sábado, 8 de setembro de 2012

Diferenças – Uma reflexão


Diferenças – Uma reflexão

 | Por Charlotte Lessa
tatianat/Fotolia
Geralmente, quando falamos em diferenças, vem-nos à mente coisas e situações como atraso cognitivo, surdez, cegueira e deficiência física. Mas seria correto isolarmos essas diferenças dentro de um contexto, achando que só elas podem ser assim consideradas? O que dizer de diferenças como altura, peso, cor da pele, raça, falta ou excesso de cabelo, etc.?
Numa sala de aula o professor se depara com inúmeras diferenças. Na verdade, não existe uma sala onde o grupo seja totalmente homogêneo.
Lembro-me do tempo da escola primária. Eu era a única alemã na classe (isto aconteceu lá pelos idos de 1957, pouco mais de dez anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial). Na hora do recreio, um grupo de coleguinhas costumava passar por mim gritando:
– Alemão batata, come queijo com barata! – Aquilo me chateava muito, mas nunca encontrei ninguém que me defendesse e mandasse aquelas crianças se calarem. Bullying. Esse é o nome moderno para esse tipo de mau comportamento. Nunca adoeci por causa disto, mas nem todas as crianças diferentes têm a mesma sorte.
Um garoto britânico de 11 anos de idade, chamado Taylor Kerkham, lutou contra a anorexia porque seus colegas da escola zombavam dele com termos como “balofo”, ou “fofinho”. Podia até parecer uma brincadeira tola, mas esta criança perdeu, em poucos meses, 25 dos seus 50 quilos.  Como consequência Taylor teve que passar cinco meses internado num hospital da cidade de Manchester, enquanto sua família e os médicos tentavam persuadi-lo a comer. Por fim, uma nutricionista com o apoio da família, conseguiu ajudar o garoto a recuperar o peso normal para sua idade. – gazetaonline.globo.com – 12 de maio 2010.
Quando fiz o ginásio, conheci um adolescente muito alto, a quem os colegas chamavam de espigão. Nunca ninguém lhe perguntou (nem eu) como se sentia quando o chamavam assim.
Pessoas que hoje são famosas, tiveram seu momentos difíceis na escola. Atrizes como Alline Moraes (vítima de gozação por conta de seus lábios carnudos) Marina Ruy Barbosa (por conta das sardas no rosto e dos cabelos ruivos); Susan Boyle, afirmou em entrevista a um tabloide britânico que pensou em suicídio, depois de sofrer bullying na escola (Susan tem uma deficiência intelectual leve e um contralto maravilhoso); Priscila Machado, Miss Brasil 2011, por conta da magreza (era apelidada de “Olívia Palito”)                                                                                                                         
Fonte: 
http://educacao.uol.com.br/album/20110811_famosos_bullying_album.htm
As reações emocionais e psicológicas do bullying são as mais variadas. Algumas pessoas choram e ficam deprimidas, outras se revoltam, outras respondem no mesmo tom, mas o sofrimento é sempre presente num grau ou noutro.
Como será que os professores das crianças e adolescentes mencionadas nessa reflexão reagiram diante dos preconceitos externados por pessoas sem amor próprio suficiente para tolerar os mais altos, mais bonitos, mais populares, mais talentosos, mais nutridos, menos inteligentes, menos abastados, de denominações diferentes, de raças diferentes, de costumes diferentes?
Diferenças existem sob os mais diversos disfarces e matizes. Que bom que é assim! Mas as diferenças chocam! E sempre haverá aqueles que não toleram conviver com elas, porque incomodam e trazem à consciência coisas de que não gostam em si mesmos, ou que gostariam de ter em si mesmos, ou que temem recair sobre si mesmos!
O bom professor está atento às diferenças e se posiciona em favor dos corações feridos pela maldade humana, com tato, sabedoria e discernimento! Ele não só defende os oprimidos, como busca educar e abrir os olhos daqueles que os oprimem.
Um abraço, professor, e parabéns por fazer a diferença na vida das pessoas diferentes!
Charlotte

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