quinta-feira, 13 de maio de 2010

Desenvolvimento motor da criança deficiente visual


Trabalho realizado por: Margarida Castro Leal
VEJA SITE COMPLETO DO PROFESSOR LUZIMAR SOBRE Desenvolvimento motor da criança deficiente visual EM : http://www.luzimarteixeira.com.br/2009/11/deficiencia-visual-desenvolvimento-motor-aprendizagem-motora-e-habilidades-motoras-3/

Desenvolvimento motor da criança deficiente visual


“- Ao nascer a criança já tem percepção luminosa;

- Nos primeiros dias, 3 a 5% do tempo em que a criança está acordada é capaz de fixar um objecto, e aos 6 meses é de 50%;

- 20 dias a 1 mês consegue seguir um segmento de trajectória, mas a cabeça não acompanha;

- 1 mês a 1 ano e meio há movimento de cabeça e dos olhos;

- 3 meses - criança pestaneja com a aproximação de um objecto e percorre visualmente a origem do som. Há reflexo labiríntico de endireitamento da cabeça quando o tronco se encontra inclinado para frente, e pouco mais tarde quando se encontra inclinado para trás.

Cegos que não fixam o olho devem ser estimulados quanto ao reflexo labiríntico com movimentos de flexão à frente e de flexão a trás. Colchões de água estimulam o equilíbrio de tronco.

- Na criança cega a cabeça só se movimenta aos 7 meses;

- A audição não tem qualidade atractiva e significativa;

- A criança cega adquire o controlo de cabeça na mesma idade que a criança normo-visual (3 meses), verifica-se entretanto uma imobilidade de cabeça;

- Atraso de 6 meses no movimento de elevação da cabeça e do peito, através do apoio das mãos e extensão dos braços quando de barriga para baixo.

- Aos 3 meses, sorri para a face humana. Teorias indicavam que crianças normo-visuais sorriam pelo reconhecimento visual da mãe. Na criança cega, talvez isso ocorra por estímulos tácteis (dar de mamar);

- 3 meses - crianças normo-visuais estabelecem contacto com pessoas e objectos, uma vez que conseguem fixá-los.

Na criança Deficiente Visual, não existe equivalente para inspecção do meio, localizar e manter contacto com o objecto ou pessoa, quando esses saem do seu campo perceptivo. A informação descontínua da audição e do tacto não é suficiente para percepção dessas mudanças. Assim, só quando adquire a sua própria mobilidade que a criança Deficiente Visual torna-se capaz de perceber tais mudanças.

Desenvolvimento da preensão.

4 meses: movimenta mãos e pés; junta as mãos na linha média do corpo.

4 meses e ½: chegar a um objecto; coordenação mãos-olhos.

6 meses: agarra um objecto quando esse o toca, e se lhe dermos um outro objecto, ele larga um deles. São movimentos involuntários.

Dos 8 aos 11 meses: coordenação ouvido-mãos. Na criança Deficiente Visual não se desenvolve da mesma maneira.

Aquisição de locomoção

6 meses e ½: a criança se senta. Posição de barria para baixo e barriga para cima.

7 meses: chega a um objecto com locomoção, até engatinhar.

Na criança Deficiente Visual:

6 meses: barriga para cima e para baixo, mas não busca um objecto com deslocamento. Mesmo com “dicas” auditivas, espera que alguém lhe entregue, estendendo os braços.

13 meses: boa coordenação manual, integrando informações tácteis e auditivas. Engatinha e passa para a posição de pé na mesma idade, mas não realiza a marcha na mesma altura e com mesma segurança.

A marcha inicia-se por volta dos 19/20 meses. É devido a falta de motivação para explorar o espaço por si só.

Começa a aprender a marcha lateral com ambas as mãos apoiadas na parede. Frontal, só com a mão apoiada em alguém.

As principais defasagens apresentadas pelos cegos ficam evidentes nas habilidades motoras. Algumas são: expressão corporal e facial, coordenação motora global, equilíbrio, postura defeituosa, orientação espaço-temporal, resistência física, lateralidade, mobilidade, dificuldade de relaxamento, imagem corporal, e movimentos básicos fundamentais. Aspectos cognitivos que sofrem alteração: formação e utilização de conceitos, generalizações, análise, abstracções. Aspectos sócio-afectivos: insegurança, medo do desconhecido, dependência, apatia, ansiedade, autoconfiança, auto-estima.

