terça-feira, 19 de janeiro de 2010

ESPECTRO AUTÍSTICO


VEJA O QUE É O ESPECTRO AUTISTICO NO SITE DE CARLA GIKOVATE EM : http://www.carlagikovate.com.br/index_arquivos/Page422.htm

Integração Sensorial
Mas o fundamental é perceber que todo o espectro tem em comum o tripé de sintomas descrito abaixo.
Esta figura ilustra a idéia atual de que existe um espectro autístico, ou seja, que existem diferentes graus de autismo.
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Carla Gikovatemédica — neurologista infantil — mestre em psicologia

O espectro autista, também referido por desordens do espectro autista (DEA, ou ASD em inglês) ou ainda condições do espectro autista (CEA, ou ASC em inglês), é um espectro de condições psicológicas caracterizado por anormalidades generalizadas de interação social e de comunicação, e por gama de interesses muito restrita e comportamento altamente repetitivo. [1]

Um balanço de 2005 estimou em 6,0 a 6,5 por 1000 a ocorrência de DEAs. Das várias formas de DEA, o transtorno invasivo de desenvolvimento não-especificado (PDD-NOS, em inglês) foi larga maioria, o autismo ficou com 1,3 por 1000 e a Síndrome de Asperger em cerca de 0,3 por 1000; as formas atípicas como transtorno desintegrativo da infância e Síndrome de Rett foram muito mais raros.[2]
Classificação
As três formas principais de DEA são autismo, síndrome de Asperger e PDD-NOS. O autismo é o centro das desordens do espectro autista. A Síndrome de Asperger é o mais próximo do autismo pelos sintomas e provavelmente pelas causas [3]; mas diferente do autista, o Asperger não tem qualquer atraso significativo no desenvolvimento da linguagem [4]. O diagnóstico de transtorno invasivo do desenvolvimento não-especificado (PDD-NOS) ocorre quando não se encontram critérios para outro transtorno mais específico. Algumas fontes também incluem a síndrome de Rett e o transtorno desintegrativo da infância, que compartilham vários traços com o autismo, mas podem ter causas não-relacionadas; outras fontes combinam as DEA com estas duas condições na definição de transtornos invasivos do desenvolvimento. [3][5]

A terminologia do autismo pode causar confusão. Autismo, Asperger e PDD-NOS às vezes são chamados de desordens autísticas (ou transtornos autísticos), em vez de DEA, [6] enquanto o autismo propriamente dito muitas vezes é chamado de desordem autista, ou autismo infantil. Apesar de os termos transtorno invasivo do desenvolvimento, mais antigo, e desordem do espectro autista, mais recente, se sobreporem totalmente ou quase [5], o primeiro foi cunhado com a intenção de descrever um conjunto específico de classificações diagnósticas, enquanto o segundo supõe uma desordem espectral que envolve diversas condições. [7] DEA, por sua vez, é uma parte do fenótipo autista mais-amplo (FAMA, ou BAP, em inglês), que podem não ter DEA mas possuem traços semelhantes aos do autismo, tal como evitar o contato visual. [8]

Características
As características definidoras das desordens do espectro autista são debilidades de comunicação e interação social, junto a interesses e atividades restritos e repetitivos [9]. Sintomas individuais ocorrem na população em geral, e não parecem ter muita relação entre si, não existindo uma linha bem definida que separe uma situação patológica de traços comuns [10]. Outros aspectos dos DEA, como alimentação atípica, também são comuns, mas não essenciais para o diagnóstico; eles podem afetar o indivíduo ou a família. [11]

Estima-se que entre 0,5% e 10% dos indivíduos com DEA possuam habilidades incomuns, que vão desde habilidades pitorescas, como a memorização de curiosidades, até os talentos extremamente raros dos prodigiosos autistas savants [12].

