Blog do Prof de Ed. Física MSc SERGIO CASTRO,da Pós Graduação em Educação Especial e Tecnologia Assistiva da Universidade Cândido Mendes(AVM) ;Ex-professor da Universidade Estácio de Sá e Ex-Coordenador de Esportes para Pessoas com Deficiências (PcD) do Projeto RIO 2016 da SEEL RJ ,destinado a fornecer informações sobre pessoas com deficiência(PcD) e com Necessidades Educativas Especiais(PNEE), bem como a pessoas interessadas nesta área ( estudantes, pais, parentes, amigos e pesquisadores)
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
A DOMINÂNCIA LATERAL EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ME...
Dica do Professor: A DOMINÂNCIA LATERAL EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ME...: A História nos ensina que pessoas com alguma deficiência podem alcançar metas que muitos considerariam impossíveis. Devemos partir do princí...
COMO AVALIAR NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR?
Dica do Professor: COMO AVALIAR NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR?: Embora seja discutido há muito tempo, a avaliação ainda é um assunto polêmico no ambiente docente. Como avaliar? O quê avaliar? São question...
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Amor ao esporte supera deficiência física
Amor ao esporte supera deficiência física
Por Roberta Monteiro*
As pessoas com necessidades especiais que praticam o Remo contam com a vantagem de o esporte dispensar adaptações significativas, permitindo que os atletas com ou sem deficiências façam parte da mesma equipe e disputem em condições de igualdade. Os atletas mostram superação na prática da modalidade, e provam para a sociedade que é possível praticar esporte em conjunto apesar das dificuldades físicas.
O clube Botafogo foi um dos pioneiros no trabalho com os portadores de deficiência, e desenvolve atividades esportivo-sociais desde 2004 para deficientes. O responsável pela equipe de remo era o professor Rafael Ceccon de Araujo, ex-remador do Botafogo, Bacharel em Educação Física pela Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ) e auxiliar técnico da seleção brasileira que disputou o Campeonato Mundial na Inglaterra. Além disso, Rafael foi membro da comissão técnica da seleção brasileira de remo adaptado. No próximo ano ele retorna ao clube após um período de estudos na Tailândia. O clube Botafogo tem grandes expectativas para os próximos Jogos Paraolímpicos de 2016, que acontecerão no Brasil. O objetivo do esporte é um desenvolvimento pessoal dos atletas portadores de deficiência, para evolução, onde as pessoas possam se perceber parte ativa e ser espelho um dos outros.
O grande destaque da equipe de remo é o atleta Isaac José Ribeiro, cinco vezes campeão brasileiro de remo e sete vezes campeão Estadual do Rio de Janeiro.Mineiro – ele mora no clube de remo do Botafogo, na Lagoa, há 7 anos – , Isaac veio para o Rio de Janeiro embalado pelo sonho de praticar futebol. Como nasceu com problemas nas pernas, foi obrigado afastar sua modalidade preferida da lista. Outra dificuldade ocorreu na busca para encontrar uma escola que atendesse seu tipo de deficiência. Ele conta que, quando nasceu, o médico dissera, conforme relatos da família, que jamais conseguiria andar. Mas o remo mudou sua vida. Determinado, Isaac não desistiu de lutar pelo seu sonho de praticar um esporte, até entrar para a Escola de Remo do Botafogo, que se tornou sua grande motivação de vida. Hoje em dia é um dos principais remadores do clube.Isaac não esmorece. Todos os dias, as seis da manhã, põe seu barco nas águas da Lagoa Rodrigo de Freitas. “Tenho limitações como todos, mas realizei meu sonho de conseguir a classificação para os Jogos Paraolimpíadas de 2012. Infelizmente não ganhamos medalha, meu barco ficou na sétima colocação. Agora quero a medalha em 2016. Declarou.O Clube Botafogo tem grandes expectativas para os próximos Jogos Paraolímpicos de 2016 que acontecerão no Brasil. Isaac Ribeiro faz parte do Instituto superar, patrocinador de atletas Paraolímpicos, e foi convidado por Fernando Fernandes, Ex- BBB e tricampeão mundial em paracanoagem, para também praticar a canoagem. O atleta treina no clube Rio Va’ e se prepara para competir o brasileiro no próximo mês, em Mato Grosso. A competição vale vaga para o Campeonato Mundial de Paracanoagem ano que vem na Alemanha.
“Eu falei que queria fazer canoagem e ele me ajudou, hoje somos amigos, mas não estou abandonando o remo. Estou treinando muito. Quero ser o melhor nos dois esportes. Ganhando o Campeonato Brasileiro de Canoagem posso entrar para história, sendo o primeiro atleta a ganhar duas competições em esportes diferentes: Brasileiro de Remo e de Canoagem”. Completa.O esporte apresenta exemplos a serem seguidos,como Isaac que mostra para sociedade e governo a capacidade dos portadores de deficiências e a importância da inclusão social.
*Roberta Monteiro é aluna da 9a turma de pós-graduação em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte
Nanismo em Foco: Vagas de Emprego para Deficientes #5
Nanismo em Foco: Vagas de Emprego para Deficientes #5: Bom pessoal, estamos aqui hoje para divulgar mais uma vaga que chegou ao Nanismo em Foco. A ideia do quadro é ajudar pessoas com deficiên...
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
EDUCAÇÃO INCLUSIVA POR MEIO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS ESPECIAIS
EDUCAÇÃO INCLUSIVA POR MEIO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS ESPECIAIS |
Francisca Catarina de A.Rodrigues[1]
RESUMO: Este artigo trata da educação inclusiva por meio dos recursos tecnológicos. Assim, objetivamos refletir sobre as possibilidades de inserção de alunos da educação especial na escola regular. A metodologia é a de cunho qualitativo, com descrição das atividades observadas durante o desenvolvimento do Projeto Inclusão Digital na Educação Especial para alunos matriculados na Escola Estadual Criança Cidadã, no Município de Cáceres – MT. Para tanto, nos fundamentamos nos seguintes autores, MONTOAN (1989), FREIRE (2003), BRENELLI (2003), BERSCH (2006) e TONOLLI (1998).
Palavras-chave: inclusão, tecnologia, educação.
I – Introdução
Considerando que o ministério da Educação e Cultura - MEC e a Secretária Estadual de Educação e Cultura - SEDUC vem incentivando a Educação Inclusiva aos alunos com necessidades educativas especiais, decidimos fomentar um incentivo aos alunos da sala especial, no ano letivo de 2010, da Escola Estadual Criança Cidadã, estes entre a faixa etária de
Diante do papel do educador, neste trabalho, objetivamos enfocar como ocorre o incentivo aos alunos da Educação Especial no ensino, proporcionando-lhes um melhor aprendizado e contribuindo para as possíveis mudanças de postura e elevação da auto estima de cada aluno participante do Projeto Inclusão Digital.
Com o uso da tecnologia da informação/comunicação, buscamos relacionar teoria à prática, pautados na reflexão de Freire (2003). Segundo o autor, o ato do conhecimento requer praticar para aprender e aprender para praticar. Esta concepção estende-se aos “educando e educadores” nos seus fazeres pedagógicos, para serem ousados em desenvolver métodos que possam dar resultados.
Neste sentido, reportamo-nos aos conceitos de Montoan (1989), quando refere-se aos métodos e técnicas de ensino e problemas de aprendizagem, citando as idéias e técnicas de Freinet, dizendo que Falar, ler e escrever representam, no seu entender, conquistas humanas que seguem os mesmos princípios da aquisição de todo e qualquer outro conhecimento.
Nesta perspectiva, o projeto inclusão digital nos possibilitou desenvolver atividades para incentivar os alunos especiais no processo de ensino e aprendizagem, fortalecendo seu interesse por meio dos meios tecnológicos como: o computador, a máquina digital, o celular, máquina calculadora, etc. Essas atividades foram pautadas na Inclusão Digital, meio pelo qual pode servir de trampolim para os alunos especiais desenvolverem-se na questão da oralidade, coordenação motora e habilidades para manusear os aparelhos, meios que até então eram atividades acessíveis aos alunos da sala de ensino regular.
II. EDUCAÇÃO ESPECIAL E TECNOLOGIA: PARCEIRAS PARA A MOTIVAÇÃO DO ALUNO ESPECIAL
Segundo as considerações da WIKIPÉDIA, a educação especial é uma educação organizada para atender específica e exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais, no entanto, o sistema regular de ensino precisa ser adaptado e pedagogicamente transformado para atender de forma inclusiva. Dentro de tal conceituação, inclui-se
A sala de aula convencional tem sido, normalmente, um espaço fechado dotado de quadro e giz, cujo processo está centralizado na comunicação oral. Porém, em um contexto onde a tecnologia entra como coadjuvante do processo de ensino-aprendizagem a sala de aula perde essa centralidade, toma outro sentido, o da multirreferencialidade (RONCARELLI, 2010, p. 10).
Desta maneira, entendo que na Educação Especial, a pedagogia utilizada deve destinar-se não apenas a ler e escrever mas para desenvolver habilidades dos alunos de acordo com a capacidade de cada um, devendo ser oferecido atividades que dêem oportunidades aos alunos especiais presentes no ensino regular .
III - A IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS: UMA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA
Defendemos a importância do uso de recursos tecnológicos como motivação para a aprendizagem dos alunos especiais. Para tanto, fundamentamo-nos na teoria de Brenelli (2003, p. 15), que defende o “uso dos jogos como estratégia de interação pedagógica nos processos de desenvolvimento e aprendizagem de crianças com dificuldades de aprender”, bem como, no conceito de Tecnologia Assistiva, dos teóricos Bersch (2006) e Tonolli (1998), ambos os autores enfatizam a “utilização de Recursos tecnológicos, desde uma simples bengala a um sistema complexo: serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e promover a autonomia para o estudo. Assim, acreditamos que os softwares e jogos, pelo seu conteúdo e forma com que orienta suas estratégias de atividades conjugado às dificuldades dos alunos, são os principais motivações dos trabalhos no desenvolvimento de aprendizagens, conforme o planejamento do tutor no desenvolvimento de um projeto que apresenta resultados significativos e imediatos no envolvimento dos educandos especiais.
Penso que o uso de recurso tecnológico pode proporcionar maior incentivo para o aluno especial, como forma de superação, especialmente no uso de recursos visuais oferecidos pelo acesso ao computador como fotografias, filmagens, etc, pois os alunos com necessidades educativas especiais se apropriam das imagens e aprendem com maior facilidade.
Antes dos trabalhos desenvolvidos na sala especial com o Projeto de Inclusão Digital, constatou-se que não havia uso dos meios tecnológicos nas atividades oferecidas aos alunos, apesar dos recursos do computador na sala. Talvez, por falta de incentivo e/ou medo do novo, os alunos não conseguiam nem mesmo pôr as mãos no teclado, não faziam uso de celular, nem máquina digital, recursos disponíveis na escola e que são disponibilizados para os trabalhos pedagógicos com os alunos da sala do ensino regular.
Numa reunião feita com os pais, antes da execução do projeto, observou-se pelos seus comentários, que nem mesmo os pais davam oportunidades para os filhos fazerem uso desses aparelhos em casa, especialmente o uso do computador e da máquina digital, embora os mesmos sejam de fácil acesso pelos demais membros da família, aqueles considerados “normais”. A partir dessas informações, buscamos incentivar os familiares e os alunos a realizarem tarefas convencionais pertinentes aos conteúdos da áreas de conhecimento destinados aos alunos do ensino regular, foi oferecido a oportunidade aos alunos especiais através do uso do computador para trabalhar usando softwares como os jogos Ariê (Krafthaus.com) e, assim, superando algumas dificuldades de aprendizagem. Foram utilizados softwares com programas de jogos como o Jogo Ariê, onde trabalha-se atividades para colorir figuras de paisagens, objetos, frutas, etc., colocar as frutas nos cestos com os seus respectivos nomes ajudando a conhecer letras do alfabeto, fazer leitura de palavras, unidades, cores, formato e as variedades de frutos; jogo de memória - estimulando os alunos a encontrarem as peças iguais; vencer obstáculos reconhecendo o objeto e juntando as figuras aos seus respectivos nomes.
Nas atividades com o Software, os alunos inicialmente apresentaram dificuldades de aprendizagem, mas utilizamos diferentes estratégias e exercícios para haver a superação destas dificuldades perceptivas – mobilidade ocular, direção e percepção de formas; dificuldades psicomotoras – estratégias para melhorar a dimensão cognitiva; dificuldades para memorizar - estratégias para desenvolver a qualidade da memória e melhorar a retenção da informação, agrupando elementos por categoria, utilizados também no jogo Ariê; estratégias para melhorar a qualidade visual: cores, formas, gráficos – apresenta-se objetos do uso comum, gravuras familiares pedindo que os alunos nomeie os objetos (pelo menos verbalmente); para melhorar a atenção – ajudar a criança a descobrir e selecionar a informação mais importante, organizá-la e sistematizá-la entre outros, supervisioná-los em recreios e horas livres, reforçando seu acompanhamento positivo com reconhecimento, elogios, etc.;estimulação da linguagem compreensiva e expressiva – desenvolvimento do vocabulário: expressão oral, habilidade em escutar, permitir que a criança fale com liberdade, estimulando e orientando a expressão oral; na leitura e escrita – estratégias e atividades para melhorar a aprendizagem da leitura : reconhecimento e identificação das letras e de palavras de uso frequentes; percepção visual – estímulos visuais adequados – figuras de flores, animais, paisagens, geométricas, completar desenhos, usar a lousa para escrever seu nome, nomes de figuras, desenhar, etc.
Percebemos que os Jogos Interativos chamaram atenção dos educandos especiais: Alfabeto – para selecionar as cores e pintar as letras do nome; formas: círculos de cores – seleciona-se as cores para pintar os círculos com cores correspondentes; colorir figuras segundo a sua forma; pintar os arcos conforme cores correspondentes; direção de flechas – trabalha-se cores e direção; colocar nomes nas figuras para identificá-las arrastando a palavra para identificar o desenho; sopa de letras para identificar e circular as palavras ao lado e encaixe de peças – arrasta-se a peça que se encaixa na respectiva figura.
Outra atividade que os alunos se envolveram com intensidade foi o uso da máquina digital e do celular, instrumentos utilizados para fotografar os ambientes da escola, especialmente, o pátio escolar, alunos de sala do ensino regular, jardim e horta (projetos desenvolvidos na escola), visitação no laboratório, projeção de filmes no data show para ampliar as informações áudio visuais.
IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer do desenvolvimento do projeto, observou-se que os alunos aumentaram significativamente a auto-estima, mostraram-se mais alegres e animados ao participar das atividades, interagiram com outros alunos do ensino regular no recreio, nas apresentações, sem hesitação. Todas as atividades foram mediadas pelo tutor, mas com resultados visivelmente positivos.
Em relação à participação em sala de aula, os professores relatam que os alunos já estão copiando palavras, conhecendo cores, escrevendo o nome, fotografando, interagindo com seus colegas do ensino regular. Quanto aos pais, eles relatam que estão mais confiantes de que os filhos são capazes de aprender, estão mais comprometidos, participativos nas reuniões, onde são estimulados a dedicarem mais atenção e carinho aos seus filhos. Esses fatores são fundamentais e se refletem no comportamento familiar.
Espera-se que no final do projeto, os alunos estejam com mais facilidade para desenvolver atividades que são oferecidas aos alunos do ensino regular como também aquelas realizadas com o “uso da tecnologia”, dentro de suas limitações, bem como, que a auto-estima esteja cada vez mais elevada e que esse trabalho sirva de trampolim para a inserção desses alunos no ensino regular.
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MANTOAN, Maria Teresa Egler. Compreendendo a deficiência Mental. Novos Caminhos Educacionais. São Paulo: Scipione, 1989. 167p.,
BRENELLI, Rosely Palermo. O jogo como espaço para pensar: A Construção de Noções lógicas e Aritméticas. 4ª Ed. Papirus. 2003.
< BERSCH, Rita. ATACP 2006 – Assistive Technology Applications Certificate Program pela CSUN California State University – Northridge – EUA/membro da ISAAC – International Society for Augmentative and Alternative Communication) > Acesso em: 21/09/2010.
CERINO, Jarbas. Eventos/Formações/Projetos/Ciranda Cultural, 2009
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo:Cortez, 2003.
RONCARELLI, Dóris. In: Revista Direcional Educador. Educação a Distância no Brasil: perspectivas de ação e formação docente. Ano 6 – edição 66 – julho/2010.
< TONOLLI, José Carlos. ATACP 1998 – Assistive Tecnology Applications Certificate Program pela CSUN California State University – Northridge – EUA> Acesso em:
[1] Profissional da Educação lotada na Escola Estadual Criança Cidadã Cáceres –MT.
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O COMPUTADOR COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA ALFABETIZAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
O COMPUTADOR COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA ALFABETIZAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Juzelina Sena da Silva
Marilucy Silva
Rosa Antônia Alves Pereira Pegaiani[1]
RESUMO: Dentre os estudos realizados na educação especial com foco na informática, nos apoiamos na teoria construtivista de Seymour Papert, autor que defende o ensino através do computador pelo fato de que a interação entre a criança e a máquina auxilia no processo de percepção e de aprendizagem. Desse modo, a educação, em todos os seus níveis, deve procurar ser integradora, e para isso, os educandos devem sentir prazer na realização das atividades escolares. Portanto, neste artigo objetivamos abordar sobre os benefícios que o uso do computador oferece para a educação especial no processo de ensino e de aprendizagem, bem como, à socialização dos educandos.
PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização. Informática. Educação Especial.
1. Introdução
Pensar em Educação Especial deixou de ser hoje uma busca pelo incerto. Em razão disso, muitos meios foram criados para facilitar o processo de ensino e de aprendizagem às Pessoas com Deficiências. Nesse ínterim, o computador vem avançando no tocante à alfabetização dessas pessoas, pois além de promover a integração social delas, oferece a possibilidade de criação e demonstração de diferentes capacidades dos educandos, pois se observa a dificuldade de muitos educadores em prender atenção dos mesmos às aulas tradicionais, considerando que a interface computacional utilizando-se da multimídia é uma grande motivadora aos educandos.
O desenvolvimento tecnológico propiciou ao homem um grande potencial de descobertas. Essa assertiva pode ser verificada na história, pois foi com o desenvolvimento tecnológico que o homem chegou a patamares de domínio de determinadas técnicas e conhecimentos nunca alcançados nos mais diversos campos do saber.
Na área de informática essa evolução se deu por um processo rápido, que causou espanto a muitos e culminou na definição dos países que comandam o planeta. Não só no campo político, mas na área como educação pode-se notar os reflexos do desenvolvimento da informática.
No que tange a educação não é diferente. Cada vez mais a informática em aperfeiçoando os métodos de ensino. Softwares específicos para o auxilio na aprendizagem em diversos níveis do conhecimento estão sendo desenvolvidos com grandes inovações e também com um bom aceite pela sociedade.
Na educação especial, também são desenvolvidos softwares desse tipo, para auxiliar os educandos especiais na aprendizagem. Programas com figuras, jogos de raciocínio, exercícios de aprendizagem dedutiva, dentre outros, estão proporcionando aos educandos especiais uma nova maneira de aprender. Por meio dela eles experimentam vivenciar diferentes experiencias, organizam ideias, analisam, planejam e criam o que reflete diretamente na sua auto-estima, por adquirirem maior confiança em si e na sua capacidade de aprendizagem.
2. Alfabetização e tecnologia no processo de ensino e de aprendizagem
Segundo Vygotsky (1989, p. 150), “[...] aprender a escrever, alfabetizar-se, é mais do que aprender a grafar sons; significa construir uma nova inserção cultural”. Sendo assim, este recurso, ou seja, os softwares educacionais conseguem não só atenção como a proeza de aulas mais interessantes, animadas e criativas que detém a atenção e fixação da aprendizagem. Ressaltando-se que o computador não substitui o educador, mas é mais um recurso pedagógico que se utiliza para melhorar a qualidade do ensino.
Na educação especial, a atenção com o educando deve ser maior e, o uso de um recurso que promova a facilitação da aprendizagem é de grande valia para o educador, pois assim os educandos podem aprender mais e com maior qualidade.
Apontamos aqui os benefícios que a utilização do computador como facilitador na educação especial pode proporcionar neste tipo de ensino. Para isso, estudos foram feitos acerca do respectivo tema, demonstrando o grande auxilio que este recurso presta a educação de um modo geral, e, consequentemente o grande desenvolvimento obtido por educandos especiais em contato com o computador. Desse modo, Papert pondera que "[...] tecnologia não é a solução, é somente um instrumento. Logo, a tecnologia por si não implica em uma boa educação, mas a falta de tecnologia automaticamente implica em uma má educação" (2001, p.2).
A informática educativa na educação especial caminha a passos largos, diminuindo distancias entre os seres, fato este que leva os educandos a uma contextualização do futuro que acontece a partir do momento atual. Portanto, um novo paradigma educacional determina a escola como ambiente criado para uma aprendizagem rica em recursos, possibilitando ao educando a construção do conhecimento a partir de uma individualização estilística de aprendizagem.
Nesse contexto, a figura do educador é de um mediador, co-parceiro do educando, buscando e interpretando de forma critica as informações, pois este mesmo educador passa a contar com o desenvolvimento tecnológico de informações, levando o educando a um novo centro de referencia educacional, utilizando-se de uma nova forma de trabalhar, possibilitando ao mesmo aprender com uma maior rapidez, renovando o aprendizado constantemente.
O computador na educação especial funciona como uma máquina de evolução e de renovação tecnológica abrangente, fato de uma socialização emergente de uma nova sociedade, formador dos alocados no interior da construção do conhecimento como um todo reflexivo da afetividade social.
[...] O computador, por excelência, é simbólico, alem do que, aprender com o computador não e possuir informações, senão saber acessar e processar a informação; é interativo, envolve uma comunicação com a maquina, que favorece a tomada de consciência, pelo educando, no planejamento de suas ações, no processo de reflexão sobre suas ações e no controle sobre sua aprendizagem; é dinâmico e integrador, de distintas notações simbólicas, favorecendo as relações de uma notação simbólica a outra, bem como a descontextualização e a transferência, é motivador, pois permite a criação de micro mundos relacionados a situações do mundo real (SANTAROSA, 2002, p. 12).
A educação especial é hoje um grande referencial para o ensino de qualquer nível, pelo fato de que a preocupação com o educando é o fator primordial de todo o processo de ensino-aprendizagem. Nesses contextos, vários são os recursos que vem sendo utilizados para que a integração dos educandos com deficiência seja mais satisfatória, atingindo níveis cada vez melhores.
Recursos como a televisão, jogos e revistas são bem aceitos pelos educadores, que trabalham questões teóricas e práticas inovadoras facilitadas por recursos tecnológicos.
Atualmente, o computador vem ganhando um grande espaço no âmbito escolar e mostra ser o recurso mais recomendado para o desenvolvimento do educando. O computador é uma maquina aberta a possibilidades, comandos feitos pelo agente, funcionando como um “tradutor” da vontade de quem opera.
Os educandos especiais, em grande parte, possuem dificuldades com relação à comunicação e entendimento com o mundo e com as pessoas. Por isso, a inserção do computador no processo de aprendizagem facilita a interação desses educandos com os conteúdos, pois, eles terão chance de demonstrar o que querem.
O computador oferece a oportunidade ao educando de revelar ao mundo sua capacidade frente às situações de desafios, utilizando de softwares voltados a suas dificuldades como: DOSVOX – cegos; H-QUÊ – editor de histórias; Jogos Interativos, Sites de alfabetização; PAINT; Micro mundos e outros abrem possibilidades a essa busca de informações e aprendizagem onde a deficiência seja ela física, mental, visual, auditiva ou múltipla são superadas com as adaptações simples ou complexas feitas por materiais reciclados ou não, ou seja, ponteira improvisada com o próprio lápis, o levantar do teclado, ou até mesmo o engrossar do lápis permitem a pessoa com deficiência não sentir-se excluído, mas sim capaz de conquistar e participar dessa conquista.
Para que o ensino possa oferecer ao educando condições para que seu potencial intelectual seja explorado, acreditamos ser a abordagem construtivista a mais adequada. Nesse tipo de abordagem o educador apenas auxilia o educando na realização das tarefas, porém, quem constrói o conhecimento é o próprio educando, pois é ele quem realiza os comandos e também quem possui o poder de decisão sobre o que fazer para atingir seus objetivos.
Esse modo de trabalhar oferece além de uma aprendizagem inovadora um sentimento de conquista que o educando sente ao ver a tarefa que foi idealizada foi concluída com êxito e sem a intervenção decisiva de outrem. Assim, podemos observar que o interesse pelo ensino é bem maior, em razão de o educando ter consciência do que é capaz, de que possui potencial.
3. Considerações Finais
Acreditamos que as novas tecnologias vêem ao encontro das dificuldades das pessoas com deficiência, bem como, meio para facilitar sua comunicação e interação com tudo àquilo que as cercam, pois o computador é o caminho à conexão com o mundo, significando novas aprendizagens, interação, informação, terapia, enfim, a própria independência.
