Esporte cada vez mais praticado no mundo, o stand up ganhou modelos com adaptação para deficientes que já estão sendo usados no Brasil.
Matéria extraída do site do Fantástico
Verão, muito calor e a água convidando pro mergulho. O stand up paddle, aquele parente próximo do surf, que é feito com uma prancha a remo, está cada vez mais popular e até mais acessível, inclusive para cadeirantes.
Guarujá. Foi no litoral de São Paulo que Taíu Bueno começou a surfar com 12 anos. Aos 20, foi morar no Havaí e virou profissional. Em 1984, foi campeão brasileiro. Depois disso, passou a competir nos circuitos mundiais, sempre se destacando nas grandes ondas. Em 1991, estava participando do circuito mundial e do brasileiro quando a queda em uma onda pequena, perto da areia, em Paúba – litoral Norte de São Paulo – mudou completamente seus planos. Taíu perdeu os movimentos do pescoço para baixo e passou 18 anos sem pegar onda. Desde 2010, voltou a surfar.
“Mas, que loucura! Eu não faço nada. Sento na prancha e tenho a mesma emoção que eu tinha antes. Eu estou nessa prancha e tenho o meu coração, minha emoção, minha alma. Minha alma está de novo deslizando. E, pô, deslizar é tudo né?”, explica Taíu.
Desde o acidente, no auge da carreira, Taíu não se conformava em ficar longe do mar.
“Eu chorava, eu falava ‘meu, olha aquela onda e o cara vacilou. Por que sou eu que estou aqui? Socorro!’”, conta o surfista.
“Eu chorava, eu falava ‘meu, olha aquela onda e o cara vacilou. Por que sou eu que estou aqui? Socorro!’”, conta o surfista.
É o caso do publicitário Alexei Schenin, o Ksei, que veio surfar pela segunda vez na prancha do Taíu! “Você vai ouvindo, a onda vai chegando, o mar vai chegando, chegando. Rema, rema, rema. O coração vai batendo, batendo, batendo. Vai, vai, vai. Rema, rema, rema. Desce, aí é só alegria”, narra Alexei.
O acidente do publicitário foi em 2002. “Bebi demais e tinha uma moto. Álcool e direção não é legal. Acabei saindo da balada bem tarde, dormi no guidão da moto e sofri o acidente.” Ele ficou com movimentos limitados das pernas e das mãos. “Sempre gostei de surfar, Sempre gostei de fazer qualquer coisa que fosse radical. Surfava e hoje surfo. Não tem limite. O que é limite está na nossa cabeça”, garante Ksei.
Diferente do surf no Guarujá, a prancha é exatamente a mesma usada no stand up paddle convencional e a cadeira é a do próprio cadeirante. A adaptação fica só na forma de amarrar uma à outra. “Estudamos um jeito certo, um jeito que fique realmente presa. A gente amarra as rodas separadas para ter a certeza que ela não vá virar e a prancha ficar. Então, se virar a cadeira, vira tudo junto”, explica Daniel.
Ele garante que é seguro. Para isso, antes testa cada cadeira amarrada e, durante o stand up paddle, sempre tem um instrutor por perto.
Fantástico: E se a cadeira virar?
Daniel Badke Lino, educador físico: A gente vai vir para fazer o resgate na hora.
Daniel Badke Lino, educador físico: A gente vai vir para fazer o resgate na hora.
Fantástico: E qual a sensação quando você está no meio do lago, na sua cadeira, em cima da prancha?
Gabriel: Liberdade.
Gabriel: Liberdade.
Depois de tanto ver, a repórter Flávia Cintra tentou também. Algumas instruções depois, já estava deslizando no Lago Paranoá.
“Quando a gente entra no lago e sai, a sensação é outra, de paz”, diz Gabriel. É o que sentem Taíu e Ksei quando saem das ondas lá no Guarujá. “Você deixa tudo que é ruim no mar, Você sai limpo, leve”, conta Ksei. “Faz um bem pra minha alma que você não tem noção!”
Fonte: G1 / Fantástico
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