Controle de dopagem
Com a reacreditação da Agência Mundial Antidopagem, LBCD conduzirá todos os testes de controle de dopagem durante os Jogos Olímpicos de 2016
por Portal BrasilPublicado: 16/12/2014 16h51Última modificação: 16/12/2014 17h56
Para o esporte brasileiro, o ano de 2015 estará longe de ser monótono. Afinal, trata-se da última temporada esportiva completa antes dos Jogos Rio 2016, o maior evento esportivo do planeta, que pela primeira vez será realizado em um País da América do Sul.
A expectativa é grande entre as dezenas de modalidades que terão disputas de medalhas durante os Jogos Olímpicos e os Jogos Paralímpicos na Cidade Maravilhosa. Entretanto, não são só os atletas, os técnicos e os demais profissionais do esporte que vivem nesse clima.
Em pleno ano de Jogos Pan-Americanos, os profissionais do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD) vão trabalhar intensamente para que o LBCD obtenha da Agência Mundial Antidopagem (AMA, ou Wada, na sigla em inglês) a reacreditação, de modo que o laboratório possa conduzir os milhares de testes de controle de dopagem durante os Jogos Olímpicos de 2016.
O LBCD, que antes chamado era de Ladetec/Lab-Dop, teve acreditação doComitê Olímpico Internacional (COI) de 2002 a 2004. Depois disso, a Agência Mundial Antidopagem passou a exercer a função de órgão acreditador, tendo mantido a acreditação até 2013. O laboratório funcionou, portanto, por 24 anos (1989 a 2013), sendo que durante 11 deles esteve acreditado ou peloCOI ou pela AMA para conduzir testes antidopagem, tendo sido, também, o primeiro laboratório da América Latina e do Caribe a obter tal credenciamento.
Legado, novo prédio e novo nome
Desde que o Rio de Janeiro conquistou, em 2 de outubro de 2009, em Copenhague, na Dinamarca, o direito de sediar os Jogos de 2016, uma das principais preocupações do governo federal passou a ser que o evento esportivo deixasse um amplo legado.
E uma das iniciativas desse processo de herança dos Jogos Rio 2016 foi a construção de um novo prédio para o hoje rebatizado Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem.
As novas instalações, assim como as antigas, estão localizadas na Cidade Universitária da UFRJ e o LBCD segue como parte do Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec), que congrega vários outros laboratórios satélites do Instituto de Química (IQ) da universidade.
As novas instalações comporão um conjunto de prédios do Polo de Química que serão erguidos na Universidade. O Bloco C — onde fica o LBCD — foi o primeiro a ser construído, em virtude da proximidade dos Jogos Rio 2016.
As obras começaram em fevereiro de 2013 e a ala do LBCD ficou pronta em julho de 2014, mesmo mês em que começaram a ser transferidos os equipamentos e as equipes que trabalhavam no prédio antigo. Com isso, o LBCD já está funcionando no novo prédio desde o início de agosto de 2014.
Em breve o Ladetec ganhará novas instalações: Laboratório de Análise de Proteínas e Sangue, Laboratório de Erros Inatos do Metabolismo, Laboratório de Geoquímica Orgânica Molecular e Ambiental, Laboratório de Preparação de Colunas Capilares e Cromatografia, Laboratório de Espectrometria de Massas, Laboratório de Calibração, Laboratório de Análises Geoquímicas e Laboratório de Análise de Resíduos.
Investimento e avanço tecnológico
O orçamento das obras do Ladetec é estimado em R$ 110,4 milhões — R$ 85 milhões do Ministério do Esporte e R$ 25,4 milhões do Ministério da Educação. Ainda na fase do projeto, o Ministério do Esporte já havia repassado outros R$ 6,5 milhões à UFRJ para o trabalho da equipe de engenharia e arquitetura da Universidade.
Os novos equipamentos estão orçados em R$ 30 milhões, a cargo do Ministério do Esporte e é importante frisar que esse valor está fora dos R$ 110,4 milhões voltados para as obras.
A maioria dos aparelhos é importada e uma parte já foi entregue. A outra está em processo de compra.