As interfaces oferecidas possibilitam comunicação e autonomia onde à aprendizagem deve ser voltada ao aprendiz e suas necessidades utilizando de softwares que permitam a ele ser construtor do seu próprio conhecimento.
4. Referências Bibliográficas
PAPERT, Seymour: A Máquina das Crianças. Repensando a Escola na era da Informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
PAPERT, S. Constructionism: a new opportunity for elementary science education. Massachusetts Institute of Technology, The Epistemology and Learning Group. Proposta para a National Science Foundation, 1986.
PAPERT, S. Education for the knowledge society: a Russia-oriented perspective on technology and school. IITE Newsletter. UNESCO, No. 1, janeiro-março 2001.
SANTAROSA, L.M. C Ambientes Digitais de Aprendizagem e Inclusão – mediação pelas áreas de desenvolvimento potencial de pessoas com necessidades educativas especiais. Cadernos de Educação Especiais, Univ. Federal de Santa Maria, v.20, p. 13- 30, 2002.
VALENT, José Armando (org.) Liberando a Mente: Computadores na Educação Especial. Campinas; Gráfica Central UNICAMP, 1991.
VALENT, José Armando & FREIRE, Maria Pereira. Aprendendo para a Vida: Os Computadores na sala de aula. São Paulo: Cortez, 2001.
Vygotsky. L.S. 1987. A formação social da mente. Tradução José Cipolla Neto; Luiz Silveira Barreto; Solange Afeche. SP, Martins Fontes, 1987.
______. A formação social da mente. Tradução José Cipolla Neto; Luiz Silveira Barreto; Solange Afeche. SP, Martins Fontes, 1989.
[1] Profas da Rede Estadual de Ensino do Estado de Mato Grosso, Polo de Cáceres-MT.
Inclusão escolar: um reflexo da prática docente
Inclusão escolar: um reflexo da prática docente |
Ana Luiza Araujo Silva¹
Izaura Crinxenowisck Detoni²
RESUMO: este artigo enfocará uma pesquisa sobre inclusão escolar na concepção do professor, objetivamos tecer algumas considerações sobre a prática pedagógica voltada à inclusão de alunos especiais em sala de aula no ensino regular. A metodologia é a qualitativa, por meio da qual aplicaremos um questionário com perguntas condutoras aos professores em atuação no ensino regular da escola pública e da particular, no município de Cáceres. O embasamento teórico terá a contribuição de Alves (2011), Bergamo (2009), Facion (2009), Fernandes (2007) e Ferreira (2003).
PALAVRAS-CHAVE: Educação. Inclusão. Professores.
Por considerarmos necessária a análise sobre o desenvolvimento da mudança de ensino a qual passa a admitir no ensino regular os alunos considerados portadores de necessidades especiais, sugerimos a reflexão sobre a prática pedagógica dos professores voltada a esses alunos em sala de aula.
O objetivo é abordar sobre a Inclusão, algo que temos muito que aprimorar em nossa prática docente, evidenciando a importância de entendermos e pesquisarmos sobre este assunto tão necessário para nós como futuros professores. O estudo foi fundamentado mediante a análise de um questionário aplicado aos professores, atuando no ensino regular em escola pública e particular no município de Cáceres.
A Educação Especial é o ramo da educação, que ocupa-se do atendimento e da educação de pessoas com necessidades especiais em instituições especializadas, tais como escola para surdos, escola para cegos ou escolas para atender pessoas com deficência mental. A educação especial realiza-se fora do sistema regular de ensino. Nesta abordagem, as demais necessidades educativas especiais que não se classificam como deficiências não estão incluídas. Atualmente, a inclusão é um assunto tratado com bastante integridade, em alguns lugares no país, é um assunto bem resolvido em outros, por isso os estudos ainda estão em fase inicial no Brasil.
Segundo Ferreira (2003), a Educação especial passou por quatro fases: 1ª fase do extermínio, 2ª fase assistencionalismo/filantropia, 3ª fase instunalisionação/ segregação e 4ª a inclusão. Na fase do extermínio as escolas não eram legalizadas, filósofos falavam da origem da vida, os valores que prevaleciam era a conquista de terras, nessa sociedade os escravos e as pessoas com deficiência eram exterminados, eram abandonadas a própria sorte, eram comidas de leões e não tinham direito a vida. As deficiências eram tidas como maldição, por isso os atos de extermínio eram justificados para que pessoas assim não contaminassem as outras.
De acordo com Ferreira (2003) a atenção diferenciada inicia-se na transformação da sociedade no período do feudalismo o advento ao Cristianismo a idéia de um único Deus. Esse Deus que determina o certo e o errado e diz que não é certo que todos não tenham direito a vida. Nesse momento, a educação era somente para os nobres, as pessoas tinham direito a vida, apenas a vida. Neste contexto as pessoas com deficiências sobreviviam através de esmolas, à deficiência era explicada porque Deus castigava. A igreja explicava que essas pessoas estavam aqui para pagar seus pecados e de suas famílias, por exemplo, se sua mãe tivesse cometido o pecado alguém pagaria nas próximas gerações.
Esse período foi marcado pela rejeição a pessoa com deficiência que, durante vários séculos, não podia usufruir do convívio social, devido a limitações e impedimentos, porque era considerada indigna, inclusive, de obter educação escolar. Em casos extremos, não podia sequer ser tocada (FERREIRA, 2003, p. 65).
Até o século XVI, as pessoas com algum tipo de deficiência eram excluídas de todo o tipo de aprendizagem, a escolarização para essas pessoas, inicia-se no século XVIII, na França, primeira Instituição de estudos para cegos. No Brasil a Deficiência Visual 1854 e Surdez em 1857 eram dois grupos que poderiam produzir trabalho, surgem: Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) Instituto Benjamin Constant (EBC).
Em 1948 a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece a igualdade, liberdade entre todo o movimento pela integração, decorrente da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os direitos das pessoas com deficiências começam a entrar em discussão, iniciam-se as inserções das crianças nas escolas, mas ainda em classes especiais.
Então, se criam as APAES no Rio de Janeiro, um grupo de pais americanos que queriam atenção para seus filhos. No entanto, conforme Fernandes (2007), as escolas especiais APAES e Pestalozzi atendem as necessidades, porém, não é inclusão, considerando que o sentido desta não é só fazer o diferente ser igual e sim aceitar suas diferenças, aprendendo com elas.
Na década de 1970, estudiosos passaram a conceber a ideia de modificabilidade cognitiva, acreditando na possibilidade e no potencial do aprendizado da pessoa com deficiência. Ocasionando uma intensa mudança de paradigmas, em direção a ideias de educação inclusiva. Determinando assim a concepção de que as escolas comuns podem inserir alunos com necessidade especiais em salas regulares. Segundo Ferreira (2003, p. 98) “este novo pensar intensifica as discussões sobre integração/ inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de ensino, no cenário internacional e nacional”.
Passa-se então a conceber a escola inclusiva, como espaço educativo aberto, em que cada criança possa encontrar resposta a sua individualidade e diferença, inserindo o individuo com necessidades especiais em um ambiente que não haja descriminação, em que todos saibam lidar com as diferenças, respeitando as limitações de cada um.
O Papel da Educação Especial é integrar os alunos no contexto regular, porém, não são todos que vão para a escola regular. Na década de 90 inicia-se a inclusão. Com Declaração de Salamanca (1994) Documento altamente progressista que aborda o dever das instituições escolares em estar inserindo, todas as crianças, indiferentes das desigualdades, pois são todas iguais, e que as escolas devem se ocupar das diferenças, ou seja, cabe à escola propiciar a adaptação dos alunos em seu meio.
3. Evolução: Novo Pensar Sobre a Educação
A Educação Inclusiva é o resultado de muitas discussões, estudos teóricos e práticas que tiveram a participação e o apoio de organizações de pessoas com deficiência e educadores, no Brasil e no mundo. Fruto também de um contexto histórico em que se resgata a Educação como lugar do exercício da cidadania e da garantia de direitos. Isto acontece quando se preconiza, por meio da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), uma sociedade mais justa em que valores fundamentais são resgatados como a igualdade de direitos e o combate a qualquer forma de discriminação.
Assim, percebeu-se que as escolas estavam ferindo estes direitos anteriormente apresentados, tendo em vista os altos índices de exclusão escolar; populações mais pobres, pessoas com deficiência, dentre outros, estavam sendo, cada vez mais, marginalizadas do processo educacional.