Ao contrário da crença comum, as crianças autistas não preferem estar sós. Fazer e manter amizades costuma ser difícil para aqueles com autismo. Para eles, a qualidade das amizades, não o número de amigos, determina o quão sós se sentem. [13]

Estar no espectro autista não impede a criança de entender os estereótipos de raça e gênero da sociedade; assim como a criança neurotípicas, ela aprende os estereótipos observando as atitudes de seus pais, tais como trancar o carro em certas localidades. [14]

[editar] Tratamento
Os objetivos principais do tratamento são a redução dos déficits associados e tensão familiar, e aumento da qualidade de vida e da independência funcional. Não há um tratamento padrão que seja melhor do que os outros, e geralmente o tratamento é ajustado às necessidades de cada paciente. Programas de educação especial intensiva e prolongada e terapia comportamental na primeira infância ajudam a criança a adquirir habilidades sociais, de trabalho e cuidados próprios. As abordagens disponíveis incluem análise aplicada de comportamento, modelos desenvolvimentais, ensino estruturado (TEACCH, sigla em inglês), terapia de fala e linguagem, terapia de habilidades sociais e terapia ocupacional. [15]

[editar] Epidemiologia
Os balanços mais recentes apontam a prevalência de 1 a 2 por 1000 de autismo e perto de 6 por 1.000 de DEA;[16] mas por causa de dados inadequados, estes números podem subestimar a real prevalência de DEAs. [17] PDD-NOS constitui vasta maioria dos DEAs, Asperger em torno de 0,3 por 1000 e as outras formas de DEA são muito mais raros. [2]

O número de casos relatados de autismo aumentou muito nos anos 1990 e início dos 2000. Este aumento é atribuído principalmente às mudanças nas práticas de diagnóstico, padrões de orientação, disponibilidade de serviços, idade do diagnóstico e conscientização pública, [18] mas fatores de risco ambientais ainda não identificadosnão podem ser descartados.[19]

Nota: como este artigo é uma tradução, atente-se que as estatísticas aqui apresentadas são as obtidas do original em inglês.



