Blog do Prof de Ed. Física MSc SERGIO CASTRO,da Pós Graduação em Educação Especial e Tecnologia Assistiva da Universidade Cândido Mendes(AVM) ;Ex-professor da Universidade Estácio de Sá e Ex-Coordenador de Esportes para Pessoas com Deficiências (PcD) do Projeto RIO 2016 da SEEL RJ ,destinado a fornecer informações sobre pessoas com deficiência(PcD) e com Necessidades Educativas Especiais(PNEE), bem como a pessoas interessadas nesta área ( estudantes, pais, parentes, amigos e pesquisadores)
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Deficientes mentais formam Orquestra de Atabaques
http://iurirubim.blog.terra.com.br/2009/01/26/deficientes-mentais-formam-orquestra-de-atabaques/
A todo momento, nos quatro cantos do país, brasileiros nos dão exemplos de superação de suas dificuldades. Este é mais um deles.
Nesta quarta-feira, dia 28, estréia em Salvador o espetáculo “Orquestra de Atabaques”, da Opaxorô Cia de Dança e Percussão.
A montagem reúne música e dança e tem como proposta cênica ressaltar a presença da mitologia africana na cultura baiana, usando o atabaque como elemento-guia deste percurso.
Cia Opaxoro: a primeira companhia de dança profissional
formada por portadores de deficiência mental
O espetáculo já seria surpreendente não fosse por um pequeno-grande detalhe: mais da metade de seus 45 integrantes possui deficiência intelectual.
- Não sei ao certo quantos, acredito que cerca de 25 integrantes do espetáculo são portadores de deficiência - diz Antonio Marques, coordenador do Ponto de Cultura Arte Viva, do qual faz parte a Companhia.
A dúvida de Antonio Marques parece estranha, mas é totalmente compreensível, porque, nas palavras do próprio coordenador: “o maravilhoso de tudo é que, quando a companhia está no palco, você não percebe quem tem e quem não tem [deficiência mental]”.
Aceitei o desafio e fui ver uma apresentação em versão reduzida do espetáculo, na 6ª Bienal de Cultura da UNE, na quinta-feira passada (22/1).
Emocionado, constato que apenas um olhar muito atento é capaz de diferenciar os portadores de deficiência dos outros músicos e dançarinos.
E o mais importante: a diferença é identificada apenas no aspecto visual. Os passos de dança e o toque dos atabaques são executados em total sincronia.
- Todo mundo tem algum tipo de deficiência, ninguém é perfeito em tudo. Eu não danço, você dança? – Antonio Marques me pergunta.
- Não – respondo, ciente das minhas limitações.
Única companhia profissional com portadores de deficiência mental
A Cia Opaxorô – formada por alunos e aprendizes da Apae Salvador – é o único grupo formado por pessoas com deficiência mental que possui registro profissional concedido pela Delegacia Regional do Trabalho.
Fruto do trabalho artístico desenvolvido na Apae da capital baiana ao longo de 40 anos, o grupo tem em seu currículo espetáculos que mesclam o uso da dança e da música, entre eles, Bahia Cantos e Encantos, Contando Histórias e Filhos da Bahia.
Quase não é possível identificar os
portadores de deficiência
A Opaxorô atua sob a ótica inclusiva, cuja formação integra jovens com deficiência mental e outros oriundos da comunidade atendidos pelo Projeto Arte Viva, que desenvolve oficinas de arte-educação.
Não há limite de idade para os integrantes. Eles são selecionados aos 16 anos, após passarem pelas oficinas do Arte Viva, e permanecem no grupo enquanto a relação for saudável. Hoje, existem dançarinos de 40 anos na Companhia.
Todas as apresentações da Companhia – 12, em 2008 – são remuneradas.
Orquestra de atabaques
O espetáculo Orquestra de Atabaques tem apresentações marcadas para os dias 28 a 31 de janeiro, no Teatro dos Correios, sempre a partir das 19h. A entrada é franca, mas para ter acesso o público deve trocar o ingresso por uma lata de leite em pó. Os donativos arrecadados serão doados para o Programa Fome Zero do Governo Federal.
Os 45 integrantes do elenco de músicos e dançarinos se dividem nos 12 atos do espetáculo de uma hora de duração. No palco, a Cia faz um Xirê (evocação) que vai de Exu a Oxalá, com músicas populares, reverenciando as divindades africanas.
As canções são acompanhadas por instrumentos de corda, a exemplo do violoncelo, que, em harmonia com a percussão dos atabaques, conferem ritmo à apresentação.
O espetáculo une o sagrado e o profano em torno do atabaque “um instrumento percussivo rico em sonoridade e elemento sagrado dos rituais litúrgicos do candomblé”, afirma o diretor musical da montagem, Ubiratan Assis.
Para compor o repertório, foram pesquisadas canções relacionadas ao culto dos orixás. Ao todo foram selecionadas 20 músicas populares, que contam as lendárias histórias de Exu, Ossaim, Oxumaré, Logun Edé e Nana, tendo como principal acompanhamento instrumental o atabaque.
As cerimônias litúrgicas do candomblé são acompanhadas por três tipos de atabaques: Rum, Rumpi e Lê. Este conjunto sonoro é essencial para a evocação dos orixás. Os toques repicados pelos atabaques identificam a nação das casas de candomblé e dão o compasso para as danças das divindades africanas.
Uma variação dos tambores encontrados nas escavações em sítios arqueológicos do continente africano, os atabaques começaram a ser confeccionados seis mil anos antes de Cristo.
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