segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O extremo da deficiência.

O extremo da deficiência.

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Os extremos, o bem e o mal numa visão extrema de duas faces de uma mesma pessoa.
Nesses últimos tempos ando lendo coisas que as vezes nos fazem refletir sobre vários aspectos dentro da vida social e psicológica das pessoas com deficiência. Ou as pessoas não tem um alicerce dentro do seu amago que possa assegurar o momento que estão vivendo dentro das suas devidas deficiências – claro que cada deficiência é uma deficiência apesar da generalização – ou ser para baixo ou ser para cima. Nesses anos que militei no segmento de PCDs – dei um tempo – pude observar que tem muito “picareta” se promovendo dentro da deficiência, assim como tem muitas instituições que ficam se promovendo na deficiência para arrecadar fundo ou, para dizer a as pessoas que sem eles nós não viveríamos e isso é uma inverdade. Mesmo o porque, essas instituições nos “expulsam” do tratamento ao completarmos 14 anos ou mais, então, vivemos sem elas muito bem e obrigado.
As pessoas, não só com deficiência, andam indo muito ao extremo como se quisessem se libertar de algo que está só em suas mentes e isso não é bom. Estamos vivendo uma era dos extremos e os extremos não são bons para nenhuma pessoa sensata, porque sempre atinge o que não se deve atingir e não chega a um objetivo claro. Eu sempre vi que as pessoas adoram mentir para si mesmo como se tivessem medo de sentir algum medo, porque enfiaram na cabeça do sujeito que sentir medo é uma coisa de covarde, uma coisa de cretino que não sabe nem o que está dizendo. Sentir medo é algo natural de preservar a vida, na verdade, como disse o tio Freud, o medo é a vontade de fugir da morte que todos os seres tem. Não adianta muito, mas é um mecanismo que a evolução terráquea nos deu, pois o planeta nos moldou assim. Agora, mentir para si mesmo é sempre achar mascaras para usar quando queremos nos confortar em uma situação, como seguir alguma religião que vai te curar, seguir um avanço tecnológico que vende a ideia que vai fazer nós andarmos ou até, placebos científicos dizendo que são curáveis. No caso dos avanços tecnológicos, isso é evidente que lá fora está muito mais avançado do que aqui no Brasil, o exoesqueleto daqui custou caro e nem andar andou. Por que? Porque o pesquisador que está trabalhando no projeto é um neurocientista e só estudou a parte neurológica da pesquisa, esqueceu da parte cibernética que estuda a parte do controle do ser humano a maquina e o ergonomia, que seria uma disciplina que estuda a interação do ser humano com outros elementos que aliás, nem fabricantes de cadeiras de rodas fazem isso. E na parte da biologia há pesquisas de célula-tronco que não estão concluídas e nem sabemos que serão, porque antes dessas pesquisas, se deveria pesquisar a nanotecnologia. E na parte da religião, fica evidente – isso não é todas as religiões como não são todos os sacerdotes – usam o inconformismo da deficiência para trazer alivio aqueles que não se aceitam dando ao deficiente, uma esperança. Não sou ateu e muito menos contra qualquer tipo de religião – que é necessário e é uma etapa para o crescimento pessoal – mas devemos seguir também para aprendemos a nos gostar do jeito que somos, não gostar do jeito que as pessoas querem que sejamos.
Esse “gostar” que as pessoas querem e não o que realmente queremos ser, muitas vezes atrapalha o crescimento pessoal das pessoas e em especial, as pessoas com deficiência. Porque ela varia do extremo oposto, ou elas são submetidas ao que a sociedade coloca – meios culturais e morais – ou querem quebrar tabus que nada vão ajudar o meio acessível. Não querer processar uma empresa de aviação por não ter o “carrinho elevador” (não sei escrever o nome) é um direito de cada um, mas não processar e querer obrigar as pessoas a “acharem” que não podemos ter privilégios, ai é um caso para discuti. Lá fora o meio acessível não é encarado como um privilegio e sim, um direito do cidadão que somos e temos esse direito que lógico, também temos nossos deveres a cumprir. E é esse dever que se deve processar a empresa ou até mesmo o governo, senão isso vai se repetir, isso não vai melhorar e tudo que nós lutamos vai para o ralo. É muito fácil pensar só no seu umbigo e achar que está tudo bem, o momento certo é agora, ou cobramos certo o que é de lei ou nos calamos, ficar no meio fio não dá. Outra coisa é querer quebrar tabus querendo holofotes para si como ser modelo ou ser algo do tipo, necessariamente, tivesse que sair pelado numa revista ou fazer topless numa praia, pois existe milhares de exemplos que não precisaram desse tipo de iniciativa para arranjarem trabalho. O que deve realmente quebra o tabu ou os tabus, é uma iniciativa muito mais direcionada e falar o que se pensa sem medo se isso vai ou não agradar as pessoas. Ou, não é mostrar ou querer ensinar os outros deficientes a serem deficientes – como acontece em alguns casos – mas ter a humildade de aprender com quem já nasceu com alguma deficiência. E vamos ser sinceros, com um país machista onde o meio e eventos inclusivos de PCDs que existe inúmeros “machos alfas entre rodas”, esse tipo de iniciativa poderá acarretar uma generalização e uma falta de senso perante a maioria. Quebrar tabus assim só acarreta outro tipo de tabu, aqueles que não fazem se cria um conceito de “escravas”, de “conformistas” e por ai vai. Mesmo o porque a criminalidade está a solta e esse tipo de coisa fomenta a violência da mulher com deficiência. Mas isso nada tem a ver com autoestima.
Ter autoestima não é ter a melhor cadeira de rodas ou ter fotos em revistas e grupos – que acho também uma maneira excludente que a própria pessoa com deficiência faz como miss cadeirante, miss surda entre outas coisas – mas aceitar a deficiência em sua mais real essência e fazer dela a sua própria realidade. Para que realizar um concurso ou um grupo desse se ele se torna gueto? Não precisamos de guetos, não precisamos nos rastejar para conseguir um emprego, ou nos rastejar para ganhar um “oi” sequer por causa de uma misera necessidade de ser reparado.. Mas sim se reparar.

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