Casa Hope oferece cursos de beleza, informática e culinária em parceria com Payot e Senac
Empreender não esteve nos planos de grande parte das mães que estão hospedadas na Casa Hope, destinada a crianças com câncer. Trabalhar por conta, no entanto, foi solução encontrada para custearem as despesas familiares e tirarem o foco da doença.
Como muitas mulheres se deslocam de cidade ou Estado para cuidar dos filhos, a maioria tem pouco tempo e dinheiro para investir em qualificação. A única oportunidade delas está em participar de cursos dentro da Casa Hope, onde passam praticamente o dia inteiro.
No local, são oferecidos treinamentos de moda, beleza, culinária e informática — todos com foco em empreendedorismo. As aulas são gratuitas e ministradas por grande centros, como Payot, Senac e ddCom Systems.
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Na instituição, as mulheres dividem o tempo entre os cuidados com os filhos e as apostilas do treinamento. Segundo Izilda Moribe, diretora técnica da instituição, muitas mães deixam a instituição com emprego fixo ou com uma pequena empresa em fase de lançamento, como um salão de beleza. A experiência é adquirida na própria entidade, onde elas prestam serviços para funcionários e para outras mães.
“Decidimos oferecer os cursos porque muitas mães voltavam para casa sem emprego, uma vez que deixavam tudo para vir para São Paulo cuidar dos filhos. Agora, elas voltam trabalhando por conta. Com uma perspectiva de futuro”, destaca Izilda.
De acordo com Paulina Kwasniewski, gerente-geral do centro técnico da Payot, 320 mães passaram pelos cursos de beleza nos últimos dez anos. O objetivo da empresa, ressalta, é tornar a vida das mães “menos dolorosa”.
“Elas precisam garantir o próprio sustento e dificilmente conseguem um emprego fixo porque têm cuidados especiais com as crianças. O empreendedorismo é a melhor saída para elas garantirem uma renda mensal”, argumenta.
A ex-frentista Claudia Cristina Closs, 31 anos, é um exemplo. Ela deixou o interior de Rondônia há dois anos para cuidar da filha Lorraine, de 14 anos, que tem câncer nos ossos. “Quando descobri a doença da minha filha, morava numa cidade com apenas um prédio. De repente, chego sozinha a um local cheio de arranha-céus e carros por todos os lados. Sentia solidão”, recorda Claudia.
Cartões de visita
Para voltar à Rondônia com condições para sustentar sua família, Claudia participou dos cursos de informática básica, manicure, maquiagem e depilação. Seu objetivo já está traçado: “Vou mandar fazer cartõezinhos e oferecer meu trabalho entre meus colegas. É de pouquinho que se começa”.
Colega de Claudia, Lidiane de Araújo Pontes, 22 anos, deixou uma filha de 6 anos em Maceió (Alagoas), para cuidar de Emilly, de 5 anos, que fez transplante de fígado.
Formada em manicure pela Payot e em culinária pelo Senac, Lidiane faz a mão das mães na Casa Hope e, com isso, fatura R$ 150 por fim de semana. “Guardo o dinheiro para abrir um salão em São Paulo. Também pretendo vender docinhos e salgados por encomenda.”
Com os cursos, Lidiane afirma não só ter garantido uma renda extra mas também ter conseguido tirar o foco da doença de sua filha. Agora, reforça, “é possível pensar no futuro”. “Antes de chegar à Casa Hope, era totalmente dependente do meu ex-marido. Hoje, posso guardar o meu dinheiro e prever um futuro melhor com as minhas filhas e meu salão”, planeja.
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