Já havia algum tempo que estava
querendo postar um artigo sobre esse assunto. Hoje aconteceu comigo duas
situações completamente opostas, que me fez levantar a seguinte
questão: O que as crianças de hoje estão aprendendo sobre pessoas com nanismo,
ou qualquer outra deficiência? Será que estão tendo acesso a informação
adequada de acordo com a idade que se encontram? O papel é dos pais ou
da escola quando o assunto é respeito às pessoas com deficiência?
O respeito às pessoas com deficiência deve vir desde cedo
Vou relatar agora pra vocês as duas
situações que aconteceram comigo hoje, quando saía do meu trabalho. A
primeira aconteceu imediatamente após a minha saída, quando fui à uma
farmácia para comprar um remédio. Quando estava chegando em frente ao
estabelecimento, encontrei uma menininha que aparentava ter mais ou
menos 5 anos. A criança estava acompanhada da babá e conforme fui me
aproximando, ela me encarou com uma cara de medo e olhou para a babá
como quem diz “E agora?”.
Quando olhei para a babá, peguei ela falando “Cuidado! Ele vai te pegar“.
A moça ficou muito sem graça quando viu que eu estava olhando pra ela
no exato momento em que ela amedrontava a menina. Na hora confesso que
fiquei tão sem reação, que agora analisando com mais detalhes a
situação, me arrependo de não ter conversado com a babá.
A segunda situação aconteceu quando eu
já estava no ônibus. Me sentei e vi que ao meu lado se encontrava uma
mãe junto com seu filho de 2 anos e 10 meses. O menino me abordou como
se eu fosse o novo amiguinho de escola dele. Claro que depois vieram
perguntas como “Você é grande?” e “O seu pé é
pequeno?”, mas fiquei impressionado com a espontaneidade da criança
durante o resto do bate-papo. Quando chegou o ponto dele, eu já sabia
que se chamava Tales, tinha 2 anos, não gostava de tomar remédio, tinha
uma bota do Ben 10, carregava um gatinho de verdade na sua bolsa, ontem
tinha uma namorada que chamava Isabella e a de hoje ele nem se lembrava
mais do nome.
Esses dois contrastes me fizeram pensar se as crianças de hoje estão tendo a educação correta à respeito das pessoas com deficiência.
Uma boa parte das crianças que se deparam durante o dia comigo, ou com
outras pessoas com nanismo, sentem medo. Uma coisa que é absolutamente
normal quando se trata de algo novo, uma característica até então
desconhecida. Mas onde está a falha (se é que podemos chamar assim) que
faz esse medo persistir ou se transformar em deboche?
Se as escolas são as responsáveis pela formação de caráter
dos futuros adultos desse país, por que não ensinar as crianças desde
cedo a respeitarem as diferenças entre sexo, raça, cor, condição
financeira, cargo, idade, condição física ou mental? Se os pais também
partilham dessa responsabilidade, por que não falar sobre as pessoas com
deficiência quando as crianças começarem a questionar sobre as pessoas
não serem iguais?
Eu acredito que o respeito às pessoas com deficiência pode, e deve, ser ensinado desde cedo. Muita coisa poderia ser diferente se os pais começassem a trabalhar
em suas crianças o respeito ao coleguinha que tem autismo ou alguma
outra deficiência mental, física, auditiva ou visual. Se o prazer em
ajudar o próximo a pegar alguma coisa que estivesse fora do alcance,
atravessar a rua, resolver alguma dificuldade intelectual, fosse
disseminado de pai para filho. Se o respeito e o amor ao próximo fossem
ensinados como a matemática e suas contas de adição e subtração.
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