Apresentação de monografia à UniversidadeCandido Mendes como condição prévia paraa conclusão do Curso de Pós-graduação“Lato sensu” em psicomotricidade.Por: Denise Guerra dos Santos
VEJAM MONOGRAFIA COMPLETA NA URL : http://www.boletimef.org/biblioteca/2188/monografia/BoletimEF.org_Brinquedos-cantados-na-psicomotricidade.pdf
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2“AS BRINCADEIRAS E JOGOS CONSTITUEM AS NOSSAS FUNÇÕES, O NOSSO VIVER; OS PAPÉIS QUE REPRESENTAMOS, REALIZANDO TAREFAS BEM OU MAL, TENDO PARCERIA OU NÃO.EM TODO ESSE BRINCAR, A NOSSAPARTICIPAÇÃO É COM O CORPO E A ALMA.”(Cacilda Gonçalves Velasco)“CANTAR É MOVER O DOM DO FUNDO DE UMA PAIXÃOSEDUZIR, AS PEDRAS,CATEDRAIS, CORAÇÃO...”(Seduzir – DJAVAN)
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3DEDICO ESTA PESQUISA......Às crianças e adolescentes com os quais trabalho “brincando” diariamente na clínicamusicoterápica; com votos de que assim se faça também na clínica psicomotora!
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4AGRADECIMENTOSÀ Deus por permitir minha existência neste mundo maravilhoso de músicas e brincadeiras. Ao meu pai com muito amor! Aos meus irmãos e primos companheiros do brincar! Aos meus mestres, em especial Fernando A. Penza e Ronaldo Millecco (ambos in memorian), pelo brilho inspirador do saber que eles deixaram em nós... Aos meus companheiros da pós-graduação, pelas vivências, parcerias, e aprendizados! Á professora e amiga Cristie Campello, pela apaixonante visão da psicomotricidade! À Musicoterapeuta Benita Michaeles, por que a chama do nosso caminhar lúdico continua viva! À minha amiga conceição costa, pelo carinho e pela força que sempre me deu... Ao meu orientador Nilson Guedes de Freitas, por sua pedagogia afetuosa e acolhedora! Enfim, à todos aqueles que participaram direta ou indiretamente deste trabalho.
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5SUMÁRIO 1.Introdução............................................................................................................8 2.História e classificação dos brinquedos cantados..............................................11 2.1.Brincar.........................................................................................................12 2.2.Musicar........................................................................................................13 2.3.Movimentar..................................................................................................15 3.O desenvolvimento infantil segundo Piaget.......................................................17 3.1.Estágio Sensório-motor..............................................................................20 3.2.Estágio Pré-operacional.............................................................................24 3.3.Os jogos por Piaget................................................................................... 27 4.O brincar e a realidade Winnecotteana..............................................................32 4.1.Conceitos e contornos...............................................................................33 5.Encantando a psicomotricidade.........................................................................37 5.1.Breve história da psicomotricidade............................................................39 5.2.Educação, Reeducação e Terapia psicomotora........................................41 5.3.Brinquedos cantados na psicomotricidade................................................43 6.Conclusão...........................................................................................................55 Bibliografia.............................................................................................................57 Anexos...................................................................................................................59
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6RESUMOAborda-se neste trabalho a importância e a contribuição dos brinquedoscantados na psicomotricidade com crianças de 0 à 7 anos. A presente monografiadesenvolve-se à luz da dialética interdisciplinar tomando-se de empréstimoconceitos do folclore, da psicanálise, da filosofia, da psicologia dodesenvolvimento, da ludoterapia e da musicoterapia. Segue-se a descrição dosbrinquedos cantados, paralelos ao desenvolvimento infantil segundo Piaget,enumerando-se os estágios propostos por este autor e delimitando-se osacalantos e as brincadeiras-de-roda, como objeto de interesse maior da populaçãopesquisada. Dar-se-á ênfase a discussão do suporte à clínica psicomotora diantedos conceitos de Winnicott sobre a vida afetiva e o brincar, fazendo-se referênciaàs vivências através dos brinquedos cantados no contexto terapêutico. Naculminância deste estudo, propõe-se a diferenciação entre educação, reeducaçãoe terapia psicomotora, esboçando-se a elaboração das estruturas psicomotorascomuns às três áreas citadas, interpondo-se os brinquedos cantados comorecursos plausíveis a este trabalho. Apresenta-se ainda, vinte e dois exemplos debrinquedos cantados, ilustrados por suas letras e pelo desenvolvimento dabrincadeira em questão.Palavras-Chave: Brinquedos cantados. Psicomotricidade. Lúdico. Terapia.Folclore. Desenvolvimento infantil.
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71.INTRODUÇÃOO canto está presente no universo simbólico de todas as culturas. Vive-se um processo de massificação da cultura brasileira, onde a música infantil estámesclada de sensualidade e cultuação a um corpo estético grego. Tem-se então,a incumbência de preservar e formar a criança que nasce ingênua, sonhadora enecessita de cuidados afetuosos.Visto que o som tem propriedades físicas que incidem sobre o corpohumano de forma objetiva e subjetiva, movendo o sujeito a partir da sua emoção;e que, as crianças são estimuladas em sua afetividade, se apropriando do usodestes elementos lúdico-sonoros para investimento pessoal e social, supõe-se queos brinquedos cantados interferem de forma significativa no desenvolvimentopsicomotor das ditas crianças.Faz-se assim a relevância deste estudo, para pesquisar a importânciados brinquedos cantados para o desenvolvimento psicomotor de crianças de 0 à 7anos de idade; e ainda, demonstrar a contribuição destes elementos lúdicosonoros na psicomotricidade com a referida população.Assume-se a investigação da importância e contribuição dosbrinquedos cantados na psicomotricidade, passando por quatro capítulos,articulados entre si pelo viés dos brinquedos cantados e dos interesses infantis,conforme o exposto a seguir.
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8No primeiro capítulo descreve-se uma breve história e classificação dobrincar a partir de referências do folclore, da psicanálise e da filosofia. Organiza-seidéias sobre três possíveis instâncias que compreenderiam os brinquedoscantados: Musicar, Brincar, Movimentar. Dar-se a ver, na dialética entre aMusicoterapia e a Psicomotricidade, a importância dos brinquedos cantados parao desenvolvimento global da criança nas idades mencionadas. Prossegue-se no segundo capítulo um estudo sobre o desenvolvimentoinfantil de 0 à 7 anos conforme a teoria Piagetiana. Entre os estágios dodesenvolvimento apontados por este autor para as estruturas cognoscíveisimprescindíveis a cada etapa, sugere-se as contribuições de brinquedos cantadoscompatíveis com os momentos e as demandas verificadas. Por fim, mostra-se osjogos na classificação de Piaget, situando o que cada etapa prioriza, e delimitandodois tipos de brinquedos cantados específicos para serem trabalhados napsicomotricidade: Os Acalantos e as Brincadeiras-de-roda.Identifica-se no capítulo três os conceitos de Winnicott sobre o objetotransicional, fenômeno transicional, mãe suficientemente boa, área intermediária eo eu (Self), mostrando-se a interação exposta pelos brinquedos cantados entre asartes, o lúdico e o afeto, supondo-se que esta interação seja capaz de dar suporteà clínica psicomotora.Na proposta do capítulo quatro buscou-se “En-Cantar” apsicomotricidade, resumindo em uma breve história como se instaurou aeducação, reeducação e terapia psicomotora atuais; e ainda, musicar com os
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9brinquedos cantados a elaboração das diversas estruturas psicomotoras,assinalando a contribuição destas para a psicomotricidade com a faixa etáriapesquisada.Finalizando esta introdução e abrindo os estudos desta monografia,deixa-se à contemplação a música Redescobrir do compositor Luiz GonzagaJúnior, 1980, interpretado pela cantora Elis Regina no Cd “Música: O melhor deElis Regina” WEA, 2000:“REDESCOBRIR”Como se fora brincadeira de roda (memória) Jogo do trabalho na dança das mãos (macias) O suor dos corpos na canção da vida (história) O suor da vida e no calor de irmãos (magia) Como um animal que sabe da floresta (memória) Redescobrir o sal que está na própria pele (macia) Redescobrir o doce no lamber das línguas (magia) Redescobrir o gosto e o sabor da festa (magia) Vai o bicho homem fruto da semente (memória) Renascer da própria força própria luz e fé (memória) Entender que tudo é nosso sempre esteve em nós (história) Somos a semente ato mente e voz (magia) Não tenha medo meu menino bobo (memória) Tudo principia na própria pessoa (lembrança) Vai como a criança que não teme os tempos (mistério) Amor se fazer é tão prazer que é como fosse dor (magia)
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102.HISTÓRIA E CLASSIFICAÇÃO DOS BRINQUEDOS CANTADOSOs brinquedos cantados surgem na espontaneidade da cultura popular.Geralmente são cantigas anônimas acompanhadas de movimentos expressivossaltitantes e ou dramatizados.O brincar é uma forma de manifestação característica da infância, entretanto,como afirma Huizinga (1980), a essência do jogo é o prazer, ele ultrapassa oslimites da realidade física e assim se aplica a qualquer fase da vida.Os termos brincar e jogar são referenciados como sinônimos por Cascudo(1988) e Ferreira, A. (1988). Nos principais idiomas internacionais (Inglês, Francês,Alemão e espanhol), brincar e jogar também servem para definir atividadesartísticas como a interpretação teatral ou musical. (Santa Roza,1993)Na língua portuguesa o termo "brincar" vem do latim vinculum e significalaço, união. No entanto é o termo lúdico da nossa língua, também proveniente dolatim "ludus", que melhor abrange e define as atividades artísticas,culturais, brincadeiras e jogos.(ibid.)Nos divertimentos tradicionais infantis, encontra-se os jogos de ronda,cantados, declamados, ritmados ou não, de movimento etc. Brinquedo é ainda oobjeto material usado para brincar, como o carro, a boneca. Diz-se também daprópria ação de brincar (de cabra cega, de chicotinho queimado e etc.)(Cascudo,1988).
