Prefeitura de Petrópolis apura desligamento de aluno especial de unidade da rede municipal
Rio - Uma lei estadual e outra federal resguardam aos autistas o direito à educação. No entanto, nenhuma delas foi suficiente para garantir a Ramon de Araújo Oliveira, de 8 anos, o direito de frequentar a sala de aula. Em Petrópolis, onde mora, o menino já passou por duas escolas municipais, em menos de dois anos. A última o dispensou ontem, por não ter profissional adequado para atendê-lo.
No início deste ano, a turma especial da escola Santa Maria acabou, e Ramon foi transferido para uma outra instituição, a São Judas Tadeu, a uma hora de sua casa. Lá, o pequeno ficou apenas duas semanas. “Logo que ele entrou na escola, sofreu bullying das outras crianças que não estavam acostumadas com ele. E ontem, a diretora informou que não poderia mais ficar com o Ramon porque não tinha uma monitora”, completou Rony.
APrefeitura de Petrópolis informou que o desligamento de Ramon foi uma atitude isolada da direção da escola São Judas Tadeu. O órgão não concordou com a medida e vai apurar o caso.
A Secretaria Municipal de Educação se comprometeu a fazer uma reunião com a família do menino para estudar um novo método pedagógico. Na rede municipal de Petrópolis, 770 alunos são pessoas com deficiência e 55 são autistas.
Bullying e despreparo ameaçam inclusão
Advogado especialista em direito de pessoas com deficiência, Gonzalo Lopez, vai além e diz que há despreparo até dos alunos que convivem com os autistas. “Não é só o corpo docente que precisa se preparar, os alunos que vão estudar junto com o autista precisam entender quem é ele, do contrário, ocorre o bullying”.
O drama de Ramon não é isolado. Conseguir a tão desejada inclusão escolar, o que é direito do autista, segue como um desafio recorrente. A presidente da Associação de Apoio à Pessoa Autista (AAPA), Emanoele Freitas, auxilia 25 famílias que encaram o mesmo problema. Em um caso recente, foi preciso recorrer à Justiça para conseguir uma vaga para um menino.
“É muito doloroso para os pais verem a rejeição do filho nas escolas. As instituições e os profissionais não estão preparados para receber os autistas. E é uma luta ter que ir até o juiz nesses casos”, explica Emanoele, que já sentiu na pele a rejeição a seu filho Eros, também autista. “Já fui a 11 escolas particulares para tentar matriculá-lo. Quando digo que ele é autista, a escola alega que não tem vaga”, declara a pedagoga e mãe de Eros, de 10 anos.
A peregrinação escolar de Ramon começou em 2012, quando ele entrou em uma turma regular na escola Santa Maria Goretti. Sem professor capacitado para atendê-lo, o menino foi transferido para uma turma de alunos especiais.
“Meu filho sofria muito. Ele é autista em grau elevado, não fala nada e leva tudo à boca. Ele precisa de acompanhamento o tempo todo. E é muito difícil encontrar essa pessoa”, desabafa o pai de Ramon, Rony de Araújo Oliveira, 31.
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A Secretaria Municipal de Educação se comprometeu a fazer uma reunião com a família do menino para estudar um novo método pedagógico. Na rede municipal de Petrópolis, 770 alunos são pessoas com deficiência e 55 são autistas.
Bullying e despreparo ameaçam inclusão
A diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe-RJ), Marta Moraes, admite que as escolas e os profissionais não estão aptos a receber alunos autistas.
“O estado não nos dá condições de receber esses estudantes. O professor não tem uma especialização específica para lidar com o autista”, explica Marta, que também critica a lotação em sala de aula.
“O número de alunos em sala é maior do que o normal e isso sobrecarrega o professor. E o aluno que deveria ter uma atenção mais complexa, como o autista, acaba não tendo”, completa.
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