Brasileiro recordista mundial nos 100m T43 é um dos destaques da delegação da competição que começa neste sábado, em Lyon, na França
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Em fevereiro deste ano, quando deu um tiro que matou a namorada, o sul-africano Oscar Pistorius trocou as páginas esportivas pelas policiais. O esporte paraolímpico, desde então, perdeu seu rosto – e próteses – mais conhecido. A partir deste sábado, quando o Mundial Paralímpico de Atletismo começar em Lyon, na França, uma pergunta começará a ser respondida. Quem poderá substituir Pistorius? Candidatos existem, e um deles é o brasileiro Alan Fonteles, maior destaque entre os 35 nomes da delegação do país, composta por 13 medalhistas em Londres. Ouro nos 200m da categoria T44 ao derrotar Pistorius ano passado, e recordista mundial dos 100m da T43 (10s77), em março deste ano, Fonteles se considera postulante para a função.
- Não digo que eu seria o “novo Pistorius”, porque ele já passou. O Comitê Paralímpico Internacional está procurando um rosto. Hoje há vários grandes atletas que têm capacidade para exercer essa função. O comitê teria muita dificuldade para escolher. Eu me escolheria (risos), mas tem o (britânico) Jonnie Peackoc, a Teresinha Guilhermina, tem atletas de outras modalidades também.
Um dos caminhos para se tornar “o cara” do esporte paraolímpico seria disputar também as Olimpíadas, como fez Pistorius no ano passado. O que ainda não passa pela cabeça de Fonteles:
- Eu acredito que ainda tenho muito o que crescer no esporte paralímpico. Ainda não sou campeão mundial e espero me tornar aqui. Hoje eu me sinto um grande atleta, mas ainda preciso fazer muito para me tornar um astro mundial – disse o paraense, que entra na pista pela primeira vez neste domingo, para a final dos 200m.
Outros dois destaques do esporte paraolímpico brasileiro, e que também causaram comoção em Londres, também estarão em Lyon: Terezinha Guilhermina e Yohansson Nascimento. Cega mais rápida do mundo, Terezinha conquistou dois ouros na categoria T11, nos 100m (12s01) e nos 200m (24s60). Na final dos 400m, seu guia Guilherme Santana caiu no meio da prova e ela, em solidariedade, o acompanhou. Yohansson conquistou o ouro nos 200m e a prata nos 400m T46, para atletas com membros superiores amputados. Comemorou dando uma estrela e exibiu um cartaz pedindo a noiva em casamento. Na final dos 100m, sentiu uma contusão e completou a prova em último, se arrastando.
Mundial tem 207 provas
No Mundial de Atletismo de 2011, o Brasil chegou em terceiro lugar, atrás da China e da Rússia. Em Lyon, cerca de 1.100 atletas de 99 países vão disputar 207 provas. Comparando com o atletismo olímpico, é um número bem maior do que as 47 modalidades masculinas e femininas. As diferentes deficiências e seus níveis explicam a quantidade. Nos 100m masculino, por exemplo, são 16, espalhando-se entre paralisados cerebrais, amputados, deficientes visuais e cadeirantes. De maratona, dando outro exemplo, são quatro masculinas e uma feminina, e 17 arremessos de peso para homens e 12 para mulheres.
Das 43 medalhas que levaram o Brasil ao sétimo lugar das Paralimpíadas de Londres - 21 de ouro, 14 de prata e oito de bronze -, 18 vieram do atletismo, esporte que contribuiu com mais pódios para o país - sete de ouro, oito de prata e três de bronze, travando uma disputa acirrada com natação e judô. O atletismo refletiu no quadro de medalhas geral: os três primeiros foram China, Rússia e Grã-Bretanha.
Neste sábado, no primeiro dia de competições, quatro brasileiros disputam finais: Claudiney Batista dos Santos (prata em Londres) no lançamento de dardo F57, Izabela Campos no arremesso de disco F11, Odair dos Santos nos 5.000m T11 e Alex da Silva nos 5.000 T46. Haverá eliminatórias dos 200m T11 e T12 masculino e T12 feminino, para deficientes visuais, com os medalhistas paralímpicos Lucas Prado, Felipe Gomes e Daniel da Silva. O SporTV 3 transmite ao vivo entre 13h e 15h.
O repórter viaja a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro.
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