Blog do Prof de Ed. Física MSc SERGIO CASTRO,da Pós Graduação em Educação Especial e Tecnologia Assistiva da Universidade Cândido Mendes(AVM) ;Ex-professor da Universidade Estácio de Sá e Ex-Coordenador de Esportes para Pessoas com Deficiências (PcD) do Projeto RIO 2016 da SEEL RJ ,destinado a fornecer informações sobre pessoas com deficiência(PcD) e com Necessidades Educativas Especiais(PNEE), bem como a pessoas interessadas nesta área ( estudantes, pais, parentes, amigos e pesquisadores)
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Vontade e técnicas profissionais mostram histórias de superação
Na dificuldade humana eis que surge, de várias formas, a esperança.
No atletismo para cegos, ela transforma-se numa corda que une dois pulsos: o do atleta e do treinador, agora, seu fiel companheiro.
É na percepção dessa corda que o ritmo é ditado, o som dos pés marca o ritmo das passadas e o caminho, então, iluminado.
Na natação, a escuridão é vencida pelo toque das mãos do professor, que ensina os futuros movimentos aquáticos.
Há reconhecimento do espaço entre as raias que, por sua vez, se transformam em guias na água e facilitam o percurso.
No handebol, um chocalho dentro da bola carrega a expectativa de vida melhor.
Esse som, associado às palmas dos goleiros ao fundo da quadra, delimitam o espaço e ensinam aos deficientes visuais o caminho do gol.
Mas a principal das esperanças está dentro dos profissionais que ajudam esses portadores de deficiencias físicas a recriam a realidade, como exemplo, no esporte adaptado.
O sorocabano Fernandes Manoel da Silva, de 27 anos, é um jovem que rescreveu sua própria história dentro do esporte adaptado, após um acidente ocular, há 6 anos. O deslocamento de retina o deixou às escuras.
Mesmo assim, o rapaz, que pretende competir nas próximas paraolimpíadas de 2012, venceu em primeiro lugar a última Maratona Internacional de São Paulo, há um mês, na categoria para cegos.
E hoje, ele se prepara para competir a Maratona de Nova Iorque, no final deste ano.
No entanto, entre o desespero e a glória, há o que se contar.
Foram dois anos de depressão até que ele se encontrou com a esperança: o atletismo. Por incentivo da família, passou a frequentar o departamento social da Associação Cristã de Moços (ACM) Sorocaba, onde o potencial para o atletismo foi descoberto. O condicionamento físico foi potencializado com treino semanal.
Até que as corridas passaram a fazer parte da rotina e hoje são diárias. Fernandes conta que começou aos poucos, participando de pequenas provas de ruas.
Até que começou a participar de meia maratona e depois de maratonas.
Na ACM, a professora Renata Cristina Souza - especialista em esporte adaptado -, o ajuda no preparo físico junto aos aparelhos todas às segundas, quartas e sextas-feiras.
E o estudante José Guilherme Moraes Rodrigues, de 15 anos, faz a vez na pista de atletismo, voluntariamente, às terças e quintas-feiras.
Tudo sob a supervisão do professor de educação física Marcelo Grechi.
Não há como negar que existem macetes na condução do atleta cego.
Conduzi-los por uma corda, não é fácil.
Cada deficiente tem seu ritmo e estilo.
Mas basta a vontade de ambos que dá certo, detalha Marcelo.
Para José Guilherme, acompanhar o ritmo de Fernandes é desafiador e estimulante; e nessa convivência, o deficiente ajuda o adolescente.
Gosto de correr e sei que ele (Fernandes) é rápido.
Me espelho nele na superação diária, diz o estudante. Já para Fernandes, o auxílio dos profissionais e voluntários foi determinante na sua vida.
O esporte já ajuda em tudo.
Mas pra mim, ajudou a virar um jogo.
Não imaginava que poderia competir e vencer algo na vida, assume ele, que diz estar com medo de voar até os EUA. Mas vou vencer esse medo também, ensina.
Com menos medalhas mas não menos entusiasmo, o aposentado Jaci Paixão, de 61 anos, também coleciona histórias revolucionárias. Há 20 anos ficou cego devido a um glaucoma.
Não sabia que tinha a doença, nem que a minha profissão de soldador contribuía para avançá-la, lembra.
E junto com a cegueira veio também a depressão e o fim de um casamento. Foi difícil.
Não tinha vontade de sair na rua, tinha vergonha de cair, usar a ‘varinha. Mas foi no futebol que ele encontrou a coragem para enxergar a vida.
