sábado, 19 de dezembro de 2009

Como os cegos diferenciam as notas de dinheiro?




FONTE: REVISTA ÉPOCA
http://caoguia.wordpress.com/2009/11/07/como-os-cegos-diferenciam-as-notas-de-dinheiro/VEJAM MAIS SOBRE O BLOG SOBRE CÃO GUIA EM : http://caoguia.wordpress.com/2009/11/07/como-os-cegos-diferenciam-as-notas-de-dinheiro/

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI103120-15223,00-COMO+OS+CEGOS+DIFERENCIAM+AS+NOTAS+DE+DINHEIRO.html


Como os cegos diferenciam as notas de dinheiro?As cédulas de real apresentam diferenças perceptíveis no tato apenas quando estão novas. O Banco Central deve adotar modelo estrangeiro para que os cegos consigam identificar melhor os valores. O braile não é uma opção viável

Laura Lopes

Real As notas apresentam apenas marcas de relevo

Em qualquer lugar do mundo é possível reconhecer o valor das notas de dinheiro. Seja na Índia, na China ou nos Estados Unidos, e nem precisa saber a língua nativa, nem mesmo ser alfabetizado.

Só há uma exceção para essa regra: os deficientes audiovisuais.

Como eles contam dinheiro? Aqui no Brasil, as moedas da segunda família (a segunda geração de moedas de real) possuem tamanhos e espessuras diferentes, algumas são serrilhadas nas bordas, justamente para serem diferenciadas por meio do tato.

Já as cédulas têm marcas de relevo que se perdem com o uso. “Essas marcas são pouco perceptíveis, principalmente para os mais idosos.

E, com o tempo, as notas vão perdendo o relevo”, diz Regina Fátima Caldeira de Oliveira, deficiente visual e coordenadora da Revisão dos Livros Braille da Fundação Dorina Nowill, de São Paulo.

Euro Cada valor tem um tamanho diferente, obedecendo à regra de quanto maior o valor, maior o tamanho.

A nota também apresenta marcas táteis em relevo

A primeira solução que vem à cabeça é a inserção de caracteres em braile nas notas.

Essa, no entanto, é uma saída pouco útil: o braile sairia com o desgaste das cédulas, assim como acontece com as marcas de relevo atuais.

“Além disso, o braile é lido por muitas pessoas cegas, mas não por todas. A gente não quer braile nas notas”, afirma Regina, que participou de reuniões com o Banco Central e a Casa da Moeda, junto a entidades representativas dos deficientes visuais do país, para encontrar uma solução viável e prática para o problema. O BC comunga a opinião da Fundação Dorina. Segundo João Sidney, do chefe do departamento de Meio Circulante, “a tecnologia de impressão não tem sobrevida. Na terceira manipulação da nota, o braile já acaba”.

Apesar da concordância, pouca gente sabe que o braile não é o melhor caminho a seguir. No dia 27 de outubro, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) encaminhou um ofício à Casa da Moeda solicitando informações sobre a viabilidade técnica para implantação desse sistema de leitura nas cédulas e moedas do país.

A proposta, feita pelo conselheiro do Amazonas Edson de Oliveira, tem a melhor das boas intenções, em defesa dos direitos dos cegos, já que os mesmos não têm acesso à leitura das notas. Mas não funciona. “Há quem faça isso para melhorar e ajudar, mas devia falar com pessoas que lidam com o problema diriamente e que podem ter a melhor proposta”, diz Regina.

Austrália As notas têm tamanhos diferentes e são reconhecidas por meio de um gabarito
Entre as propostas sugeridas nas reuniões entre as entidades e o governo, a que mais agrada Regina é o modelo adotado na Austrália e nos países que fazem parte da comunidade Européia (e usam o euro). Lá, as notas possuem tamanhos diferentes, crescendo à medida que o valor aumenta. O portador de deficiência visual recebe uma espécie de gabarito que indica o valor da nota, em braile. Ao colocar a nota dentro desse gabarito, sua ponta vai cair sobre o valor correspondente a ela. Serve mais para quem ainda não decorou o tamanho das notas ou não está acostumado àquela moeda.

Canadá Além das notas terem furinhos arranjados de formas diferentes para cada valor (à dir.), um aparelhinho lê a nota e emite um sinal diferente para cada valor, por meio de voz, som ou vibração
Na opinião do BC, no entanto, o modelo canadense é que deve vigorar no Brasil. Segundo o chefe do departamento de Meio Circulante do Banco Central, não é necessário mexer no design ou tamanho do dinheiro.

“O Canadá insere nas notas uma tinta invisível diferente para cada valor e distribui um aparelhinho subsidado que reconhece o magnetismo da tinta e emite um sinal para cada valor”, afirma João Sidney.

Trata-se de um aparelho pequeno, que pode ser levado no bolso e distribuído gratuitamente pelo Canadian National Institute for the Blind.

Sobre o gabarito, adotado pelos australianos e europeus, Sidney diz que não é a melhor solução e, como o reconhecimento é feito pelo tato, pode levar a erros de interpretação. “Eu apostaria nessa tecnologia sonora”, diz. Só não se sabe quando ela entrará em vigor

Nenhum comentário: