Blog do Prof de Ed. Física MSc SERGIO CASTRO,da Pós Graduação em Educação Especial e Tecnologia Assistiva da Universidade Cândido Mendes(AVM) ;Ex-professor da Universidade Estácio de Sá e Ex-Coordenador de Esportes para Pessoas com Deficiências (PcD) do Projeto RIO 2016 da SEEL RJ ,destinado a fornecer informações sobre pessoas com deficiência(PcD) e com Necessidades Educativas Especiais(PNEE), bem como a pessoas interessadas nesta área ( estudantes, pais, parentes, amigos e pesquisadores)
sexta-feira, 4 de junho de 2010
JÔ SOARES - EU TENHO UM FILHO AUTISTA
Jô Soares dá seu depoimento
“Eu tenho um filho autista”
"Ele já é adulto.
Toca piano, compõe, lê música, mas para abotoar uma camisa é uma loucura.
O autismo começou a se manifestar muito cedo e de forma estranhíssima. Por exemplo, ele aprendeu a ler comigo quando tinha 4 anos e de repente ele lia de cabeça para baixo, não precisava virar o livro...
É um gênio que sinceramente eu queria que não fosse, porque o autista tem total incapacidade de se relacionar com o mundo.
Você tem que mergulhar no mundo deles. Há incapacidade de se comunicar com o mundo real e de produzir.
Você não pode colocar para trabalhar ou fazer alguma outra coisa. Eu conheço bem o que é o problema, sobretudo na época em que eu tive o Rafa.
Foi difícil identificar o autismo, uma loucura, ninguém sabia direito o que ele tinha.
O Rafinha é muito parecido com o personagem que o Dustin Hoffman interpreta no filme
Rain Man."
Fonte: Isto é Gente
VEJAM MAIS EM : http://www.terra.com.br/istoegente/257/reportagens/capa_jo_entrevista.htm
Capa
“Gostaria de ser cantor de ópera”
Jô Soares entrevista, escreve, pinta, atua mas se diz um fiasco como motorista e, se a voz permitisse, desejaria ser tenor
Fábio Farah
fotos: Gustavo Lourenção
Jô em seu escritório brinca com uma de suas telas: inspiração
dos quadrinhos, cinema noir e teatro
Quando criança, Jô costumava fazer números de dança com os dedos. Um dia, brincando na piscina do Copacabana Palace, foi surpreendido pelo dramaturgo Silveira Sampaio, já falecido: “Você pode estudar para o que quiser, mas vai acabar no palco, na televisão”. Fluente em seis idiomas, Jô até pensou em se tornar diplomata, mas não conseguiu fugir da profecia do dramaturgo.
Você estudou na Suíça dos 12 aos 17 anos. Como foi esse período?
É a única época de colégio de que tenho uma recordação gostosa. Havia o grupo dos sul-americanos. Quando a gente saía junto, todo mundo queria ser sul-americano, pelas brincadeiras que a gente fazia.
Que tipo de brincadeira?
Eu me lembro de dois gêmeos idênticos: Félix e Martin. Às vezes, um deles deixava a barba crescer por três dias e entrava na barbearia: “Coloque a cadeira em direção de Meca porque senão a barba cresce dez minutos depois”. O barbeiro achava graça. O gêmeo saía, esperava dez minutos e entrava seu irmão com a barba por fazer: “Eu avisei, olha o que aconteceu”. O barbeiro ficava espantadíssimo e fazia a barba de graça, colocando a cadeira na posição que ele queria. Era muito engraçado.
O humor perpassa todo o seu trabalho. De onde
ele vem?
Desde que me conheço por gente. Mamãe adorava
passar trote, contar piada e imitava português bem à
beça. Papai encarava a vida com senso de humor e uma tranqüilidade enorme. Quando eles perderam tudo, aquilo
não afetou papai. Me lembro dele saindo de casa, colocando dinheiro em cima da mesa e dizendo para mamãe: “Olha, para amanhã já temos. Agora só precisamos pensar em depois de amanhã” (risos).
Trabalhou para ajudar em casa?
Voltei da Europa e comecei a trabalhar em uma agência de turismo, vendendo passagens. Me chamavam de Joe, com “e” no final. Mas eu ficava só contando histórias e parava o trabalho dos outros. Depois fui trabalhar em uma exportadora de café. Eu era um office-boy de luxo. Ficava fascinado com aquela mesa redonda cheia de xicrinhas e aprendi a ser provador de café.
Como resolveu virar escritor?
Tive a idéia de O Xangô de Baker Street (lançado em 1995) e liguei para o Rubem Fonseca: “Acho que você poderia escrever um livro maravilhoso”. Ele me respondeu: “A idéia é ótima. Mas o livro já está pronto. Você mesmo senta e escreve.” E foi assim. Eu escrevia e ia mostrando. Um dia, em um jantar, o Fernando Morais me disse: “Estou com ciúmes. Também quero ler”. Tive uma boa apadrinhagem.
O seu nome é um dos mais cotados para a Academia Brasileira de Letras. Como vê isso?
Me candidatei à vaga do Jorge Amado porque ele era um grande amigo e quando o Paulo Coelho se candidatou eu pensei: “Opa, tá na minha vez também. Somos da mesma geração”. Mas na hora em que a Zélia (Gattai) se candidatou, eu saí fora porque a minha candidatura não era para valer. Não tenho nenhuma pretensão em relação a isso.
Depois de quase 9 mil entrevistas, como se define como entrevistador?
Acho que sou um bom papeador. Meu programa é um bate-papo. O talk-show é a forma mais elegante de voyeurismo. Você está em sua casa vendo duas pessoas falarem sobre qualquer assunto.
Tem algum objetivo profissional ainda não realizado?
Gostaria muito de ser cantor de ópera, mas é impossível. Fui convidado para dirigir uma ópera no ano que vem. Por outro lado, sou muito atrevido e vou fazendo as coisas que quero. Minha preocupação é fazer tudo com nível profissional.
Seu filho (Rafael, 40 anos) acompanha o seu trabalho?
O Rafinha mora no Rio e me acompanha mais pela tevê.
Ele é uma pessoa com problemas, um autista savant (com características de genialidade), senta em um piano e toca, mas para abotoar a camisa é um inferno.
Ele tem um ouvido musical absoluto, mas tem dificuldades na área da comunicação e emocional muito grande.
Esse é um assunto que eu preservo muito porque minha vida já é muito exposta.
Você é tímido?
Quando estou em um país em que ninguém me conhece, fico absolutamente intimidado. Também não gosto de assistir aos meus programas. A Flavinha ficava brava comigo e assistia sozinha. Quando me vejo na tela, penso: “Mas que gordo... que bobagem você disse”.
O que o Jô não sabe fazer?
Um monte de coisas. Eu dirijo mal. Aliás é uma confissão difícil, porque todo homem dirige bem. Eu sou um motorista bem sofrível, porque sempre guio pensando em outra coisa. Mas assumo logo a culpa. Às vezes, passam me xingando depois de uma fechada e quando me vêem, dizem: “Oi, Jô”. Graças a Deus isso é um alívio para mim.
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Um comentário:
JÔ EU TBEM TENHO UM FILHO COM NECESSIDADES ESPECIAIS,E CONFESSO ELE ME FEZ UM SER HUMANO MUITO MELHOR,AMEI SUA ENTREVISTA E ADMIRO DEMAIS VOCE,SUA VIDA É IMPORTANTE PARA O BRASIL,UM GRANDE ABRAÇO
CLEUSA LADARIO
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