ASSOCIAÇÃO DE FAMILIARES E AMIGOS DA GENTE AUTISTA
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Argemiro de Paula Garcia Filho & Mariene Martins Maciel1
Os transtornos do espectro do autismo compreendem grandes distúrbios da comunicação
e da socialização. Manifestam-se até os três anos de idade e ocorrem quatro vezes mais
em meninos do que em meninas. Variam do mais severo ao mais leve comprometimento,
o que pode confundir o diagnóstico, levando às vezes a um tratamento inadequado.
Estudos nos Estados Unidos indicam que haveria até um indivíduo com autismo de algum
grau para cada 88 pessoas.
Ser autista não é viver em “um mundo próprio” ou se isolar do convívio com as pessoas.
Significa enfrentar problemas de comunicação que podem ir da impossibilidade de se
expressar através de palavras até não conseguir acompanhar um diálogo, ainda que seja
capaz de dissertar longamente sobre um mesmo assunto. Significa, também, encontrar
dificuldades para se relacionar, que podem ir da incompreensão de regras sociais até
ficar muito ansioso ao participar de um diálogo.
Pessoas autistas frequentemente têm problemas com a integração sensorial. Isto quer
dizer que um sentido pode ficar hiper ou hipoexcitado; podem sentir sons, cores, odores
ou outros estímulos sensoriais de maneira exagerada. Por exemplo, sussurros podem lhe
parecer gritos. Do outro lado, as sensações podem ser embotadas, em particular a dor e
o senso proprioceptivo (a percepção que temos de nosso próprio corpo); nestes casos,
podem acontecer episódios de autoestimulação e mesmo de autolesão – é como sair do
dentista com o rosto anestesiado e ficar beliscando-o para senti-lo.
A dificuldade que uma pessoa autista tem com o proprioceptivo pode fazer com que não
perceba o próprio funcionamento fisiológico, não entendendo o desconforto causado pela
fome ou pela necessidade de evacuar, causando cólicas ou falta de controle dos
esfíncteres. A dificuldade em compreender regras sociais também pode levar a que
evacue ou urine na roupa.
É frequente que pessoas autistas tenham dificuldade em acompanhar o discurso de
outra. O aluno pode se fixar num aspecto da explanação do professor e perder boa parte
do que foi dito. Isto acontece, em parte, porque pessoas autistas têm o raciocínio visual,
através de imagens. Por exemplo, ela pode se fixar nas imagens de carrinhos se
deslocando por uma estrada, em uma aula de Física, e não entenderá o significado da
explicação do professor. Essa forma de raciocínio visual pode fazer com que uma
memória seja muito viva, fazendo a pessoa autista rir de suas lembranças ou, mesmo,
falar em voz alta o que está pensando. Autismo pode vir acompanhado de déficit de
atenção, que também cria situações desse tipo.
Desconfortos como dor, náusea, cólica (intestinal ou menstrual), “gastura”, angústia,
ansiedade, medo, taquicardia, alterações na pressão arterial, frio ou calor podem levar a
1 Diretores da AFAGA – Associação de Familiares e Amigos da Gente Autista
e da ABRAÇA – Associação BRasileira para AÇão por direitos das pessoas com Autismo
argemirogarcia@gmail.com mariene@lognet.com.br
(71)8798-6975 (71)9956-1736
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