quinta-feira, 14 de março de 2013

Humorista cadeirante é destaque em matéria da Folha de São Paulo




Posted: 13 Mar 2013 11:54 AM PDT
Fabricio Loureiro faz humor de situação
Perfil: Cadeirante, blogueiro de Araraquara faz humor de situação
“Fui para um centro de reabilitação, onde passei por vários médicos e fiz vários exames. Aí veio uma assistente social e me perguntou:
– ‘Já está sabendo das vantagens [em ser cadeirante]?’
– ‘Vantagens?’
– ‘Sim. Vantagens! Agora, na compra de um carro você tem 40% de desconto! Você pode viajar de graça de avião e o seu acompanhante só paga 20% da passagem!’
Caramba! Devia ter quebrado o pescoço antes, hein?”
É assim que Fabrício Loureiro, 31, o Brício Loureiro, de Araraquara (273 km de São Paulo) relembra no palco algumas das situações que vivencia desde 20 de novembro de 2010, data do acidente que o deixou tetraplégico.
Hoje, dois anos e quatro meses após quebrar a vértebra C5, lesionar a medula e perder todos os movimentos do pescoço para baixo em um acidente numa piscina, Loureiro se vê em uma situação que nunca imaginara viver: faz stand-up comedy (comédia feita por um humorista sozinho no palco).
Na época do acidente, Loureiro trabalhava como analista de marketing em São Paulo. Durante 90 dias, ele não conseguiu mexer nada do pescoço para baixo.
“Foram três meses de revolta. Eu tinha uma vida totalmente ativa e de repente vi aquilo tudo parar”, lembra.
Pouco tempo após sofrer a lesão, Loureiro passou pelo centro de reabilitação Lucy Montoro, em São Paulo.
Impossibilitado de trabalhar, mudou-se para a casa da mãe em Araraquara, onde vive atualmente.
Fabricio Loureiro no palco do Teatro Municipal de Araraquara - Edson Silva/FolhapressFabricio Loureiro no palco do Teatro Municipal de Araraquara – Edson Silva/Folhapress
APRENDENDO A VIVER
Depois, fez tratamento psicológico e foi “evoluindo”. “Para mim, a vida de cadeirante vai ser horrível para sempre. Mas é uma vida possível. Basta se adaptar à condição imposta.”
Com apoio de enfermeiros em casa e fisioterapia, já recuperou o movimento dos braços. Em vez de se “vitimizar”, como ele diz, resolveu buscar atividades que o ajudassem a se sentir útil.
“Comecei a procurar a internet. O que eu tinha no meu quarto? Um notebook e a possibilidade de ficar sentado.”
Loureiro resolveu criar um blog, além de canais de vídeo temáticos no YouTube. O blog “NãoConcreto” (www.naoconcreto.com.br) faz humor e tem de 30 mil a 40 mil visitas diárias.
CHEGADA AO STAND-UP
De olho no humor, Loureiro inscreveu-se em um concurso de comédia stand-up que garantiria um open mic (apresentação curta para iniciantes) no Comedians, em São Paulo, bar gerenciado por Rafinha Bastos e Danilo Gentili –humoristas que se tornaram sucesso no “CQC” e hoje têm programas próprios nas TVs Fox e Bandeirantes, respectivamente.
Mas ele não conseguiu. “Fui desclassificado porque citei o nome de uma empresa e isso não era permitido.”
A decepção não fez Loureiro parar. Por meio de um convite do blogueiro Rodrigo Fernandes, do blog Jacaré Banguela (um dos mais visitados do país), foi a uma gravação no Comedians com o humorista Marcos Castro.
“Era uma edição do quadro ‘Jacaré Banguela Fora do Ar’. Lá, eu e mais algumas pessoas que trabalham com humor para a internet sentamos juntos”, diz. Foi naquela noite que Loureiro começou a “trocar ideias” com Rafinha Bastos.