Referências
1.↑ World Health Organization. International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems. 10th ed. (ICD-10).ed.
2.↑ 2,0 2,1 Fombonne E (2005). "Epidemiology of autistic disorder and other pervasive developmental disorders". J Clin Psychiatry 66 (Suppl 10): 3–8. PMID 16401144.
3.↑ 3,0 3,1 Lord C, Cook EH, Leventhal BL, Amaral DG (2000). "Autism spectrum disorders". Neuron 28 (2): 355–63. DOI:10.1016/S0896-6273(00)00115-X. PMID 11144346.
4.↑ American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 4th ed., text revision (DSM-IV-TR).ed.
5.↑ 5,0 5,1 Strock M (2008). "Autism spectrum disorders (pervasive developmental disorders)". National Institute of Mental Health. Visitado em 2008-08-25.
6.↑ Freitag CM (2007). "The genetics of autistic disorders and its clinical relevance: a review of the literature". Mol Psychiatry 12 (1): 2–22. DOI:10.1038/sj.mp.4001896. PMID 17033636.
7.↑ Klin A (2006). "Autism and Asperger syndrome: an overview". Rev Bras Psiquiatr 28 (suppl 1): S3–S11. DOI:10.1590/S1516-44462006000500002. PMID 16791390.
8.↑ Piven J, Palmer P, Jacobi D, Childress D, Arndt S (1997). "Broader autism phenotype: evidence from a family history study of multiple-incidence autism families" (PDF). Am J Psychiatry 154 (2): 185–90. PMID 9016266.
9.↑ Frith U, Happé F (2005). "Autism spectrum disorder". Curr Biol 15 (19): R786–90. DOI:10.1016/j.cub.2005.09.033. PMID 16213805.
10.↑ London E (2007). "The role of the neurobiologist in redefining the diagnosis of autism". Brain Pathol 17 (4): 408–11. DOI:10.1111/j.1750-3639.2007.00103.x. PMID 17919126.
11.↑ Filipek PA, Accardo PJ, Baranek GT et al. (1999). "The screening and diagnosis of autistic spectrum disorders". J Autism Dev Disord 29 (6): 439–84. DOI:10.1023/A:1021943802493. (2000) "Erratum". J Autism Dev Disord 30 (1): 81. DOI:10.1023/A:1017256313409. PMID 10638459.
12.↑ Treffert DA (2006). Savant syndrome: an extraordinary condition—a synopsis: past, present, future. Wisconsin Medical Society. Página visitada em 2008-03-24.
13.↑ Burgess AF, Gutstein SE (2007). "Quality of life for people with autism: raising the standard for evaluating successful outcomes". Child Adolesc Ment Health 12 (2): 80–6. DOI:10.1111/j.1475-3588.2006.00432.x.
14.↑ Hirschfeld L, Bartmess E, White S, Frith U (2007). "Can autistic children predict behavior by social stereotypes?". Curr Biol 17 (12): R451–2. DOI:10.1016/j.cub.2007.04.051. PMID 17580071.
15.↑ Myers SM, Johnson CP, Council on Children with Disabilities (2007). "Management of children with autism spectrum disorders". Pediatrics 120 (5): 1162–82. DOI:10.1542/peds.2007-2362. PMID 17967921.
16.↑ Newschaffer CJ, Croen LA, Daniels J et al. (2007). "The epidemiology of autism spectrum disorders". Annu Rev Public Health 28: 235–58. DOI:10.1146/annurev.publhealth.28.021406.144007. PMID 17367287.
17.↑ Caronna EB, Milunsky JM, Tager-Flusberg H (2008). "Autism spectrum disorders: clinical and research frontiers". Arch Dis Child 93 (6): 518–23. DOI:10.1136/adc.2006.115337. PMID 18305076.
18.↑ Changes in diagnostic practices:
Fombonne E (2003). "The prevalence of autism". JAMA 289 (1): 87–9. DOI:10.1001/jama.289.1.87. PMID 12503982.
Wing L, Potter D (2002). "The epidemiology of autistic spectrum disorders: is the prevalence rising?". Ment Retard Dev Disabil Res Rev 8 (3): 151–61. DOI:10.1002/mrdd.10029. PMID 12216059.
19.↑ Rutter M (2005). "Incidence of autism spectrum disorders: changes over time and their meaning". Acta Paediatr 94 (1): 2–15. DOI:10.1080/08035250410023124. PMID 15858952.


Todas as crianças dentro do espectro autístico apresentam alguma forma de particularidade sensorial. Assim como tudo o mais relacionado ao autismo, há uma grande variação no grau de intensidade e na forma das experiências sensoriais vividas por aqueles com autismo.

Algumas crianças são hipersensíveis quanto à recepção de informações sensoriais. Por exemplo, crianças relatam serem capazes de ouvir conversas ou o som de móveis sendo arrastados em outros prédios. Outras crianças são tão sensíveis ao estímulo táctil (toque) que não toleram a sensação da etiqueta em suas camisetas. Por outro lado, algumas crianças aparentam ser hiposensíveis a estímulos sensoriais, ou seja, são pouco sensíveis e necessitam de uma maior intensidade de estímulo para que este seja percebido. Como exemplo, algumas crianças buscam a sensação de intensa pressão ao serem massageadas ou ao serem firmemente enroladas em pesados cobertores. Pesquisadores com Judith Bluestone (Instituto HANDLE, em Seattle, EUA), apontam para a possibilidade da hiposensibilidade ser na verdade uma hipersensibilidade ao extremo, o que levaria a pessoa a bloquear totalmente uma determinada sensação.


Muitas crianças no espectro aparentam ter complexos padrões de sensibilidades sensoriais. Por exemplo, uma criança pode ser hipersensível a sons e cheiros, mas hiposensível ao toque. Em outros casos, as sensibilidades das crianças parecem mudar de um momento para o outro, ou dentro de períodos de dias ou semanas. Elas podem ser hipersensíveis à luz em um dia e parecer hiposensíveis ou não afetadas pela luz em um outro dia. A ciência de hoje ainda não consegue explicar completamente por que isto acontece.