Sempre joguei futebol, isso era uma coisa que me doía. Não poder mais praticá-lo.
Mas um amigo antigo resolveu formar um time de cegos, há quase 20 anos, e me convidou.
Jogamos até pela seleção brasileira de futebol adaptado, comemora. E de lá pra cá, ele não parou mais e recentemente incluiu na rotina, o atletismo.
Eu não participo de provas.
Corro aqui por perto, só para participar mesmo.
E é uma delícia, conta ele, que é testemunha de que o esporte pode mudar uma vida. Há 15 anos, Jaci casou-se novamente, com uma portadora de deficiência visual.
Temos uma filha linda, perfeita, orgulha-se ele, que é o mais velho e incentivador do grupo de deficientes visuais e mentais que treinam atletismo na pista da ACM Jardim São Paulo sob o auxílio da professora de educação física Laura da Silva Souza.
A professora Renata resume: Essas pessoas são especiais. É preciso paciência, é preciso ajudá-los um a um.
Mas é uma delícia presenciar a superação, diz ela que, também ensina crianças portadoras de múltiplas deficiências a nadar.
O processo é demorado. É preciso ensinar o limite da piscina, como a raia é o guia na água. Mas é maravilhoso.
Para o professor Marcelo Grechi: Eles (deficientes) nos ensinam mais do que nós a eles. Não temos do que reclamar.
Com menos, eles fazem mais que nós.
Fefiso/ACM realizou 1º encontro de Educação Física Adaptada
Com o objetivo de disseminar informações sobre o esporte adaptado entre estudantes e profissionais de educação física, a Faculdade de Educação Física de Sorocaba (Fefiso) promoveu o 1º Encontro de Educação Física Adaptada.
O evento aconteceu durante todo o dia e contou com palestras sobre esportes adaptados como atletismo, handebol, voleibol e danças.
Atletas e praticantes de esportes também foram convidados e falaram sobre as superações físicas diante do esporte.
A inscrição foi feita na Associação Cristã de Moços (ACM) do Centro e custa R$ 15.
O deficiente está no teatro, no restaurante.
Hoje tem uma vida comum. É natural esse público queira ir à academia.
E os profissionais têm que estar preparados, justificou.
No Brasil, estima-se que existam cerca de 30 milhões de portadores de deficiências (visuais, físicas e mentais), número baseado no censo habitacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizando em 2000, quando já eram 24 milhões de deficientes brasileiros.
Entidades ligadas à acessibilidade e esportes adaptados apostam que no Estado de São Paulo sejam cerca de 2 milhões de deficientes.
Na ACM atualmente 983 pessoas portadoras de alguma deficiência física, visual ou mental, e a Terceira Idade, recebem acompanhamento esportivo.
O serviço é disponibilizado pelo Departamento de Desenvolvimento Social, com profissionais que realizam cerca de 9 mil atendimentos semanais.
De acordo com o coordenador do setor, Francisco José Ribeiro, exatamente 15 entidades sorocabanas são atendidas pelo departamento.
Entre os atendidos há crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, portadores das mais variadas deficiências.
O trabalho é desenvolvido pela instituição desde 1977 e cresceu 40% desde 2000.
Encontro
Por conta dessa demanda crescente, a faculdade realizou o encontro que aconteceu na ACM do Jardim São Paulo , dia 29, a partir das 7h30 - com credenciamento e entrega de material -, a abertura foi às 8h30. A palestra sobre voleibol paraolímpico está marcada para às 9h e será seguida pelo depoimento de atletas.
Às 14h10 houve palestra sobre a dança com síndrome de down; e às 16h será ministrada palestra sobre atletismo cego.
Estão agendadas apresentações de dança e balé com deficientes e coral de surdos.
O encerramento está previsto para às 17h30.
Para custear a vinda de técnicos, profissionais e atletas paraolímpicos, integrantes das seleções brasileiras de diversos esportes, a entrada custou R$ 15. As inscrições foram feitas na ACM do Centro. Informações (15) 3234.9110.
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Um comentário:
Olá Prof. Sérgio, boa tarde estava visitando seu perfil no blog e encontrei uma matéria minha sobre atletismo para deficientes visuais, Meu nome é Marcelo e sou um dos profissionais citados na reportagem e gostaria de saber como chegou a seu conhecimento nosso trabalho e fico muito feliz em por poder compartilhar esta esperiência com todos.
meu E-mail é: marcelogrechi22@hotmail.com
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