“Aí o Jacaré propôs: ‘Vamos fazer uma foto do Rafinha ajudando o Brício a atravessar a rua na cadeira de rodas, porque uma boa ação dessas do Rafinha ninguém divulga’.”
E assim foi. A foto “bombou” nas redes sociais. Loureiro começou a falar com Rafinha sobre o stand-up.
“Falei da vontade que eu tinha de contar piadas também”, conta. “Ele me incentivou. Como eu já fazia humor com o blog, decidi arriscar.”
A Folha tentou, mas não conseguiu falar com Rafinha.
A ENTRADA NO STAND-UP
O primeiro show foi no final do ano passado, num bar em Araraquara. “Fazia tempo que queríamos trazer uma atração de São Paulo para fazer um stand-up.”
Depois da ida à capital e dos incentivos recebidos, pôs a cara para bater. Na contramão de quem começa no stand-up, com textos de cinco a dez minutos, Loureiro montou um de uma hora.
“Minha primeira apresentação tinha umas 350 pessoas na plateia. Consegui fazer o povo rir do começo ao fim.”
A fisioterapeuta Lívia Cardillo, 30, assistiu a esse primeiro show. “Gostei muito. O Fabrício usa bastante o acidente dele e sua nova condição de uma forma que não é agressiva.”
A DEFICIÊNCIA NO SHOW
Nos shows, o humorista faz piadas sobre o cotidiano, com assuntos que estão na mídia, temas sociais e, claro, também sua condição de cadeirante.
“Levo ao palco experiências engraçadas que eu já vivi”, diz. “Muitas piadas são inventadas também.”
E como lidar de forma bem humorada com a reviravolta que a vida deu?
“A verdade mesmo é que todo palhaço é triste. Cada um sabe onde o calo aperta. O meu é a deficiência”, afirma. “Mas não me escondo atrás disso.”
Apesar dos elogios pelo bom humor, Loureiro também já travou embates pela internet. Um caso recente foi com o deputado Jean Wyllys (PSOL). Ambos trocaram farpas pela rede social Twitter após Loureiro discordar de um dos textos do parlamentar.
Wyllys rebateu e disse que “um ser unicelular deveria ser mais esperto” do que o humorista de Araraquara.
Loureiro dá risadas e quer rir mais. Continua apostando no blog, faz apresentações de stand-up pela região e ainda quer uma vaga no Risadaria, maior campeonato dessa categoria de comédia do Brasil.
“Também vou ser ‘residente’ no Almanaque, o primeiro bar em que me apresentei”, conta.
Os planos são ao menos uma apresentação por mês. A próxima será no dia 30.
O ator e comediante paulistano John Leitão, 34 (conhecido na web pelos vídeos de pegadinhas nas ruas de São Paulo), conhece Loureiro há poucos meses, mas já tem uma opinião sobre o talento dele.
“Ele tem futuro. Sabe lidar com a condição de cadeirante com humor.”
E Loureiro tem vontade de ir para o palco em pé? “Andando ou não, eu quero viver. Quando se tem uma lesão desse tipo, você perde sua intimidade, sua privacidade e sua liberdade.”
Ele diz que a lesão lhe tirou muitas coisas. “Menos a minha essência. Isso não vou perder nunca.”



Posted: 12 Mar 2013 02:01 PM PDT
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Sophie Morgan não sente nada do peito para baixo, mas garante que tem prazer. Conheça a sua história
Por: Marta Gonçalves Miranda
Sophie Morgan ficou paralisada após um acidente de automóvel em 2003. Tinha apenas 18 anos. “Sofri uma lesão na coluna vertebral, e desde então que não sinto nada do peito para baixo”, conta a britânica ao ‘Daily Mail’. “Mais ou menos no centro das minhas costelas para cima, porém, tenho mobilidade completa. A minha vida é passada sobretudo na cadeira de rodas. Mas eu tenho relações sexuais.”
