A aquisição de cadeiras apropriadas foi uma conquista, mas atletas precisam de novos apoios – Por: PEDRO NEGRÃO
Campeã paulista em 2009, a equipe sorocabana de handebol adaptado já se prepara para a etapa estadual deste ano, que será realizada em setembro, na cidade de São Carlos. Há quatro anos, o time conta com o professor de educação física Marcos Vinícius Brisola e outros oito atletas cadeirantes. Eles se reúnem todas as sextas-feiras para treinar handebol, na sede do Sindicato dos Bancários, na Vila Barão.
O projeto foi idealizado por Marcos em 2007. Inicialmente, ele optou pelo basquete mas não conseguiu reunir os nove jogadores necessários para participar de competições. O passo seguinte foi o handebol, que aceita quatro atletas em disputas oficiais. Desde então, além de campeã paulista, a equipe já conquistou a terceira colocação na etapa brasileira e revelou jogadores para a Seleção Brasileira de Handebol Adaptado.
Mesmo com a deficiência congênita nas pernas, o atleta Paulo Aparecido Luiz, de 22 anos, foi um dos destaques do time. Além de ter atuado na Seleção Brasileira durante a etapa sulamericana, realizada em Buenos Aires (Argentina) em 2010, o jogador foi convidado a jogar pela Seleção da Bolívia, na qual fez dois jogos.
Dificuldades
Devido à falta de recursos, as primeiras competições eram disputadas com cadeiras emprestadas de outras equipes e uma parte das despesas era paga pelo sindicato. A outra parte saía do bolso do professor e dos próprios jogadores.
Pensando nisso, há seis meses um grupo de estudantes da Universidade de Sorocaba (Uniso) arrecadou cerca de R$ 12 mil, por meio de festas e outros eventos, para comprar cinco cadeiras de rodas para os atletas. Elas possuem cinco apoios e o ângulo das rodas é inclinado para impedir que o jogador tombe. São mais leves para dar mobilidade e contam com proteção extra para os pés. As traves do gol também precisam de ajustes. Marcos coloca uma faixa de 40 cm em cada uma delas para que os goleiros possam alcançar a bola.
O lutador sorocabano Fábio Maldonado também pretende ajudar. Ele vai arrecadar fundos para o time, leiloando três camisas autografadas.
Histórias de superação
O novato Fábio Ferreira Faborger, de 33 anos, vem de Araçoiaba da Serra para treinar com a equipe há apenas um mês. Vítima de um acidente de caminhão em 2004, o atleta conta que ainda faltam recursos e materiais esportivos ao time. “A partir do momento que tivermos tudo isso e pessoas que correm atrás, os cadeirantes aparecerão”, acredita.
Além disso, o jogador Emerson de Godoi Soares, de 31 anos, sente falta de um local próprio para treinar e de uma maior divulgação do esporte adaptado. A paralisia cerebral que afetou os membros inferiores durante o parto não impediu Emerson de dedicar-se ao handebol para cadeirantes durante três anos.
Após o Campeonato Paulista, a equipe viajará para o Rio de Janeiro, onde vai disputar a etapa brasileira da modalidade. A competição acontece entre os dias 12 e 14 de outubro. No dia 13 do mês seguinte, o compromisso é com a final do paulistão, realizada em Sorocaba.
Associação desportiva
Há dois anos, a equipe ganhou uma sede no Jardim Wanel Ville e passou a ser chamada de Associação Desportiva dos Deficientes de Sorocaba (ADDS). Além da formação de atletas, a entidade conta com advogados e fisioterapeutas disponíveis para consultas e fica à disposição dos deficientes para dúvidas e informações. Outro objetivo da associação é a reintegração dos portadores de deficiência no mercado de trabalho. Cerca de dez atendidos já foram encaminhados para empresas como a Santa Casa, Flextronics e a Metso. (Supervisão: Armando Rucci Filho)
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
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