A Declaração Mundial de Educação para Todos, a Declaração de Salamanca (1994) e a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência (1999) são alguns dos mais importantes documentos produzidos sobre esse assunto. No entanto, tivemos varias documentados fundamentando esta mudança no contexto educacional, conforme segue um breve descritivo destes:
Em 1948, a Declaração Universal de Direitos Humanos (ONU) estabelece que os direitos humanos sejam os direitos fundamentais de todos os indivíduos. Todas as pessoas devem ter respeitados os seus direitos humanos: direito à vida, à integridade física, à liberdade, à igualdade, à dignidade e à educação.
Em 1971, a Declaração dos Direitos das Pessoas Mentalmente Retardadas (ONU) proclama os direitos das pessoas com deficiência intelectual.
Em 1975, a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU) estabelece os direitos de todas as pessoas com deficiência, sem qualquer discriminação.
Em 1980, a ONU estabelece metas aos países membros para garantir igualdade de direitos e oportunidades para as pessoas com deficiência.
Em 1983-1992, as Nações Unidas para as Pessoas com Deficiência, os países-membros adotaram medidas concretas para garantir direitos civis e humanos.
Em 1990, a Conferência Mundial sobre Educação para Todos (ONU) aprova a Declaração Mundial sobre Educação para todos (Conferência de Jomtien, Tailândia) e o Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem; promove a universalização do acesso à educação.
Em 1993, as Normas sobre Equiparação de Oportunidades para Pessoas com Deficiência (ONU) estabelecem padrões mínimos para promover igualdade de direitos (direito à educação em todos os níveis para crianças, jovens e adultos com deficiência, em ambientes inclusivos).
Em 1994, a Declaração de Salamanca trata dos Princípios, Política e Prática em Educação Especial, proclamada na Conferência Mundial de Educação Especial sobre Necessidades Educacionais Especiais. Esta reafirma o compromisso para com a Educação para todos e reconhece a necessidade de providenciar educação para pessoas com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino.
Em 1993, a Declaração de Manágua, com Delegados de 39 países das Américas, exigem inclusão curricular da deficiência em todos os níveis da educação, formação dos profissionais e medidas que assegurem acesso a serviços públicos e privados, incluindo saúde, educação formal em todos os níveis e trabalho significativo para os jovens.
Em 1999, as Convenções Interamericanas para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência, em Guatemala, condena qualquer discriminação, exclusão ou restrição por causa da deficiência que impeça o exercício dos direitos das pessoas com deficiência, inclusive à educação.
Em 1999, a Declaração de Washington com Representantes dos 50 países no encontro “Perspectivas Globais em Vida Independente para o Próximo Milênio”, Washington DC, Estados Unidos, reconhecem a responsabilidade da comunidade no fomento à educação inclusiva e igualitária.
Em 2002, a Declaração de Caracas constitui a Rede Ibero-americana de Organizações Não-Governamentais tratando dos direitos de Pessoas com Deficiência e suas Famílias. Esta visava a promoção, a organização e a coordenação de ações para defesa dos direitos humanos e liberdades fundamentais das pessoas com algum tipo de deficiência.
No início do século XX, as Declarações de Sapporo, Japão representaram 109 países, três mil pessoas, em sua maioria com deficiência, na 6ª Assembléia Mundial da Disabled Peoples’ International - DPI insta os governos em todo o mundo a erradicar a educação segregada e estabelecer política de educação inclusiva.
Em seguida, o Congresso Europeu destinado as Pessoas com Deficiência proclama o Ano Europeu das Pessoas com Deficiência para conscientizar sobre os direitos de mais de 50 milhões de europeus com deficiência.
No ano de 2003, as pessoas com deficiência passaram a ter oportunidades iguais as consideradas normais e com isso surge o acesso aos recursos da sociedade (educação inclusiva, novas tecnologias, serviços sociais e de saúde, atividades esportivas e de lazer, bens e serviços ao consumidor).
Em 2004, a Pessoa com Deficiência foi proclamada na última reunião da Cúpula dos Chefes de Estados dos Países ibero-americanos, realizada na Bolívia, da qual o Brasil é membro, define a questão da deficiência como prioridade, fortalecendo as instituições e as políticas públicas direcionadas à inclusão das pessoas com deficiência.
A partir desses estudos e documentos, chegou-se à conclusão de que a melhor resposta para o aluno com deficiência e para todos os demais alunos é uma educação que respeite as características de cada estudante, que ofereça alternativas pedagógicas que atendam às necessidades educacionais de cada aluno: uma escola que ofereça tudo isso num ambiente inclusivo e acolhedor, onde todos possam conviver e aprender com as diferenças. Portanto:
A inclusão promove mudanças necessárias no sistema educacional, que já não era satisfatório, tanto na escola de ensino regular quanto na escola de ensino especial. Todos nos devemos estar disponíveis para enfrentar a situação de inclusão escolar, favorecendo o cultivo de uma filosofia baseada em princípios democráticos e igualitários, que promovam uma educação de qualidade para todos os alunos (FACION, 2003, p. 210).
Com a Salamanca que garante em leis, seus direitos e com a formação continuada dos profissionais da educação, ainda resta um item a ser pensado pelos profissionais da educação, o currículo escolar. Segundo Bergamo (2009, p.64):
Para potencializar as diferentes capacidades dos alunos, promover sua realização pessoal e sua inserção na sociedade, o currículo deve ser aberto e flexível, e não uma proposta acabada, com ênfase nos conteúdos conceituais, que se pretende preservar e transmitir intacta às novas gerações.
Nesse sentido, devemos ver o currículo escolar como algo que pode e deve ser repensado sempre que necessário para assegurar que os alunos especiais sejam atendidos com qualidade de ensino em todos os contextos, especialmente o escolar.
O olhar para o cotidiano da escola é imprescindível, pois é nele que se manifestam os fenômenos educativos e, para que se possam compreender melhor os fenômenos são necessários investigar buscar referencial teórico e fazer a leituras das diferentes situações existentes no contexto escolar á luz das contrições teóricas estudadas, maior conhecimento da realidade escolar e assim dar ênfase nos currículos escolares. Como se observa,
a legislação nacional continua a apontar como diretriz dois contextos de formação: o do professor Generalista, que apenas tem contemplado em sua formação conteúdos gerais sobre a educação especial, e o professor Especialista, que tem, de fato, a responsabilidade de não apenas identificar necessidades educacionais especiais, como também oferecer os caminhos pedagógicos mais adequados para dar respostas a elas (FERNANDES, 2007, p. 76).
Nesse contexto, o professor deve buscar desenvolver práticas para trabalhar os alunos especiais, porém devemos lembrar que este profissional precisa de condições para dar suporte a essas crianças para que a inclusão não seja apenas colocar o aluno na sala de aula, pois ele precisa de instalações físicas adequadas, infraestrutura e suporte humano também.
4. Análise da Pesquisa
Realizamos a pesquisa nas escolas publicas de Cáceres sendo, Escola Estadual "Natalino Ferreira Mendes", Escola Estadual "Onze de Março" e a Escola Particular "Colégio Batista", com três professores atuantes na área de ensino regular com alunos especiais inseridos em sua classe, a pesquisa foi composta de 08 perguntas ao qual foram elaboradas conforme segue:
(1) Nesta escola, possuem crianças com necessidades especiais?
(2) Quais as necessidades especiais, e qual a idade e ano escolar?
(3) O que a escola oferece para essas crianças?
(4) como vocês professores analisam o rendimento escolar dessas crianças?
(5) a estrutura da escola é adequada para recebê-las?
(6) Há preconceito por parte de alunos, funcionários, ou professores, quanto ao tratamento dos alunos com necessidades especiais?
(7) Há profissionais qualificados para ensinar as crianças especiais?
(8) Você como professor, como analisa o futuro dos alunos especiais?
Nas três escolas foi evidenciada a inserção de alunos com necessidades especiais, sendo as deficiências encontradas diversificadas, entre elas a síndrome de down, cadeirantes, deficientes auditivos, deficientes físicos e mentais. Neste contexto, percebe-se que a inclusão é realizada nas escolas, já que não há distinção quanto à particularidade da deficiência, e são abrangedoras, buscando a efetivação de uma educação inclusiva na sociedade local. Segundo Facion (2003, p. 192) “Em seu sentido mais amplo, o ensino inclusivo é a pratica da inclusão de todos, independentemente do seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou cultural, em escolas e salas de aula provedoras, em que todas as necessidades dos alunos são satisfeitas”.