Todo esse investimento terá impacto significativo em ciência, tecnologia e inovação, sendo, portanto, um legado dos Jogos Rio 2016 que extrapola os limites do esporte.
Em relação ao controle de dopagem, a tecnologia utilizada no LBCD é a mais sofisticada possível. Cadeias produtivas de vários setores dependem de análises químicas qualificadas como as que são desenvolvidas e utilizadas para controle de dopagem, o que significa um grande avanço tecnológico para o Brasil, com impacto também na formação de profissionais especializados para diversas áreas.
Com equipamentos de ponta e processos inovadores já em desenvolvimento, os investimentos realizados no Ladetec beneficiarão não apenas a Universidade Federal do Rio de Janeiro como toda a comunidade científica do país. Várias universidades brasileiras que buscam expandir e modernizar sua atuação na área de química encontrarão na UFRJ e no Ladetec um importante suporte para suas pesquisas e demais aplicações de rotina.
Outro legado dos investimentos diz respeito à melhoria na capacitação dos profissionais brasileiros.
Com os avanços técnico-científicos em curso, o LBCD e demais laboratórios do Ladetec, além dos testes, seguirão atuando em pesquisas científicas de diversas áreas e também no ensino acadêmico e na formação de profissionais cada vez mais qualificados.
Toda essa estrutura estará a serviço dos Jogos Rio 2016, que terão profissionais não apenas do LBCD, mas de todo o Ladetec atuando nas análises de controle de dopagem durante o período das competições olímpicas e paraolímpicas.
Depois disso, as diferentes áreas retomarão suas atividades rotineiras.
Mais profissionais qualificados
Durante os Jogos Rio 2016, o LBCD irá funcionar 24 horas, sete dias por semana, em todo o período de competições dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Paraolímpicos.
Não há um número determinado de análises a serem feitas. Mas pode-se tomar Londres como parâmetro: lá foram feitos 5,5 mil testes nos Jogos Olímpicos e 1,5 mil nos Jogos Paraolímpicos.
Para conduzir tantos testes será necessário ampliar o número de profissionais envolvidos. Atualmente, a UFRJ promove concursos para contratar pesquisadores e dezenas de outros profissionais (químicos, biólogos, farmacêuticos, técnicos de laboratório de áreas diversas, entre outros).
A equipe vem aumentando desde agosto de 2014, com a contratação desses novos concursados. A força de trabalho atual é de aproximadamente 60 profissionais, mas haverá outras contratações.
Os novos técnicos estão sendo submetidos a um programa intenso de treinamento. Além disso, o corpo docente também está sendo reforçado.
Foram contratados recentemente sete professores, visto que o laboratório é um espaço de formação acadêmica. O LBCD terá ainda, para os Jogos Rio 2016, o apoio de consultoria de técnicos especialistas em operações antidopagem que já atuaram em outras edições olímpicas.
Processo de acreditação
Atualmente, a equipe do LBCD tem trabalhado na execução de todas as etapas relativas a exames de controle de dopagem.
Porém, essas tarefas são realizadas com amostras internas, o que garante que os profissionais do laboratório mantenham treinamento e procedimentos de trabalho em dia.
Eles terão ainda de realizar adequadamente a análise das amostras de acreditação enviadas pela Agência Mundial Antidopagem (AMA) e responderem aos questionamentos decorrentes das auditorias da agência mundial.
O processo de reacreditação do LBCD começou em julho de 2014 e segue um calendário determinado pela AMA, com expectativa de término em meados de 2015.
O objetivo é que, no ano que vem, o laboratório obtenha a reacreditação para fazer os testes de controle de doping nos Jogos de 2016.
Desde julho de 2014, portanto, o LBCD está passando pelo chamado estágio probatório — que durará cerca de um ano. Nesse processo será demonstrada a capacidade técnica e operacional para fazer os testes conforme os requisitos da AMA.
Esse estágio se compõe basicamente de visitas do grupo de auditoria da AMA e de testes de controle de qualidade em que a agência mundial envia amostras de urina para serem analisadas.
Os testes envolvem controle com amostras cegas cuja composição deve ser completamente identificada.
Fonte:
Brasil 2016
Brasil 2016
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