Artista, modelo e apresentadora de televisão, em 2005 Sophie Morgan participou numa série da ‘BBC2’, ‘Beyond Boundaries’, onde viajou com um grupo de pessoas com deficiência para Nicarágua. Em 2008, participou no ‘Britain’s Missing Top Model’, um reality show de moda que procurava mulheres incapacitadas para serem modelos. Agora, Sophie fala abertamente sobre um assunto que é ainda um tabu para muitas pessoas: a vida sexual dos deficientes físicos. “As pessoas com deficiência têm sexo”, afirma. “E, mais importante do que isso, nós apreciamo-lo.”
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Nos primeiros meses após o acidente, Sophie Morgan passou por todo o tipo de emoções – negação, raiva, medo, depressão e, eventualmente, aceitação do que tinha acontecido. Durante esse período, a ideia de ter sexo nem sequer lhe passou pela cabeça. Os médicos também não lhe falavam sobre o assunto: cirurgiões, fisioterapeutas, psicoterapeutas, estavam todos mais concentrados em ajudá-la a retomar a sua vida do que a abordar essas questões.
“Assumi que a minha vida como paraplégica seria uma vida de celibato”, confessa Sophie. “Mas, então, aconteceu algo completamente inesperado.”
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Morgan apaixonou-se. Quando entrou para uma escola de arte, conheceu um surfista de cabelos compridos chamado Olly. A relação não durou muito, porém Sophie descobriu que afinal ainda conseguia ter prazer. “Eu conseguia sentir a penetração e, melhor ainda, ter orgasmos. Essas sensações eram sem sombra de dúvida diferentes das que tinha antes do acidente. Mas se era claro que o dano na minha medula espinal tinha afectado grande parte do meu corpo, outras vias nervosas estavam claramente a funcionar.”
Alguns meses depois, Sophie visitou um amigo da universidade, e foi apresentada aos seus colegas de casa. Foi nesse momento que conheceu Tom, de 28 anos. “O Tom e eu demo-nos bem, mas não aconteceu nada. Mais tarde, ele admitiu-me que apesar de me achar ‘linda’, assumiu que eu seria incapaz de ter relações ou filhos”, revela Morgan ao ‘Daily Mail’.
Tom acabou por perguntar ao amigo se Sophie podia ter sexo. “Eu costumo brincar a dizer que as únicas três coisas que as pessoas realmente querem saber sobre mim é: ‘podes ter sexo?’, ‘podes ter filhos?’ e ‘como é que vais à casa de banho?’”, brinca a jovem britânica. O amigo assegurou-lhe que sim, e pouco tempo depois começaram a namorar. “Eu não fiquei zangada, nem sequer surpreendida”, garante Sophie ao ‘Daily Mail’. “Afinal de contas, eu tinha pensado sobre o mesmo durante muito tempo.”
“Mas a minha experiência é a minha experiência”, continua. “Como qualquer incapacidade, a experiência de cada pessoa com deficiência é ligeiramente diferente. Só porque eu consigo sentir alguma coisa, isso não quer dizer que todos os paraplégicos consigam.”
É o caso de Berry West, 36, um artista amigo de Sophie. Após um acidente de automóvel, o jovem ficou paralisado do pescoço para baixo. Tinha 17 anos. Desde então, o sexo tornou-se um pouco diferente. “Eu não tenho qualquer sensação ou controlo do meu pénis, mas ainda sou capaz de dar prazer a uma mulher. Por isso acabo por apreciar o sexo, apenas de uma maneira diferente.”
Seis anos depois de ter começado a namorar com Tom, Sophie está noiva. “É triste descobrir quantas pessoas – incluindo alguns dos meus amigos mais próximos – permanecem inconscientes do facto de os indivíduos com deficiência quererem, precisarem e terem sexo. A importância da intimidade não pode ser subestimada”, afirma Sophie. “Todos nós – literal e figurativamente – merecemos um final feliz.”
Fonte: www.sabado.pt

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