quinta-feira, 21 de março de 2013

Superar ou se abater: o que é mais forte na iniciação esportiva de alguém com deficiência


Transformação
Superar ou se abater: o que é mais forte na
 iniciação esportiva de alguém com deficiência

O esporte paraolímpico já se tornou uma realidade no país. Os ótimos resultados recentes, seguidos de grandes lições de superação de nossos atletas, têm chamado a atenção de novos pessoas com deficiência. No entanto, ainda há uma barreira a ser quebrada no esporte: a da insegurança.
A verdade é que algumas pessoas ainda não conseguiram assimilar a mensagem dos ídolos do paradesporto, de amenizar e ignorar as dificuldades da deficiência. Assim, entrar em um esporte, às vezes, pode parecer um desafio maior do que é, de fato.
“Por falta de conhecimento, muitos familiares acabam blindando a pessoa com deficiência, por achar que eles são incapazes de algo, quando não é verdade. Aí, alguns trazem esse pensamento quando são apresentados ao esporte”, conta o técnico de futebol para deficientes visuais, do Rio de Janeiro, Pedro Menezes.
O perfil é totalmente oposto ao implantado no paradesporto. É verdade que alguma diferença física pode mexer com a cabeça do atleta, mas no esporte se aprende a ignorar quaisquer dificuldades. Sendo campeão ou não, a tendência é que o esportiva assimile a real condição de igualdade, como diz o técnico da Seleção de atletismo, Ciro Winckler:
“Estamos em um momento de mudança, mas de paradigmas também. Aqui eles são atletas que têm como uma das características a deficiência. Não são deficientes, naquela concepção de ‘coitadinho’. Isso, no esporte, não dá. Aqui não se tem ajuda, se tem patrocínio. O Alan Fonteles e o Johansson Nascimento, por exemplo, não são conhecidos por não terem as pernas e as mãos (respectivamente), são conhecidos por serem muito rápidos. Essa é a diferença”.
Mas a mudança de concepção já vem acontecendo. Prova disso é o aumento constante do número de paratletas no Brasil. Só para se ter uma ideia, na última edição das Paralimpíadas Escolares, em São Paulo, foram mais de 1200 inscritos. Essa quantidade, diga-se, foi a que classificou para o evento nacional. Se forem considerados os inscritos nas seletivas, esse número seria muito maior.
Quem comenta a mudança é o técnico de futebol de 5 do Instituto Superar, Renato Redovalio. Ele aponta essa como uma das modalidades mais difíceis de se praticar, mas entende que quando o atleta se adapta, os benefícios comportamentais crescem na mesma proporção.
“Muitos têm medo de bater um no outro, ou têm medo de correr sozinho em uma quadra,ou acham muito difícil. No futebol de 5, o jogador é totalmente independente, precisa ouvir o barulho da bola, o técnico, o chamador, o goleiro, isso com outros nove cegos em quadra, mas quem vê fica maravilhado e acha fantástico aquilo. Mas quem entra, fica maravilhado com a condição de superação, por poder jogar futebol sem ter a visão”.
O esporte segue fazendo bem sua parte no que diz respeito à inclusão social, mas se algumas das pessoas com deficiência permitirem, o resultado ainda pode ser muito maior.

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