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11Dos três povos que inicialmente formaram a cultura brasileira, oportuguês trouxe maior influência para os brinquedos cantados, os quais sofrerammodificações de acordo com a cultura local (Cascudo,1988.). Diga-se ainda que osritmos e danças africanas, juntamente com a alegria e marcação ritmica-corporalindígena, deu um tempero mais brejeiro ao legado lúdico brasileiro.2.1.BRINCARComo sonhar acordado, brincar é expor-se de dentro para fora, traduçãodas impressões da criança sobre o mundo que a cerca e os seus sentimentos. O brincar se desenvolve junto com o amadurecimento do sujeito; as etapas iniciaisvão perdendo o significado, para o acréscimo do novo modo de explorar cada vezmais elaborado.Todos os povos têm suas brincadeiras pertinentes às necessidadesexpressivas de cada cultura. O tempo se encarrega de transformar suas estruturas,mas, é certo que as crianças precisam de tempo, espaço e companheiros parabrincar.Sheridam (1990), classifica as brincadeiras em: ativas, exploratórias,manipulativas, imitativas, construtivas, faz-de-conta, jogos com regras, recreaçõessofisticadas. Este trabalho prioriza os brinquedos cantados, que na práticapsicomotora revelam valores e costumes culturais, pontos de referência para acomunicação e o relacionamento com o outro. Estas manifestações envolvem aemoção e o movimento que, permeados pela música, burlam as defesas e fazem
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12aflorar a essência do ser.Os brinquedos cantados se inserem nas diversas formas declassificação, pois, em face de sua riqueza dinâmica, são brincadeiras ativas(ex.Chep Chep), imitativas(ex.: Samba Lê Lê), construtivas(ex.:A minha velha tem),priorizam o faz-de-conta, contém regras específicas, e vão desde as mais simplescomo “Atirei o pau no gato”, até as mais elaboradas como “A linda rosa juvenil”.1Lapierre e Aucoutourrier (1986,p.29) pontuaram que “A expressão sonoraestá necessariamente ligada à relação com o outro”; sabe-se, que ainda na barrigada mãe a função auditiva se instaura no embrião e ele ouve os batimentoscardíacos dele e da mãe, e todo um mundo de sons através do líquido amniótico.É a relação com o outro através dos sons, que situa a criança no espaço, no tempoe no afeto.2.2. MUSICARSegundo Gainza (1988), “a ação musical implica num movimento,seja das cordas vocais e do aparelho fonador naquele que fala ou canta, seja dopróprio corpo”. No último caso, o corpo aparece como "instrumento" produtor desom ou se "prolonga" através de um instrumento musical propriamente dito”.Sob a ótica musical as teorias apontam para as estruturas físico-sonoras.Encontra-se nestas, a formação de todo contexto musical que é igualmente1 PAIVA, Ione Maria R. de, BRINQUEDOS CANTADOS. 1998, p.25,41,63,83.
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13correspondente para os brinquedos cantados. Fala-se então dos elementosinevitáveis de qualquer música: Ritmo, Melodia, Harmonia. Eis a definição deCosta(1989,p.61) “Numa definição muito simples, música é a organização derelações entre sonoridades simultâneas ou não, no decorrer do tempo. Sons esilêncios são combinados e encadeados entre si, formando ritmos melodias eharmonias”.O ritmo é basicamente a ordenação do movimento, formando um eloentre espaço e tempo. A melodia é uma seqüência de sons, notas musicais gravese agudas. A harmonia é a verticalidade ou a simultaneidade dos sons, parte maisintelectualizada da música.(Costa, op.cit. mesma página).As músicas infantis em geral acompanham o desenvolvimento afetivo,motor, cognitivo e social da criança. Observa-se que existem brinquedos cantadosmais simples, contendo sílabas repetitivas, estrutura musical mínima, e que sãopreferidos pelas crianças entre 2 e 3 anos por ex. :CAI CAI BALÃO(folclore)2Cai cai balão, cai cai balão, aqui na minha mãoNão vou lá, não vou lá, não vou lá, tenho medo de apanharA música dos brinquedos cantados altera a sensibilidade, o humor, fazaflorar a criatividade, a expressividade do corpo e da alma revelando as habilidadese dificuldades da criança, se convertendo então, em instrumento de trabalho napsicomotricidade.2 MARTINS, Armando. TOQUE VIOLÃO OU GUITARRA(método prático). 1980,p.88.
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142.3.MOVIMENTARDo choro aos acalantos (músicas de ninar), dos cantos culturais asbrincadeiras-de-roda, há uma trajetória que vincula o som da voz ao movimentocorporal, conforme afirma Fregtman(1988,p.17), isto ocorre “porque a música éfeita, dita, tocada e cantada como manifestação corporal”.Toda forma de comunicação se dá através de códigos estabelecidos,linguagens por assim dizer. Fregtman, (op.cit.), conceitua a partir da musicoterapia,que, três níveis de manifestação expressiva simultâneos podem se dar quandousamos a música. São eles:1) Linguagem sonora (sons, silêncios, entonações, melodias, ritmos)...2) Linguagem corporal (gestos, posturas, trejeitos, tipos de movimentos)...3) Linguagem verbal (a fala, a letra, a poesia)...Apenas para efeitos didáticos, se consegue separar estes três níveis delinguagem. A linguagem sonora necessariamente, trás expressões corporais,estimula a emoção, que se revela através dos gestos, posturas, movimentos, voz eetc. A linguagem corporal responde ao chamado verbal ou musical, os quais soamdeterminados significados simbólicos, apreendidos nas relações sócio-afetivas. Epor fim, a linguagem verbal é inserida para nomear as ações sejam elas musicaisou corporais.
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15Os brinquedos cantados são também conceituados mediante sua aplicaçãoem determinadas funções na recreação. Os brinquedos cantados podem ser demarcha, de grupos opostos, de palmas, de roda, de ninar ou alternados.Modificações diversas quanto ao andamento (lento, moderado, rápido), à formação(rodas simples, complexas, fileiras), e à movimentação dos brinquedos cantados(marcha, roda, dramatização) são descritas por Leitão(2001).Neste trabalho prioriza-se os acalantos e as brincadeiras-de-roda, tendoem vista que a população estudada, crianças de 0 à 7 anos, podem ser atendidasem suas necessidades de acolhimento afetivo, comunicação expressiva esocialização, através destes elementos. A Simbologia do movimento de Lapierre &Aucoutourrier (1986,p.41), sustenta o nosso pensamento através da seguintecitação: “A música pode nos ajudar muito a redescobrir essa dimensão domovimento... desde que não seja restringida aos estereotipos da ‘dança’, mesmo a‘expressiva’ “...“O JACARÉ” (folclore)3O jacaré, o jacaré, o jacaré é amigo ele é Oi jacaré, oi jacaré, vem cá cumpadre, que a lagoa não dá pé O jacaré tem os olhos muito grandes, tem o rabo muito grande Mas as pernas são curtinhas O jacaré tem a boca muito grande, tem os dentes muito grande mas as pernas são curtinhas 3 Recolhido através da cultura oral.
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163.O DESENVOLVIMENTO INFANTIL SEGUNDO PIAGETPara Piaget (2003) o conhecimento é o resultado das ações erelacionamentos do sujeito com o ambiente em que vive, e vai sendo elaboradodesde o nascimento, até suas vivências com os objetos, pessoas e situações queprocura conhecer, sejam elas do mundo físico ou cultural.Este autor formulou importantes conceitos que explicam odesenvolvimento das funções cognitivas. A interação entre a assimilação(informações do mundo exterior recebidas através dos sentidos, movimento de forapara dentro) e a acomodação (informação processada, respostas dadas ao mundoexterior, movimento de dentro para fora) sobre uma ação, são validadas peloprocesso de equilibração. (Piaget,op.cit.)As perturbações exteriores se mostram a criança a partir do que ela nãoconhece; assim, oportunizadas pelo processo de equilibração, e por meio de suasatividades, vai respondendo a estas perturbações vencendo a mais uma etapacognoscível. A equilibração é dinâmica e nunca cessa; ela norteia a passagem deum conhecimento ao outro.(Piaget,2003)Dois outros conceitos Piagetianos são imprescindíveis ao tenrodesenvolvimento infantil, e encontra-se nos brinquedos cantados uma formaespontânea de vivenciá-los: A Imitação e a noção de Permanência do Objeto.
