se a necessidade de uma atenção diferenciada para alguns alunos, o que torna difícil o manejo de uma sala que apresenta sua capacidade de lotação máxima.
• Ausência da família no âmbito escolar – Algumas crianças ao chegarem na escola, são apresentadas pela família como não tendo nenhuma necessidade especial.
Porém, com o decorrer das aulas, os professores percebem que estas crianças apresentam um diferencial (uma dificuldade de; aprendizagem, de comunicação, manter relações interpessoais ou um comportamento excessivo por exemplo) e ao solicitarem a presença dos responsáveis os mesmo não comparem à escola e quando o fazem não atendem a solicitação de um encaminhamento para determinado profissional o que permitiria obter uma maior compreensão do fenômeno apresentado.
Diante os dados apresentados observou-se que o processo de educação inclusiva mesmo já tendo sido proposto por lei, ainda está em fase adaptatativa, visto que o corpo docente da escola não está preparada para receber tal demanda, não cumprindo dessa forma o proposto pela inclusão.
A educação inclusiva é de extrema relevância uma vez que pode proporcionar aos portadores de necessidades especiais espaço para exercerem sua cidadania, obtendo voz em uma sociedade que se apresenta fragmentada e presa a estigmas físicos. Em contrapartida, nota-se que esta modalidade de ensino apresenta “rachaduras” que merecem atenção.
Pode-se visualizar a angústia dos profissionais da educação frente a esta proposta. Nota-se um sentimento de impotência, fragilidade, desespero e medo junto ao educador. Sentimentos decorrentes de um processo que se apresenta enquanto Lei, bem estruturado, mas que não corresponde com a realidade apresentada no âmbito das escolas.
Ressalta-se que para haver uma inclusão de qualidade, a escola necessita de outros profissionais que baseados em seus pressupostos teóricos possam juntos, promover uma melhor qualidade de vida para os portadores de necessidades especiais, respeitando desta forma, o papel social da escola.
Referências Bibliográficas
LANE, Sílvia T.M., CODO, Wanderley (org). Psicologia Social; O homem em movimento. 4º ed. São Paulo: Brasiliense, 1986.
STAINBACK, Susan & Willian. Fundamentos do ensino inclusivo. In: Susan Stainback. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. Cap 1, p.21-30.
Postado por Ponto de Equilíbrio às 23:02
Blog do Prof de Ed. Física MSc SERGIO CASTRO,da Pós Graduação em Educação Especial e Tecnologia Assistiva da Universidade Cândido Mendes(AVM) ;Ex-professor da Universidade Estácio de Sá e Ex-Coordenador de Esportes para Pessoas com Deficiências (PcD) do Projeto RIO 2016 da SEEL RJ ,destinado a fornecer informações sobre pessoas com deficiência(PcD) e com Necessidades Educativas Especiais(PNEE), bem como a pessoas interessadas nesta área ( estudantes, pais, parentes, amigos e pesquisadores)
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