Posted: 06 Feb 2015 01:44 PM PST
Geralmente, a pessoa com deficiência visual chega até uma determinada loja à procura de um produto específico, já que ela não vai ser atraída para lá pela placa fluorescente que promete a promoção mais tentadora do milênio, a menos que ela esteja acompanhada por alguém que enxerga e que seja tão consumista quanto ela.
Muitas lojas (é comum nas de sapatos, bijuterias, celulares, roupas, papelarias, etc.) guardam seus produtos em vitrines ou balcões fechados. E nessa situação, o cego ficou cego duas vezes, porque não pode tatear os produtos para escolher aquele que melhor lhe agrade.
Sendo assim, não é o atendente quem tem que decidir o que deve ou não mostrar. Num primeiro momento, descrever as características das peças seria a decisão mais acertada, assim como fornecer detalhes de valores e de possíveis promoções ou descontos é uma maneira para investigar o que o cliente está procurando, para depois mostrar as peças e deixar que a pessoa cega tateie-as.
Em restaurantes, o ideal seria ter disponível um cardápio em Braille e também outro com caracteres ampliados.
Dicas para o comércio e para o dia a dia:
- Apresente-se para a pessoa com deficiência visual. Diga seu nome e o que faz ali, se cuida de um setor específico. Ela precisa conhecer sua voz, evitando que o confunda com outros vendedores do local.
- Descreva os produtos da loja ou daquele setor, cuidando para encaminhar o cliente para a sessão que procura, caso não seja a sua.
- Se for guiar a pessoa cega, deixe-a segurar em seu cotovelo, ombro ou punho. Não a empurre nem a puxe. Mantenha-se sempre meio passo à frente dela.
- Em passagens estreitas, flexione seu braço para trás. Assim, a pessoa cega alinhará o corpo atrás de você.
- Avise-a sobre escadas rolante e obstáculos nos corredores do estabelecimento. Também informe-a sobre prateleiras com produtos mais frágeis, que possam quebrar ao cair no chão.
- Posicione-a sempre de frente para a vitrine ou para a arara, informando verbalmente onde está e quais são os produtos dali. Leve a mão dela até algum produto ou informe que irá colocar alguma peça nas mãos dela.
- Para sentar-se, coloque a mão da pessoa cega no encosto da cadeira. Caso não houver, informe-a sobre essa condição e coloque as mãos dela no acento, para que perceba a direção e decida como deseja fazer.
- Sem preguiça, mostre os produtos, retirando-os da vitrine, das prateleiras ou das araras, deixando que a pessoa cega explore-os pelo tato. Descreva e aponte alguns detalhes, como cor, desenho ou alguma característica relevante. Deixe seu cliente à vontade!
- Ofereça outros produtos, descrevendo-os ou deixando que a pessoa cega os sinta, pois ela não terá a visão de tudo que possui no estabelecimento.
- Investigue sempre. Não ofereça espelho, você será os olhos da pessoa cega, emitindo opinião sem induzi-la à compra.
- Diga quais são as promoções e formas de pagamento.
- Pode ser que a pessoa cega precise de ajuda para identificar uma nota ou um cartão. Ao devolver-lhe troco, informe quais as notas e como estão dispostas.
- Sempre entregue objetos, papel ou qualquer outra coisa nas mãos da pessoa cega, evitando que a mão dela fique estendida no ar.
- Caso a pessoa cega precise assinar, pergunte a ela se assina e como faz. Algumas pessoas com deficiência visual carregam seu próprio assinador, um cartão com orifício vazado em que cabe uma assinatura. Caso não possua, coloque uma régua sobre a linha e oriente a respeito do início e o final do espaço destinado à assinatura. A régua pode ser substituída por algum outro cartão, pedaço de papel mais grosso, etc.
- Durante o atendimento à pessoa com deficiência visual, informe-a quando afastar-se dela para que não fique falando sozinha. É comum que ela faça perguntas. Também comunique sobre sua chegada.
- Se o atendimento exigir uma senha, informe para a pessoa com deficiência visual qual é a senha dela. A cada nova chamada, verbalize o número que receberá o atendimento, para que ela não perca a vez.
O cliente, seja ele pessoa com deficiência ou não, precisa estar satisfeito mais com o atendimento que ele recebe do que com o produto que ele pretenda adquirir. Sempre que houver dúvida, o atendente deve perguntar qual a melhor maneira de ajudar.
Não insista demasiadamente para não ganhar o rótulo de “chiclete”. Seja cuidadoso, investigue e execute bem seu papel de vendedor.
Afinal, a pessoa com deficiência não precisa “portar” uma carteirinha dizendo que possui essa ou aquela deficiência ou que necessita de atendimento específico. O bom senso faz parte da qualidade de qualquer serviço oferecido ao público em geral.
A acessibilidade é a condição ímpar que deve reinar de verdade nos 365 dias, representando o maior lucro entre consumidor e lojista.
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