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17Imitação: É na gênese da imitação que inicia o movimento lúdico da criança.Imitando o meio e as pessoas ao seu redor, a criança apreende e treina suas novasaquisições. Ferreira, I.(1994, p.47) afirma que “A imitação é uma das manifestaçõesda função simbólica. Constitui-se num dos elementos básicos, que permitem acriança uma assimilação de realidade ao seu próprio “eu”, bem como, Acomodaçãode suas estruturas mentais e de ação às exigências da realidade física e social” Para haver o ato imitativo é necessário um modelo. Alguns brinquedoscantados propõem ações simbólicas que copiam o mundo adulto, sem impor aospequenos o fardo da responsabilidade que este teria na realidade. Eis um exemplointeressante, onde as crianças imitam os afazeres dos mais velhos:PASSA, PASSA, GAVIÃO(folclore)4Passa, passa, gavião todo mundo é bom passa, passa, gavião todo mundo é bom As lavadeiras fazem assim Assim, assim, assim, assim Passa ,passa, gavião todo mundo é bom Passa, passa, gavião todo mundo é bom As passadeiras fazem assim Assim, assim, assim, assim Passa, passa, gavião, todo mundo é bom Passa, passa, gavião todo mundo é bom As cozinheiras fazem assim, assim, assim Assim, assado, carne seca com ensopado 4 Recolhido através da cultura oral.
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18Objeto permanente: Nos primeiros dois anos de vida, a criança apresenta umcomportamento em constante adaptação, pois, está sempre se modificando pararesponder aos estímulos do meio. A criança inicialmente, não tem noção dapermanência dos objetos, ela pensa que eles só existem enquanto estão aoalcance dos seus olhos; caso sejam escondidos a sua frente, achará que estesacabaram ou se desintegraram. Entre os 18 e 24 meses, a criança já consegueelaborar mais este conhecimento; e, apesar de não vê-lo, ouvi-lo, ou tocá-lo, ela vaicompreender que os objetos independem da sua vontade e presença paraexistirem.Para melhor apreensão da realidade física, a prática pelo ensaio e erro ouaparecer desaparecer, vão treinar e orientar os pequenos na aquisição das noçõesde espaço, tempo e causalidade necessárias à construção da realidade comoafirma Ferreira,I.(1994,p.35): “O esquema do objeto permanente é básico para aconstrução das noções de espaço, tempo e causalidade.”Observe que as crianças nesta fase gostam das brincadeiras deesconde-esconde, que amenizam suas angústias sobre a existência ou não dosobjetos reais. Seu próprio corpo é posto à prova, escondendo o rosto ou as mãosatrás de uma almofada por exemplo. A música das palminhas talvez possa auxiliarnesta etapa.
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19PALMINHAS, PALMINHAS (folclore)5Palminhas, palminhas, nos vamos bater Depois as mãozinhas pra trás esconder Assim, assim, pra trás esconder Assim, assim, pra trás esconder Em cima, em cima, nós vamos baterDepois as mãozinhas pra trás esconder Assim, assim, pra trás esconde Assim, assim, pra trás esconder Em baixo, em baixo, nós vamos bate Depois as mãozinhas pra trás esconde Assim, assim pra trás esconder Assim, assim, pra trás esconder Os conceitos estudados até aqui se realizam dentro dos estágios dodesenvolvimento organizados por Piaget. Passar-se-á neste momento à elucidaçãodos estágios pertinentes à faixa etária da população pesquisada nesta monografia,estágios Sensório-motor e Pré-operacional.3.1.ESTÁGIO SENSÓRIO MOTOR (0 à 2 anos): Estágio que vai do nascimentoaté a aquisição da linguagem, e é dividido em 6 sub estágios. Esta é a fase docomportamento inteligente antes da aquisição da linguagem; a criança organiza ainformação obtida através dos sentidos e desenvolve respostas aos estímulos 5 Recolhido através da cultura oral.
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20ambientais com comportamento adaptativo e constante modificações dosesquemas de ação em resposta ao meio. A aquisição mais importante desteperíodo é o Objeto Permanente. Manifesta-se ainda a imitação, que alcançará oseu auge no próximo estágio.1º Sub Estágio – Exercício dos reflexos (0 a 1 mês): Do alto da sua imaturidadebiológica, a criança se relaciona com o meio através dos movimentos reflexoshereditários, que se aprimoram pelo exercício tornando-se cada vez maiseficientes. Ainda não há a distinção entre o eu e o outro.2º Sub Estágio – Reação circular primária (1 a 4 meses):Esta é a fase dasprimeiras acomodações, onde os exercícios reflexos se transformam em esquemase começam a coordenar seus movimentos. Inicia-se a construção dos primeirosesquemas vocais. A noção de tempo é primitiva, sua duração só é sentida nodecorrer da própria ação. O final do período é marcado pela coordenação entre trêsesquemas fundamentais, audição, fonação e visão.3º Sub Estágio – Reação circular secundária (4 a 8 meses): O bebê apresentaum maior interesse pelo mundo externo, os esquemas se diferenciam surgindonovos esquemas de coordenação viso-motora, unindo-se as aquisições járealizadas. Os movimentos começam a ser repetido pelo prazer da repetição.Observa-se o início da noção do Objeto Permanente, entretanto, ela estácondicionada ao movimento da criança, pois, as coisas ainda não seguem umatrajetória independente.
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214º Sub Estágio – Coordenação de esquemas secundários (8 a 12 meses):Caracteriza-se pelas primeiras condutas propriamente inteligentes, surgindoadaptações sensório-motoras intencionais, onde o bebê combina esquemasconhecidos a novas situações, e ainda diferencia os meios e os fins de uma ação.Aparece nesta fase o comportamento antecipatório, caso o bebê veja sua mãe seafastar, chora; a imitação de sons e ações são agora intencionais econscientizadas, no entanto, ainda condicionadas ao esquema visual. Revelam-seos primórdios da memória e da representação mental. Começa a permanência doobjeto independente do “eu”. Quanto à noção de espaço e tempo, a criançacomeça a ordenar os próprios deslocamentos em relação aos objetos.5º Sub Estágio – Reação circular terciária (12 a 18 meses): A criança graduaseus movimentos, varia e experimenta novos padrões de comportamento,observando os diferentes efeitos da sua ação sobre o objeto, o qual já é dotado depermanência. Pode-se afirmar que o mecanismo da inteligência prática estádefinitivamente constituído. A cada estruturação da inteligência corresponde umanova estruturação do espaço, do tempo, da causalidade, etc. Agindo por “ensaio eerro”, os resultados das ações ainda são por acaso, pois, as representaçõesmentais de fatos externos ainda não se incluem, ou seja, o pensamento ainda nãoestá formado.
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226º Sub Estágio – A invenção dos novos meios por combinaçãomental (18 a 24 meses): Esta fase caracteriza o momento de transição entre ainteligência prática (sensório-motora) e a inteligência representativa, quandocomeça a função simbólica. Inicia-se a representação mental imaginativa e criativa.No jogo simbólico a criança usa símbolos na linguagem e na brincadeira do faz-deconta; recorda-se de fatos passados e os representa depois de algum tempo. Ofinal deste período é marcado pela primeira noção de conservação.(Ferreira,I.1994)Os primeiros anos de vida da criança são marcados pelas inúmerasformações e transformações físicas, mentais e emocionais, conforme descritasacima. Os acalantos (músicas de ninar), são cantados por mães de todo o mundo,numa primeira inserção da criança ao universo musical de sua cultura. Elesexercem um poderoso papel de auxílio à maternagem, acolhendo-a afetuosamente,condição básica para que a criança se sinta suficientemente amada paraprosseguir desenvolvendo-se. Este tema será melhor explanado nos próximoscapítulos. Por hora, parece oportuno um exemplo de acalanto:TUTU MARAMBÁ(folclore)6Tutu marambá, Não venha mais cá Que o pai do menino, Te manda mata 6 MILLECCO FILHO, Luís A. e outros. É PRECISO CANTAR: Musicoterapia, cantos e canções.2001,p.38.
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233.2.ESTÁGIO PRÉ-OPERACIONAL (2 à 7 anos): A criança vive um tempo em queusa a intuição, ela passa todos os seus atos para o pensamento, sob a forma deimagens e diante de uma situação prática; suas respostas vão se basear no queela vê, sente, mexe, ou seja, nas aparências dos fatos que observa. A criançapossui a capacidade de representar uma coisa por outra, e esta representaçãopode se dar por um gesto, um desenho, uma palavra, etc. A verbalização temdestaque neste período, e a linguagem conduz à socialização das ações. Esteestágio compreende duas formas de pensamento a saber: O PensamentoSimbólico e o Pensamento Intuitivo.Pensamento simbólico (2 à 4 anos): Para Piaget a função simbólica consiste nacapacidade da criança representar objetos e fatos conhecidos, porém ausentes porum substituto qualquer, seja este concreto ou imaginário. Uma característicafundamental desta fase é a diferenciação entre significante e significado, que émanifestada por várias condutas, sendo elas: O jogo simbólico ou faz-de-conta, aimitação, o desenho, a imagem mental, a linguagem, a criatividade etc. Para“significante” leia-se objeto concreto, e para “significado” a idéia compreensiva doque foi percebido. (Piaget, 2003)Sobre a função simbólica, Ferreira,I.(1994,p.43), complementa: “A funçãosimbólica pode ser considerada uma linguagem individual e particular da criança,usada para compreender e representar o mundo. O símbolo é subjetivo e aospoucos vai sendo substituído por signos da linguagem social”.
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24O pensamento infantil encontrado entre os 2 e 7 anos de idade, éegocentrado. A visão da realidade é centrada no ponto de vista do próprio sujeito,sendo este incapaz de relacioná-lo ou de coordená-lo a pontos de vistas diferentesdo seu.A aquisição da linguagem tem destaque nesta fase, e coincide com aformação do jogo simbólico que melhor se manifesta no jogo do faz-de-conta.Através do que discute Ferreira, I. (1994,p.43) “Os símbolos podem sersocializados, como os brinquedos coletivos, e se tornar um símbolo coletivo”,confirma-se mais uma vez que os estes elementos apresentam extrema valorizaçãosócio-afetiva e cultural. Com a ludicidade que lhe é peculiar, os brinquedoscantados nesta fase, encantam, ensinam, desenvolvem a memória, a auto estima,o esquema corporal, a imagem corporal, a Coordenação Motora, a socialização,entre outras funções essenciais à formação dos pequenos. Eis um bom exemplo:O GIGANTE E O ANÃO(autor desconhecido)7O pé do gigante é grande Do anão pequenininho O gigante pisa forte O anão pisa mansinho O gigante fala grosso O anão fala fininho Porque gigante come muito E o anão come pouquinho 7 Recolhido através da cultura oral.
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25Pensamento Intuitivo (4 à 7 anos): Subdividido em Intuitivo Simples e IntuitivoArticulado, é um estágio marcado pela crescente formação de conceitos. Opensamento intuitivo é uma espécie de ação executada em pensamento: encaixar,seriar, deslocar, etc.A criança no intuitivo simples representa mentalmente, assimila e entendeo mundo real, porém, de forma limitada, pois, só consegue coordenar um únicoponto de vista com base nas aparências do que vê. Centrado em si mesmo, nãoadmite a reversibilidade; falta-lhe ainda a noção de conservação das substâncias.Quando se pede à criança para desenhar, ela desenha o que sabe e nãoo que vê. Este egocentrismo que lhe é peculiar, deverá evoluir para adescentração, bem como, haverá progressos nas diversas etapas cognitivas(classificar, seriar etc.). Ao final do pensamento intuitivo articulado, a criançacomeça a levantar dúvidas e questionamentos, percebendo a mobilidade dassituações.“A BARATA”(folclore)8A barata diz que tem, 7 saias de filóÉ mentira da barata, ela tem é uma sóAh, ah, ah, ah, ah, ah, ela tem é uma sóAh, ah, ah, ah, ah, ah, ela tem é uma sóA barata diz que tem, um anel de formaturaÉ mentira da barata, ela tem é casca duraAh, ah, ah, ah, ah, ah, ela tem é casca dura8 PAIVA, Ione Maria R. de. OP.CIT.p.80.
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26Ah, ah, ah, ah, ah, ah , ela tem é casca duraA barata diz que dorme, numa cama de cetimÉ mentira da barata, ela dorme é no capimAh, ah, ah, ah, ah, ah, ela dorme é no capimAh, ah, ah, ah, ah, ah, ela dorme é no capimNa música da barata as crianças ironizam a tentativa de mentir desteinseto. A propósito das “mentirinhas” contidas nas brincadeiras infantis, funcionamcomo passaporte para a experimentação do que é verdadeiro e real. As palavrasde cascudo(1988,p.491) discorrem sobre os deslimites da mentira: “As estóriasmentirosas,(...) são muito populares e constituem um gênero especial, onde aimaginação exagerada e livre se liberta dos limites da lógica.” Acredita-se que ascrianças exigem a verdade para terem o domínio do que aprendem.3.3.OS JOGOS POR PIAGET:“Piaget vê no jogo um processo de ajuda ao desenvolvimento da criança;acompanha-a, sendo ao mesmo tempo uma atividade conseqüente de seu própriocrescimento.”(Negrine,1994,p.45). A leitura dos jogos em Piaget acompanha odesenvolvimento integral do homem: a inteligência, a afetividade, a motricidade e asociabilidade são vivenciadas nos jogos, sendo a afetividade a função que constituia energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual e motoradaquele que joga.Três classificações básicas do jogo são mostradas na teoria
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27psicogenética de Piaget: Jogos de exercício, Jogos simbólicos e jogos de regra.Jogos de Exercício: Ou jogos sensório-motores, que aparecem no período domesmo nome, não chegam a constituir sistemas lúdicos independentes econstrutivos. Sua motivação se dá pelo prazer funcional, ou pelo prazer produzidopela tomada de consciência de suas novas capacidades.Os jogos motores ou de exercícios, são aqueles que envolvemdiretamente a participação ativa do corpo como um todo; inclui-se ainda os jogossensoriais que ajudam a desenvolver os órgãos dos sentidos.A criança nesta fase gosta de brincar com brinquedos que manipularepetidas vezes, explorando toda sua superfície. Brincar de esconder o rosto, ou osobjetos, atirar e pegar brinquedos é prazeroso para a criança; ao mesmo tempoque assimila as noções de espaço, tempo e causalidade necessárias à construçãoda realidade.Os estímulos sensoriais também fazem parte do seu interesse: objetosde diversas cores e texturas, brinquedos sonoros, música para ouvir, acalentar,dançar e brincar; desta forma explora o reconhecimento do eu, do outro e dosobjetos.O jogo de exercício é o primeiro a aparecer no comportamento dacriança, explicitamente do 2º ao 5º estágio do desenvolvimento sensório motor, poroposição ao 6º estágio, onde se inicia o jogo simbólico.(Negrine, 1994.)
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28ATIREI O PAU NO GATO(Folclore)9Atirei o pau no ga-to-to, mas o ga-to-to Não morreu- rreu- rreu, dona chica-ca-ca Admirou- se se, do berro, do berro Do berro que o gato deu! Miau! Jogos Simbólicos: Em princípio, do ponto de vista de Piaget, a diferença entre osjogos simbólicos e os de exercício intelectual, consiste em que os primeiros sereferem ao pensamento.Os jogos simbólicos tem início no 6º estágio do período sensório-motor,e se continua aproximadamente dos 2 aos 4 anos de idade cronológica, ou do 1ºestágio do pré-operacional(fase simbólica), até o início do 2º estágio do préoperacional(fase intuitiva). Piaget apud Negrine,(1994,p.41), deixa claro asupremacia dos jogos simbólicos em detrimento dos anteriores:“O esquema simbólico por si mesmo é suficiente paraassegurar a superioridade da representação sobre uma ação pura; nesta, segundo Piaget, o jogopermite assimilar o mundo exterior ao eu, como meioinfinitamente mais poderoso que o de simples exercício”.Como aparecem antes da linguagem verbal propriamente dita, os jogossimbólicos são representados nas imagens mentais da criança, e vivenciadosatravés dos gestos, onomatopéias , pelo prazer de brincar com o faz-de-conta. 9 MILLLECCO FILHO, Luís A. e outros. OP.CIT. p.43
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29Nesta fase os acalantos vão perdendo sua importância, dando lugar àsbrincadeiras-de-roda; os pequenos ao mesmo tempo em que aprendem a falar,aprendem a cantar; as brincadeiras-de-roda tem a propriedade de enriquecerem orepertório de palavras e movimentos.Jogos de Regras: Os jogos de regras não seguem o mesmo itinerário dosanteriores, pois, começam a aparecer na metade do 2º estágio do período préoperacional, isto é, dos 4 aos 7 anos, e principalmente no período das operaçõesconcretas dos 7 aos 12 anos. Pesquisaremos como ocorrem os jogos de regra atéos 7 anos pela delimitação da população que esta monografia abrange.Dos 4 aos 7 anos, período pré operacional intuitivo, surgem os jogos deregra que substituirão o símbolo e enquadrarão o exercício no momento em que seconstituem, de forma incipiente certas relações sociais.(Piaget,2003)Com relação as regras segundo Piaget apud Negrine(1994,p.44),distinguem-se dois tipos: transmitidas e espontâneas. As regrastransmitidas se referem aos jogos institucionais, que se impõem por pressão dasgerações anteriores. As espontâneas se referem aos jogos de natureza contratual emomentânea, isto é, procedem da socialização dos jogos de simples exercícios oudos simbólicos.
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30Na cantiga de roda “Ciranda cirandinha”, destaca-se o desenvolvimentoda roda e ao final as regras; uma imposta (entrar na roda e dizer um verso) outraespontânea (serve qualquer verso, criado na hora ou já existente). Outra versãodesta mesma cantiga para crianças menores pede: “faça um gesto bem bonito,diga adeus e vá se embora.” A liberdade de criar um gesto, verso, a importância deestar no meio da roda como centro das atenções, e a valorização doscompanheiros, são o impulso para a espontaneidade e o crescimento da autonomiado ser.CIRANDA CIRANDINHA(folclore)10Ciranda cirandinha, vamos todos cirandar Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar o anel que tu me destes, era vidro e se quebrou o amor que tu me tinhas, era pouco e se acabou Por isto sinhá Maria, entre dentro desta roda Diga um verso bem bonito, diga adeus e vá se embora Os conceitos estudados neste capítulo podem orientar sobre o tempomental da criança, e a possibilidade de oferecer estímulos adequados ao seumomento. Como uma boa bússola não contém apenas o norte.10 MARTINS, Armando. OP.CIT.p.105
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314.O BRINCAR E A REALIDADE WINNICOTTEANAA partir da premissa de que não se pode dividir o ser humano emclassificações biológicas e psíquicas, posto que este é uma unidade indivisível;formulou-se apenas para efeitos didáticos, no capítulo anterior,um olhar maisfísico(cognitivo) do desenvolvimento infantil através de Piaget. Discutir-se-á nestecapítulo, o ponto de vista Winnicotteano sobre a vida emocional e o brincar.Nos brinquedos cantados a arte de brincar se mistura a arte de cantar, eé fazendo “Artes” que a criança dar-se a ver e a crescer. A partir deste temainstigante e universal que é o brincar, torna-se mais prazeroso ainda falar sobre eledepois de conhecer os estudos do Drº Winnicott.D. W. Winnicott, pediatra, psicanalista, psicoterapeuta inglês e defensorda Ludoterapia, nasceu no começo do século 20, produzindo uma vasta obracientífica até os anos 70, quando nos deixou. Em seu livro “O Brincar eRealidade”(1975), se preocupou com os primórdios da vida imaginativa, daexperiência cultural em todos os sentidos, da relação das artes com o brincar e dacriatividade.Neste momento parece relevante abordar alguns dos conceitos teóricosdo DrºWinnicott, através da obra mencionada, pelo suporte que podemproporcionar à compreensão da vida psíquica mediante o brincar e a terapia. Em
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32Conceitos e contornos, ilustrar-se-á o Objeto transicional, Fenômeno transicional,Mãe suficientemente boa, Área intermediária e o Eu(Self), circundando aimportância destes conceitos em relação aos brinquedos cantados e sua aplicaçãona clínica psicomotora.4.1.CONCEITOS E CONTORNOSObjeto Transicional: É o objeto concreto relativo à exploração pulsional (descargaimpulsiva) do sujeito, por exemplo, uma boneca ou um carrinho.Fenômeno Transicional: São as ações relativas à exploração pulsional, ou o usoque se faz dos objetos transicionais. Ex: Um carrinho pode ser acalentado como sefosse um bebê.Mãe Suficientemente Boa: Pessoa que ocupa o lugar de suporte afetivo nodesenvolvimento global da criança; também associada por ele a figura doterapeuta:Em outras palavras, o amor da mãe, ou do terapeuta,não significaria apenas um atendimento às necessidadesda dependência, mas vem a significar a concessãode oportunidades que permita ao bebê, ou ao paciente, passar da dependência para a autonomia. (Winnicott,1975,p.150)
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33Área Intermediária: Área neutra de experimentação vivencial, entre as realidadesinternas e externas do sujeito, que favorece a dialética do brincar e das artes. Odito autor parece supor um espaço de refúgio para a resolução dos conflitoshumanos. Eis aqui a referência para tal colocação:Presume-se aqui que a tarefa de aceitação da realidadenunca é completada, que nenhum ser humano está livre da tensão de relacionar a realidade interna e externa, eque o alívio dessa tensão é proporcionado por uma áreaintermediária de experiência(cf. Riviere,1936) que não écontestada (artes, religião etc.). Essa área intermediáriaestá em continuidade direta com a área do brincar dacriança pequena que se “perde” no brincar.(Winnicott,op.cit.p.29)A princípio, é difícil falar dos brinquedos cantados como objetostransicionais (concretos), porque não são exatamente vistos a olhos nus, embora,sejam audíveis. Todavia, qualquer músico pode escrever em uma partitura obrinquedo cantado (concreto e cantável), para torná-lo visível.O ato de cantar uma música de roda ou um acalanto, já é a tradução dofenômeno transicional. Dar-se-á o uso que quiser a este brinquedo cantado nomomento de sua realização. Se uma música de ninar for entoada com raiva oubrutalidade, é certo que trará temores ao bebê e não o conforto a que se prestaria.Acalantos com este do “bicho papão”, expõe o perigo e propõe acolhida pelaproteção materna.
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34“BICHO PAPÃO(folclore)11Bicho Papão, sai de cima do telhado Deixe o menino, dormir sossegado O Eu (Self): O Eu (Self) é o eu integral, descrito por Winnicott(1975), em sua maispura essência; um eu que nasce na liberdade de expressão, na confiança baseadanas experiências vividas, no suporte dos sentimentos. Para este autor, certascondições se fazem necessárias na busca do Eu (Self), é o que se chama decriatividade. A criatividade pode defraglar e sustentar o ser integral.A vida sadia se mostra pelo impulso criativo. O brincar é um instrumentoda criatividade, sediado na “área intermediária” (entre as artes e o lúdico),sustentado em seus primórdios pela “mãe suficientemente boa”, direcionado àbusca do “Eu (Self). Sobre a importância das cantigas de roda nesta busca,podemos ler as contribuições de Millecco filho e outros (2001,p.44):As cantigas de roda dão continuidade ao trabalho de elaboração de conflitos e à estrutura da pessoaem desenvolvimento, iniciado com os acalantos.(...) A roda aparece como uma representação da mandala, expressão geométrica do Self..11 Recolhido através da cultura oral.
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35A letra da música infantil “a canoa virou”, expõe um problema e supõeuma solução hipotética:A CANOA VIROU(folclore)12A canoa virou, vou deixar ela virar Foi por causa da Maria, que não soube remar Ah se eu fosse peixinho, e soubesse nadar Eu tirava a Maria,lá do fundo do mar A ação terapêutica deve ser um modo de auxiliar uma pessoa avir a ser o que ela é capaz de ser. O psicomotricista atua como facilitador nodesenvolvimento do potencial existente no sujeito. Numa maternagemsuficientemente boa como fala Winnicott, o psicomotricista relacional torna-se umcompanheiro de jornada para as atitudes lúdicas do seu paciente.As medidas de afeto e limites, saudáveis às necessidades do outro,devem ser reconhecidas e valorizadas. É o que se vê nas colocações de Winnicott(1975,p.63): “Em outros termos, é a brincadeira que é universal e que é própria dasaúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde; o brincar conduz aosrelacionamentos grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação napsicoterapia(...)”.12 MARTINS, Armando. OP.CIT.p.110.
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36Segundo referido autor a expressão cultural é derivada da brincadeira, eestas duas instâncias estão implicadas na área intermediária. A criatividade é o quehá de comum no brincar, nas experiências artísticas e na saúde. Uma criançaacometida por doenças, logo se furta do brincar e reduz suas atividades criativas.Nos brinquedos cantados encontra-se o canto, a poesia, a dança, abrincadeira, o compartilhar, os quais resumem a interação entre: # MÚSICA, BRINCADEIRA, MOVIMENTO!# APRENDER, CRIAR, ACALENTAR!# VIVER, IMAGINAR, SONHAR! # CRESCER, REESTABELECER, CURAR!Leia-se no doce modo de fazer doces desta música, o ensinar e oaprender com a dança do outro:“DE ABÓBORA FAZ MELÃO”(folclore)13De abóbora faz melão, de melão faz melancia De abóbora faz melão, de melão faz melancia Faz doce sinhá, faz doce sinhá, faz doce sinhá Maria Faz doce sinhá, faz doce sinhá, faz doce sinhá Maria Quem quiser aprender a dançar, vai na casa do Juquinha Quem quiser aprender a dançar, vai na casa do Juquinha Ele pula, ele roda, ele faz requebradinha Ele pula, ele roda, ele faz requebradinha 13 Recolhido através da cultura oral.
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37Daqui por diante, a psicomotricidade será “En-cantada” em versos, sonse gestos, desenvolvendo as estruturas psicomotoras pelo trabalho com osbrinquedos cantados. 5.ENCANTANDO A PSICOMOTRICIDADEPelos estudos de Jean Claude coste(1992), a psicomotricidade é umanova abordagem do corpo humano. Ela estuda o indivíduo e suas relações com ocorpo. É uma ciência que se originou do encontro de múltiplos pontos de vista e seutiliza dos conhecimentos da biologia, da psicologia, da psicanálise, da sociologia,e da lingüística.No que toca ao seu objeto de estudo, se ocupa do corpo com suaexpressão dinâmica. Para Denise Levy(2000), três pilares básicos sustentam aexistência da psicomotricidade: O Movimento expressivo, a Inteligência e o Afeto.O movimento acima do ato mecânico, ou seja, posturas de vida.; a inteligência queencerra os conhecimentos diante do mundo; o afeto pulsão expressiva emotivacional das relações do sujeito com os outros.Bia Bedran parece ter sintonizado as bases da psicomotricidade quandofez a música “É bom cantar”. Com um pouco de criatividade , pode-se imaginargestos/movimentos expressivos para representar os versos desta música infantil:
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38“É BOM CANTAR”(Bia Bedran)14É bom cantar, é bom ouvir É bom pensar, é bom sentir Olhar as coisas ao redor, pra crescer muito melhor Viajar dentro de si, pra poder se descobrir 5.1.BREVE HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE A história da psicomotricidade tem seu início científico no discursomédico-neurológico no final do século XIX. Entretanto, a “pré-história” dapsicomotricidade se confunde com a história do humano, que discursa sobre seucorpo e com ele se relaciona sócio-afetivamente. Leia-se em Levin(2001,p.22):O percurso histórico deste corpo discursivo e simbólico(eixo do campo psicomotor) está marcado pelas diferentesconcepções que o homem vai construindo acerca do corpoao longo da história. Deveríamos levar em conta que apalavra corpo provém, por um lado do sânscrito garbhas,que significa embrião e, por outro, do grego Karpós, que quer dizer fruto, semente, envoltura e, por último, do latim Corpus,que significa tecido de membros, envoltura da alma, embrião do espírito.14 BEDRAN, Bia. CD O MELHOR DE BIA BEDRAN. Angels records. RJ. 2000.
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39Encontra-se encerrado na história, que a psicomotricidade se inicia naFrança pelas práticas reeducativas determinadas pelo paralelo mente-corpo, postoque a neuropsiquiatria do início do século XX era investida pelo dualismocartesiano. O principal representante desta época era Dupré; ele correlacionava amotricidade com a inteligência.Novas contribuições foram surgindo conforme os estudiosos avançavamem seus conhecimentos. Nos idos de 1925, Henry Wallon, ocupa-se do movimentohumano como instrumento na construção do psiquismo. Ele relacionava omovimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos da criança. De Wallon até a década de 70, ocorre o que Levin (2001) Chama desegundo corte epistemológico; Autores como Ajuriaguerra, Guilman e o próprioPiaget ajudaram a delimitar o que hoje entendemos por psicomotricidade. Diga-se,no entanto, que na prática o que se fazia era a reeducação psicomotora no modelode Guilman.O olhar desta fase estará centrado não mais num corpo motor, mas, numcorpo em movimento. Abre-se espaço para a Educação psicomotora já que o corpotoma uma dimensão instrumental, uma dimensão cognitiva e outra tônicoemocional.(Levin, op.cit.)O iluminar da década de 70, inclui a psicanálise no âmbito psicomotor.Seus conceitos de inconsciente, e a valorização do sujeito com seu corpo emmovimento deram início à terapia psicomotora. Para este novo contexto da clínica
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40psicomotora, nomes como: Aucoutourier, P. Vayer, J.C. Coste, Lapierre entreoutros, falam de uma escuta diferenciada e de um olhar que se desprendem dapura e simples catarse física e emocional, como se pode ler nas palavras deLevin(op.cit):Resumindo: ao longo da história do âmbito psicomotor podem ser especificadas diferentes transições: do motorao corpo e deste ao sujeito com um corpo em movimento. Já não é possível confundir o corpo com o sujeito, ou osujeito com o corpo. Eles não são sinônimos, nemtampouco equivalentes, e é justamente, porque tampoucopodem se desamarrar um do outro que a psicomotricidadeé nomeada e, portanto, existe.(ibid.p.32)5.2.EDUCAÇÃO, REEDUCAÇÃO E TERAPIA PSICOMOTORAA educação psicomotora atua na formação do indivíduo, possibilitando oseu desenvolvimento global utilizando-se do corpo como meio para atingir os finspedagógicos. (Levy,2000)A reeducação psicomotora atua nas funções prejudicadas utilizando-sedo próprio corpo para a reabilitação. Através de técnicas específicas, interfere nostranstornos evidenciados. (Coste,1992)A terapia psicomotora atua sobre a emoção, a expressividade e a
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41afetividade, considerando o sujeito-corpo-movimento em sua integralidade, ou seja,o ser Bio-psico-social. Parte de conceitos psicanalíticos, escutando a singularidadedo sujeito na relação transferencial, dado no devir espontâneo e lúdico do settingpsicomotor (Levin,2001). Voltando-se a Winnicott (1975,p.74), sustenta-se maisuma vez o valor terapêutico do brincar: “É bom recordar que o brincar é por simesmo uma terapia”.As três áreas da psicomotricidade têm em comum as estruturaspsicomotoras como objetivos gerais a serem desenvolvidos. Assim, Esquemacorporal, Imagem corporal, estruturação Espaço-temporal, Lateralidade,Coordenação motora ampla, Coordenação motora fina, Equilíbrio e Ritmo,estruturas específicas da função psicomotora, se articulam com as funçõescognitivas, afetivas e sociais formando a saúde Bio-psico-social do sujeito.As crianças no período sensório-motor iniciam o desenvolvimento dealgumas estruturas psicomotoras, porém ainda com capacidade limitada. Acoordenação motora ampla para alcançar os “objetos transicionais” e se expressarpela vida; a coordenação motora fina na atividade de pinça realizada pelos dedos,dando margem ao “fenômeno transicional” de chupar o dedo; o equilíbrio paraandar; o esquema corporal situado ainda nos grandes membros e nas partesvisíveis do corpo; a imagem corporal levemente introjetada na diferenciação entre aexistência de um eu e um outro. Os acalantos são fundamentais nesta etapacaracterizando um momento de maior acolhimento da mãe para o bebê.No período pré-operacional simbólico as brincadeiras-de-roda tem a
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42primazia. Os objetos já permanentes na vida dos pequenos os deixam mais àvontade para imitar, criar e se relacionar. A repetição proposital nos brinquedoscantados são para melhor apreensão e desenvolvimento das estruturaspsicomotoras entre outras. A música infantil sensibiliza, desinibe, autoriza aexpressividade e a emoção.O período pré-operacional intuitivo continua a maturação das estruturaspsicomotoras de uma forma mais elaborada. Só então a lateralidade vai seconfirmar, por exemplo, para treinar a escrita.As rodas infantis podem girar em sentido horário e depois meia volta dar;iniciam regras de convivência que é preciso respeitar para fazer parte dabrincadeira; contém histórias que a imaginação infantil trata de ampliar; sãodotadas de conceitos morais; ajudam a contar e a conhecer pela poesia o valor dacultura de um povo; integra meninos e meninas, com cores de peles diversas,pequenos e grandes, deficientes ou não, pelo prazer de brincar. Passar-se-á agora à conceituação de cada estrutura psicomotora,relacionando-se a contribuição dos brinquedos cantados no desenvolvimento decada uma delas.
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435.3.BRINQUEDOS CANTADOS NA PSICOMOTRICIDADEAcalantos: Conforme citado anteriormente é no período sensório-motor que osacalantos tem sua maior importância; oferecem pelo ato de ninar um suporteafetivo ao crescimento da criança; envolvida nos braços da mãe a criança percebeo seu contorno externo, adquirindo as primeiras noções de equilíbrio, ritmo, espaçoe tempo numa área intermediária. O esquema corporal desabrocha a partir doacariciar das mãos da mãe; e a imagem corporal se anuncia pelo sentimento de simesmo que o outro pôde oferecer na maternagem suficientemente boa para abusca do eu (Self).O relacionamento expressivo dos elementos sensíveis dos brinquedoscantados ou sua plasticidade, é dinâmico, podendo ser retomado, resiginificado apartir da necessidade de cada sujeito. Não fechamos, portanto, o tempo destesacontecimentos, apenas situamos o seu aparecimento como o privilégio deinteresse da população pesquisada.Cantiga-de-roda: As cantigas-de-roda, comuns no cancioneiro folclórico infantil,geralmente canções anônimas, advindas da cultura espontânea dos povos, dãocontinuidade à elaboração emocional e estruturação da pessoa emdesenvolvimento iniciado pelos acalantos. Devido a simplicidade musical, riquezasimbólica e ludicidade peculiar, as vivências através destes elementos lúdicos,conquistam a criança como aquilo que é próprio do seu tempo.
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44As brincadeiras-de-roda projetam a essência da inserção na vivênciacultural e na socialização; dar as mãos ao outro, o contato corporal, e orelacionamento pelo interesse comum são oportunidades ímpares no cotidianoinfantil. Enriquecendo nossa exposição sobre as cantigas-de-roda, recorremos aBruno Bethelheim, apud Millecco filho e outros (2001,p.42): “As Cantigas de Roda,assim como os Contos de Fadas, alimentam a imaginação e estimulam a fantasia,oferecendo a pessoa em desenvolvimento a chance de encontrar sua própriasolução para os conflitos internos neste momento da vida”.Abordar-se-á em seguida cada estrutura psicomotora conceituando-as,com um exemplo de cantiga-de-roda que possa contemplar o desenvolvimento dareferida estrutura.Coordenação motora global: É a capacidade do indivíduo de realizar tiposintegrados de movimentos, somando-se os movimentos do eixo corporal e dosgrandes segmentos. (Coste,1992)Na coordenação motora global observa-se o indivíduo em sua macroexpressão no mundo; músicas que estimulem a dança e a ampliação da expressãocorporal pelo espaço, devem orientar a vivência das partes do corpo com ahabilidade de utilizar os movimentos de forma harmoniosa.O exemplo abaixo é um brinquedo cantado que faz as crianças semovimentarem, caminhando enfileirados, dispostas em círculo; assim, realizam osmovimentos enquanto observam os amigos.
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45BATALHA DO AQUECIMENTO (autor desconhecido)15Vamos pra batalha do aquecimento Vamos aquecer aqui neste momento Os braços, pra cima e pra baixo Vamos pra batalha do aquecimento Vamos aquecer aqui neste momento As pernas, pra frente e pra trás Coordenação motora fina: Consiste no uso das mãos e dedos, na aproximaçãopreensória dos objetos e nos gestos de pegá-los e manipulá-los. A coordenaçãomotora fina deve ser acompanhada da coordenação viso-motora, relacionadadiretamente entre olho e mão, elemento mais importante para a aquisição dografismo. (Coste,1992)A utilização dos dedos separadamente para apontar ou contar, nasbrincadeiras em que se escolhe um par, ou ainda, nas brincadeiras de bater aspalmas das mãos, são sugestões para treinar a coordenação motora fina e tornar acriança mais habilidosa nos movimentos finos.Na música do indiozinho as crianças devem contar mostrando os dedos,fazer os gestos das penas do índio na própria cabeça, os gestos de remar, a bocado jacaré e o movimento do bote quase virando no rio, todos encenados através15 Recolhido através da cultura oral.
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46das mãos; devem estar dispostos enfileirados como se estivessem em uma canoa,de preferência com espelhos nas paredes da sala para se olharem e aos colegas.“INDIOZINHOS”(folclore)161,2,3, indiozinhos, 4,5,6, indiozinhos 7,8,9, indiozinhos, 10 num pequeno bote, Vinham navegando pelo rio abaixo Quando o jacaré se aproximou E o pequeno bote dos indiozinhos Quase, quase virou, quase, quase virou mas não virou Esquema Corporal: É o que se pode dizer ou representar acerca do próprio corpo;ou seja, a representação que se tem deste, discriminando suas partes sejaminternas ou externas. (Levin,2001)A música infantil “Cabeça, ombro, joelho, e pé” pede para cantar eapontar as partes do corpo simultaneamente. O psicomotricista junto com ascrianças devem ser livres para improvisar sobre a música, colocando a parte docorpo que deseja mostrar.“CABEÇA, OMBRO, JOELHO E PÉ” (folclore)17Cabeça, ombro, joelho e pé Joelho e pé, joelho e pé Olhos, boca, orelha e nariz Orelha e nariz, orelha e nariz 16 PAIVA, Ione Maria R. de.OP.CIT.p.10717 Recolhido através da cultura oral
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47Equilíbrio: O equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas e dinâmicas. Oequilíbrio estático exige mais concentração e abstração. O equilíbrio dinâmico estárelacionado às funções tônico-motoras e sensoriais. (Thompson, 2000)É provavelmente mais fácil trabalhar o equilíbrio brincando deamarelinha. No atual contexto lúdico-sonoro, sugere-se a cantiga do “Saci pererê” opersonagem folclórico que pula de uma perna só, e na música ainda tocainstrumentos musicais; arma-se então um grande desafio de cantar, pular de umaperna só e tocar os instrumentos pedidos. Vencer uma etapa de equilíbrio corporaltraz autoconfiança e fomenta a valorização pessoal.“O SACI PERERÊ”(folclore)18O saci pererê, pula de uma perna só Ele toca o pandeiro,toca como ele só O saci pererê, pula de uma perna só Ele toca violão, toca como ele só Ritmo: Ritmo é o fator de estruturação temporal que sustenta a adaptação aotempo. (Coste,1992) A criança é inserida nos ritmos da vida desde cedo; o ir e virda respiração; o compasso do coração; o tempo de se alimentar; a hora doaconchego no colo da mãe; o ritmo do andar; o ritmo da música; a cadência da fala;dias de sol e noites de lua; primavera, verão, outono, inverno... o movimento davida humana é dinâmico e segue lado a lado com a natureza.18 Recolhido através da cultura oral.
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48Para internalizar um pouco das experiências rítmicas a que a criança será submetida vida à fora, a música infantil “O macaquinho” simboliza um personagem alegre e saltitante, exposto aos movimentos naturais de andar, pular, correr e deitar. Enquanto realiza estes movimentos, de forma crescente, agita-se e volta à calma, quando se pode chamar a atenção das crianças para que escutemseus batimentos cardíacos e percebam o próprio corpo enquanto deitam.“O MACAQUINHO” (autor desconhecido)19Anda, anda, anda macaquinho Anda, anda, anda sem parar Pula, pula, pula macaquinho Pula, pula, pula até cansar Corre, corre, corre macaquinho Corre, corre, corre sem parar Deita, deita, deita macaquinho Deita, deita, deita dorme até sonhar Espaço: O mundo espacial da criança se constrói paralelamente ao seudesenvolvimento psicomotor; na medida em que cresce sua eficácia gestual erelacional, criam-se os espaços para a comunicação. Toda nossa percepção domundo é uma percepção espacial, na qual o corpo é a referência. (Coste, 1992)Uma cantiga-de-roda do folclore judeu, já inserido na cultura brasileira,19 Recolhido através da cultura oral.
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49traz uma ave conhecida das crianças brasileiras e estimula a liberdade de voar peloespaço. Brincando, por baixo, por cima, pra frente e pra trás, a criança vivencia anoção de espaço sem pensar, e dificilmente esquecerá, pois, o corpo tendovivenciado inscreve em sua história mais este conhecimento.O periquito bate as asas voando no meio da roda, todos devem cantar erodar parando no refrão para bater palmas; apenas o periquito deve pegar as mãosde um colega e com ele dançar como a música pede: por baixo, por cima, prafrente e pra trás. Então, ficaram dois periquitos na roda; estes cantaram novamentee ao pararem ficaram quatro periquitos, e assim sucessivamente até que todos daroda virem periquitos também.Os periquitos cantam, voam, dançam, escolhem um colega e interagemno grupo. Cada função trabalhada como prioridade sempre envolvem tantas outrasvisto que o individuo não se divide em camadas, ele é formado por elas.“PERIQUITO” (folclore Judeu)20Periquito, periquito, parece com papaPeriquito, periquito, parece com papaPor baixo, por cima, pra frente e pra trásTempo: Coste(1992,p.53) ressalta que: “O tempo é, simultaneamente, duração,ordem e sucessão; a integração desses três níveis é necessária à construçãotemporal do indivíduo.” Entende-se portanto, que a estrutura temporal é articulada a20 Recolhido através da cultura oral.
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50estrutura espacial, através delas é que o indivíduo dá seqüência aos seusmovimentos e se organiza na vida cotidiana.Verifica-se o tempo do relógio que marca as horas fisicamente daquiloque é realizado; o tempo biológico que se refere ao funcionamento do organismohumano que as vezes “parece um reloginho” como diz o dito popular... ocorreainda, o tempo psicológico, o da abstração, um tempo atemporal, do tamanho dosacontecimentos que fazem voar a imaginação.A música infantil “A janelinha”, faz referência ao tempo do sol e dachuva, estimula gestos de abrir e fechar, representando nos movimentos de flexãodos antebraços simultâneos, o ir e vir da janela, ou será o tic tac do relógio?“A JANELINHA” (folclore)21A janelinha fecha, quando está chovendo A janelinha abre, por que o sol tá aparecendo Pra lá, Pra cá, pra lá, prá cá, pra lá Pra cá, pra lá, pra cá, pra lá, pra cá Lateralidade: A lateralidade advém de uma constituição cerebral que define oscentros motores e sensitivos primários cujos mecanismos são simétricos econtralaterais. (Coste,1992)21 Recolhido através da cultura oral.
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51A lateralidade é uma das funções mais elaboradas do desenvolvimentopsicomotor; a dominância lateral vai sendo gradativamente experimentada eassimilada, e, embora seja utilizada na prática da criança, só mais tarde estaráorganizada e não mudará mais.Botando a mão direita e depois a esquerda, fazendo o mesmo com ospés, e outras partes do corpo, a música infantil “Rock pock” induz a criança aconhecer sobre a lateralidade, divertindo-a com movimentos criados na hora pelogrupo disposto em roda.“ROCK POCK”(folclore)22Eu ponho a mão direita dentro, eu ponho a mão direita fora Eu ponho a mão direita dentro, e sacudo ela agora Eu danço Rock e pock, rock e pock ,rock e pock Assim é bem melhor... ( e assim por diante com as demais partes do corpo) Imagem corporal: A imagem corporal é o sentimento que se tem de si mesmo, omodo como nosso corpo se apresenta a nós mesmos, na conceituação de Shilderapud Coste(1992).A imagem corporal ao contrário do que se pensa, não é relativo aorganicidade biológica, nem tão pouco anatômica. Ela advém de um processomental que se produz por identificação a uma imagem que vem de fora, a apartir do 22 PAIVA, Ione Maria R. de. OP.CIT. p.57.
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52desejo da mãe.A criança se vê refletida no olhar desejante do outro referido por Lacanapud Levin(2001). Reconhecer-se enquanto corpo só é possível porque os outrostambém tem um corpo. O corpo ocupa, deste modo, uma posição de referência ede diferença. (ibid.)Dentro da psicomotricidade parece existir um ponto chave que faz o“SER” – “ESTAR”; provavelmente a imagem corporal devido a sua importância naconstituição do sujeito. Por toda a nossa vida, estaremos construindo,desconstruindo e reconstruindo novas imagens deste eu que somos e seremos. Apsicomotricidade diante do lúdico, por ser um espaço de prazer e criatividade,poderá facilitar a construção, desconstrução e reorganização do ser no mundo. Acitação abaixo complementa esta discussão:O corpo imaginário é o corpo das imagens. Efeito deidentificação a uma imagem, a esta imago imagináriade unidade, espaço ilusório e virtual constituinte do‘eu ideal’, ‘ideal’ de perfeição a ser alcançado, e que é inconsciente. Imagem que não é constituída e simconstituinte do corpo de um sujeito. Imago que, atépoderíamos dizer, é a causa do corpo, subvertendoo arcabouço da função anatômica.(Levin,2001,p.63)
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53Nas proposições de Levy(2000), a psicomotricidade enquanto terapiacorporal, trabalha basicamente o prazer de sentir o próprio corpo, de perceberpossibilidades, de lidar com as limitações, de se reconhecer, de brincar e de viver.As atividades psicomotoras estimulam a consciência corporal para aexpressividade de um corpo que pensa, se movimenta e sente, Do folclore Piauiense a “Boneca de lata” é um exemplo que vem resgatarcada parte do corpo que foi supostamente atingida. Com a possibilidade deconstrução e desconstrução da imagem corporal, esta música folclórica mobilizapelo ritmo dançante e estimula àquele que deseja resgatar ou mudar sua imagemcorporal. Com ela, encerra-se as reflexões desta pesquisa, na expectativa de terfomentado proveitosas discussões, novos conhecimentos, bem como o desejo decantar, dançar e brincar.
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54“BONECA DE LATA”(folclore do Piauí)23Minha boneca de lata Bateu com a cabeça no chão Levou mais de uma hora Pra fazer a arrumação Desamassa aqui pra ficar boa Minha boneca de lata Bateu com o pescoço no chão Levou mais de duas horas Pra fazer a arrumação Desamassa aqui, desamassa aqui Pra ficar boa... *Continuar com:o ombro, o outro ombro, a barriga, o bumbum, o joelho, o outro joelho, o pé, o outro pé pra ficar boa! Apontar cada parte do corpo repetindo a cada volta da música, fazendo isto até as dez horas de arrumação propostas.* 23 Recolhido através da cultura oral.
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556.CONCLUSÃOPesquisando sobre os brinquedos cantados, necessariamente discorreu-se sobre o musicar, brincar e movimentar, estruturas que despontam no interesseinfantil e nas bases do “C.E.R.”: comunicar-expressar-relacionar.Abordou-se o desenvolvimento infantil segundo Piaget, dando-se a ver arelação vivencial dos brinquedos cantados com o desenvolvimento das estruturascognitivas, e na dialética dos jogos a interação social do eu com o mundopermeado de acalantos e brincadeiras-de-roda. Concluiu-se então, que osestímulos devem ser compatíveis ao tempo mental e às necessidades da criança, eque o objeto de estudo desta monografia é pertinente a esta função.Delineou-se a constituição do sujeito em sua emoção, que sob a ótica dewinnicott se dá numa área intermediária, onde é possível o acontecer das artes, doludus, da criatividade, da terapia e do prazer. Pontuou-se o valor dos acalantoscomo acolhimento afetivo seja na relação com a mãe ou na relação terapêutica.Observou-se o papel das brincadeiras-de-roda como facilitadores da elaboração deconflitos, nomeando as percepções e expressando os sentimentos.Ilustrou-se como foram instituídos os primórdios da psicomotricidade,que hoje se desenvolvem na educação, reeducação, terapia; e por isso agora sepode falar de um sujeito psicomotor, oferecendo-lhe uma envoltura no mundo dossons e das brincadeiras, que move o objetivo do eu “corpo” e o subjetivo do eu“afeto”.
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56Por fim concluiu-se que os brinquedos cantados podem contribuir para apsicomotricidade como instrumento de trabalho no cantar, dançar, brincar, interagir,expressar, criar, vivenciar e integrar pelo prazer.Constatou-se ainda que, o material pesquisado tem grande importânciapara a psicomotricidade por inserir o indivíduo em sua cultura, estimular asocialização, oferecer bases para a construção de um sujeito integral, dar suporteaos elementos da terapia, encaminhar a aquisição do conhecimento, e propiciar odesenvolvimento das estruturas psicomotoras.Lançou-se o brincar e o cantar como caminhos para redescobrir aessência do ato, da mente e da voz humana; propondo-se que o brinquedo cantadopudesse se dar no jogo do trabalho e na dança das mãos entrelaçadas, inventandoo prazer de brincar, cantar e ser feliz!
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57BIBLIOGRAFIACASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore Brasileiro. 6ªedição.Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora Universo,1988.COSTA, Clarice Moura. O Despertar para o outro: Musicoterapia. São Paulo:Summus editorial,1989.COSTE, Jean Claude. A Psicomotricidade. 4ª edição. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 1992.FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico. Rio de Janeiro:Editora Nova fonteira S.A.,1988.FERREIRA, Isabel Neves. Caminhos do aprender. Brasília: Coordenação NacionalPara a integração da pessoa portadora de deficiência, 1993.FREGTMAN, Carlos Daniel. Corpo, Música e terapia. São Paulo: Editora CultrixLtda, 1989.GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de psicopedagogia musical. São Paulo:Summus editorial, 1988.HUIZINGA, J. Homo Ludens. São Paulo: Editora Perspectiva, 1980.LAPIERRE, A. & AUCOUTURIER, B. A simbologia do movimento: psicomotricidadee educação. 2ªedição. Porto alegre: Editora Artes médicas, 1988.LEITÂO, Luís A. Apostila Recreação na Educação Física. Rio de Janeiro, UNESA,2001.LEVIN, Esteban. A clínica psicomotora: O corpo na linguagem. 4ªedição. Petrópolis,Rio de janeiro: Editora Vozes, 2001.LEVY, Denise. “Psicomotricidade e Gerontomotricidade na saúde pública”. IN:Psicomotricidade da educação infantil à gerontologia (teoria e prática).São Paulo: Editora Lovise, 2000.
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58MARTINS, Armando. Toque violão ou guitarra (método prático). Rio de Janeiro:Edições de ouro, 1990.MILLECCO FILHO, Luís A. e outros. É preciso Cantar: Musicoterapia, Cantos eCanções. Rio de Janeiro: Enelivros editora e livraria ltda, 2001.NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil: Simbolismo e jogo.volume 1. Porto alegre: Editora Prodil,1994.PAIVA, Ione Maria R. Brinquedos cantados. Rio de Janeiro: Editora Sprintltda,1998.PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. 24ªedição. 3ª reimpressão. Rio de Janeiro: Editora forense universitária ltda, 2003.SANTA ROZA, Eliza. Quando brincar é dizer: A experiência psicanalítica nainfância. Rio de Janeiro: Editora Relume dumará, 1993.SHERIDAN, Mary D. Brincadeiras espontâneas na primeira infância: Donascimento aos seis anos. São Paulo: Editora Manole, 1990.VELASCO, Cacilda Gonçalves. Brincar, o despertar psicomotor. Rio de Janeiro:Editora Sprint ltda, 1996.WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro:Imago editora ltda,1975.
RESUMO
Aborda-se neste trabalho a importância e a contribuição dos brinquedos
cantados na psicomotricidade com crianças de 0 à 7 anos. A presente monografia
desenvolve-se à luz da dialética interdisciplinar tomando-se de empréstimo
conceitos do folclore, da psicanálise, da filosofia, da psicologia do
desenvolvimento, da ludoterapia e da musicoterapia. Segue-se a descrição dos
brinquedos cantados, paralelos ao desenvolvimento infantil segundo Piaget,
enumerando-se os estágios propostos por este autor e delimitando-se os
acalantos e as brincadeiras-de-roda, como objeto de interesse maior da população
pesquisada. Dar-se-á ênfase a discussão do suporte à clínica psicomotora diante
dos conceitos de Winnicott sobre a vida afetiva e o brincar, fazendo-se referência
às vivências através dos brinquedos cantados no contexto terapêutico. Na
culminância deste estudo, propõe-se a diferenciação entre educação, reeducação
e terapia psicomotora, esboçando-se a elaboração das estruturas psicomotoras
comuns às três áreas citadas, interpondo-se os brinquedos cantados como
recursos plausíveis a este trabalho. Apresenta-se ainda, vinte e dois exemplos de
brinquedos cantados, ilustrados por suas letras e pelo desenvolvimento da
brincadeira em questão.
Palavras-Chave: Brinquedos cantados. Psicomotricidade. Lúdico. Terapia.
Folclore. Desenvolvimento infantil.
Blog do Prof de Ed. Física MSc SERGIO CASTRO,da Pós Graduação em Educação Especial e Tecnologia Assistiva da Universidade Cândido Mendes(AVM) ;Ex-professor da Universidade Estácio de Sá e Ex-Coordenador de Esportes para Pessoas com Deficiências (PcD) do Projeto RIO 2016 da SEEL RJ ,destinado a fornecer informações sobre pessoas com deficiência(PcD) e com Necessidades Educativas Especiais(PNEE), bem como a pessoas interessadas nesta área ( estudantes, pais, parentes, amigos e pesquisadores)
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Um comentário:
Oi professor, obrigada por publicar meus trabalhos no seu blog. Fico feliz de poder compartilhar com um pouco do meu estudo para o trabalho de outros colegas. Um grande abraço!
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