Todos esses aspectos variam de pessoa para pessoa, dependendo das experiências de cada um ao longo da sua vida. A maneira pela qual adquiriram a deficiência e a idade em que isto ocorreu também influenciam no nível de defasagem de aprendizagem. Nos casos de deficiência congénita, por exemplo, as defasagens costumam ser mais acentuadas que nos de deficiência adquirida. Isto porque a visão permite uma experimentação que contribui para o desenvolvimento motor das pessoas.

No caso da pessoa portadora de deficiência visual, outros canais de estimulação (sensação) se desenvolvem, caracterizando outra forma de comunicação com o mundo, o que leva a outras percepções e dimensões.

As informações vindas da percepção táctil, auditiva, olfactiva ou gustativa são integradas e memorizadas num esquema global. Assim, é formado um esquema mental, que só existe e se desenvolve no homem pelo processo de trabalho, jogo e prática social.

A criança cega, neste sentido, não terá dificuldade de aprender se lhe for propiciada experiências diversas, que envolvam o trabalho de seus canais de comunicação. Deve, no entanto, ser incentivada a procurar os objectos e brinquedos, por meio de estimulação auditiva, já que ausência da visão restringe o processo de Orientação e Mobilidade.

A prática de actividades físicas pode diminuir as defasagens de aprendizagem, facilitando a formação e aquisição de conceitos e aumentando a experiência motora dos cegos. Porém devemos considerar a maior precaução que os cegos têm quanto a desafios das habilidades motoras, devido às suas limitações.

É importante para o professor saber das capacidades físicas, do nível de mobilidade e do conhecimento que os alunos portadores de deficiência visual têm sobre a prática em questão.

Por outro lado, é importante o aluno ter informações sobre a prática para que esteja consciente de suas limitações e capacidades, inclusive informações que para um vidente seria irrelevante, como algumas informações sensoriais e corporais, e a respeito do espaço em que se encontra. Isto devido à dificuldade em compreender e interiorizar o esquema corporal.

Deve-se trabalhar técnicas de Orientação e Mobilidade, que significa a capacidade do indivíduo de relacionar-se no ambiente, se movimentando com segurança, eficácia e tranquilidade, utilizando os sentidos remanescentes. Envolvem:

- conceitos referentes ao ambiente, objectos, terrenos, sons; de orientação: direcção, posição e curso de objectos ou do próprio corpo; de mobilidade: distância, sequência, aproximação e afastamento.

- treino da percepção de desenvolvimento motor, como audição, táctil, cinestésico, equilíbrio, olfacto, paladar.

- fornecimento de informações claras: subir um degrau, girar 90 graus, dar cinco passos à frente.

Técnicas Básicas de Mobilidade

O Deficiente Visual segura acima do cotovelo do guia;

O cotovelo fica colado ao corpo;

Entrar na escada sempre perpendicular, lembrando que o Deficiente Visual está a meio passo atrás, quando terminar a escada, dar um passo longo;

Para passar por uma porta, levar o braço para trás;

Guia Vidente: o guia dá todas as informações para o cego (objectos que estão próximos, características da área em que estão). Isso dá mais segurança à pessoa, no entanto dificulta a sua independência.

Locomoção Independente: proporciona maior liberdade para o cego. Utilização da bengala para reconhecimento do terreno e obstáculos. Obter com as mãos as informações (sensações tácteis). Dessa forma se torna apto a realizar actividades básicas sozinho (guiar-se com as mãos apalpando os objectos, subir e descer escadas, se proteger com as mãos). (2009. Texto adaptado Professor Luzimar Teixeira).

Posts Relacionados

NOVAS PERSPECTIVAS PARA O DALTONISMO
COMO SE RELACIONAR COM PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS ?- PARTE II
DEFICIÊNCIA VISUAL, DESENVOLVIMENTO MOTOR, APRENDIZAGEM MOTORA E HABILIDADES MOTORAS
DEFICIÊNCIA VISUAL, DESENVOLVIMENTO MOTOR, APRENDIZAGEM MOTORA E HABILIDADES MOTORAS
DEFICIÊNCIA VISUAL, DESENVOLVIMENTO MOTOR, APRENDIZAGEM MOTORA E HABILIDADES MOTORAS

Nenhum comentário: