02/09/2012 08h00 - Atualizado
em 02/09/2012 12h54
‘Mulher de ferro’ ignora previsão de morte para vencer em Londres
Com 13 participações na prova mais difícil do triatlo, a brasileira Susana Ribeiro revela ter recebido ‘sentença de vida’ ao descobrir Mal de Parkinson
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Ao ter a doença, enfim, descoberta pelos médicos, após sofrer com diagnósticos de tumor no cérebro, derrame e esclerose, Susana, que tem 44 anos, chegou a receber a notícia de que sua vida não duraria muito. O esporte, que a esta altura já era apenas um hobby, passou a ser terapia, até que em 2010 a nadadora voltou a competir em alto rendimento, dando início ao ciclo que a levou até os Jogos no Reino Unido.
Aos 44 anos, Susana Ribeiro faz sua estreia em
Paralimpíadas (Foto: Cahê Mota / Globoesporte.com)
- Com certeza a Paralimpíada é o ápice. No triatlo, tinha sido o Iron Man,
mas as Paralimpíadas são ainda mais grandiosas. É um sonho mesmo. Passa um filme
na cabeça. Às vezes falam: “Ah, vai nadar contra deficiente, é fácil”. Mas é tão
difícil quanto uma Olimpíada. Se eles são deficientes, eu também sou. É muito
diferente estar aqui.
Uma doença grave sempre nos abate muito, mas o esporte me ajudou muito outra vez
- disse ela, que treina no Instituto Superar, no Rio de Janeiro.No período em que já sofria com a doença, que endurece os músculos e afeta os movimentos do lado esquerdo do corpo, mas ainda não tinha diagnóstico exato, Susana ia para as piscinas apenas para se movimentar e se sentir viva. Era o início de uma trajetória até então inimaginável rumo aos Jogos Paralímpicos e que faz com que a nadadora valorize ainda mais cada toque na borda ao término das provas.
- Continuei nadando porque tinha certeza que se parasse eu ia embora mesmo. Ia para piscina e ficava me arrastando de um lado para o outro. Não sabia o que eu tinha. Até que conheci o esporte adaptado e tudo mudou na minha vida. Se me falassem há 10 anos que isso ia acontecer, eu ia rir para caramba e falar: “Está louco?”. Nunca consegui ir para uma Olimpíada e Deus me deu outra chance de realizar o sonho. Estou muito feliz, me emociono com tudo. Carrego todo mundo que me ajudou no coração.
Em 1995, Susana disputou o Iron Man no
Havaí
(Foto: Reprodução / Facebook)
No início de 2012, Susana recebeu outra pancada da vida. Já com as
Paralimpíadas como uma realidade, viu a lesão progredir e afetar diretamente seu
empenho. Ao desembarcar na capital britânica, porém, teve o pedido para
reavaliação de sua funcionalidade aceito pelo Comitê Paralímpico Internacional
(IPC) e mudou da classe S8 para S7, mais justa para suas limitações.(Foto: Reprodução / Facebook)
- Não penso mais na doença. Esse ano foi bem difícil, tive uma progressão acentuada da lesão neste ano, perdi muito da coordenação motora e pedi para fazer reclassificação funcional. Tive que reaprender a nadar, mudar o jeito. A Paralimpíada estava tão perto, mas tudo tem um propósito. Estou aqui para dar o meu melhor.
Em Londres, a gaúcha disputa cinco provas: 100m e 400m livre, 100m peito (foi 4º lugar), 100m costas (foi 15º) e 200m medley. Disputas que já a fazem se sentir realizada, independentemente de medalhas como as que ela colecionou no triatlo.
- Se eu pudesse escolher, passaria tudo de novo. Cresci como pessoa. Hoje, sou diferente. Posso dizer que estar aqui é muito mais difícil do que o Iron Man. Quando subo no bloco, é especial. Disseram que eu nem estaria aqui mais, me deram sentença de vida, falaram em seis meses. Estar aqui é uma grande vitória. Se eu ganhar a medalha, vou dar para os meus filhos e ser a pessoa mais feliz do mundo.
Um mundo que Susana já mostrou não ter limites: seja nadando 100m peito em Londres ou mostrando ser uma mulher de ferro no Havaí.
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