domingo, 28 de novembro de 2010

APNEN NOVA ODESSA: Minha impressão sobre o desfile de moda inclusiva

APNEN NOVA ODESSA: Minha impressão sobre o desfile de moda inclusiva

Na quinta-feira (25/11), pela primeira vez, assisti um desfile de moda inclusiva. O desfile aconteceu na cidade de Campinas, São Paulo. Várias pessoas de diferentes segmentos sociais, como: estilistas, empresários, políticos, entidades beneficentes e outros, participaram deste evento. Um dos objetivos era promover um debate e despertar a atenção do universo fashion para uma moda mais abrangente e adaptada às pessoas com deficiência.

Assim que entrei juntamente com outras pessoas no local do desfile, fomos recepcionados por modelos sem deficiência. Modelos esguias, “corpo saudável”, "sarado", o tipo de padrão de beleza idealizado pela sociedade. Acredito que seria muito interessante se ocorresse o inverso, modelos com deficiência acolhendo a chegada dos convidados. E por falar em convidados, havia pouquíssimos com deficiência.


Durante a apresentação do desfile, os apresentadores Ana Amélia Costa Leite, apresentadora do jornal TV Justiça de Brasília, e Marcelo Matheus, citaram várias vezes o termo incorreto “portadores de necessidades especiais”, onde o correto seria “pessoas com deficiência”.
Até entendo que eles não soubessem a terminologia correta, mas alguém poderia orientá-los nesse sentido. Afinal, hoje em dia, o que não falta são sites e blogs orientando as pessoas sobre o uso correto desta e outras expressões. A meu ver, a verdadeira sociedade inclusiva começa na maneira correta de abordar o assunto sobre deficiência, a fim de que práticas discriminatórias sejam desencorajadas. (Foto ao lado: Priscila Menucci, modelo profissional da Agência Kica de Castro)

Enquanto os apresentadores conversavam com o público, notei a presença de uma intérprete de línguas para convidados com deficiência auditiva. Isso me deixou um pouco mais animada. Contudo, não havia audiodescrição para convidados com deficiência visual.


Considero louvável a iniciativa do empresário Renato Rosa pela realização de um projeto de marketing de causa, assim como achei formidável o trabalho realizado pelos estilistas que desenharam roupas exclusivas para este segmento. No entanto, se o objetivo era colocar a pessoa com deficiência na rota da moda, a fim de incluí-la socialmente e elevar sua autoestima, na minha opinião, infelizmente, não foi bem isso que aconteceu. Pois a cada modelo com deficiência que desfilava, também desfilava um modelo sem deficiência. Penso que isso ofuscou o brilho de quem na verdade, deveria ser destaque na passarela, ou seja, a pessoa com deficiência. Na verdade os flashes foram divididos entre empresários, modelos sem deficiência, socialites...

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