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Treinamento físico e cognitivo desenvolvido por grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, no interior de São Paulo, é capaz de impedir o avanço rápido do Alzheimer e melhorar a qualidade de vida de idosos e cuidadores.
As pesquisas começaram em 2005, quando o Laboratório de Atividade Física e Envelhecimento (Lafe) passou a se dedicar a pesquisar os possíveis benefícios que o exercício físico pode proporcionar aos doentes de Alzheimer.
Os estudos foram iniciados com uma paciente de 79 anos, que nos seis meses anteriores vinha manifestando grande perda de memória e de capacidades cognitivas. Ela não lembrava mais os nomes dos parentes, nem reconhecia mais lugares, pessoas e objetos do seu cotidiano. " Percebemos que ela não tinha condições de acompanhar as atividades dos outros idosos" , diz José Luiz Riani Costa, coordenador do Programa de Cinesio-Terapia Funcional e Cognitiva para Idosos com Doença de Alzheimer (PRO-CDA). Contudo, não havia nenhum diagnóstico para o mal que acometia a senhora. A direção do grupo se mobilizou e conseguiu levá-la ao ambulatório de Saúde Mental do Hospital das Clínicas da Unicamp, onde foi diagnosticado Alzheimer em grau avançado.
Durante as primeiras avaliações, Sebastião Gobbi, professor do Departamento de Educação Física do Instituto de Biociências e coordenador do Lafe e seus colegas enxergaram uma oportunidade de ampliar de atender um público diferente e, ao mesmo tempo, adentrar uma nova área de pesquisas. " Já havia trabalhos mostrando os benefícios da atividade física para a cognição de idosos sem demência, mas não se sabia quais seriam os efeitos naqueles com Alzheimer" , explica Ruth Ferreira Santos-Galduróz, professora da Universidade Federal do ABC e integrante do PRO-CDA. A idosa recebeu uma pioneira série de exercícios preparados sob medida para fortalecer capacidades como equilíbrio, força, agilidade, percepção espacial e autopercepção.
"Talvez as melhoras fossem causadas por simples convívio social"
Após quatro meses e 36 sessões de exercícios, ela apresentou melhora em todas as habilidades físicas, e o declínio cognitivo não foi mais registrado. O passo seguinte era realizar estudos com mais indivíduos, a fim de observar melhor os potenciais benefícios do exercício físico nesses casos. Assim foi criado, em 2007, o PRO-CDA, um grupo de extensão de atividades físicas indicado apenas para portadores da doença de Alzheimer.
Então começaram a surgir aos primeiros estudos acadêmicos no PRO-CDA. E também as primeiras contestações. " Era comum ouvir em congressos que não estávamos demonstrando necessariamente os benefícios da atividade esportiva" , diz José Luiz Riani Costa, coordenador do PRO-CDA. " A maior parte dos idosos do grupo vivia recluso em casa, numa situação de pouco estímulo. Ao frequentarem as aulas, tinham a oportunidade de passear, interagir com gente nova, ter contato com os jovens que ministram as aulas? Talvez as melhoras fossem causadas por simples convívio social" , explica.
Grupo de convívio
Para responder aos críticos, a solução foi criar um segundo grupo, formado também por portadores de Alzheimer. É o chamado " grupo de convívio social" , que funciona como etapa preparatória e também como grupo-controle. O idoso recém-chegado ao projeto primeiro passa por esse grupo e, depois de quatro meses, passa a fazer parte do grupo de atividade física.
Na etapa preparatória, também são oferecidas atividades que podem beneficiar a cognição, mas não há foco no exercício físico. Passados quatro meses, seus integrantes têm a capacidade cognitiva avaliada. " Graças a este grupo-controle, temos podido mostrar que a simples convivência social também pode gerar melhoras cognitivas" , afirma Riani Costa. " Mas elas são menores que as experimentadas pelos idosos que fazem atividade física."
Com informações da Unesp
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