Problemas de acessibilidade começam nos aeroportos
RIO – As dificuldades de acesso começam já nos aeroportos Santos Dumont e Internacional Tom Jobim. Cadeirante desde dezembro de 2011, por conta de uma compressão na coluna, o documentarista Silvio Tendler diz que, embora tenha uma boa infraestrutura de circulação, com rampas e piso tátil nos terminais, o Santos Dumont peca por um detalhe crucial: na entrada do embarque, a rampa de cadeirantes é emparedada por barreiras móveis, colocadas na rua para impedir estacionamento proibido. Com isso, veículos com deficientes físicos precisam parar mais à frente, obrigando o cadeirante a seguir pela rua até a rampa. Já no Tom Jobim, diz Tendler, ao sair do avião, o passageiro com dificuldades de locomoção é levado a um elevador separado, fechado por portas corta-fogo, abertas só por seguranças. O elevador o deixa no saguão, ao invés de levar às esteiras de malas.
O documentarista critica ainda a falta de preparo das companhias aéreas para lidar com os cadeirantes, sobretudo quando não são usadas as pontes de embarque (fingers).
— No último dia 4, voltava de Brasília pela Webjet e quiseram que eu saísse da aeronave na cadeira comum, que bate nos degraus. Exigi o uso da cadeira-lagarto (que abraça os degraus da escada). Demorou quase uma hora para ela chegar — queixa-se.
Em nota, a Webjet alegou que o desembarque do voo do documentarista durou 30 minutos e que usou a cadeira-lagarto, cuja operação é feita “por colaboradores aptos e certificados a usar a ferramenta”. Já a Anac informou que uma resolução de 2007 obriga as empresas a assegurar o deslocamento de pessoas portadoras de deficiência entre as aeronaves e os terminais. Uma modificação nessa legislação está em estudo e propõe que os aeroportos passem a fornecer equipamentos para esse fim, vedando ainda que cadeirantes sejam retirados das aeronaves no colo.
Segundo a Infraero, cabe às companhias aéreas informar os voos que transportam pessoas com deficiências, para que seja reservada uma ponte de embarque. Já sobre as barreiras próximas à rampa do Santos Dumont, a Infraero alegou haver vaga destinada a pessoas com deficiência em frente à segunda porta de embarque do terminal. Os dois aeroportos terão reformas até 2016 e melhorias na acessibilidade.
Maria lenk e Engenhão terão reforma
Instalações esportivas construídas para os Jogos Pan-Americanos de 2007, como o Parque Aquático Maria Lenk e o Engenhão, terão que passar por reformas para serem usadas nos Jogos Paralímpicos de 2016. De acordo com o gerente de sustentabilidade e acessibilidade da Empresa Olímpica Municipal, Luiz Pizzotti, esses equipamentos tem problemas pontuais de acessibilidade que precisam ser corrigidos, como degraus e rampas íngremes.
Na corrida de obstáculos até 2016, a prefeitura ainda pretende catalizar os investimentos para deixar um legado mais amigável aos deficientes. Projetos de instalações olímpicas novas estão sendo criados dentro do espírito de acessibilidade total. A ideia é que atletas e visitantes tenham uma rota fácil de usar já a partir dos transportes públicos.
— O Rio tem um caminho longo a percorrer — diz Luiz Pizzotti.
O gerente acompanhou os Jogos Paralímpicos Londres 2012 e diz que algumas ideias de acessibilidade usadas na capital inglesa serão aproveitadas no Rio. Uma delas é um sistema de empréstimo de cadeiras de rodas e scooters elétricas para deficientes dentro das áreas de competição.
Fonte: O Globo
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