sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Linguagem LIBRAS e sua relação com a natação

Linguagem LIBRAS - Blog Dentro D′agua

07/07/2009 • Pedagogia da Natação • 5778 visita(s)
Linguagem LIBRAS

Com a forte influência inclusiva que as Atividades Esportivas em geral sofrem, e pelo fato da Natação ser um esporte que pode ser iniciado muito cedo, será cada vez mais comum que apareçam crianças com algum tipo de deficiência para ter aulas de Natação juntamente com coleguinhas normais: “downs”, deficientes auditivos, seqüelas de parto, nanismo, etc.

No Curso de Natação para a Comunidade da EEFEUSP, onde trabalho há muitos anos, já tivemos vários casos e mesmo atualmente estamos atendendo alguns destes alunos. Entre eles, um caso que gostaria de citar é o dos deficientes auditivos. Para facilitar a comunicação com estes alunos existe a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Estes sinais são executados predominantemente pelas mãos e podem expressar desde simples letras até expressões mais complexas. Como alunos com deficiência auditiva podem “cruzar” nossa vida profissional a qualquer hora, é sempre bom saber um mínimo sobre ela.

Ao contrário do que imaginamos ao perceber a existência desse tipo de linguagem, ela não é apenas uma medida paliativa para se estabelecer algum tipo de comunicação com os deficientes auditivos, mas é uma língua natural como qualquer outra, com estruturas sintáticas, semânticas, morfológicas, etc. A diferença básica é que ela também utiliza a imagem para expressar-se. Para se aprender LIBRAS deve-se, portanto, passar por um processo de aprendizagem de uma nova língua, tal qual fazemos quando nos propomos a aprender francês, inglês, etc.

Há detalhes bem interessantes. Em Libras, por exemplo, há três conotações diferentes para a palavra atenção (ter cuidado, dedicar-se e fixar o pensamento), com três sinais bem distintos entre si.

A LIBRAS é uma das LAs ou Linguagem de Sinais existentes no mundo inteiro para a comunicação entre surdos. Ela tem origem na Linguagem de Sinais Francesa. As linguagens de sinais não são universais, mas possuem sua própria estrutura de país pra país e diferem até mesmo de região pra região de um mesmo país, dependendo da cultura daquele determinado local, de forma a construir suas expressões ou regionalismos.

Para determinar o seu significado, os sinais possuem alguns parâmetros para a sua formação, como por exemplo a localização das mãos em relação ao corpo, a expressão facial, a movimentação que se faz ou não na hora de produzir o sinal, etc.

Há algumas particularidades simples, que facilitam o entendimento da língua, como o fato de os verbos aparecerem todos no infinitivo e os pronomes pessoais não serem representados, sendo necessário apontar a pessoa de quem se fala para ser entendido. Há ainda algumas palavras que não tem sinal correspondente, como é o caso dos nomes próprios. Nessa situação, as letras são sinalizadas uma a uma para expressar tal palavra.

Para diminuir o preconceito em relação a qualquer tipo de deficiência, é necessária a divulgação dessas informações, facilitando a inclusão dessas pessoas em todos os meios sociais. Está disponível na Internet para baixar o manual de libras, dicionário de libras, vocabulário, chats, outros materiais para de adquirir, além de muitos projetos que tem um compromisso com a inclusão dessas pessoas no nosso meio. A versão completa do Dicionário da Língua Brasileira de Sinais você encontra no site http://www.acessobrasil.org.br/libras/. Vale a pena uma visita.

Ah! Antes que eu esqueça, para aqueles que gostam do trabalho com deficientes e estão a procura de um bom tema para um TCC ou até uma linha de pesquisa para o Mestrado e Doutorado, vai aqui uma sugestão.

Poderia ser desenvolvida uma série de sinais específicos para o aprendizado da Natação, englobando expressões próprias da técnica da modalidade (golfinhada, pernada peito, puxada, etc.), combinadas com as expressões mais comuns da pedagogia: mais devagar, mais rápido, mais fundo, mais na superfície, atenção nesta parte do corpo. Estes sinais agilizariam o aprendizado dos deficientes auditivos, tornando-o mais fluente e facilitariam o trabalho de aperfeiçoamento e treinamento em alunos adiantados.

Seria não só um belíssimo trabalho de pesquisa e desenvolvimento pedagógico, mas também uma ferramenta extremamente útil tanto para os nossos colegas como para nossos alunos. Fica lançada a idéia.

Para a montagem deste texto acessei:
http://www.infoescola.com/portugues/lingua-brasileira-de-sinais-libras/

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