quarta-feira, 6 de outubro de 2010

MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Entender o comportamento infantil, seu desenvolvimento, suas características, são fortes ingredientes para o sucesso da aprendizagem nesse nível de ensino. Deparamos com uma vertente educacional que afirma ser a música uma poderosa ferramenta na educação infantil. Pode estimular a coordenação motora, ajudar na alfabetização, desenvolver a auto-disciplina e facilitar a convivência social das crianças.
Acredita-se haver realmente benefícios na iniciação musical para a criança pequena. A orientação é para o aprendizado mais intuitivo, diferentemente do modelo tradicional de ensino, que favorece a reprodução e prioriza a técnica. “O importante é perceber, sentir, experimentar, criar e refletir”, diz a educadora e musicista Teca Alencar de Brito, autora do livro Música na Educação Infantil. As crianças tímidas, aos poucos, conseguem se soltar, expressando seu modo de ser e adquirindo segurança para se colocarem de uma maneira mais aberta. As crianças que precisam aprender a ter limites são estimuladas a respeitar o outro por meio de atividades grupais”, reforça a autora.
É importante trabalhar todo tipo de música, explorar toda atividade que esta arte permite. Importante desenvolver na criança e no jovem a capacidade de reconhecer formas de expressão, modos de ser dos povos e das culturas diferentes. A música contribui para superar preconceitos e quanto menores as crianças mais abertas estarão para a diversidade.
Entre as atividades propostas para essa área está a criação de instrumentos musicais, aproveitando-se de sucatas. Nessa elaboração, a criança vai entendendo, na prática, questões ligadas à acústica, à produção de sons, ao mecanismo e funcionamento de instrumentos. Ao fazer um chocalho, decide se quer colocar grãos de milhos, pedrinhas ou feijão em seu interior, iniciando-se no entendimento de timbre.
A música é considerada uma nobre fonte afetiva e deve ser explorada pela escola e pela família. Teca opina, dizendo: “Deve-se cantar para o bebê, seja em casa ou na creche, assim como em todos os estágios da vida”. É importante isso acontecer num ambiente de carinho, de amor, trazendo segurança e apoio, remetendo a criança ao estágio de vida intra-uterina
Aliás, a música sempre foi considerada um valioso recurso didático para as escolas. Já há experiências pedagógicas concretas da utilização da música, em formação de corais, para a recuperação de alunos rebeldes, dispersos, problemáticos. Os alunos envolvem-se na atividade, entusiasmam-se pelo protagonismo nas apresentações, quer na escola,  quer na comunidade e passam a ser mais responsáveis. O prazer da música contamina e traz o prazer de estudar; muda o ambiente e a aprendizagem melhora gradativamente.
Nas escolas, um fundo musical nas salas de aula, em determinadas situações – com peças clássicas, suaves, com composições inesquecíveis de Mozart, Schubert, Chopin, Beethoven, Mendelssohn, Handel, Villa-Lobos, entre outros – educa o ouvido, sugere, desperta o sonho, a criatividade, a imaginação, trabalha a alma, ajuda na concentração, na elaboração de textos e de poemas.
 A poesia é um outro valioso recurso didático de que a escola deve se apropriar. Enseja ao aluno externar seus sentimentos, expor sua visão de mundo.
A música vem, com força, sendo redescoberta em seus variados ângulos, exaltada como portadora de equilíbrio. Nos hospitais é cada vez mais recomendada, como terapia aos doentes. A música acalma, suaviza a dor, incentiva a capacidade de sonhar, abre as portas da esperança. Ela se encarrega de levantar o astral do doente, encorajando-o à recuperação.
A música na escola não se constitui mais em uma disciplina específica como era antigamente, mas há várias maneiras de introduzi-la no currículo, de abrir-lhe um espaço, em trabalhos individuais ou coletivos, isolados ou interdisciplinares. A escola deve, inclusive,  voltar, através dela, a desenvolver o sentimento cívico, o amor à pátria, fazendo os alunos cantarem os hinos pátrios.
A música, segundo recentes descobertas, não é privilégio do gênero humano. A revista Science publicou resultado de pesquisas assinalando de que no reino animal o gosto pela música existe há dezenas de milhões de anos. Há um instinto musical que antecedeu, em muito, a raça humana e pode estar bastante difundido na natureza, diz a revista.
A biomusicologia estuda o papel da música em todas as coisas vivas. Mostra não ser privilégio dos seres humanos a habilidade de compor música; um certo número de animais produz música e não apenas sons e trinados esparsos ou cacofonia. Uma análise de melodias entoadas por pássaros e baleias corcundas – também chamadas jubartes – mostrou que esses animais convergem para as mesmas opções acústicas e estéticas e seguem as mesmas leis de composição melódica proferidas pelos humanos. Dizem os pesquisadores que as jubartes machos usam ritmos como os encontrados na música humana e frases musicais de duração similar. As baleias têm um alcance vocal de no mínimo sete oitavas, mas tendem a cantar cadenciadamente, com intervalos musicais, ao invés de passar rapidamente de uma oitava para outra, ou seja, cantam dentro de uma clave. Outro fato impressionante é que as músicas das jubartes têm refrões e rimas.
Os pássaros também compõem músicas com as mesmas notas, va-
riações rítmicas, padrões harmônicos e relações de tons encontrados em composições humanas. O tordo-eremita canta na chamada escala pentatônica, na qual as oitavas são divididas em cinco notas. A corruíra-do-brejo da Califórnia, canta até 120 temas, em uma única “sessão”, com cada tema repetido por seu vizinho imediato, numa espécie de diálogo sonoro.
Alguns pássaros usam até instrumentos, escrevem os pesquisadores. A cacatua da Austrália escolhe um tronco de árvore com determinada ressonância e em seguida arranca um de seus galhinhos para usar como baqueta.
Se há um instinto musical, se a música é inerente ao ser humano, à natureza, ela deve se constituir em força propulsora de sublimes realizações.         
Prática pedagógica
Isabel Sadalla

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