segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Decálogo do Profissional Especializado em Autismo


Bom dia Amigos,
Esse texto é mais um que traduzi do site espanhol Deletrea http://www.deletrea.com/ Perdoem se houverem falhas na tradução.
Desde que "entramos" no mundo do autismo, compartilhamos nossa luta com vários profissionais. Uns mais dedicados, outros nem tanto. Uns com mais conhecimento, com mais visão, com mais empatia...Enfim, coloquei esse texto aqui prá que possa servir de direção aqueles profissionais que estejam começando seu trabalho, e também possa ser uma afirmação de que seu trabalho é bem feito para aqueles que já tenham um pouco mais de estrada.
Obrigada a todos os profissionais parceiros da APADEM e também a todos aqueles que dedicam suas vidas aos autistas!
Abraços fraternos,
Claudia Moraes
(Pres. da APADEM)


Decálogo do Profissional Especializado em Autismo
Theo Peeters
A gente diferente necessita profissionais diferentes. Trinta anos de experiência em formação, nos obriga a formular outra observação: para poder ajudar a estas pessoas “diferentes” com autismo, os próprios profissionais tem que ser um pouco “diferentes qualitativamente”.

Alguns profissionais nunca serão capazes de estabelecer programas educativos individualizados, ainda que tenham recebido a melhor formação teórica e prática. Não tem sentido "forçar" a alguém que trabalhe com autistas. Os profissionais devem escolher por si mesmos trabalhar com pessoas com autismo e esta eleição não deve fazer-se “com pena do autismo”, senão “devido ao autismo”.

Qual é o segredo? Até o momento, sempre temos dito, em falta de outra explicação, que tem que “sentir-se atraído” pelo autismo. Para as pessoas que conhecem o tema, está perfeitamente claro, ainda que saibamos que há profissionais que jamais se sentirão interessados, que são “imunes” a ele. Por este motivo, cremos que é necessário estabelecer um perfil profissional para aquelas pessoas que se encarregam do cuidado de indivíduos com autismo.
Na continuação destacamos as características que cremos são as mais importantes:

1. Sentir-se atraído pelas diferenças. Pensamos que ser um “aventureiro mental” ajuda a sentir-se atraído pelo desconhecido. Há pessoas que temem as diferenças, outras se sentem atraídas e querem saber mais sobre elas.

2. Ter uma imaginação viva. É quase impossível compreender o que significa viver num mundo literal, ter dificuldades em ir mais além da informação recebida, amar sem uma intuição social inata. Para poder compartilhar a mente de uma pessoa autista, que padece um problema de imaginação, se deve ter, em compensação, enormes doses de imaginação.

3. Capacidade para dar sem obter a acostumada gratidão. Se tem que ser capaz de dar sem receber muito em troca, e não sentir-se decepcionado pela falta de reciprocidade social. Com a experiência, a pessoa aprenderá a detectar formas alternativas de agradecer, e a gratidão de alguns pais muitas vezes irá recompensá-lo.

4. Estar disposto a adaptar o próprio estilo natural de comunicar-se e de relacionar-se. O estilo que se requer está mais ligado as necessidades da pessoa com autismo que a nosso grau espontâneo de comunicação social. Isso não é fácil de conseguir e requer muitos esforços de adaptação, mas é importante refletir acerca de quais necessidades estamos atendendo.

5. Ter o valor de "trabalhar só no deserto". Especialmente quando se começam a desenvolver serviços específicos em uma área. Há tão pouca gente que compreende o autismo, que um profissional motivado corre o risco de ser criticado em vez de aplaudido por seus enormes esforços. Os pais tem sofrido este tipo de críticas anteriormente, por exemplo quando escutam coisas como “todo o que ele necessita é disciplina", "se fosse meu filho....", etc.

6. Não estar nunca satisfeito com o nível de conhecimentos próprios. Aprender sobre o autismo e sobre as estratégias educativas mais adequadas é um processo contínuo, já que o conhecimento em ambos campos evolui continuamente. A formação em autismo nunca se acaba e o profissional que crê que já a tem, em verdade a “perde".

7. Aceitar o fato de que cada pequeno avance traz consigo um novo problema. A gente tem tendência a abandonar as palavras cruzadas se não podemos resolvê-las. Isso é impossível no autismo. Uma vez que se começa, se sabe que o trabalho de "detetive" nunca se acaba.

8. Dispor de capacidades pedagógicas e analíticas extraordinárias. O profissional tem que avançar pouco a pouco e utilizar suportes visuais de maneira muito individualizada. Há que realizar avaliações com tanta frequência que deve adaptar-se constantemente.

9. Estar preparado para trabalhar em equipe. Devido a necessidade de uma aproximação coerente e coordenada, todos os profissionais devem estar informados dos esforços dos demais, assim como dos níveis de ajuda proporcionados. Isto inclui aos pais, especialmente quando a criança é pequena.

10. Humildade. Alguém pode chegar a ser “especialista” em autismo no general, mas os pais são especialistas sobre seu próprio filho e se deve ter em conta sua experiência e conhecimento. Em autismo não se necessitam profissionais que queiram permanecer em seu “pedestal”. Quando se colabora com os pais é importante falar dos êxitos, mas também admitir os fracassos ("por favor, ajuda-me"). Os pais também tem que saber que o especialista em autismo não é um deus do Olimpo.

Haverá pessoas que pensarão que falta a palavra "amor" nesta lista. O amor desde logo é essencial, mas como já disse um pai, o amor não é uma cura milagrosa. Os pais e os profissionais que confiam demasiado no efeito do amor, podem decepcionar-se. Se a criança não faz suficientes progressos, é porque não recebeu suficiente amor? Embora a tenhamos amado o suficiente, mas não há aceitado todo este amor... Este tipo de atitudes são destrutivas e creiam um abismo justamente ali onde o que se necessita é uma colaboração ótima.

Fonte: http://www.deletrea.com/

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