No intuito de facilitar à adaptação dos alunos especiais no contexto escolar regular, as escolas buscam se ajustar, implantando suportes complementares para que a educação se consolide de forma adequada.
Na escola particular, por exemplo, encontra-se uma psicóloga para acompanhamento das crianças especiais, também os educadores contam como o apoio de uma monitora. Já na escola pública, trabalha-se com salas de multimídia, interpretes e com um contra turno que se trata de meio período com atendimento especial que seria um reforço.
Ainda não existe uma fórmula adequada para atender aos alunos especiais para que se possa dizer correta, porém, sabemos que o convívio com outras pessoas é a melhor forma de ajudar aos alunos especiais. Não podemos extinguir as escolas especiais em os alunos recebem orientações de profissionais aptos para atendimentos adequados, porém, esses têm o direito de freqüentar uma sala de aula regular em outro turno.
Tratando-se especificamente do grupo social constituído por pessoas com deficiência, somos levados a problematizar a existência de sistemas paralelos de ensino especial e regular, organizando os espaços educacionais a partir de outra lógica, ou seja, de uma escola aberta para todos, com práticas colaborativas e formação de redes de apoio, uma escola onde gestores e educadores pratiquem uma pedagogia centrada na criança e promovam a participação da comunidade como um todo (ALVES, 2011, p. 16)
As escolas estão estruturadas de maneira a facilitar o acesso desses alunos, implantando modificações necessárias em sua estrutura física, tendo rampas de acesso, corrimão, enfim, elas buscam efetuar mudanças necessárias para facilitar o ingresso deste educando. Conforme Facion (2003, p.191) "a educação é uma demanda de direitos humanos, e os indivíduos com necessidades especiais devem fazer parte das escolas, as quais devem modificar seu funcionamento para incluir todos os alunos".
Quanto à formação dos profissionais designados para lecionar para esses alunos, conforme declarados pelos professores entrevistados encontram-se aptos para designar esta função, tendo constantes cursos oferecidos pelo SEDUC, que visam aprimorar suas habilidades.
Esta nova era que marca, no mundo educacional, o retorno a valorização da diversidade humana requer emergencialmente uma nova forma de ensinar e, também, de ensinar a ensinar, que demanda uma multiplicidade de respostas educativas coerentes com as diversas necessidades dos alunos. Para que isso transcorra com coerência e sabedoria, é necessário que aja uma redefinição do papel da escola e conseqüentemente dos professores e dos demais agentes educativos. Estes precisam estar devidamente preparados para assumir novos valores profissionais que abranjam, alem de uma pratica diferenciada, um conhecimento pedagógico, cientifico e cultural transformado, voltado as características individuais dos seus alunos (FACION, 2003, p. 168).
Para assumir o papel de professor, neste ambiente educacional, é imprescindível a capacitação de maneira adequada, já que o modo de ensinar se diferencia da maneira tradicional estabelecida até então, o professor necessita ter habilidades que oportunizem ao educando especial a efetivar sua aprendizagem, também necessita possuir habilidades psicológicas que transmitam confiança e motivação ao aluno.
A valorização por parte do sistema para com este profissional deve ser especialmente tratada, já que o professor e a figura fundamental para solidificação desta proposta de inclusão, considerado como executor desse processo em todos os âmbitos, tanto no escolar, como na facilitação da adaptação do educando especial. Tomando como base a proposta da escola inclusiva,
a educação para todos, o professor deve ser considerado uma peça fundamental desse movimento, já que é por intermédio de suas ações educativas que a inclusão pode ser efetivada. Então, torna-se imprescindível aliar a ideologia da inclusão a pratica docente, levando m consideração alguns aspectos, como capacitação profissional, melhorias da condição de trabalho, aumento de recursos e da infra-estrutura e implantação de ações políticas proativas que tem como objetivo o bem-estar físico e mental dos profissionais de educação (FACION, 2003, p. 158)
Quanto à avaliação do rendimento dos alunos especiais nas escolas, todas realizam de forma similar, sendo aplicadas avaliações descritivas e mediante análise diária do progresso e participação de cada um. O aluno com deficiência deve ser avaliado, como os outros. Dependendo de sua condição, as provas e as avaliações podem ser aplicadas com diferentes alternativas como exemplo: através de provas orais, prazo maior para a sua realização, texto com letras ampliadas, etc. Essa é a Educação Inclusiva.
O trabalho baseado na concepção da educação inclusiva reconhece e valoriza, sobretudo as características individuais do processo de construção de conhecimento de cada aluno, por isso, esta concepção enfatiza as possibilidades de desenvolvimento acadêmico e sucesso escolar, e é distinta à concepção de adaptar o currículo com base na “dificuldade da criança” para aprender. (ALVES, 2011, p. 22)
Atualmente, não se identifica nenhum tipo de discriminação para com os alunos especiais, no entanto, a realidade foi diferente quando do início desta inserção, principalmente por parte dos alunos. Já hoje eles se ajudam entre si, e os profissionais são treinados e avaliados durante a semana pedagógica.
O aluno com deficiência precisa que sua diferença seja respeitada. Isso não significa que ele deve ter privilégios em relação aos demais alunos. Ele não deve ser abandonado, nem superprotegido.
O professor não pode negar a diferença. Ele deve trabalhar com seus alunos para que a diferença seja compreendida como uma característica do ser humano e que ela não tira a dignidade de ninguém.
Na concepção dos professores, quanto ao futuro desses alunos especiais, os mesmos acreditam possibilitarem a estes alunos um progresso intelectual e um grande desenvolvimento social. Conforme as palavras de um dos professores: “A garantia do que é feito no presente, para assegurar o futuro!”.
A visão do professor de que a educação será efetivada, é fundamental para este processo, trata-se de um incentivo aos alunos ver no professor um espelho de que é capaz de se adaptar e ser inserido em uma sociedade. Conforme Ferreira (2003, p. 42): “O professor necessita olhar o aluno com olhos de que este tem capacidade de absorver conhecimentos, de aprender, acreditando, sendo predicador de que a criança é capaz”.
A inclusão é um desafio a ser conquistado dia após dia, tanto para o professor quanto para os alunos, uma vez que requer capacitação, dedicação, profissionalismo e acima de tudo amor.
Por tanto, é fundamental a importância de capacitar os profissionais para que possam trabalhar com dignidade em sala de aula. Se a inclusão não for realizada com responsabilidade ela poderá transformar-se em exclusão.
5. Considerações Finais
Enfim, um país se torna mais humano quando aprende a conviver com as diferenças, a inclusão é de interesse comum, pois precisamos aprender a viver com naturalidade quando temos contato pela primeira vez com essas pessoas, não devemos ter pena, compaixão, elas não precisam disso, elas precisam de convívio com outras pessoas, de oportunidades, de trabalho para que possam desenvolver estratégias de competências e atitudes no convívio social.
Precisamos também ter a visão clara de que a função da inclusão não é apenas ensinar, a ler e escrever, a prioridade é o convívio para que essas pessoas possam cuidar de si, se ela ler e escrever são apenas mais um avanço, ela precisa desenvolver capacidades de convivência para cuidar de si, ser autônoma, dona do seu destino, esse sim é o processo da inclusão.
No contexto das escolas pesquisadas, percebe-se que estamos com um avanço considerável mediante esta realidade, visto que na visão dos professores a inclusão já é realidade no âmbito escolar, por se tratar de um período consideravelmente curto em que esta realidade foi modificada, concluímos que muito ainda temos que progredir neste contexto, já que o resultado desse trabalho é em longo prazo, temos que considerar além de aspectos sociais em que serão inseridos esses educando, também ainda tem que ser feito quanto a formação dos profissionais da educação.
6. Referências Bibliográficas
ALVES, Denise de Olivera, BARBOSA, Kátia Aparecida Marangon
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/experienciaseducacionaisinclusivas.pdf> acesso em 21/04/11
BERGAMO, Regiane Banzzatto. Pesquisa e prática profissional: educação especial. Curitiba: Ibpex, 2009.
FACION, José Raimundo. Inclusão Escolar e suas Implicações. 2ª ed. Curitiba: Ibpex, 2009.
FERNANDES, Sueli. Fundamentos para educação especial. Curitiba: Ibpex, 2007.
FERREIRA, Maria Elisa Caputo, GUIMARÃES Marly, Educação Inclusiva. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br> acesso em 28/04/11.
________________________
[1] Acadêmica do curso de Pedagogia, da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT.
E-mail: analuizarafaela@hotmail.com
[2] Acadêmica do curso de Pedagogia, da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT.