Integração sensorial refere-se ao processo de organização cerebral para eficientemente processar a recepção de informação sensorial em uma representação coerente do mundo. As crianças neurotípicas aprendem a integrar seus sentidos nos primeiros anos. Elas o fazem através de interações com as pessoas próximas e através de brincadeiras exploratórias. Na verdade, toda e qualquer ação da criança resulta em informação sensorial para o cérebro, o que contribui para o processo de organização e integração. Quando você vê um bebê colocando objetos na boca ou batendo objetos no chão você está testemunhando os métodos naturais do cérebro para a integração sensorial. Quando sua criança de 4 anos pula na cama, roda em torno do próprio eixo até ficar tonta ou quer que você a segure de cabeça para baixo, ela está integrando seus sentidos. O sistema vestibular (que controla o equilíbrio) continua a amadurecer até a adolescência, o que explica o porquê dos adolescentes buscarem experiências intensas como as das montanhas-russas, enquanto que os adultos geralmente não as toleram fisicamente.

Crianças com autismo não são diferentes em relação a isto. Elas também recebem a informação sensorial que ajuda o cérebro a se organizar através de atividades como rodar, balançar, correr, pular, bater, tocar, mastigar, apertar, e cheirar! A diferença é que crianças com autismo geralmente necessitam fazer estas atividades por períodos maiores e de forma mais intensa do que outras crianças. Algumas delas também continuam a precisar destes tipos de estímulos engajando-se em comportamentos auto-estimulatórios que não seriam considerados “apropriados” para suas idades em nossa sociedade. Devido a comportamentos desta natureza, crianças com autismo são amplamente incompreendidas e, em alguns casos, maltratadas.


Abordagens comportamentais tradicionais ao autismo têm visto estas atividades de auto-estimulação sensorial como “ruins” ou “inapropriadas”, e buscam eliminá-las.

Diversas estratégias foram utilizadas no passado para eliminar estes comportamentos, desde o amarrar as mãos das crianças em suas cadeiras até a “terapia” de eletrochoque. Versões mais modernas tendem a não ser tão extremas, apesar da filosofia continuar a ser a mesma, a de eliminar (ou pelo menos interromper e redirecionar) estes comportamentos em nome de uma “normalidade social” ou habilidade de se concentrar durante as aulas.

Nossa experiência , assim como conclusões de estudos recentes (ex: Hirstein et al, 2001), nos demonstra que as crianças com autismo necessitam deste estímulo sensorial para ajudá-las a organizar seus sentidos (devido às diferenças neurológicas discutidas na seção Ambiente), e que a interrupção forçada destas atividades de fato aumenta os níveis de estresse, reduz a integração sensorial e a habilidade da criança de se concentrar durante a aprendizagem.

A Inspirados pelo Autismo adota uma perspectiva diferente em relação a estas atividades, uma perspectiva que consideramos ser de respeito e apreciação pela função destas atividades, assim como o sincero prazer por compartilhar a atividade (como descrito na página Os Sentimentos). Pesquisas científicas recentes mostram que a técnica de "juntar-se" à criança nestas atividades promove maior interatividade social em crianças com autismo. Muitas das necessidades de integração sensorial de sua criança podem ser atendidas através de brincadeira intencional dentro de um quarto de brincar/quarto de trabalho. Profissionais especializados em terapias de integração sensorial podem orientar os pais em como auxiliar suas crianças durante as sessões de quarto. Entre as abordagens de terapias de integração sensorial e treinamento para a auto-regulação, citamos o Treinamento de Integração Auditiva (sigla AIT em inglês), exercícios da metodologia HANDLE, Fast Forward, e Neurofeedback.

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