Brasil - Técnica inédita previne o estrabismo
Desvio pode ser corrigido em apenas uma cirurgia caso seja menor que 50 graus
O oftalmologista Edmilson Gigante, de Presidente Prudente (SP), desenvolveu uma técnica para corrigir estrabismo acentuado com uma só cirurgia. Hoje a correção é feita por duas cirurgias, uma em cada olho.
Estimativas indicam que entre 5% e 10% dos brasileiros são vítimas de estrabismo. Destes, entre 30% e 40% sofrem a manifestação acentuada - quando o desvio angular ultrapassa os 50 graus. É nesses casos em que a cirurgia de Gigante é importante. Quando o desvio é inferior a 50 graus, uma única cirurgia pode colocar o olho no lugar.
O estrabismo se manifesta de duas maneiras: convergente (olho voltado para dentro) ou divergente (para fora). Os desvios ocorrem porque os músculos que sustentam os olhos são fortes ou fracos.
No caso do estrabismo convergente, o músculo reto interno é mais forte, enquanto o músculo lateral é mais fraco. Para fazer a correção, Gigante enfraquece o músculo forte e fortalece o mais fraco, causando um equilíbrio que corrige o olho. No divergente, o procedimento é inverso.
Para fazer a correção do estrabismo convergente, Gigante leva para trás o músculo forte e fortalece o fraco com uma ressecção (retirada de parte do músculo), encurtando-o. “Com isso, enfraqueço o músculo forte e fortaleço o fraco”, diz. “No caso do divergente, o procedimento é inverso”, acrescenta.
Paradigma
Mas, para isso, Gigante desafiou um paradigma da oftalmologia: o de fazer recuos e ressecções com tamanho superior a 5 milímetros. “Desde 1922, quando foi feita a primeira operação, a maioria dos cirurgiões nunca tentou ultrapassar os 5 mm”, conta. Durante 7 anos, Gigante vem ultrapassando aos poucos os 5 milímetros, aumentando o tamanho de acordo com o grau de desvio do paciente. A técnica já recuperou 44 vítimas de estrabismo convergente e outros 40 de estrabismo divergente, todos pelo Serviço Único de Saúde (SUS), no Hospital Universitário de Presidente Prudente entre 2000 e 2005.
Os casos de estrabismo convergente são relatados na tese de mestrado Cirurgia Monocular para Esotropias e Grande Ângulo, que Gigante deve apresentar na Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, até fevereiro do ano que vem.
Se não for tratado até os 4 ou 5 anos de idade, o mal causa a ambliopia, doença que deixa a pessoa praticamente cega do olho estrábico. “Se a criança usar tampão consegue manter a visão, mas não vai escapar da cirurgia, pois o desvio do olho continuará”, diz o oftalmologista Jonas Ricardo Martins Cintra, de Jaboticabal. Como muitos não fazem o tratamento quando jovens, perdem a visão do olho afetado e, como tradicionalmente as cirurgias são indicadas nos dois olhos, elas se recusam a corrigir o problema. “Com a técnica de Gigante, a pessoa fará apenas uma cirurgia no olho doente, não correndo risco de perder a única visão saudável”, diz Cintra
Para o estudante Lucas Pazzini Claro, 20 anos, a cirurgia lhe salvou de humilhações e preconceitos. “Fiz essa cirurgia há seis anos. Antes, a auto-estima ficava lá embaixo. Hoje não. Vejo o mundo com mais alegria”, conta.
Nota: contributo, via e-mail, de Pedro Afonso.
Um comentário:
tenho 35 anos posso fazer a cirurgia? onde poso saber mais moro em petrópolis RJ e sofro muito com isso.
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