E-mail: izauracrinx@hotmail.com
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O direito ao acesso e a participação de alunos com deficiência na educação física
O direito ao acesso e a participação de alunos com deficiência na educação física |
Claudia F. Da Silva Paula[1]
Cristiane Rocha De Moraes[2]
Vivian Caroline O. Da Silva[3]
RESUMO: O presente artigo objetiva discutir sobre a promoção de condições para a acessibilidade de pessoas
com diferentes deficiências no contexto escolar, considerando os fundamentos políticos e pedagógicos que objetivam garantir o direito ao acesso e á participação desses à escola. A discussão tem como eixos norteadores a inclusão na educação física, considerando como pontos fundamentais a elaboração e produção de materiais didáticos acessíveis, a acessibilidade na comunidade e os recursos tecnológicos de assistência aos deficientes. Os objetivos são compreender a acessibilidade como elemento de autogestão de escola, pois a participação de todos os alunos na educação física deve ser um reconhecimento das necessidades educacionais específicas de cada aluno que interage no contexto escolar; apresentar como a escola realiza os processos organizacionais próprios que possibilitem a todos a participação nos processos educacionais. A metodologia de pesquisa é a qualitativa por meio de levantamento bibliográfico. Os fundamentos teóricos têm por base as contribuições de Pelegrinni & Zardo (2010).
PALAVRAS-CHAVE: Acessibilidade. Deficiência. Inclusão.
1. Introdução
O presente artigo retrata a participação dos alunos com deficiência nas aulas de educação física,
pois a acessibilidade na perspectiva da organização de escolas inclusivas, busca assegurar as pessoas com deficiência a terem direito á escolarização, mas com condições de igualdade, de participação e de aprendizagem.
Vemos como futuros profissionais da educação veem a inclusão tem que partir de nós. Na metodologia
de ensino para a inclusão os alunos participam ativamente das atividades práticas que envolvem os conteúdos a serem aprendidos com foco nos objetivos do ensino.
2. Inclusão e Políticas Públicas
O avanço nas políticas públicas por meio de documentos orientativos a organização da educação
especial, prevêem a inclusão de alunos na educação física dentro do sistema de ensino brasileiro, do qual emergem ações para garantir a efetividade do princípio da acessibilidade aos alunos com deficiência na escola.
No contexto deste artigo, entende-se acessibilidade a "[...] possibilidade e condição de alcance,
percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaços, mobiliários, equipamentos urbanos e elementos” (Normas Brasileiras, NBR9050, 2004).
A partir da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006, p.65), ratificada no
Brasil como emenda constitucional, conceituam-se pessoas deficiência “aqueles que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com demais pessoas”.
A Educação Especial demarca um importante processo de transformação na concepção de pessoa de
transformação na concepção de pessoa com deficiência, passando do modelo clínico que enfatizava a limitação do sujeito, para o modelo social, que coloca a acessibilidade como condição plena das pessoas com deficiência no contexto social. “Nessa perspectiva, a superação de barreiras promove a independência, a autonomia e a dignidade de forma coletiva e individual” (BOARETTO, 2006, p.13).
A justificativa deste estudo centra-se na necessidade de compreender a organização da
acessibilidade na escola a partir do conceito de desenho universal e da educação física, a fim de garantir o direito e o acesso participação dos alunos com deficiência no contexto escolar. Nesse sentido, busca-se discorrer sobre a promoção da acessibilidade arquitetônica, na elaboração e na produção de materiais didáticos acessíveis, na comunicação e nos recursos de tecnologia acessiva.
A acessibilidade deve ser um princípio que perpassa a organização da escola e o das práticas
educacionais em sala de aula compreendendo a educação física, devendo sua promoção estar assegurada no projeto político pedagógico da instituição, de forma transversal em todas as etapas e modalidade de ensino. A presente discussão trata, portanto, da acessibilidade aos processos de autogestão na escola (BOARETO, 2006 p. 65).
A educação inclusiva é um elemento integrante da promoção de uma educação de qualidade, sendo
imprescindível para garantir o direito ao acesso e á participação dos alunos com deficiência no contexto da escolarização. Portanto, a organização de condições que promovam a acessibilidade na escola aos alunos com deficiência deve estar articulada aos processos pedagógicos, buscando subsidiar a aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais específicas, os quais precisam estar inseridos na educação física (BOARETO,2006, p. 65).
A promoção de condições de acessibilidade na escola, sob a perspectiva do desenho universal na
educação física, implica na articulação de ações que provocam a participação de todos os alunos nos processos de aprendizagem. Segundo Cepam (2008), o desenho universal e a educação física são compreendidos como área de conhecimento e pode ser descrito a partir de cinco princípios:
1) Direito á equidade e a participação: todos os ambientes devem ser desenhados de forma a
não segregar ou a excluir pessoas, promovendo a socialização e a interação entre indivíduos. Desta forma, ambientes e equipamentos acessíveis não devem ser isolados dos de mais espaços, possibilitando o uso independente, medida do possível, por indivíduos com habilidades ou restrições diferentes;
2) Direito á independência: todos os espaço físicos, a exemplo de pátios, caminhos, salas,
dentre outros e aos seus componentes como brinquedos equipamentos apropriados, pisos, rampas e carteiras devem permitir o desempenho de atividades de forma independente por todos os usuários;
3) direito á tecnologia assistiva: todos os alunos com deficiência têm direito á utilização de
equipamentos, instrumentos, recursos e material pedagógico acessível de uso individual ou coletivo necessários para o desempenho das atividades escolares;
4) Direito ao conforto e segurança: todos os ambientes e equipamentos devem possibilitar seu
uso e a realização de atividades com conforto e segurança, de acordo com as individuo. O desenho deve minimizar o cansaço, reduzir o esforço físico, evitar riscos á saúde e acidentes dos usuários;
5) Direito à Informação Espacial: deve estar prevista a possibilidade de acesso á informação
espacial necessário para a compreensão, orientação e uso dos espaço a todos os alunos. A informação espacial é fornecida através das qualidades dos elementos arquitetônicos ou adicionais (mapas, sinalização sonora e outros) que permitem a compreensão da identificação dos objetos no espaço (CEPAM, 2008).
No contexto das políticas públicas brasileiras, o Decreto nº. 5.296/2004, em seu art. 8º, parágrafo
I, conceitua a acessibilidade como condição para utilização com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços de transporte e dos dispositivos de comunicação e informação, por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Este mesmo Decreto, no art. 8º, parágrafo IX, define desenho universal de seguinte forma:
[...] concepção de espaços, artefatos e produtos que visam a atender simultaneamente
todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade.
A acessibilidade, organizada na perspectiva do desenho universal da educação física, integra o
conjunto de direitos afirmados na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006). No art. 9º, dessa Convenção, assume o seguinte compromisso:
A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma independente e participar
plenamente de todos os aspectos da vida, as Estadas Partes tomarão as medidas apropriadas para assegurar ás pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, á informação e à comunicação, inclusive aos sistemas e às tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural (IBIDEM, IDEM, 2006, Art. 90).
Na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que tem como objetivo o
acesso, a participação e aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidade/superlotação nas escolas comuns do ensino regular, orientando os sistemas de ensino para promover respostas ás necessidade educacionais especificas, garante-se “a acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação” (FUNDAÇÃO PREFEITO FARIA LIMA-CEPAM 2008, p.14).
A acessibilidade também é assegurada no Decreto nº. 6.571/2008, que dispõe sobre o
atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidade/superdotação, quando no art. 1º, parágrafo I, considera atendimento educacional especializado como “o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógico organizados institucionalmente, prestados de forma complementar ou suplementar á formação dos alunos no ensino regular”. Por vez, no art. 2º, aponta-se como objetivo do atendimento educacional especializado fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem, e, no art. 3º, é afirmar o compromisso do Ministério da Educação na prestação de apoio técnico e financeira para:
[...] IV – adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade;
V – elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade; e VI – estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior.
Para fins de implementação do Decreto Nº. 6,571/2008, que regulamenta o duplo financiamento para
os alunos da educação especial matriculados em escolas comuns do ensino regular e no atendimento educacional especializado concomitantemente, publica-se em 2009, a Resolução CEB/CNE Nº. 4/2009, que institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado, na Educação básica. Esta Resolução reitera o princípio da acessibilidade, quando em seu art. 2º, afirma:
O AEE tem como função do aluno por meio da disponibilidade e estratégias que
eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem. Parágrafo único. Para fins destas Diretrizes, consideram-se recursos de acessibilidade na educação aqueles que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com deficiência ou mobiliários e equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos transportes e dos demais serviços.
O marco legal apresentado na citação acima afirma o direito ás acessibilidades no contexto
escolar com alunos portadores de necessidades especiais. Assim, o professor de educação física deve reiterar o compromisso da gestão da escola em articular ações que eliminem as barreiras que impedem ou obstruem a participação e a aprendizagem de todos os alunos. Cabe, portanto, promover as condições necessárias para que esse direito se efetive.
3. A organização de algumas escolas inclusivas
A organização de escolas inclusivas prevê a garantia da acessibilidade em suas diferentes formas,
contemplando desde a estrutura da instituição, até a organização das práticas educacionais na aula de educação física.
Na perspectiva da educação física inclusiva, a acessibilidade deve perpassar o processo de escolarização
dos alunos com deficiência, a fim de garantir a qualidade dos processos educacionais. Uma educação de qualidade, a partir dessa concepção, parte do pressuposto que as oportunidades d aprendizagem devem ser proporcionadas a todos os alunos, considerando as especificidades de cada um os processos de construção do conhecimento. Nesse sentido, a acessibilidade na educação física deve ser articulada á intencionalidade pedagógica que orienta a pratica docente nos processos de ensino.
A promoção da acessibilidade é uma ação interdependente das especificas dos alunos, e, portanto,
requer conhecimento da demanda atendida pela escola. No que se refere á acessibilidade arquitetônica, esta consiste na eliminação edificações. Conforme art. 8º, II, “a”, do Decreto Nº. 5,296/2004, entende-se por “barreiras urbanísticas as existentes nas vias públicas e nos espaço de uso público” e “b”, compreende-se barreiras nas edificações “as existentes no entorno e interior das edificações de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas internas de uso comum nas edificações de uso privado multifamiliar”.
Dentre as ações de acessibilidade arquitetônica, pode-se citar a construção ou adaptação ou portas e
passagens, a adaptação de sanitários, a sinalização visual, tátil e sonora, entre outras necessárias para o pleno acesso de pessoas com deficiência.
Em relação á prática pedagógica, a acessibilidade deve ser promovida nos recursos e matérias didáticos
que subsidiam o ensino dos conceitos a serem apreendidos pelos alunos com deficiência, integrantes dos currículos escolares. Estes materiais acessíveis são produzidos na sala de recurso multifuncional e utilizados em processos educativos nas salas de aula comum do ensino regular e no atendimento educacional especializado.
A elaboração e a produção de matérias didáticos acessíveis, na perspectiva do desenho universal e da
educação física, devem ser organizadas com base na consideração das necessidades educacionais específicas dos alunos, de modo a promover a usabilidade dos materiais didáticos nos processos de aprendizagem por todos os sujeitos que participam da dinâmica escolar.
Os materiais didáticos acessíveis devem ter as seguintes características: contraste de cores; ampliação
de fonte; materiais com diferentes formas, pesos, relevo e texturas; utilização de recursos visuais e imagens em língua brasileira de sinais-libras, bem como demais características que favoreçam a apropriação de conceitos aos alunos com deficiência sensorial. São exemplos de materiais didáticos acessíveis: áudio livro; livro digital acessível em formato Daisy; textos em formato digital, em caráter ampliado e em Braille; livros em libras, dentre outros (BOARETO: 2006 p.68)
A acessibilidade na comunicação refere-se á superação de barreiras, compreendidas como:
[...] qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a ex-pressão ou o
recebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso á informação (DECRETO N°5.296/2004).
A acessibilidade na comunicação pode ser promovida por diferentes meios: em portais e sítios
eletrônicos, Serviço Telefônico Físico Comutado-STFC, Serviço Móvel Celular ou Serviço Móvel Pessoal, circuito de decodificação de legenda oculta, recursos para programas secundários de áudio (SAP), janela com interprete de libras, descrição e Narração em voz de cenas e imagens, transcrição eletrônica simultânea, dentre outros.
Por fim, a tecnologia assistiva é conceituada pelo (COMITÊ DE AJUDAS TÉCNICAS – CAT, 2007), da
seguinte forma: tecnologia assistiva é uma área do conhecimento de característica interdisciplinar que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias praticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada á atividade e á participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando a sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.
4. A acessibilidade como elemento de autogestão da escola
Entende-se a acessibilidade como direito a ser efetivado para a garantia do acesso e da participação das pessoas com deficiência. Nessa abordagem, tendo como foco de estudo o contexto escolar, a acessibilidade é compreendida enquanto ação integrante dos processos organizacionais da instituição escolar, e, portanto, elemento de autogestão.
Compreender a acessibilidade enquanto elemento integrante das ações de autogestão refere-se ao processo
de auto-analise da instituição escolar em dimensões, bem como, o reconhecimento das necessidades educacionais especificas da demanda atendida. Requerem um planejamento baseado nas características da comunidade local que promova a superação das reais barreiras de acesso e aprendizagem, a fim de promover a organizacional de seu projeto político pedagógico as diferenças que caracterizam e identificam sua comunidade escolar.
Nesse sentido, deve-se entender que a gestão da escola envolve as dimensões pedagógicas,
econômicas, políticas e culturais, e que estas são definidoras das ações de acessibilidade, conforme SANDER conceitua:
[...] A gestão da educação física abarca desde a formulação de políticas e planos institucionais e
a concepção de projetos pedagógicos Para os sistemas educacionais e as instituições escolares até a execução, supervisão e a avaliação institucional das atividades de pesquisa e extensão e a administração dos recursos financeiros, materiais e tecnológicos ( 2005, p. 127).
A organização de uma aula de educação física inclusiva deve ser orientada pelos princípios da acessibilidade,
a fim de garantir a igualdade de acesso e condições de permanência aos alunos, com ou sem deficiência, assegurando o direito de todos os estudantes compartilharem os espaços comuns de aprendizagem, tendo respeitadas suas diferenças individuais. Nesse sentido, cabe destacar o papel do gestor educacional no planejamento, execução a avaliação dos projetos e ações de acessibilidade da escola, atendendo aos fundamentos da concepção do desenho universal na educação física.
5. Considerações Finais
Concluímos que para os deficientes com terem a garantia de acessibilidade às aulas de Educação Física,
é preciso ações concretas que garantam a todos os seus direitos á educação. Segundo o MEC as escolas têm equipamentos e materiais didáticos para que os alunos com deficiência possam ter uma educação de qualidade, com professores capacitados para bem orientarem os alunos.
Os materiais adquados é meia para contribuir com a prática educacional de gestores, professores de sala
de aula comum e professores de salas de recursos que estejam preocupados com a qualidade dos processos pedagógicos no qual estão envolvidos, assim garantindo a construção de um sistema educacional inclusivo.
6. Referências Bibliográficas
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Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção acessibilidade das pessoas
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Acesso em: 04 de dezembro de 2009.
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Dispõe sobre o atendimento educacional especializado, regulamenta o parágrafo único do Art. 60 da lei n .9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto n .6.253, de 13 de novembro de 2007. Brasília: MEC/ SEESP, 2008. Disponível em: < WWW.mec.gov.br/ seesp: Acesso em: 04 de dezembro de 2009.
BRASIL, MINISTERIO da EDUCAÇAO. Resolução Nº 4, de 2 de outubro de 2009. Institui as
Diretrizes Operacionais para Atendimento Educacional Especializados na Educação Básica, na modalidade Educação Especial. Brasília: Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Básica, 2009. Disponível em:
FUNDAÇAO PREFEITO FARIA LIMA-CEMPA. Acessibilidade dos municípios: como aplicar o Decreto
5.296/04. São Paulo: Coordenadoria de Gestão de Políticas Publicas-COGEPP, 2008.
SANDER, B. Políticas publicas e gestão democrática da educação. Brasília: Liber, 2005
¹ Acadêmica Claudia F. Da Silva Paula do 2 ª semestre de Matemática. Universidade
Do Estado de Mato Grosso Campus Universidade de Cáceres Departamento de Matemática
² Acadêmica Cristiane Rocha de Moraes do 2 ª semestre de Matemática. Universidade
Do Estado de Mato Grosso Campus Universidade de Cáceres Departamento de Matemática
[3] Acadêmica Vivian Caroline O. Da Silva dos 2 ª semestre de Matemática. Universidade
Do Estado de Mato Grosso Campus Universidade de Cáceres Departamento de Matemática |
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